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Emanuella Fonseca PROLIFERAÇÃO CELULAR PB 4 O câncer é uma desordem genética causada por mutações do DNA que (em sua maior parte) são adquiridas espontaneamente ou induzidas por agressões do ambiente Os canceres mostram alterações epigenéticas (como o aumento focal da metilação de DNA e alterações nas modificações da histona, as quais por sua vez se originam de mutações adquiridas em genes que regulam essas modificações) que alteram a expressão ou função de genes-chave que regulam os processos celulares fundamentais. O acúmulo de mutações dá origem a uma série de propriedades chamadas características do câncer. Estas incluem 1. autossuficiência nos sinais de crescimento, pelos quais o crescimento dos cânceres se torna autônomo e não é regulado por indícios fisiológicos; 2. ausência de resposta aos sinais inibidores de crescimento que controlam as proliferações celulares não neoplásicas, como a hiperplasia; 3. evasão da morte celular, permitindo que as células cancerosas sobrevivam sob condições que induzem apoptose em células normais; 4. potencial replicativo ilimitado tornando, portanto, as células cancerosas imortais; 5. desenvolvimento da angiogênese para sustentar o crescimento das células cancerosas; 6. capacidade de invadir tecidos locais e disseminar-se para locais distantes; 7. reprogramação das vias metabólicas — especificamente, uma alteração para a glicólise aeróbica, mesmo quando há abundante oxigênio; e 8. capacidade de escapar do sistema imune. As alterações genéticas que dão origem a essas características dos cânceres são sustentadas e permitidas pelo desenvolvimento de instabilidade genômica, acrescentando mais combustível à fogueira. NOMENCLATURA Neoplasia literalmente significa “novo crescimento”. Diz-se que células neoplásicas são transformadas porque continuam a se replicar, aparentemente “desatentas” às influências regulatórias que controlam o crescimento celular normal. Diz-se que um tumor é benigno quando suas características micro e macroscópicas são consideradas relativamente inocentes, indicando que permanecerá localizado, e é tratável com a remoção cirúrgica; geralmente o paciente sobrevive. Note-se, porém, que os tumores benignos podem produzir mais do que massas localizadas e, algumas vezes, são responsáveis por doença grave. Os tumores malignos são coletivamente referidos como cânceres, termo derivado da palavra em latim “caranguejo” — ou seja, eles aderem a qualquer parte onde se agarram e de maneira obstinada, semelhante ao comportamento do caranguejo. O termo maligno aplica-se a uma neoplasia indicando que a lesão pode invadir e destruir Emanuella Fonseca estruturas adjacentes e disseminar-se para locais distantes (metástases) para causar morte. Nem todos os cânceres prosseguem em um curso tão mortal. Os mais agressivos também são alguns dos mais curáveis, mas a designação maligna constitui uma bandeira vermelha. Todos os canceres tem dois componentes básicos: O parênquima: são as células neoplásicas e determinam seu comportamento biológico. O estroma: é o tecido conectivo e contém o suprimento sanguíneo do parênquima. Tumores Benignos Sufixo OMA. Ex.: fibroma, condroma etc. Tumores Malignos Se surge em tecido mesenquimal sólido = SARCOMA, mas se for sanguíneo é LEUCEMIA/LINFOMA. Ex.: condrossarcoma. A neoplasia maligna da célula epitelial é chamada de carcinoma, seja no epitélio renal, pele ou revestimento intestinal. O mesoderma pode dar origem a carcinomas, sarcomas (mesenquimais) e tumores hematolinfoides. O carcinoma pode ser glandular – adenocarcinoma, de células escamosas, adenocarcinoma de células renais ou local x, e, se há pouca diferenciação – carcinoma mal diferenciado ou indiferenciado. Geralmente, o câncer tem origem em uma célula só, mas em casos incomuns elas podem sofrer diferenciação = tumores mistos, ex.: glândula salivar. Chamados de adenoma pleiomorfico. Na mama, podemos ter o fibroadenoma. O teratoma é um tipo especial, porque tem células reconhecíveis ou tecidos que representam mais de uma camada de celular germinativas. Isso ocorre porque ele vem de células germinativas totipotentes. Por exemplo, são usados os termos linfoma, mesotelioma, melanoma e seminoma para neoplasias malignas. Há outros casos de terminologia confusa: • Hamartoma é uma massa de tecido desorganizado nativo de um local específico. • Coristoma é uma anomalia congênita que consiste em um resto heterotópico de células. Por exemplo, um pequeno nódulo de tecido pancreático normalmente organizado pode ser encontrado na submucosa do estômago. CARACTERÍSTICAS DAS NEOPLASIAS BENIGNAS E MALIGNAS há quatro características fundamentais pelas quais se podem distinguir tumores benignos e malignos: (1) diferenciação e anaplasia, (2) velocidade de crescimento, Emanuella Fonseca (3) invasão local e (4) metástase. Explicando.... (1) diferenciação e anaplasia: A diferenciação das células tumorais parenquimatosas refere- se à extensão em que