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1 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 Anatomia e fisiologia da pele A pele é um dos órgãos integrantes do sistema tegumentar, junto aos fâneros (folículos pilosos, glândulas sebáceas, glândulas sudoríparas e unhas). É o maior órgão do corpo humano e corresponde a 15% do seu peso corporal. É um órgão que reveste e delimita o organismo, o protegendo da interação do meio externo, sendo, portanto, o seu 1º mecanismo de defesa. Além de proteção, também tem o objetivo de manter a homeostase com o meio exterior, no sentido da manutenção vital do meio interior. Dinâmica → Alterações constantes; tem grande capacidade renovadora e reparação, além de certo grau de impermeabilidade. Sua resistência e flexibilidade determinam a sua plasticidade. O universo dermatológico é MICROSCÓPICO – É necessária a compreensão do universo microscópico para entender a exteriorização das lesões dermatológicas e como elas se apresentam, além da dinâmica funcional da pele e a interface que ela faz com os diversos órgãos e sistemas FUNÇÕES DA PELE (1) Conservação da homeostasia − Termorregulação − Controle hemodinâmico − Produção e excreção de metabólitos (2) Sensorial − Por intermédio das terminações nervosas situadas na derme (3) Defesa − Proteção ambiental − Proteção imunológica + Síntese de vitamina D, metabolização e excreção de fármacos, administração percutânea de fármacos PROTEÇÃO RESISTÊNCIA MECÂNICA: resistência relativa aos agentes mecânicos. Capacidade moldável e elástica ⇨ Presença de fibras colágenas, elásticas e hipoderme Neutralização das radiações ultravioleta (RUV) e, parcialmente, das ionizantes ⇨ Sistema melânico Relativa impermeabilidade à água e aos eletrólitos ⇨ Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico HIPÓFISE E SISTEMA MELÂNICO → A porção intermediária da hipófise produz o hormônio intermedina (MSH), que, por sua vez, estimula a produção da melanina. Portanto, a produção da melanina sofre interferência de fatores genéticos, ambientais e hipofisários. → A hipófise produz, a partir da ação da norepinefrina, a melatonina, que clareia a pele ao induzir a agregação dos grânulos de melanina em torno do núcleo das células. RESISTÊNCIA FÍSICO-QUÍMICA: Manutenção do pH ácido (5,4 a 5,6) da camada córnea Manto lipídico ⇨ Atividade antimicrobiana RESISTÊNCIA IMUNOLÓGICA: 2 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 Epiderme ⇨ Células de Langerhans Derme ⇨ Macrófagos, linfócitos e mastócitos PERCEPÇÃO ELEMENTOS NERVOSOS: Em maior quantidade na derme Reconhecimento de calor, frio, dor e tato Conduz a um mecanismo de defesa HEMORREGULAÇÃO E TERMORREGULAÇÃO HEMORREGULAÇÃO: Manutenção e regulação dos vasos do débito circulatório Extensos plexos vasculares e glomos (“corações periféricos”) − Glomo – Corpúsculo composto de arteríolas que se comunicam diretamente com vênulas; tem importante suprimento nervoso ↑ débito sanguíneo periférico → Constrição dos glomos (mecanismo de compensação) ⇨ Desvio da circulação para a rede capilar, e utilização plena da capacidade total de enchimento de outros vasos [CHOQUE] → Dilatação dos glomos + constrição dos vasos cutâneos ⇨ Palidez característica HOMEOTERMIA OU TERMORREGULAÇÃO: Comandado pelo centro termorregulador por meio das vias do sistema nervosos autônomo Vasoconstrição ou vasodilatação Os vasos são sensíveis à norepinefrina e acetilcolina Ação especial: GLÂNDULAS SUDORÍPARAS ÉCRINAS → Estímulo colinérgico, ↑ sudorese, causando perda de calor SECREÇÃO − Destaque para: citoqueratinas, melanina, sebo e suor EXCREÇÃO Glândulas écrinas → Água, eletrólitos, bicarbonatos, ureia, metais pesados etc.; semelhança do rim METABOLIZAÇÃO SÍNTESE DE HORMÔNIOS E SECREÇÃO DE VITAMINA D: Testosterona e di-hidrotestosterona → Papel importante na alopecia androgenética, acne e hirsutismo Síntese e metabolização da vitamina D ESTRUTURA E FISIOLOGIA Três camadas interdependentes: (1) EPIDERME ⇨ Mais externa (2) DERME ⇨ Intermediária (3) HIPODERME ⇨ Mais profunda ATENÇÃO! JUNÇÃO DERMOEPIDÉRMICA ou ZONA DA MEMBRANA BASAL ⇨ Transição entre epiderme e derme EPIDERME Tecido epitelial estratificado ceratinizado Variações estruturais e funcionais significativas a depender da localização anatômica Composta por: (1) SISTEMA CERATINOCÍTICO, compostas pelos QUERATINÓCITOS, responsáveis pelo corpo da epiderme e de seus anexos (pelos, unhas e glândulas) (2) SISTEMA MELÂNICO, formado pelos MELANÓCITOS (3) CÉLULAS DE LANGERHANS, integradas ao sistema nervoso (4) CÉLULAS DE MERKEL, integradas ao sistema nervoso (5) CÉLULAS DENDRÍTICAS INDETERMINADAS, com função indefinida A derme regula a morfogênese e diferenciação epidérmica a partir da espessura, arquitetura, tipo de diferenciação e padrão dos anexos pH ácido – 4,6 e 5,8 3 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 SISTEMA CERATINOCÍTICO Responsável por aproximadamente 80% das células epidérmicas Os CERATINÓCITOS são PRODUZIDOS na CAMADA BASAL e são “empurradas” para cima modificando sua estrutura Alto índice de multiplicação celular dos queratinócitos da sua camada basal (mais profunda) → Fornece as células que se modificam e migram par a superfície, formando a CAMADA ESPINHOSA OU DE MALPIGHI ⇩ Depois, passam por um estágio no qual se apresentam com o citoplasma mais basofílico e granuloso, configurando a CAMADA GRANULOSA ⇩ A partir daí, se transformam em células anucleadas, denominadas