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1) Caracterizar a púrpura trombocitopênica idiopática (fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico, tratamento): É uma patologia que se caracteriza pela ocorrência de plaquetopenia adquirida, frequentemente observada na forma crônica ou recorrente em adultos. Já em crianças, o quadro geralmente é agudo e autolimitado após um evento infeccioso. Caracteriza-se por trombocitopenia isolada sem outras condições clinicamente aparentes que possam justificar. Fisiopatologia: parece estar associada à destruição plaquetária e/ou inibição da produção plaquetária via anticorpos específicos (esses anticorpos não são demonstráveis em todos os pacientes). Quadro clínico: o início do quadro pode ser abrupto e agudo ou insidioso. As manifestações clínicas de plaquetopenia são aquelas características de alteração da hemostasia primária, portanto os pacientes apresentam-se com acometimento cutâneo-mucoso prevalente. Os sinais típicos são: petéquias (principalmente em MMII) e equimoses espontâneas. Sintomas como epistaxe, gengivorragia e hipermenorragia ou metrorragia são comuns. Diagnóstico: não existe um teste padrão de referência que estabeleça o diagnóstico de PTI. A trombocitopenia isolada é sua alteração essencial e o diagnóstico é confirmado após a exclusão de outras causas de plaquetopenia. Os únicos testes recomendáveis para os pacientes com suspeita clínica de PTI são: o Testes para HIV e HCV em pacientes com fator de risco associados. Tutoria Aline Lessa – P6 o Teste de função tireoidiana para exclusão de hipertireoidismo e/ou hipotireoidismo não manifestados clinicamente, previamente a esplenectomia eletiva. o Mielograma em pacientes com mais de 60 anos, para descartar síndrome mielodisplásica e, nos menores de 18, para exclusão de leucemias agudas. Tratamento: o objetivo do tratamento é alcançar um nível plaquetário seguro para a prevenção de sangramentos graves, sem o tratamento desnecessário em pacientes com plaquetopenia leve a moderada. Glicocorticoides: diante de pacientes com plaquetopenia moderada ou grave (em geral, inferior a 30) com eventos hemorrágicos, os glicocorticoides frequentemente administrados na forma de prednisona 1mg/kg/dia, são a terapêutica de primeira linha. A droga pode ser mantida até um nível seguro de plaquetometria ser atingido, quando o desmame deverá ser iniciado e completado em aproximadamente 4 a 6 semanas. Imunoglobulina intravenosa (IGIV) e anti-Rh (anti-D): são uma terapia apropriada para atingir uma elevação rápida e temporária da contagem de plaquetas, ideal para o manejo de sangramentos graves ou pré-procedimentos cirúrgicos. A imunoglobulina anti-D pode ser utilizada em pacientes RH positivos e parece ser eficaz naqueles que não foram submetidos à esplenectomia. 2) Conhecer as características clínicas e laboratoriais das doenças trombocitopênicas (enfatizar doenças hereditárias. Ex: doença de von Willebrand): A doença de von Willebrand e as hemofilias A e B são as coagulopatias hereditárias mais comuns e, juntas, correspondem a 95% dos casos. As 5% restantes são conhecidas como coagulopatias hereditárias raras (CHR). Estas incluem: as alterações do fibrinogênio, protrombina, fatores V, VII, X, XI, XIII, deficiência combinada de fatores dependentes da vitamina K e deficiência combinada dos fatores V e VIII. A doença de von Willebrand é uma doença hemorrágica, causada por defeitos hereditários na concentração, estrutura ou função do fator von Willebrand. É considerada a mais comum das doenças hemorrágicas. No plasma, o fator von Willebrand e o fator VIII coagulante circulam formando um complexo mantido por ligações não covalentes, que é constituído por 99% de fator von Willebrand e 1% de A IGIV é contraindicada em pacientes com deficiência seletiva de IgA. Esplenectomia: é um tratamento efetivo para a PTI, levando à remissão completa e durável em dois terços dos pacientes. É terapia de segunda linha, já que 9% dos indivíduos apresentam PTI aguda e entram em remissão espontaneamente. Deve ser considerada após 6 meses de evolução naqueles pacientes com plaquetopenia persistente e grave, após falha de resposta com corticosteroides, ou mais precocemente em alguns casos graves e refratários. fator VIII coagulante. Sua atividade funcional está relacionada aos 4 sítios de ligação a seguir: ligação ao fator VIII coagulante, ligação à glicoproteína Ib das plaquetas, ligação à matriz subendotelial (colágeno) e ligação ao complexo glicoproteico IIb/IIIa plaquetário. Quadro clínico: as manifestações hemorrágicas típicas da DVW são equimoses aos menores traumatismos, epistaxe, gengivorragia e, no sexo feminino, menorragia. Em crianças, os sintomas mais comuns são equimoses e epistaxe, sendo que a frequência das epistaxes diminui na vida adulta. Diagnóstico laboratorial: os exames com maior utilidade para o diagnóstico da DVW são o estudo funcional do FVW por meio da sua atividade de cofator de ristocetina (FVW:RCo), o teste imunológico para o FVW (FVW: Ag) e o teste que avalia a função do FVIII (FVIII:C). Considerando-se a variabilidade temporal do FVW e do FVIII, alguns autores recomendam que esses testes sejam repetidos duas vezes visando confirmar ou excluir o diagnóstico de DVW. Recomenda-se o emprego do tempo de sangramento (TS) e o tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA). Mas são testes adequados somente para o diagnóstico das formas graves (DVW tipo 3), apresentando-se normais nas formas leves e nas variantes da doença. O TS é inespecífico. cos de pequena monta. Não é adequado para o tratamento de hemorragias graves ou intervenções cirúrgicas. Complexo protrombínico: contém os fatores II, VII, IX e X e também é obtido por fracionamento de pool de plasma. É utilizado no tratamento das deficiências de fatores II, VII e X, nos hemofílicos B que não apresentam risco de trombose, quando não se dispõe de concentrado de F IX, ou em pacientes hemofílicos A que desenvolveram inibidores (anticorpos específicos contra o F VIII). 