se assemelham aos seus antepassados normais morfológica e funcionalmente. (2) velocidade de crescimento, (3) invasão local e (4) metástase: são implantes secundários de um tumor, as quais são descontínuas com o tumor primário e localizadas em tecidos remotos (Fig. 5-11). Mais do que qualquer outro atributo, a propriedade da metástase identifica uma neoplasia como maligna. Em geral, quanto mais anaplásica e maior a neoplasia primária, mais provável será a disseminação metastática, mas, como na maioria das regras, há exceções. As neoplasias malignas disseminam-se por uma de três vias: (1) semeadura nas cavidades corporais – invadem uma cavidade corporal natural (2) disseminação linfática – é a mais típica nos carcinomas (3) disseminação hematogênica – é a mais típica no sarcoma BENIGNO MALIGNO DIFERENCIAÇÃO E ANAPLASIA célula for bem diferenciada Mitoses são raras e sua forma é normal A falta de diferenciação, ou anaplasia, é considerada uma característica de malignidade. núcleos são extremamente hipercromáticos (coloração escura) e grandes. Os núcleos anaplásicos são variáveis e têm tamanho e forma bizarros. VELOCIDADE DE CRESCIMENTO Cresce devagar tumores mal diferenciados tendem a crescer mais rapidamente INVASAO LOCAL permanece localizada em seu sítio de origem embora a encapsulação seja a regra nos tumores benignos, a falta de cápsula não significa que um tumor seja maligno o tem capacidade de se infiltrar, invadir ou metastatizar-se para locais distantes METASTASE Não ocorre Ocorre Apesar das exceções, quanto mais depressa crescer e mais anaplásico for um tumor, menos probabilidade haverá de que tenha atividade funcional especializada. Emanuella Fonseca A displasia, referindo-se à proliferação desordenada, mas não neoplásica. A displasia é encontrada principalmente em lesões epiteliais. É a perda de uniformidade de células individuais e em sua orientação arquitetural. As células displásicas exibem considerável pleomorfismo e, com frequência, possuem núcleos hipercromáticos que são anormalmente grandes para o tamanho da célula. O número de mitoses é mais abundante que o normal e frequentemente aparecem em localizações anormais dentro do epitélio. Os cânceres são imortais e têm ilimitada capacidade proliferativa, indicando que, como os tecidos normais, eles também devem conter células com propriedades do “tipo tronco”. Invasão: Por exemplo, como os adenomas apresentam lenta expansão, a maioria desenvolve uma cápsula fibrosa envoltória que os separa do tecido hospedeiro. Isso delimita invasão. Os cânceres crescem por meio de infiltração, invasão, destruição e penetração do tecido circundante. Além do desenvolvimento de metástases, a invasividade local é a característica mais confiável que distingue os tumores malignos dos benignos.Em alguns casos, as células cancerosas parecem atravessar os canais linfáticos dentro dos linfonodos imediatamente próximos para serem capturadas em linfonodos subsequentes, produzindo as chamadas metástases saltadas. As células podem atravessar todos os linfonodos, alcançando finalmente o compartimento vascular por meio do ducto torácico. Um “linfonodo-sentinela” é o primeiro linfonodo regional que recebe o fluxo linfático de um tumor primário. Pode ser identificado por injeção de corantes azuis ou radiotraçadores próximos do tumor. A biópsia do linfonodo-sentinela permite a determinação da extensão da disseminação do tumor e pode ser usada para planejar o tratamento. Emanuella Fonseca Na disseminação hematogênica, as veias são mais usadas como meio de transporte. O fluxo venoso que drena o local da neoplasia. A drenagem de toda área portal vai para o fígado e no tórax, pros pulmões. Por isso, esses dois órgãos são os locais secundários mais frequentemente envolvidos nessa disseminação. Variaveis geográficas e ambientais Apesar dos muitos avanços impressionantes ocorridos na compreensão da patogenia molecular do câncer por meio da análise dos cânceres hereditários, permitimo-nos afirmar que os fatores ambientais são a causa predominante da maior parte dos cânceres esporádicos comuns. Não há escassez de carcinógenos ambientais. Eles se ocultam no entorno ambiental, no local de trabalho, no alimento e nas práticas pessoais. Podem ser tão universais quanto a luz solar, podendo ser encontrados particularmente em ambientes urbanos (p. ex., asbestos) ou limitar- se a certas ocupações. Epidemiologia inclui: incidência, geografia e ambiente (O risco de câncer cervical liga-se à idade da primeira relação sexual e ao número de parceiros sexuais (apontando para um papel causal de transmissão venérea do vírus oncogênico HPV).), idade (a frequência do câncer aumenta com a idade), sexo, hereditariedade, que tem três categorias: Síndromes de Câncer Autossômicas Dominantes Síndromes Autossômicas Recessivas do Reparo do DNA Defeituoso Cânceres Familiares de Herança Incerta Emanuella Fonseca Lesões Pré-neoplásicas Adquiridas Assim como algumas condições hereditárias aumentam o risco de se