corneócitos, e são eliminadas para o meio ambiente na CAMADA CÓRNEA (mais externa) Toda célula eucariótica possui microfilamentos de actina (6nm), filamentos intermediários (10 nm) e microtúbulos (25 nm) No queratinócito e nas demais células, os filamentos intermediários ou tonofilamentos são compostos por citoqueratinas (ck), que se dispõem em torno do núcleo e seguem até se conectar às placas desmossômicas, compondo o citoesqueleto celular → FUNÇÃO ESTRUTURAL DOS CERATINÓCITOS − Existem vários tipos de ck; os epidérmicos são divididos em tipo I e tipo II e, para formar um filamento intermediário, é necessária a combinação de um ck de cada tipo. − A expressão do tipo de ck varia de acordo com a célula e seu grau de diferenciação, podendo ser adotado como marcador desse processo, assim como de algumas condições patológicas Os queratinócitos participam de processos inflamatórios e imunológicos → FUNÇÃO IMUNOLÓGICA − Células alvo – Psoríase, lúpus eritematoso, líquen plano etc. − Secretores de citocinas, neuropeptídeos e outros mediadores Também são produtores de substâncias com ação autócrina, parácrina e, em situações especiais, endócrinas → FUNÇÃO SECRETORA Os CERATINÓTICOS fazem parte dos MEDIADORES INFLAMATÓRIOS (IL-1, antagonista da IL-1, IL-6, IL-6 e outras quimiocinas, como IL-10, IL-12, IL-15, IL-18, TNF-α, GM-CSF e M-CSF), REGULADORES DO CRESCIMENTO OU HISTOLOGIA NORMAL DA PELE Seta AMARELA → EPIDERME Setas BRANCAS → FOLÍCULO PILOSO Seta VERMELHA → VASO SANGUÍNEO Seta AZUL → GLÂNDULAS SUDORÍPARAS 4 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 DA DIFERENCIAÇÃO CELULAR (TGF-α e β, PDGF, FGF-β, VEFG e SCF), NEUROPEPTÍDEOS (CGRP, substância P e somatostatina), NEURO-HORMÔNIOS (POMC) e OUTROS MEDIADORES (PGE2, LTB4 etc.) Gap junctions → Canais proteicos transmembranais especializados − Permitem comunicação entre células vizinhas → Comunicação rápida de sinalizações, transporte de íons, água e nutrientes) − Formados por conexinas − Presentes em todas as célula de todos os órgãos e tecidos − Decorrente de mutações de uma mesma ou diferentes conexinas, que também são compartilhadasela cóclea, nervos, dentes e anexos cutâneos (por isso eventuais associações patológicas, como a surdez – doenças de ceratinização) CAMADA BASAL Camada celular MAIS PROFUNDA DA EPIDERME Atua na FORMAÇAÃO da JUNÇÃO DERMOEPIDÉRMICA As células basais são heterogêneas Na pele normal, é composta por: − Única fileira de queratinócitos justapostos; a maioria com capacidade de multiplicação chamadas células germinativas → Morfologia colunar, citoplasma basófilo e núcleo grande e oval − Par característico de citoqueratinas 5-14, podendo ser encontrada a ck 19 nos epitélios de transição − Células tronco caracterizadas por uma baixa velocidade de mitose, gerando clones de queratinócitos denominadas células amplificadoras transitórias (TAC – transit amplifying cells), que, por sua vez, se dividem mais rapidamente, mas são programadas para um número limitado de mitoses. A mitose das TAC originam dois tipos de células: (1) Célula amplificadora transitória (permanece na camada basal) (2) Célula pós-mitótica ou diferenciada (perde capacidade de mitose e inicia o processo de diferenciação ceratinócita + migração para a superfície) ATENÇÃO! A renovação completa da epiderme, desde a divisão da célula basal até a eliminação das lâminas córneas tem duração média de 52 a 75 dias, nos quais: 19 dias para a realização da divisão celular, 26 a 42 dias para o trânsito pela camada de Malpighi e 19 dias para passar pelo estrato córneo é de 19 dias. O processo de reparação tecidual e algumas doenças hiperproliferativas, como a psoríase, podem provocar o aumento na velocidade de mitose das células da camada germinativa a partir da produção de diversas citocinas e fatores de crescimento: TGF-α, EGF e KGF estimulam a mitose, enquanto o TGF-β inibe a mitose e promove a diferenciação dos queratinócitos, junto aos retinoides e a vitamina D3. CAMADA ESPINHOSA (OU DE MALPIGHI) Ao deixar a camada basal, os queratinócitos sofrem modificações morfológicas, histológicas e bioquímicas, passando a ser poligonais, de citoplasma acidófilo e rico em desmossomos, passando a ser denominados CÉLULAS ESPINHOSAS ou CÉLULAS DE MALPIGHI Células numerosas e dispostas em várias fileiras; a sua quantidade varia de acordo com a localização anatômica e fatores endógenos (hormônios, vascularização) e exógenos (RUV, trauma) Quanto mais ascendem, mais se tornam achatadas e acidófilas Os filamentos de citoqueratinas produzidos na camada basal (ck 5 e 14) não são mais sintetizados, mas permanecem nas células acompanhados do CAMADAS DA EPIDERME Seta PRETA → CAMADA CÓRNEA Seta BRANCA → CAMADA GRANULOSA Seta AMARELA → CAMADA ESPINHOSA ou DE MALPIGHI Seta AZUL → CAMADA BASAL 5 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 par ck 1 e 10, que será produzido na camada de Malpighi − Em situações hiperproliferativas fisiológicas (reparação) ou patológicas (psoríase), há a diminuição da produção do par ck 1 e 10 e o surgimento do par ck 6 e 16. MAIOR CONCENTRAÇÃO DE DESMOSSOMOS (nódulos de Bizzozero) − Desmossomo → Modificação da superfície da superfície celular, cálcio-dependente, responsável pela ADESÃO INTERCELULAR; está presentem entre TODOS OS QUERATINÓCITOS DA EPIDERME (placa desmossômica); composta por 6 polipeptídeos (placoglobina, desmoplaqueinas I e II, desmoioquina, proteína, banda 6 e ceratocalmina*); da placa