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Bioquímica - Química das proteínas ESTRUTURA PRIMÁRIA Refere-se à sequência de aminoácidos que estão ligados entre si pelas ligações peptídicas. É ela que determina os outros níveis estruturais, uma vez que os grupos R dos aminoácidos podem se repelir ou se atrair, podem estabelecer ligações não-covalentes, estabelecer ligações dissulfeto, ou apresentarem volume e reatividade específica para tal função, ou seja, eles são diretamente responsáveis pela estabilidade e estrutura dos outros níveis. De acordo com a função exercida pela proteína, ou peptídeo, haverá uma maior concentração de alguns aminoácidos e menor de outros nessa sequência. Alguns peptídeos podem ter apenas a estrutura primária e, mesmo assim, apresentar função biológica. Quanto maior for a complexidade estrutural da proteína, mais específica ela será. Estrutura secundária Descreve o arranjo espacial dos átomos de um segmento de uma cadeia polipeptídica sem considerar a posição das suas cadeias laterais ou sua interação com outros segmentos. Existem alguns tipos de estrutura secundária que são mais comuns e estáveis:a α -hélice e a folha β pregueada. α-hélice Nessa estrutura, o esqueleto polipeptídico é firmemente enrolado em torno de um eixo imaginário desenhado longitudinalmente no centro da hélice, e os grupos R dos resíduos de aminoácidos se projetam para fora do esqueleto helicoidal. A unidade que se repete forma uma volta de hélice, que se estende por cerca de 5,4 Å ao longo do eixo e cada volta apresenta 3,6 resíduos de aminoácidos. A α-hélice voltada para direita é a forma comum. As hélices estendidas voltadas para esquerda são teoricamente menos estáveis e não foram observadas em proteína. A sua grande estabilidade se relaciona com a sua capacidade estrutural de maximizar o uso de pontes de hidrogênio. Essa estrutura é estabilizada por uma ligação de hidrogênio entre o átomo de hidrogênio ligado ao átomo de nitrogênio eletronegativo de uma ligação peptídica e o átomo de oxigênio eletronegativo da carbonila do quarto aminoácido no lado aminoterminal da ligação peptídica. Na α-hélice , cada ligação peptídica (exceto aquelas próximas às extremidades) participa de tais ligações de hidrogênio. Nas extremidades de um segmento α-helicoidal, sempre há três ou quatro grupos carbonila ou amino que não podem participar desse padrão helicoidal de ligações de hidrogênio. Esses podem estar expostos ao solvente circundante, onde suas ligações de hidrogênio com a água ou com outras partes da proteína podem proteger a hélice e proporcionar os parceiros necessários para a ligação de hidrogênio. Grupos R negativos podem formar pares iônicos com grupos positivos separados, geralmente por 3 aminoácidos, o que mantém a estabilidade, assim como aminoácidos aromáticos que fazem pares hidrofóbicos nessa mesma distância. Entretanto, átomos com a mesma carga em sequência desestabilizam a cadeia por causa da repulsão eletrostática, enquanto que os grupos R volumosos podem também ter um efeito desestabilizador caso estejam próximos. A prolina é um aminoácido que desestabiliza essa estrutura, já que o seu grupo imino rígido não permite uma livre rotação entre o carbono alfa e o nitrogênio a ele ligado. Além disso, ela não apresenta um hidrogênio livre para formar pontes de hidrogênio. A glicina também é indesejada pois a sua flexibilidade é incompatível com a estrutura da hélice. Folha β pregueada Na conformação β , o esqueleto da cadeia polipeptídica está estendido (mais ainda que o da hélice) em forma de zigue-zague e o arranjo de vários segmentos lado a lado, os quais estão na conformação β, é chamado de folha β. Pontes de hidrogênio entre unidades peptídicas de cadeias diferentes ou de segmentos da mesma cadeia é o que garante a estabilidade dessa estrutura. Os grupos R estão projetados para cima e para baixo do plano da folha pregueada. Elas são chamadas de paralelas quando os segmentos apresentam a mesma orientação do aminoterminal para o carboxiterminal, caso essa orientação seja inversa, são chamadas de antiparalelas. Cotovelos, alças ou voltas São segmentos polipeptídeos sem estrutura regular que servem para unir estruturas secundárias regulares. Estrutura terciária A estrutura terciária se refere ao dobramento final de uma cadeia polipeptídica que envolve interações entre estruturas secundárias regulares e irregulares. A cadeia adquire uma estrutura final através das interações não-covalentes entre os diversos segmentos dessa cadeia, como por exemplo, interações hidrofóbicas, eletrostáticas (entre aminoácidos e aminoácidos + água) e pontes de hidrogênio. Um tipo de ligação covalente, a ligação dissulfeto, realizada entre dois aminoácidos de cisteína, também é essencial para manter a