3) Diferenciar os tipos de tratamento para coagulopatias (ênfase em crioprecipitado, concentrado de fator VIII, transfusão de concentrado de plaquetas, plasma, complexo protrombínico): O tratamento das coagulopatias tem como principal pilar a reposição dos fatores de coagulação que se encontram deficientes, devendo-se respeitar as características biológicas individuais de cada fator. Concentrado de fator VIII: obtidos por fracionamento de pool de plasma, com diferentes técnicas, que conferem características distintas aos produtos. Crioprecipitado: produto obtido pela centrifugação e pelo congelamento do plasma de um único doador. É rico em F VW, fator XIII e fibrinogênio. É proibida a utilização de crioprecipitado para terapia de reposição em hemofílicos e portadores de DVW, exceto em situação de inexistência de concentrados. Plasma fresco congelado: utilizado no tratamento das coagulopatias menos frequentes, tais como as deficiências de fatores II, V, VII, X e XIII. Deve ser administrado na dose de 15 a 20ml/kg de peso e, apenas em episódios hemorrági- Complexo protrombínico ativado: é semelhante ao complexo anterior, porém os fatores II, VII, IX e X estão ativados. É indicado para o tratamento de pacientes com hemofilia A e B e com inibidores de alto título. Hoje, a reversão emergencial dos antagonistas da vitamina K (AVKs) tornou-se a principal indicação dos CCPs. Apesar de ainda não padronizado, o uso em outras situações de anticoagulação adquirida, como coagulopatia dilucional, sangramentos cirúrgicos maciços, reversão de novos anticoagulantes e hepatopatias, também vem sendo especulado. A única contraindicação absoluta para o uso de CCPs são os pacientes com coagulação intravascular disseminada (CIVD). Os CCPs também não são recomendados em pacientes com história de trombocitopenia induzida pela heparina, naqueles com alto risco de trombose, relato de reação alérgicaao composto, gravidez e puerpério. 5) Identificar as manifestações clínicas após ingestão de drogas que alteram a coagulação e seu mecanismo de ação: Chumbinho: A toxicidade dos carbamatos é decorrente da inibição da acetilcolinesterase impedindo a hidrólise da acetilcolina, o que resulta em acúmulo desse neurotransmissor nas fendas sinápticas e maior ativação dos receptores nicotínicos e muscarínicos. Os receptores muscarínicos estão presentes nas células efetoras estimuladas pelos neurônios pós-ganglionares do sistema parassimpático e pelos ganglionares colinérgicos do sistema simpático. Os nicotínicos encontram-se nas sinapses entre os neurônios pré e pós-ganglionares de ambos os sistemas (simpático e parassimpático) e também nas membranas das fibras musculares esqueléticas ao nível da junção neuromuscular. A hiperestimulação desses receptores é responsável pelo quadro colinérgico agudo e também por um quadro clínico geralmente mais grave e prolongado após a exposição aguda aos INCHE, caracterizado como síndrome intermediária. O sofrimento muscular e a síndrome intermediária ocorrem devido à ação excessiva da ACh na placa mioneural, levando a um período prolongado de despolarização e conseqüente alteração da permeabilidade da membrana juncional. As manifestações muscarínicas são resultado da estimulação de receptores em músculos lisos, coração e glândulas exócrinas. Geralmente são as primeiras a aparecerem. Sinais e sintomas comumente observados incluem sensação de opressão no peito, dispnéia, roncos, sibilos e estertores, que estão ligados à broncoconstricção e hipersecreção brônquicas. Outras importantes manifestações muscarínicas são sialorréia, lacrimejamento abundante, miose, aumento da sudorese, diurese freqüente e involuntária, aumento da motilidade gastrointestinal provocando náuseas, vômitos, cólicas abdominais, tenesmo e diarréia. 4) Verificar a importância do complexo protrombínico: Os concentrados de complexo protrombínico (CCPs) são compostos altamente purificados, produzidos por cromatografia de troca iônica do sobrenadante crioprecipitado do plasma humano, após remoção do fator XI (FXI) e da antitrombina III. Eles contêm os fatores de coagulação dependentes da vitamina K (II, IX e X e quantidades variáveis de FVII).1 Inicialmente, os CCPs eram utilizados para a profilaxia e tratamento de sangramentos em pacientes com deficiências congênitas de fatores de coagulação. AAS: inibidor de ativação por meio da inibição irreversível da COX-1. Quando a Cox-1 é inibida, há parada da produção do tromboxano A2 e das prostaglandinas. Uma vez que não é mais produzida, essa inibição dura o tempo de vida da plaqueta (meia vida de 7 a 10 dias). Ibuprofeno: é um inibidor não seletivo da COX (inibe tanto a COX-1 quanto a COX-2).