desmossômica partem 5 glicoproteínas transmembrânicas (desmogleínas 1 e 3 + desmocolinas I, II e III), que interagem com as glicoproteínas transmembrânicas do desmossomo da célula adjacente, promovendo a adesão intercelular Tonofilamentos compostos por citoqueratinas → Se inserem nos desmossomos e ajudam a estrutura o citoesqueleto dessas células Gap junctions → Caráter sincicial à epiderme; papel na regulação do metabolismo das células vizinhas Glicocálice → “cimento intercelular” → Constituído por glicoproteínas que auxiliam na coesão celular e viabiliza a circulação de substâncias solúveis em água Figura 1 Partes intercelulares dos desmossomos CAMADA GRANULOSA Ao deixarem a camada espinhosa em direção à superfície, as células formam algumas fileiras em que se apresentam repletas de grânulos basofílicos de cerato-hialina no citoplasma, formando a CAMADA GRANULOSA. Par de citoqueratinas característico → 2-11 Grande atividade metabólica → Síntese dos elementos necessários para a CORNIFICAÇÃO e consequente formação da CAMADA CÓRNEA. Porção com maior número de grânulos lamelares (corpos de Odland ou ceratinossomo) → Seu conteúdo é liberado no espaço intercelular durante a transição súbita da camada granulosa para a córnea – Sofre ação das hidrolases, sendo remodelado: seus lipídios são transformados em ceramida (45%), colesterol (25%), ácidos graxos (15%), esfingosina livre, sulfato de colesterol, ésteres do colesterol e triglicerídeos. Esses componentes se depositam em forma de BAINHA DUPLA em torno de CADA CORNEÓCITO, originando uma grande barreira lipídica à passagem de água e outras substâncias polares da epiderme, portanto, responsável por sua IMPERMEABILIDADE RELATIVA. Quando chegam à superfície, compõem, junto com o sebo, o manto lipídico da pele. CAMADA CÓRNEA Camada mais externa da pele Células acidófilas, planas e as mais largas do organismo, possibilitando a sua descamação e a CAMADA ESPINHOSA ou DE MALPIGHI N → NÚCLEOS DE QUERATINÓCITOS DA ESPINHOSA Setas → DESMOSSOMOS T → TONOFILAMENTOS CITOPASMÁTICOS (espaço intercelular) 6 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 mobilidade da região sem provocar dano à integridade do tecido. Surge a partir de vários eventos das células na camada granulosa, com maior destaque para: − Apoptose, com destruição dos núcleos e organelas (cujos componentes podem ser reaproveitados pela epiderme) − Liberação e ativação da filagrina contida nos grânulos de cerato-hialina, com consequente organização dos filamentos de queratina em feixes paralelos compactos − Extrusão do conteúdo dos grânulos lamelares, especialmente colesterol, ceramida e ácido graxo livre, seguida pela formação da barreira lipídica extracelular hidrofóbica (impermeabilidade relativa cutânea) − Formação do envelope celular do corneócitos − Destruição gradativa dos desmossomos, que leva à descamação final de células isoladas na porção mais externa da camada córnea Manutenção do indivíduo frente ao ambiente – Prevenção do trânsito de água e substâncias solúveis pelas duplas lamelas lipídicas intercelulares presentes nas suas porções média e baixa ICTIOSE DO TIPO LAMELAR EPIDERME DA REGIÃO PALMO-PLANTAR: camada córnea com maior compactação e presença de camada lúcida CAMADA LÚCIDA Especialmente nas regiões palmoplantares Antes da transformação da camada granulosa em córnea Aspecto homogêneo, células achatadas, anucleadas e que não se coram pelos métodos de rotina, mas são osmiófilas JUNÇÃO DERMOEPIDÉRMICA A EPIDERME e a DERME se unem de forma sinuosa e interpenetrante → A epiderme penetra na derme por meio dos CONES INTERPAPILARES (cristas epidérmicas); e a derme se projeta na epiderme pelas PAPILAS DÉRMICAS A interface entre a derme e a epiderme é denominada JUNÇÃO DERMOEPIDÉRMICA ou ZONA DA MEMBRANA BASAL. Junção dermoepidérmica − Rica em mucopolissacarídeos neutros – Evidente em cortes corados pelo PAS → Avermelhado − Mais bem estudada por microscopia eletrônica − Estrutura complexa − Quase todos os seus componentes são de origem epidérmica FUNÇÕES → Adesão dermoepidérmica → Suporte para a epiderme → Determina a polaridade do crescimento epidérmico → Fornece sinais para o crescimento da derme → Dirige a organização do citoesqueletodas células basais → Barreia semipermeável COMPONENTES → Polo inferior da membrana da célula basal e seus hemidesmossomos → Lâmina lúcida → Lâmina densa → Sublâmina densa 7 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 HEMIDESMOSSOMO Complexo hemidesmossomos-filamentos de ancoragem. Mesma função do desmossomo. Os filamentos de citoqueratinas do citoesqueleto da célula basal se inserem na placa hemidesmossômica, que é composta por plectina e pelo antígeno penfigoide bolhoso 1 (PBAg1) de 230 kDa. As proteínas transmembrânicas são o antígeno penfigoide bolhoso 2 (PBAg2) de 180 kDa, classificado como colágeno tipo XVII, cujo domínio extracelular fica embebido na lâmina lúcida, e a integrina α2β4. Os filamentos de ancoragem originam-se nos hemidesmossomos, atravessam a lâmina lúcida e inserem-se na lâmina densa. LÂMINA LÚCIDA Também é uma estrutura de adesão, mas é mais frágil do que a junção dermoepidérmica. Auxilia a adesão entre a membrana da célula basal e a lâmina densa. Composta por células de grande capacidade de ligação entre si e a outras moléculas e células → Glicoproteínas não colágenas, lamininas, fibronectinas, enactina/nidogene. LÂMINA DENSA Composta, principalmente, por