ter certos cânceres, da mesma forma o fazem certas condições adquiridas. Elas são mencionadas livremente como lesões pré-neoplásicas ou simplesmente “pré-cânceres”. Essas designações são desafortunadas por sugerirem inevitabilidade, mas, de fato, embora tais lesões aumentem a probabilidade de malignidade, a maioria não progride para o câncer. Elas aumentam a prob. de malignidade por estimular a constante proliferação celular de regeneração ou por expor a célula a produtos da inflamação. Tudo isso, pode causar mutação ou induzir. Segue-se uma breve listagem de algumas dessas lesões precursoras importantes: • Metaplasia e displasia escamosas da mucosa bronquial, observadas em fumantes habituais — um fator de risco para o câncer. • Hiperplasia e displasia endometriais observadas em mulheres com estimulação estrogênica não oposta — um fator de risco para carcinoma endometrial. • Leucoplasia da cavidade oral, vulva ou pênis, que pode progredir para carcinoma de células escamosas. • Adenomas vilosos do cólon, associados a alto risco de transformação para carcinoma colorretal. Por exemplo, adenomas do cólon, à medida que aumentam de tamanho, podem sofrer transformação maligna em 50% dos casos; em contrapartida, a alteração maligna é extremamente rara nos leiomiomas do útero. CARCINOGÊNESE: A BASE MOLECULAR DO CÂNCER A hipótese genética do câncer sugere que uma massa tumoral resulte de expansão clonal de uma só célula progenitora que sofreu danos genéticos (isto é, os tumores são monoclonais) Emanuella Fonseca Quatro classes de genes reguladores normais — proto-oncogenes promotores de crescimento, genes supressores de tumor inibidores do crescimento, genes que regulam a morte celular programada (isto é, apoptose) e genes envolvidos no reparo do DNA — são os principais alvos do dano genético Oncogenes são genes que induzem um fenótipo transformado quando expresso em células. São versões MUTADAS ou superexpressas de genes celulares normais, que são chamados de proto- oncogenes. Grande parte dos genes conhecidos codifica fatores de transcrição, proteínas reguladoras do crescimento ou proteínas envolvidas na sobrevivência celular e interações célula-célula e célula- matriz. Eles são considerados dominantes pois a mutação de um único alelo pode levar à transformação celular. Os genes supressores de tumor são genes que normalmente impedem o crescimento descontrolado e, quando sofrem mutação ou se perdem de uma célula, permitem o desenvolvimento de fenótipo transformado. São alocados em dois grupos: governantes e guardiões. Governantes são os supressores de tumor clássicos. Os guardiões são responsáveis pelo sensoriamento do dano genômico. Alguns tem a reposta de controle de dano, que leva ao fim da proliferação ou a indução de apoptose. O TP53, chamado de “guardião do genoma”, é um gene supressor tumoral prototípico desse tipo. Gene TP53: Guardião do Genoma O gene supressor de tumor codificador de p53, TP53, é um dos genes mutados com mais frequência em cânceres humanos. A proteína p53 frustra a transformação neoplásica por três mecanismos entrelaçados: interrupção da ativação do ciclo celular temporário (denominada quiescência), indução do ciclo celular permanente (denominada senescência) ou deflagrando a morte celular programada (denominado apoptose). Se Rb “sentir” os sinais externos, p53 poderá ser vista como um monitor central do estresse interno, direcionando as células estressadas a uma das três vias. ETIOLOGIA DO CÂNCER: AGENTES CARCINOGÊNICOS O dano genético está no âmago da carcinogênese. Que agentes extrínsecos podem infligir tal dano? Três classes de agentes carcinogênicos foram identificadas: substâncias químicas, energia radiante e agentes microbianos. Substâncias químicas e energia radiante são causas documentadas de câncer em seres humanos, e os vírus oncogênicos estão envolvidos na patogenia de tumores em vários modelos animais e em alguns tumores humanos. Emanuella Fonseca Estima-se que 70-85% dos carcinomas hepatocelulares em todo o mundo se devam a infecção por HBV ou HCV. Entretanto, o modo de ação desses vírus na tumorigênese não está totalmente elucidado. OBJETIVO 2 Câncer e Meio Ambiente Tabagismo, consumo excessivo de álcool, infecção por determinados tipos de vírus, dietas ricas em gorduras, excesso de exposição à luz solar e sedentarismo são os fatores mais reconhecidos como potencialmente relacionados a um maior risco de desenvolvimento de tumores em vários órgãos. Recentemente, outros fatores ambientais, menos conhecidos, foram associados ao risco de câncer, tais como pesticidas, disruptores endócrinos, infecção por alguns tipos de bactérias (como o Helicobacter pylori), radiação não ionizante, entre outros. ASPECTOS GERAIS DOS MECANISMOS DE CARCINOGÊNESE AMBIENTAL Radiação ionizante: nos expomos pela pele, por inalação ou ingestão, que possuem a propriedade de interagir diretamente com o DNA e promover câncer. Emanuella Fonseca Por outro lado, há agentes que têm a base de seu potencial carcinogênico nos produtos de seu metabolismo. Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, cujas etapas intermediárias de metabolismo produzem radicais altamente eletrofílicos, e o etanol, cujo metabolismo intermediário produz acetaldeído, são exemplos do fenômeno de ativação pós-metabolização de compostos carcinogênicos. Processos inespecíficos, que promovam inflamação crônica (e, consequente aumento da taxa de renovação celular, por liberaçãoparácrina de fatores de crescimento) podem contribuir para a expansão de clones celulares transformados ou, alternativamente, reduzir a eficiência dos mecanismos de apoptose. A silicose pulmonar e a gastrite crônica associada à infecção pelo H. pylori são exemplos desse tipo de mecanismo. Hormônios disruptores endócrinos estão associados com mais risco para neoplasias, fase se promoção da carcinogênese. Ex. tumor de mama devido a suplementação estrogênica. Pulmão É o local onde vários agentes ambientais foram bem definidos como causadores de câncer. Tabagismo ativo e passivo causa câncer. Depende do n de cigarros / dia, tempo e forma, ventilação (passsivos) etc. Várias substancias dentro do cigarro causam isso, a saber, os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e as nitrosaminas, que, ao longo de seu metabolismo nas células de Clara, sofrem processos de transformação de Fase 1 e Fase 2 e produzem radicais eletrofílicos. Se ligam de forma estável com o DNA e alteram a estrutura de genes que regulam a divisão celular e a apoptose. Tambem há metais e o fato de que fumantes vivem num estado de inflamação subclínica constante = estresse oxidativo e citocinas que estimulam a proliferação celular. Asbesto (amianto) é o nome dado a minerais fibrosos: a amosita, a crisotila, a crocidolita, a tremolita, a actinolita e o antofilito. As fibras de asbesto, quando inaladas, orientam-se longitudinalmente ao fluxo laminar das vias aéreas, penetrando profundamente no território alveolar e pleura, suscitando uma reação inflamatória crônica com fibrose. Sua alta resistência e insolubilidade impedem a remoção efetiva das fibras inaladas. Poluição do ar: o. Entre os poluentes domiciliares, podem ser destacados: queima de biomassa em ambientes com ventilação inadequada, fumo passivo, formaldeído (utilizado em cola de carpetes e móveis) e radônio. Este último é um gás de ocorrência natural, derivado do urânio, que pode contaminar construções a partir de areia, pedras ou tijolos. Entre os poluentes ambientais, produtos de combustão de combustíveis fósseis, tanto para fins automotivos como aqueles produzidos por termoelétricas, foram consistentemente associados com desenvolvimento de tumores pulmonares em não fumantes6 . Além dos produtos de combustão, exposições ocupacionais a metais, como níquel, cromo e cádmio7-9, radiação ionizante10 ou solventes, como o benzeno. Solventes no contexto da vizinhança com indústrias petroquímicas ou pontos de alto tráfego veicular) ou ocupacional a solventes, notadamente o benzeno14. O benzeno, também presente na fumaça do cigarro, parece ser o agente causal nas leucemias e linfomas associados ao tabagismo. Outros solventes nas indústrias da borracha (o butadieno) também mostram-se associados com o desenvolvimento de neoplasias linfoides e hematopoiéticas. Emanuella Fonseca Outros agentes ambientais Metais, dioxinas e pesticidas (clordano e hepclor) têm sido recentemente associados com maior risco de desenvolvimento de leucemias e linfomas. Mama O aumento da exposição ao estrógeno, por ex. antecipação da menarca sem menopausa mais precoce, leva ao risco maior pra carcinoma mamário. Acredita-se que existem estrógenos ambientais que agem de forma semelhante: Bifenilas policloradas, pesticidas (ddt e clorados) e outros. PRÓSTATA Pesticidas: Em estudo recente16, foi observado que os níveis de pesticidas acumulados em tecido adiposo estavam positivamente associados com maior risco de câncer de próstata, especialmente em pacientes com níveis basais mais elevados de antígeno prostático específico. Metais e outros. PELE Luz solar: UV promove dano ao dna por produzir radicais livres frutos da hidrolise da agua. Arsenico: o mecanismo de carcinogênese do arsênico também é dependente de estresse oxidativo e, consequente, de lesão ao DNA. SNC Radiação ionizante Um dos aspectos mais controversos dos efeitos ambientais sobre neoplasias do sistema nervoso central versa sobre o uso da telefonia celular. Estudos recentes do tipo caso- controle revelaram risco aumentado da utilização de telefones celulares (odds ratio de 1,9), o qual poderia ser aumentado, caso fossem considerados períodos de latência mais longos ou maior uso desse tipo de aparelho. TRATO GASTRINTESTINAL Pesticidas Carcinogênese Química: Tabaco e Álcool endo como base os modelos mais aceitos, supõe-se que os carcinógenos ativados formem complexos com o material genético das células; esses complexos são conhecidos como adutos de DNA e são a base das lesões genotóxicas. Lesoes podem