estabilidade da proteína nesse nível estrutural. Obs: A ponta da seta nas folhas β representam a extremidade carboxiterminal. Estrutura quaternária Ocorre quando duas ou cadeias polipeptídicas, já dobradas, unem-se, através de ligações não-covalentes e formam uma proteína oligomérica funcional. Nesse caso, cada cadeia comporta-se como uma subunidade da proteína. Essas subunidades podem estar ligadas a grupos não formados por aminoácidos, chamados de grupos prostéticos, e quando isso ocorre, a proteína é chamada de conjugada. Proteínas fibrosas e globulares Proteínas fibrosas apresentam cadeias polipeptídicas arranjadas em longos filamentos ou folhas, feitos por um único tipo de estrutura secundária, com estrutura terciária simples e que garantem suporte, proteção e forma. 1. Queratina • A α-queratina está presente em pele, cabelo, pelos, chifres e cascos de mamíferos, enquanto a β-queratina faz parte de bicos e penas de aves. • Compostas por heptapeptídeos (a-b-c-d-e-f-g) que fazem uma pseudo repetição ao longo da cadeia, de modo que o aminoácido a e d são sempre hidrofóbicos. -São ricas em Ala; Val; leu; Ile; Met; Phe. - A α-queratina é rica em resíduos de Cys, que formam pontes de dissulfeto entre hélices adjacentes. Essas hélices ficam embebidas em uma matriz amorfa de proteínas. • São classificadas como queratinas moles ou duras de acordo com o conteúdo de pontes de dissulfeto que elas possuem, o que está relacionado com o número de resíduos de Cys. 2. Seda – PROTEÍNA FIBROÍNA • A seda apresenta resistência e grande flexibilidade, mas pouco poder de distensão. • As cadeias da seda são compostas principalmente de resíduos de Gly, Ala e Ser, na proporção de 3:2:1, que se repetem na seqüência Gly-Ser-Gly-Ala-Gly-Ala. Estas cadeias formam folhas β que correm em sentido anti-paralelo, com todas as Gly de um lado da cadeia β e todas as Ser e Ala do outro, sendo bastante ordenadas. • As cadeias polipeptídicas da seda são unidas por pontes de H em uma dimensão (entre folhas β) e por forças de Van der Waals na outra, o que confere grande flexibilidade. Como a conformação β já é estendida, as fibras de seda não se distendem. • Em algumas regiões, entretanto, a presença de aminoácidos de cadeia lateral maior (Tyr, Val, Asp e Arg) desordena as fibras e permite uma certa elasticidade. A proporção entre regiões ordenadas e amorfas permite que sedas de diferentes espécies apresentem propriedades mecânicas diferentes. 3. Colágeno - Ocorre em todos os organismos multicelulares e é a proteína mais abundante em vertebrados. -Proteína extracelular que se organiza em fibras insolúveis com alta resistência a tensões, por isso ele é o principal componente anti-estresse dos tecidos conectivos tais como ossos, dentes, cartilagens, tendões, ligamentos e matrizes fibrosas da pele e vasos -Mamíferos têm cerca de 33 tipos diferentes de colágeno. -Conformação helicoidal típica -Alto conteúdo de glicina, prolina e hidroxiprolina nessa sequência e com regularidade -Associação de três cadeias de colágeno forma o tropocolágeno, módulo estrutural básico. Proteínas globularesapresentam cadeias polipeptídicas dobradas em forma esférica ou globular e, geralmente, contêm diversos tipos de estruturas secundárias. Elas exercem função enzimática e reguladora. Peso das proteínas O peso molecular das proteínas é representado em Daltons (d). O peso molecular médio de um aminoácido é 128d, considerando que, numa ligação peptídica, eles perdem uma molécula de água, seu peso médio na forma de resíduo é 110d. Carga elétrica e solubilidade É importante perceber que a quantidade de grupos R ionizados ou não vai interferir diretamente nas propriedades eletrostáticas de uma proteína como um todo e que isso se relaciona diretamente com o meio em que ela vai atuar. Desnaturação A manutenção contínua do grupo ativo de proteínas celulares necessárias em um dado conjunto de condições, ou seja, do seu estado nativo, é chamada proteostase. Quando uma proteína perde uma parte suficiente da sua estrutura para que ela não exerça mais sua função, ela é chamada de desnaturada. A desnaturação frequentemente leva à precipitação de proteínas, uma consequência da formação de agregados proteicos pela exposição de superfícies hidrofóbicas associadas. Fatores que causam a desnaturação de uma proteína são a temperatura, o pH e a adição de algum agente desnaturante (um solvente orgânico, por exemplo). A desnaturação de algumas proteínas, no entanto, é reversível. Certas proteínas globulares desnaturadas por temperatura, pH ou agentes desnaturantes reassumem suas estruturas nativas e suas atividades biológicas se retornarem às condições nas quais a conformação nativa é estável. Esse processo é chamado de renaturação.
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