colágeno tipo 2. Outros componentes: laminina, proteoglicanos sulgatados, antígeno da epidermólise bolhosa adquirida e outros elementos Característica fibrilar e espessura de 35 a 40 nm → Função de barreira contra a passagem de macromoléculas Dela, partem as fibrilas de ancoragem − Grossas (20 a 60nm) e longas (200 a 800 nm) − Constituídas por colágeno tipo VII − Adentram na derme (sublâmina densa), podendo apresentar: (a) terminações livres, (b) inserção nas placas de ancoragem, ou (c) formação de uma alça, incluindo as fibras colágenas e elásticas da derme − Depois retornam para a lâmina basal OUTRAS CÉLULAS EPIDÉRMICAS MELANÓCITOS Células dendríticas derivadas da crista neural Produtoras da MELANINA – Pigmento intrínseco da pele − Responsável pela absorção e difusão da radiação UV − Produzidas no citoplasma em organelas denominadas MELANOSSOMOS Mais encontrados na CAMADA BASAL (1 melanócito para 10 queratinócitos basais) Por seus dendritos, 1 melanócito se relaciona com, aproximadamente, 36 queratinócitos, em sua maioria situados nas camadas basal e suprabasal → O melanócito transfere seu pigmento para essas células relacionadas, constituindo a UNIDADE EPIDERMOMELÂNICA ATENÇÃO! NÃO formam desmossomos ou qualquer outro mecanismo especial de adesão com os queratinócitos. Em condições normais, não se proliferam ou migram. 8 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 Multiplicação estimulada pela RUV Microscopia óptica → Células claras com pequeno núcleo hipercromático Em todas as raças → Cabeça tem maior concentração de melanócitos do que as demais regiões (2-3x mais) Para as diferentes raças → Determinação genética de número, morfologia, tamanho e disposição dos seus melanossomos Melanossomo − Elípticos quando produzem eumelanina (marrom ou negra); nesse caso, também são maiores − Esferoide se produção de feomelanina (amarelo-vermelha) − Produzidos constantemente pelo complexo de Golgi − Organelas membranosas ovoides − Síntese e armazenamento de melanina → AÇÃO DA TIROSINASE (*entre outros fatores, mas a tirosinase é a principal enzima envolvida no mecanismo) − Sofrem melanização progressiva → Podem ser encontrados em 4 estágios (I a IV) − Transferidos para os queratinócitos → Degradados à medida que os queratinócitos se diferenciam → AÇÃO PROTETORA Os melanócitos sofrem ação/interferência de: − Queratinócitos – Controle sobre proliferação, diferenciação e atividade por fatores mitogênicos (FGF-β e TFG-α) e inibidores de mitose (IL-1, IL-6 e TGF-β) − Hormônios – MSH e sexuais − Mediadores inflamatórios − Vitamina D3, produzida na epiderme Bronzeamento → Excitação da tirosinase pela RUV, levando ao aumento e maior formação dos melanossomos CÉLULAS DE LANGERHANS E CÉLULAS INDETERMINADAS Também são células dendríticas Langerhans – Se coram pelos sais de ouro Indeterminadas – Percebidas apenas pela microscopia eletrônica CÉLULAS DE LANGERHANS Principais componentes do SISTEMA IMUNOLÓGICO DA PELE Responsável pelo reconhecimento, internalização, processamento e apresentação de antígenos solúveis e haptenos presentes na epiderme Originada na MO 2 a 8% das células epidérmicas Se distribui da camada basal à granulosa, tendo preferência pela posição suprabasal NÃO estabelece adesão com os queratinócitos por desmossomos; mais frágeis Na microscopia óptica: célula de núcleo convoluto e citoplasma claro Na microscopia eletrônica: pequenas estruturadas assemelhadas a raquetes – grânulos de Birbeck, que funcionam como fagolisossomo CÉLULA DE LANGERHANS = CÉLULA PROCESSADORA-APRESENTADORA DE ANTÍGENOS Em estágio não ativado → AÇÃO FAGOCÍTICA – Internalização e processamento de antígenos Esse processo faz com que elas percam o potencial fagocítico, mas, aumenta sua capacidade APRESENTADORA DE ANTÍGENOS para os linfócitos T ATENÇÃO! Indivíduos com PSORÍASE, DERMATITE DE CONTATO, SARCOIDOSE e PÓS IRRADIAÇÃO COM LUZ UV têm MENOR CONCENTRAÇÃO DE CÉLULAS DE LANGERHANS. Após irradiação com luz UV – Também sofrem alterações funcionais Alguns marcadores histoquímicos de superfície – ATPase, CD1a, CD4, CD45, S-100, HLA-DR/DQ/DP e receptores da fração Fc da IgG e IgE, e C3 Também podem ser encontradas em outros epitélios (mucosas), órgãos linfoides (baço, timo e linfonodos) e na derme normal 9 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 NEOPLASIA DAS CÉLULAS DE LANGERHANS - HISTIOCITOSE CÉLULAS DENDRÍTICAS INDETERMINADAS Não têm melanossomos ou grânulos de Birbeck Alguns autores acreditam que são as células precursoras dos melanócitos ou células de Langerhans CÉLULAS DE MERKEL Relativamente rara; aparentemente derivada de uma célula-tronco epidérmica Localizada entre as células basais → Aderidas aos desmossomos Função: − Mecanorreceptor de adaptação lenta em locais de alta sensibilidade tátil → Atrelada a uma microfibra nervosa que amplifica a percepção das sensações táteis Parece ser estimulada pela deformação dos queratinócitos adjacentes provocada por contatos externos, respondendo com a secreção de transmissores químicos nas sinapses estabelecidas com as terminações nervosas livres da junção dermoepidérmica Em alguns locais, organiza-se em discos táteis Marcadores imuno-histoquímicos: filamentos de ck 8, 18, 18 e 20 Células de Merkel → Camada basal, próximo aos melanócitos NEOPLASIA → CITOQUERATINA 20: PRINCIPAL IMUNOMARCADOR HISTOQUÍMICO CAMADAS DA EPIDERME ANEXOS CUTÂNEOS Surgem de modificações da epiderme ainda na vida embrionária. Folículo