virar mutações se os adutos não forem removidos e as lesões reparadas. O fumo e a ingestão de álcool são considerados importantes fatores de risco para carcinomas originados no trato aerodigestivo (UADT). MECANISMOS GERAIS DA CARCINOGÊNESE INDUZIDA PELO ÁLCOOL estão associados ao seu processamento metabólico no organismo. No fígado, o etanol é oxidado por meio da enzima álcool-desidrogenase (ADH), resultando na formação de acetaldeído (AD). A partir daí, o AD é convertido em acetato por meio da aldeído- -desidrogenase tipo II (ALDH2). A AD induz mutação genica. A inativação da enzima ALDH2 causaria um acumulo endógeno de AD secundário ao consumo de álcool. Emanuella Fonseca MECANISMOS MOLECULARES DA CARCINOGÊNESE INDUZIDA PELO ÁLCOOL Nos linfócitos humanos, o AD causa mutações pontuais no gene HPRT, que codifica a enzima hipoxantina-fosforribosiltransferase e induz trocas entre as cromátides irmãs e outras aberrações cromossômicas. Em pacientes alcoólatras, um alto nível de adutos derivados do ataque do DNA pelo AD é encontrado em linfócitos circulantes. O estresse oxidativo causado por espécies reativas de oxigênio (EROS) é aceito como mecanismo fisiopatológico crítico em várias doenças, incluindo o câncer. As EROS causam dano oxidativo e peroxidação lipídica celular, assim como inflamação tecidual. Dentre as espécies reativas de oxigênio, destacam-se o ânion peróxido, o peróxido de hidrogênio, e o peroxinitrito. A peroxidação lipídica leva à produção de 4-hidroxinonenal, composto que reage com bases nitrogenadas componentes do DNA (como desoxiadenosina e desoxicitosina) produzindo complexos de adição exocíclicos altamente mutagênicos, indutores de mutações pontuais no gene de supressão tumoral p53. o consumo crônico de álcool: O etanol também estimula diretamente a carcinogênese por meio da inibição da metilação do DNA e de interações com o metabolismo do ácido retinoico (RA). MECANISMOS GERAIS DA CARCINOGÊNESE RELACIONADA AO FUMO Outros componentes carcinógenos presentes na fumaça do cigarro, como aminas aromáticas, formaldeído, hidrocarbonetos voláteis, compostos orgânicos, metais, óxido nítrico (NO), oxidantes instáveis, dentre outros, estimulariam a ocorrência de lesões oxidativas. Entretanto, a função do dano oxidativo na gênese tumoral induzida pelo fumo ainda não está clara. MECANISMOS MOLECULARES DA CARCINOGÊNESE INDUZIDA PELO FUMO Além dos micro-RNAs, outras alterações epigenéticas, como hipermetilação de dinucleotídeos CpG aberrantes, em genes como MTHFR, RASSF1A e CDKN2A, são frequentes em neoplasias pulmonares; essas alterações parecem também associadas à ingestão de álcool A nicotina, o principal agente aditivo conhecido presente no cigarro, pode estar parcialmente envolvida no processo de desenvolvimento e progressão de tumores. Ela atua modulando o fenótipo das células epiteliais normais pela ativação da Akt (uma serino/ treonino-quinase), levando à inibição da apoptose. O fumo também atuaria na ativação do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) de células epiteliais da boca, que estimulariam a enzima ciclo-oxigenase tipo-II (COX-2), levando à inibição da apoptose, promoção da angiogênese, modulação da inflamação e da resposta imune, e acentuando o padrão infiltrativo tumoral. OBJETIVO 3 Atenção Primária à SaúdeÉ, assim, papel da atenção primária desenvolver ações para prevenção do câncer do colo do útero por meio de ações de educação em saúde, vacinação de grupos indicados e detecção precoce do câncer e de suas lesões precursoras por meio de seu rastreamento. Atenção Secundária e Terciária Emanuella Fonseca Assim, a atenção especializada é composta por unidades que podem ou não estar localizadas na estrutura de um hospital, unidades ambulatoriais e serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, responsáveis pela oferta de consultas e exames especializados. No caso do colo do útero, a unidade secundária deverá confirmar o diagnóstico e tratar ambulatoriamente as lesões precursoras desse câncer pela realização de colposcopias, biópsias e excisão tipo 1 e algumas excisões do tipo 2b. Nomenclatura Citológica Brasileira Emanuella Fonseca O padrão predominante do rastreamento no Brasil é oportunístico, ou seja, as mulheres têm realizado o exame de Papanicolaou quando procuram os serviços de saúde por outras razões. Consequentemente, 20% a 25% dos exames têm sido realizados fora do grupo etário recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano ou menos, quando o recomendado são três anos. Assim, há um contingente de mulheres superrastreadas e outro contingente sem qualquer exame de rastreamento. Cobertura A realização periódica do exame citopatológico continua sendo a estratégia mais amplamente adotada para o rastreamento do câncer do colo do útero Periodicidade A história natural do câncer do colo do útero geralmente apresenta um longo período de lesões precursoras, assintomáticas, curáveis na quase totalidade dos casos quando tratadas adequadamente, conhecidas como NIC II/III, ou lesões de alto grau, e AIS. Já a NIC I representa a expressão citomorfológica de uma infecção transitória produzida pelo HPV e têm alta probabilidade de regredir, de tal forma que atualmente não é considerada como lesão precursora do câncer do colo do útero. População-alvo Emanuella Fonseca A definição de quais mulheres devem ser rastreadas tem sido objeto de muitos questionamentos. É consenso que mulheres que nunca tiveram relação sexual não correm risco de câncer do colo do útero por não terem sido expostas ao fator de risco necessário para essa doença: a infecção persistente por tipos oncogênicos do HPV. Recomendações O método de rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras é o exame citopatológico. Os dois primeiros exames devem ser realizados com intervalo anual e, se ambos os resultados forem negativos, os próximos devem ser realizados a cada 3 anos (A). O início da coleta deve ser aos 25 anos de idade para as mulheres que já tiveram ou têm atividade sexual (A). O rastreamento antes dos 25 anos deve ser evitado (D). Os exames periódicos devem seguir até os 64 anos de idade e, naquelas mulheres sem história prévia de doença neoplásica pré-invasiva, interrompidos quando essas mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos (B). Para mulheres com mais 64 anos de idade e que nunca se submeteram ao exame citopatológico, deve-se realizar dois exames com intervalo de um a três anos. Se ambos os exames forem negativos, essas mulheres podem ser dispensadas de exames adicionais (B). Amostras É considerada insatisfatória a amostra cuja leitura esteja prejudicada pelas razões expostas abaixo, algumas de natureza técnica e outras de amostragem celular, podendo ser assim classificada: 1. Material acelular ou hipocelular (75% do esfregaço) por presença de sangue, piócitos, artefatos de dessecamento, contaminantes externos ou intensa superposição celular. Recomendações O exame deve ser repetido em 6 a 12 semanas com correção, quando possível, do problema que motivou o resultado insatisfatório (A). Amostra satisfatória para avaliação Designa amostra que apresente células em quantidade representativa, bem distribuídas, fixadas e coradas, de tal modo que sua observação permita uma conclusão diagnóstica. Células presentes na amostra Podem estar presentes células representativas dos epitélios do colo do útero: − Células escamosas. − Células glandulares (não inclui o epitélio endometrial). − Células metaplásicas. Situações especiais Gestantes têm o mesmo risco que não gestantes de apresentarem câncer do colo do útero ou suas lesões precursoras. O rastreamento em gestantes deve seguir as recomendações de periodicidade e faixa etária como para as demais mulheres, devendo sempre ser considerada uma oportunidade a procura ao serviço de saúde para realização de pré-natal (A). Mulheres na pós-menopausa devem ser rastreadas de acordo com as orientações para as demais mulheres (A). Se necessário, proceder à estrogenização previamente à realização da Emanuella Fonseca coleta, conforme sugerido adiante (vide Exame citopatológico normal – Resultado indicando atrofia com inflamação) (B). Mulheres submetidas à histerectomia total por lesões benignas, sem história prévia de diagnóstico ou tratamento de lesões cervicais de alto grau, podem ser excluídas do rastreamento, desde que apresentem exames anteriores normais (A). Em casos de histerectomia por lesão precursora ou câncer do colo do útero, a mulher deverá ser acompanhada de acordo com a lesão tratada (A). Mulheres sem história de atividade sexual não devem ser submetidas ao rastreamento do câncer do colo do útero (D). Imunossuprimidas: O exame citopatológico deve ser realizado nesse grupo de mulheres após o início da atividade sexual com intervalos semestrais no primeiro ano e, se normais, manter seguimento anual enquanto se mantiver o fator de imunossupressão (B). Mulheres HIV positivas com contagem de linfócitos CD4+ abaixo de 200 células/mm3 devem ter priorizada a correção dos níveis de CD4+ e, enquanto isso, devem ter o rastreamento citológico a cada seis meses (B). Resultado citológico normal, alterações benignas e queixas ginecológicas Se o exame é normal, seguir a rotina normal de rastreamento. Inflamação sem identificação de agente É caracterizada pela presença de alterações celulares epiteliais, geralmente determinadas pela ação de agentes físicos, os quais podem ser radioativos, mecânicos ou térmicos, ou, ainda, químicos. Havendo queixa de corrimento ou conteúdo vaginal anormal, a paciente deverá ser conduzida conforme diretriz direcionada para o tratamento de corrimento genital e doenças sexualmente transmissíveis (A). Resultado citológico indicando metaplasia escamosa imatura: seguir normal Resultado citológico indicando reparação: seguir normal Resultado citológico indicando atrofia com inflamação Seguir a rotina de rastreamento citológico (A). Na eventualidade do laudo do exame citopatológico mencionar dificuldade