ou aparelho pilossebáceo Glândulas sudoríparas Unhas FOLÍCULO PILOSSEBÁCEO Composto por: (1) Folículo piloso (2) Glândula sebácea (3) Músculo eretor do pelo Sempre provido de terminações nervosas. Em alguns locais (axilas, púbis, mamas etc.) desembocam no folículo das glândulas sudoríparas apócrinas. FOLÍCULO PILOSO 10 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 Projeção de queratinócitos modificados (tricócitos) para dentro da derme – Influência de células mesenquimais que, mais tarde, constituirão a papila folicular, localizadas na sua porção mais inferior Funcionalmente, uma unidade; mas histologicamente, divide-se em três: − Infundíbulo – da sua abertura (óstio sebáceo) à inserção do ducto da glândula sebácea − Istmo – da inserção da glândula sebácea àregião da inserção do músculo eretor do pelo e da protuberância (área de concentração de células-tronco); e bulbo, que, na porção mais inferior, tem a matriz, responsável pela produção do pelo − Segmento inferior – local da papila dérmica do pelo Porção intraepitelial → Acrotríquio (acro = extremidade) Os melanócitos se dispõem entre as células da matriz Composição em corte transversal: O folículo piloso é circundado por uma membrana vítrea, acelular, seguida da: − Bainha radicular externa ou bainha externa do pelo ou triquelema − Bainha interna do pelo ou bainha radicular interna, constituída pela camada de Henle + camada de Huxley + cutícula − Haste do pelo → Medula, córtex e cutícula − Camada de tecido conjuntivo ATENÇÃO! CARCINOMA ESPINOCELULAR → Origem da BAINHA INTERNA OU EXTERNA DO FOLÍCULO PILOSSEBÁCEO. ATENÇÃO! Couro cabeludo e relação com hormônios andrógenos → Os folículos podem ser indiferentes (supercílio, região occipital etc.), estimulados positivamente (barba, axilas, púbis etc.) e estimulados negativamente (área frontoparietal). GLÂNDULA SEBÁCEA Estruturas lobuladas com células germinativas cuboidais, citoplasma multivacuolado e nucléolos proeminentes Ducto excretor curto e revestido por epitélio escamoso modificado Glândulas holócrinas – As células se rompem, liberando todo o seu conteúdo − Sebo → Esqualeno, colesterol, ésteres do colesterol, ésteres graxos e triglicerídeos → Colabora na formação do manto lipídico com atividade antimicrobiana, emulsificadora de substâncias e parede protetora Presente em TODA A PELE, com EXCEÇÃO das regiões palmoplantares, que são ricas em glândulas sudoríparas écrinas Desembocam por meio do aparelho pilossebáceo ou livremente na superfície da pele ou apresentar- se em localizações atípicas − Livres dos folículos pilossebáceos → Lábios (pontos de Fordyce – pequenos pontos brancos/amarelados), glande e prepúcio (glândulas de Tyson – às vezes confundidas com condilomas pelos pacientes), aréola mamária (tubérculos de Montgomery – hipertrofia durante a gestação), entre a junção mucocutânea e a face dorsal da pálpebra (glândulas de Meibomius), nos pequenos lábios e às vezes na parótida 11 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 Andrógeno-dependentes – Grande atividade da enzima 5-α-redutase 1, responsável pela síntese de DHT MÚSCULO ERETOR DO PELO Músculo liso Emerge da porção superior da derme, logo abaixo da epiderme e se insere obliquamente no folículo piloso, abaixo da glândula sebácea Extremidade distal composta por fibras musculares que se projetam em ramificações ao nível da derma papilar → Aderem às fibras conjuntivas da derme Zona de inserção do músculo eretor do pelo → BULGE → Células-tronco epiteliais responsáveis pela regeneração dos folículos Responsáveis pela horripilação – Reflexo vestigial às emoções ATENÇÃO! Dartos da bolsa escrotal – Os testículos são gônadas que funcionam melhor 1 grau abaixo da temperatura corporal. Por isso, os dartos de aproximam ou se distanciam do corpo a depender dos estímulos térmicos recebidos. GLÂNDULAS SUDORÍPARAS GLÂNDULA APÓCRINA Deriva do germe epitelial primário, assim como o folículo piloso e a glândula sebácea Glândulas sudoríparas que só se desenvolvem em algumas regiões do corpo → AXILAR, GENITAL e PERIALVEOLAR Glândulas de Moll (pálpebras), glândulas mamárias e ceruminosas → Glândulas apócrinas MODIFICADAS São andrógeno-dependentes (mesmo mecanismo da sebácea) Desembocam no folículo pilossebáceo Apresentam secreção apócrina e merócrina Produto de secreção quimicamente complexo Não apresentam função termorreguladora Função vestigial – Fonte de feromônios → Secreção incialmente inodora, mas sofre decomposição por microrganismos da flora da pele e, a depender do indivíduo, leva a odores característicos Porção secretória (entre a derme e o subcutâneo) → Secreção por decapitação → Secretam parte do seu citoplasma em conjunto com a membrana plasmática – Pouco abundante, constituída por grânulos PAS+ de tamanho e densidade variáveis; tem aspecto oleoso, inodoro, mas rica em material orgânico, que é decomposto pelas bactérias da flora cutânea, originando o odos característico dessas regiões Responde a estímulo adrenérgico nervoso ou sérico Marcadores apócrinos: enzimas fosfatase ácida, β- glucuronidase e esterase indoxil + proteína da doença fibrocísticas mamária GLÂNDULA SUDORÍPARA ÉCRINA Origem de brotamentos epidérmicos Principal responsável pela TERMORREGULAÇÃO DO CORPO em decorrência da perda evaporativa de color Distribuída por toda a pele, mas com maior densidade nas regiões palmoplantares Porção secretória localizada na junção dermo- hipodérmica → Células claras