diagnóstica decorrente da atrofia, a estrogenização deve ser feita por meio da via vaginal com creme de estrogênios conjugados em baixa dose. Resultado citológico indicando alterações decorrentes de radiação ou quimioterapia Seguir a rotina de rastreamento citológico (A). A radioterapia ou a quimioterapia prévias devem ser mencionadas na requisição do exame (A). Achados microbiológicos − Lactobacillus sp. − Cocos. − Outros Bacilos. São considerados achados normais, pois fazem parte da microbiota normal da vagina. Células escamosas atípicas de significado indeterminado O termo células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASCUS – atypical squamous cells of undetermined significance) foi definido como achados citológicos caracterizados pela presença de alterações celulares insuficientes para o diagnóstico de lesão intraepitelial, mas alterações mais significativas do que as encontradas em processos inflamatórios. Emanuella Fonseca Essa categoria foi então reclassificada em células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASC-US)e células escamosas atípicas de significado indeterminado não podendo excluir lesão intraepitelial de alto grau(ASC-H) Células escamosas atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas Diante de um resultado de exame citopatológico de ASC-US, a conduta na mulher com 30 anos ou mais será a repetição desse exame num intervalo de seis meses (A). A segunda coleta deve ser precedida, quando necessário, do tratamento de processos infecciosos e de melhora do trofismo genital, com uso prévio de estrogênio. Para as mulheres com idade inferior a 30 anos, a repetição do exame citopatológico deverá ser realizada em 12 meses. Se dois exames citopatológicos subsequentes com intervalo de seis (no caso de mulheres com 30 anos ou mais) ou 12 meses (no caso de mulheres com menos de 30 anos) forem negativos, a mulher deverá retornar à rotina de rastreamento citológico trienal (B); porém, se o resultado de alguma citologia de repetição for igual ou sugestiva de lesão intraepitelial ou câncer, a mulher deverá ser encaminhada à unidade de referência para colposcopia No caso de a colposcopia mostrar achados anormais maiores (sugestivos de NIC II/III) ou suspeitos de invasão, deve-se realizar a biópsia (A). Se o resultado for de NIC II/III ou câncer, a conduta será específica para esse resultado. Células escamosas atípicas de significado indeterminado, quando não se pode excluir lesão intraepitelial de alto grau Emanuella Fonseca Células glandulares atípicas Células glandulares atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas ou células glandulares atípicas de significado indeterminado quando não se pode excluir lesão intraepitelial de alto grau Emanuella Fonseca Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau Emanuella Fonseca Lesão intraepitelial escamosa de alto grau Emanuella Fonseca Emanuella Fonseca Emanuella Fonseca Emanuella Fonseca FECHAMENTO 1- Esclarecer o processo da oncogênese e sua evolução (as bases imunológicas) – a evolução natural das neoplasias/ os genes que regulam a apoptose/ características clínicas dos tumores 2- Elucidar a vigilância imunológica contra a proliferação do câncer (imunodeficiência e consequências imunológicas) 3- Explanar acerca do perfil epidemiológico do paciente com câncer e sua assistência (incidência, prevalência...) OBJ 3 Material Estimativas 2020 incidência de câncer no Brasil Páginas 33 a 51 1.Câncer de próstata e mama, colon e reto 2.Câncer de pulmão, estomago e colo de útero 3.Câncer de cavidade oral e sistema nervoso central 4.Leucemia e Câncer de esôfago 5.Linfoma nao hodking, cancer de tireoide 6.Cancer de bexiga e laringe 7.Cancer de corpo do utero e ovário 8.Linfoma de Hodkin, de pele e infanto-juvenil OBJ 1 CARCINOGÊNESE: UM PROCESSO DE MÚLTIPLAS ETAPAS tumores se tornam mais agressivos e adquirem maior potencial maligno. Esse fenômeno é referido como progressão tumoral e não é representado simplesmente pelo aumento de tamanho do tumor. Em nível molecular, a progressão tumoral e a heterogeneidade associada resultam, mais provavelmente, de múltiplas mutações que se acumulam independentemente em diferentes gerações de células, gerando subclones com diferentes características (Fig. 5-17), como capacidade de invadir, taxa de crescimento, capacidade metastática, cariótipo, responsividade hormonal e suscetibilidade a drogas antineoplásicas. Algumas das mutações podem ser letais; outras podem estimular o crescimento celular, afetando os proto-oncogenes ou os genes supressores de tumor. Assim, até mesmo o mais maligno dos tumores tem origem monoclonal, no momento em que se torna clinicamente evidente que as células que o constituem podem ser extremamente heterogêneas. Durante a progressão, as células tumorais são submetidas a pressões de seleção imune e não imune. Por exemplo, as células que são altamente antigênicas são destruídas pelas defesas do Emanuella Fonseca hospedeiro, enquanto aquelas com reduzidas