ou secretórias + células escuras ou mucoides + células mioepiteliais Ducto → Porção dérmica e porção epidérmica (acrossiríngio) → Desemboca diretamente na superfície da pele Composto externamente por uma camada de células basais e internamente por células cuticulares Sofrem CONTROLE HIPOTALÂMICO por TERMINAÇÕES SIMPÁTICAS características influenciadas pela ACETILCOLINA *Característica única – Não usam norepinefrina como neurotransmissor ACETILCOLINA – Secreção de suor e contração das células mioepiteliais → Sudorese Média de 100 mL/dia; durante exercício físico pode chegar de 1 a 2 L/h 12 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 Suor − Inicialmente ultrafiltrado isotônico do plasma, com NaCl, K e HCO3-, lactato, ureia, amônia e traços de aminoácidos e proteínas − Após reabsorção das células ductais, transforma-se em uma secreção HIPOTÔNICA do plasma, que chega na superfície GLÂNDULA SUDORÍPARA APOÉCRINA Recentemente identificada Presente nas AXILAS DE ADULTOS (exclusivamente) Característica de glândulas écrinas e apócrinas APARELHO UNGUEAL E UNHAS Função de proteger as nossas extremidades − + Função vestigial (defesa, alimenta-se etc.) Unhas – Lâminas de citoqueratinas que recobram as últimas falanges Composto por: − Matriz ungueal – Área produtora da unha – Raiz, matriz proliferativa − Eponíquio – Função protetora = Cutícula – Não retirar; gera microtraumas que formam portas de entrada para microrganismos − Lúnula − Lâmina ungueal − Leito ungueal − Hiponíquio DERME Tecido conjuntivo de sustentação da pele Confere elasticidade e resistência Camada de tecido conjuntivo composto por um sistema integrado de estruturas fibrosas, filamentosas e amorfas, na qual são acomodados vasos, nervos e anexos epidérmicos. Contém fibroblastos, histiócitos, células dendríticas e mastócitos Linfócitos, plasmócitos e outros elementos celulares sanguíneos podem ser encontrados em número variável e de forma transitória Interação com a epiderme – Fundamental para a manutenção dos dois tecidos Espessura variável – de 1 a 4 mm (pálpebra e dorso) Dividida em três partes: − Superficial ou papilar → Grande celularidade; predominam finos feixes fibrilares de colágeno dispostos mais verticalmente − Profunda ou reticular → Feixes mais grossos de colágeno, ondulados e dispostos horizontalmente − Adventicial → Disposta em torno dos anexos e vasos; feixes finos de colágeno, como na derme papilar COLÁGENOS No humano – Descritos 28 tipos (tipo I a XXVIII). O colágeno é secretado para o espaço extracelular como pró-colágeno, sofrendo ação de enzimas (proteases ou metaloproteinases), levando à formação de fibras, que se organizam para constituir os feixes → EQUILÍBRIO DINÂMICO → Depende da normalidade do tecido nas situações fisiológicas e de reparação. As metaloproteínas são sintetizadasna forma inativa e dependem de um cátion para adquirir atividade proteolítica. Suas ações são controladas pelos inibidores teciduais de metaloproteases (TIMPs, tecidual inhibitors MMPP), que, portanto, têm papel muito importante na remodelação do tecido conjuntivo, assim como na patogenia de várias doenças. ATENÇÃO! → Tipo I = 90% de todo o colágeno dérmico do adulto → Tipo III – Predomina na vida embrionária; 10% do colágeno na vida adulta → Tipo IV – Compõe as membranas basais, inclusive a lâmina densa da junção dermoepidérmica → Tipo V e tipo VI – Ubíquos (pequena quantidade da derme) 13 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 → Tipo VII – Principal componente das fibrilas de ancoragem da junção dermoepidérmica → Foi identificado como o ANTÍGENO DA EPIDERMÓLESE BOLHOSA DISTRÓFICA. → Tipo XVII – Localiza-se na porção extracelular dos hemidesmossomos → Corresponde ao ANTÍGENO PENFIGOIDE 2 DE 180 kDa FIBRAS ELÁSTICAS Formam uma rede que se estende da junção dermoepidérmica ao tecido conjuntivo da hipoderme, estando presentes também na parede dos vasos e em torno do folículo piloso Formadas principalmente pelos fibroblastos Compostas por três tipos de fibra: − Fibras oxitalânicas → Finas; encontradas na derme papilar, dispostas verticalmente a partir da junção dermoepidérmica; conectadas a uma rede horizontal de fibras eulanínicas na interface entre a derme papilar e reticular; também se relacionam com a rede de fibras elásticas maduras − Fibras eulanínicas → Finas − Fibras elásticas maduras → Mais grossas; atravessam toda a derme reticular → Microfibrilas + elastina ATENÇÃO! → Tem sido observada atividade de ELASTASE nas bolhas da DERMATITE HERPETIFORME e do PENFIGOIDE BOLHOSO. → Ruptura de fibras colágenas → ESTRIAS (oxitalânicas, eulanínicas, fibras colágenas maduras) VASCULARIZAÇÃO Rica vascularização → Aporte metabólico + Regulação da temperatura e pressão arterial na cicatrização e fenômenos imunológicos Arteríolas, capilares arteriais, capilares venosos e vênulas Distribuídos em duas redes horizontais ligadas por vasos comunicantes – CAPILARIZAÇÃO EM FORMA DE CANDELABRO Vasos perfurantes dos músculos subjacentes originam o PLEXO INFERIOR, no limite com a hipoderme – Derivam vasos que ascendem até o plexo superior e outros que suprem os anexos cutâneos O PEXO SUPERIOR ou SUBPAPILAR, entre a derme papilar e a reticular, origina os capilares das papilas dérmicas Corpos vasculomusculares – Unem, facultativamente, arteríolas e vênulas e forma direta Glomos ou canal de Sucquet-Hoyer → Shunts arteriovenosos → “Pequenos corações cutâneos” − Localizam-se na derme reticular, sobretudo nos dígitos − Ricos em células musculares − Em temperaturas frias, temos a superfície da mão fria; em ambientes quentes, as mãos ficam quentes: em casos de exposição a ambientes mais frios, ocorre um sequestro sanguíneo para proteção adicional aos órgãos e sistemas nobres, deixando as mãos em segundo plano 14 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 − Aparelho músculo-nervoso: composto por endotélio e células contráteis, com segmento arterial e venoso Função: − Termorregulação e manutenção da homeostase → Resistência vascular periférica; importante para o controle da pressão arterial REDE LINFÁTICA Exclusivamente coletora – Responsável pela reabsorção intersticial do fluido extracelular de células e moléculas maiores (proteínas, lipídeos etc.) O fluxo da linfa depende de fatores extrínsecos, como pulsação arterial, gravidade e contração da musculatura estriada Vasos linfáticos → Originam-se por extremidades fechadas em fundo de saco, compostos por uma única camada de células. Capilares linfáticos com fundo cego, presentes na derme papilar ⇩ Drenam para o plexo ou rede subpapilar ⇩ Vasos do plexo papilar confluem para vasos coletores verticais (*as células de Langerhans adoram adentrar na rede, apresentando os antígenos até chegar aos linfonodos e depois a cisterna do quilo) ⇩ Atravessam a derme reticular e desembocam no plexo ou rede linfática profunda, no limite entre a derme e hipoderme ⇩ Na hipoderme, adquirem válvulas, facilitando o escoamento da linfa INERVAÇÃO A pele é ricamente inervada, contando com milhões de terminações nervosas sensoriais livres que possibilitam a identificação de diferentes estímulos do ambiente, além de fibras simpáticas autônomas responsáveis pela inervação das glândulas sudoríparas, dos músculos lisos dos vasos sanguíneos e do músculo eretor do pelo. Distribuição dos nervos segue a dos vasos sanguíneos → Tem um PLEXO PROFUNDO e um PLEXO SUPERFICIAL Todos provém da medula espinhal e são mistos − Fibras sensoriais das raízes dorsais – MIELÍNICOS – SN simpático → Terminam em delicadas arborizações na papila dérmica ou em torno dos anexos; também pode ter conexão direta com a célula de Merkel e, menos frequentemente, nos corpúsculos nervosos − Fibras simpáticas dos gânglios simpáticos – AMIELÍNICOS – SN cérebro-espinhal – Quando inervam as glândulas sudoríparas écrinas são colinérgicos; e adrenérgicos e colinérgicos ao inervar o músculo eretor do pelo Então, Fibras mielínicas → Fibras sensitivas; terminam tanto na epiderme quanto na derme Fibras amielínicas → Distribuem-se na musculatura lisa cutânea, vasos sanguíneos (fibras vasomotoras) e glândulas (fibras secretoras). Podem terminar de forma livre ou mais complexa, encapsuladas CORPÚSCULOS NERVOSOS : SENSIBILIDADE TÁTIL, TÉRMICA E DOLOROSA TÁTIL: distribuição ponteada; diferenças regionais – mais sensível no nariz, lábios e extremidades distais + menos sensíveis no tronco e regiões plantares. → Corpúsculos de Wagner-Meissner (tátil + dor) TÉRMICA: ponteada, pontos para frio e outros para calor, mas não são específicos e se adaptam bem aos estímulos; → Bulbos de Krause (apenas frio) – Localizados em áreas transacionais da pele com mucosas (lábios, clítoris e glande) → Corpúsculos de Ruffini (calor) – Mais numerosos na superfície plantar 15 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 DOLOROSA: sensações de queimadura (fibras delicadas amedulares) e frio (fibras sensitivas medulares); → Corpúsculos de Vater-Pacini (pressão) *Prurido é percebido por cerca de 5% das fibras nervosas não mielinizadas, denominadas C. TERMINAÇÕES NERVOSAS LIVRES: abraçam todas essas sensações de forma mais aleatórias, mas principalmente são responsáveis pela percepção a dor; nenhuma organela é exclusiva, mas responde mais a um determinado tipo de estímulo ATENÇÃO! Toda a superfície da pele tem uma rica inervação e é por isso que na hanseníase há doença de pele porque na pele tem muito nervo, atinge o nervo da pele, bacilo tem afinidade pelas células de Schwann. A dor reflexa é aquela que procede dos órgãos internos, transmite-se à medula e é percebida no córtex cerebral como se fosse originária na pele do mesmo metâmero. HIPODERME Camada mais profunda da pele Representa o panículo adiposo subjacente à derme → Constituída por lóbulos de lipócitos delimitados por septos de colágeno com vasos sanguíneos, linfáticos e nervosos Adipócitos ou células adiposas – Originadas da célula mesenquimal → Lipídios (*triglicerídeos) + lipocrômio (pigmento) + colesterol + vitaminas + água Colorações que levam xilol – Apresentam-se com grande vacúolos (o xilol dissolve a gordura), com núcleo pequeno e rechaçado para a periferia, sob a forma de uma sela Funções: − Depósito de calorias − Proteção contra traumas − Proteção contra variações de temperatura – Isolante térmico − Modela as curvas corporais − Oferece mobilidade para a pele em relação às estruturassubjacentes Atualmente assume maior importância por ser uma sede de células tronco. EMBRIOLOGIA A pele deriva dos três folhetos: (1) Ectodérmico (folheto mais externo – derivam as estruturas epiteliais): − Epiderme (derivação da camada mais externa da pele); − Glândulas apócrinas e écrinas (anexos – apêndices cutâneos - fâneros); − Unhas (anexos – apêndices cutâneos); − Folículos pilossebáceos (anexos – apêndices cutâneos) (2) Neuro-ectodérmico: − Melanócitos → Crista neural (características de uma célula neural, ela responde ao estímulo com neuropeptídios; tem uma morfologia dendrítica em similitude com as células da neuroglia, com os próprios neurônios, célula com receptores ainda não bem elucidados, se tivesse teríamos tratamento para o vitiligo, por exemplo); − Nervos (inervação da pele); (3) Mesodérmico (mais interno – derme e epiderme): − Fibras colágenas e elásticas; − Tecido adiposo; 16 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 − Músculos (musculatura da pele); − Vasos sanguíneos. Existe uma intensa e permanente comunicação entre os diversos componentes da pele, de tal modo que um sinaliza e interfere na diferenciação dos outros, recebendo deles respostas que interferem no seu próprio desenvolvimento. No embrião de 5 a 6 semanas, a epiderme está representada apenas por uma única camada de células justapostas. Mais tarde, a multiplicação dessas células leva à formação de duas camadas, a basal e a periderme; esta última é constituída por apenas uma fileira de células que, embora detenham várias características dos queratinócitos, nunca se ceratinizam e apresentam microvilosidades em sua superfície, aparentemente para aumentar a superfície de troca com o líquido amniótico; ao fim de 6 meses, a periderme se desprende da epiderme propriamente dita. A proliferação celular leva ao aumento do número das fileiras de células de Malpighi, e, em torno do 6º mês, instala-se o processo de ceratinização. Independentemente dessa evolução ceratinocítica, a partir da camada basal originam-se, em determinados pontos, respondendo a estímulos de células mesenquimais, brotos ou germes epiteliais primários, isto é, amontoados de células que começam a invadir o mesênquima; esses brotos dão origem aos folículos pilosos (3º e 4º meses), às glândulas sebáceas e apócrinas (4º mês) e às glândulas écrinas (3º mês). As unhas e os dentes surgem no 3º mês. Os melanócitos, que se originam de melanoblastos (não formam melanina) provenientes da crista neural, alcançam a epiderme entre o 1º e 2º meses, assim como as células de Langerhans. Os mastócitos surgem entre o 3º e 4º meses. A derme e a hipoderme diferenciam-se a partir do mesoderma, sendo inicialmente representadas por um tecido afibrilar e amorfo, a substância fundamental, nesse momento constituído quase exclusivamente por ácido hialurônico e por células mesenquimais primitivas de morfologia dendrítica. No 3° mês de vida, surgem as primeiras fibras argentafins; são as fibras reticulares ou colágeno II, que podem proliferar no adulto em determinadas condições patológicas em função da hiperatividade dos fibroblastos (sarcoidose, dermatofibromas, sarcomas, linfomas etc.); com o correr do tempo, a argirofilia tende a desaparecer e surgem os feixes de fibras colágenas. Ao mesmo tempo, as células mesenquimais assumem o aspecto fusiforme dos fibroblastos, que presidem todas as alterações histoquímicas. Só mais tarde, em torno da 22ª semana, aparecem as fibras que se impregnam pela orceína - as elásticas. No 5º mês, começa a formar-se a hipoderme, em decorrência do acúmulo cada vez maior de lipídios no interior de células, que passam, então, a ter uma morfologia arredondada, com o núcleo rebatido para a periferia - são os adipócitos. Os vasos surgem no mesênquima em torno do 3º mês de vida, e, inicialmente, são do tipo capilar; mais tarde diferenciam-se em artérias e veias. As estruturas nervosas começam a aparecer em torno da 5ºsemana e têm diversas origens: as células de Schwann originam-se da crista neural, enquanto os axônios provêm da medula e dos gânglios posteriores. Aos 4 meses, já estão esboçados os nervos, que, inicialmente, são amielínicos; só mais tarde surge a mielina. CÉLULAS TRONCO Manutenção da camada basal e regeneração das células da pele que sofrem agressão Localizam-se na CAMADA BASAL, BULGE e HIPODERME REEPITELIZAÇÃO DE PEELING MÉDIOS E PROFUNDOS: a pele só consegue se reepitelizar por causa do reservatório de células-tronco do bulge e hipoderme. EXTRAÇÃO DE CÉLULAS TRONCO DA HIPODERME: exploradas para produção de preenchedores biológicos. REVISÃO 17 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 A hipoderme não está representada na imagem → É a gordura subcutânea (grande maioria das células são os adipócitos). A espessura da pele é dada pela DERME. A derme (que envolve as glândulas sudoríparas e os anexos - folículos, pelos) é chamada de perianexial. A derme é subdividida em: → Derme papilar ou superficial → Derme reticular ou profunda As reentrâncias são uma estratégia da natureza para manter as estruturas “coladinhas” e dar mobilidade, sem lesionar, aumentando a adesão dérmica e epidérmica → Facilitam a adesão ou aderência dermoepidérmica. Papilas dérmicas: projeções da derme para epiderme; Cones interpapilares: reentrâncias da epiderme para derme A epiderme, é, em sua maior parte, composta pela formação celular que está localizada no círculo da imagem, os QUERATINÓCITOS. Plaquina ou desmosplaquina ou desmossomo: placa de adesão, pela qual vão partir outras estruturas chamadas de filamentos intermediários (queratina) ancorados no citoplasma celular. É uma estrutura complexa em forma de disco ligada a outra estrutura semelhante na célula vizinha. A desmoplaquina encontra-se ancorada pela integrina, que por sua vez, vai se apoiar a uma metalomatriz extracelular. 18 Dermatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2
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