necessidades do fator de crescimento são positivamente selecionadas Assim, a evolução genética e a seleção podem explicar duas das mais perniciosas propriedades dos cânceres: a tendência a se tornarem (1) mais agressivos e (2) menos responsivos à terapia com o tempo. CARACTERÍSTICAS DO CÂNCER • Autossuficiência nos sinais de crescimento • Insensibilidade aos sinais inibidores de crescimento • Evasão da morte celular • Potencial ilimitado de replicação • Desenvolvimento de angiogênese sustentada • Capacidade de invadir e metastatizar Acrescente-se a essa lista duas características “emergentes” de câncer, reprogramação do metabolismo de energia e evasão ao sistema imune, e duas características capacitantes, instabilidade genômica e inflamação promotora de tumor. Autossuficiência nos Sinais de Crescimento 1. Ligação de um fator de crescimento ao seu receptor específico na membrana celular. 2. Ativação transitória e limitada do receptor do fator de crescimento, que por sua vez ativa várias proteínas transdutoras de sinal no folheto interno da membrana plasmática. 3. Transmissão do sinal transduzido através do citosol para o núcleo por meio de segundos mensageiros ou de uma cascata de moléculas de transdução de sinal. 4. Indução e ativação de fatores reguladores nucleares que iniciam e regulam a transcrição do DNA. 5. Entrada e progressão da célula em um ciclo celular, acabando por resultar em divisão celular. Fatores de Crescimento Toda célula que vai proliferar precisa desse fator. Normalmente, as células que produzem fator de crescimento não expressam o receptor cognato. Essa especificidade impede a formação de circuitos de feedback positivo dentro da mesma célula. A célula do tumor consegue sintetizar o próprio fator de cresciemento que ela precisa. A célula tumoral envia sinais para ativer a via e fatores de crescimento que ela precisa. Receptores do Fator de Crescimento e Tirosina Quinases Não Receptoras Emanuella Fonseca vários oncogenes que resultam de superexpressão ou mutação dos receptores do fator de crescimento. Proteínas receptoras mutantes liberam sinais mitogênicos contínuos para as células, mesmo na ausência do fator de crescimento no ambiente. O gene codificador de um receptor relacionado, HER2/NEU (ERB2), está amplificado em 25-30% dos cânceres de mama e adenocarcinomas do pulmão, ovário e glândulas salivares. Esses tumores são estranhamente sensíveis aos efeitos mitogênicos de pequenas quantidades dos fatores de crescimento. Proteínas Transdutoras de Sinal a Jusante As células conseguem autonomia por meio de mutações em genes codificadores de componentes das vias de sinalização a jusante dos receptores do fator de crescimento. Essas proteinas se acoplam ao fator e crescimento ativado e o levam ao núcleo. Ex de proteína: 1 – proteína RAS RAS é o proto oncogente mutado com mai sfrequencia em humanos. RAS é membro de uma família de pequenas proteínas G que ligam nucleotídeos de guanosina (guanosina trifosfato [GTP] e difosfato de guanosina [GDP], semelhante às grandes proteínas G trimoleculares. Com GDP = inativa. a estimulação de células por fatores de crescimento, como EGF e PDGF, leva à troca de GDP por GTP e a alterações subsequentes de conformação que geram RAS ativa. A atividade de GTPase da proteína RAS ativada é magnificada drasticamente por uma família de proteínas ativadoras de GTPase (GAPs), que age como freios moleculares impedindo a ativação descontrolada de RAS por favorecerem a hidrólise de GTP para GDP. Chega ao núcleo aqui por duas vias: RAS ativada transduz os sinais proliferativos para o núcleo ao longo de duas vias: Emanuella Fonseca a chamada via RAF/ERK/MAP quinase e a via PI3 quinase/AKT.Legenda: GDP, guanosina difosfato; GTP, guanosina trifosfato; MAP, proteína ativada por mitógeno; PI3, fosfatidilinositol 3. A proteína RAS é ativada com mais frequência por mutações pontuais em resíduos de aminoácidos que estão dentro da bolsa de ligação à GTP ou na região enzimática essencial para hidrólise de GTP. AMBOS interferem na hidrolise de GTP, que é o que INATIVA RAS. RAS é então capturada em sua forma ativada ligada à GTP, e a célula é forçada a um estado de contínua proliferação. 2- ABL. Além de RAS, várias tirosina quinases associadas a não receptores funcionam como moléculas transdutoras de sinais. Nesse grupo, ABL é a de maior definição em relação à carcinogênese. O proto-oncogene ABL tem atividade de tirosina quinase que é deprimida por domínios reguladores negativos internos. O desenvolvimento da leucemia provavelmente requer outras mutações colaboradoras, mas a célula transformada continua a depender de BCR-ABL para os sinais mediadores de crescimento e sobrevivência. A sinalização de BCR-ABL pode ser vista como uma viga mestra em torno da qual se constroem as estruturas. Se a viga mestra for removida por inibição de BCR-ABL quinase, rui a estrutura. Em vista desse nível de dependência, não surpreende que a resistência adquirida dos tumores aos inibidores de BCR-ABL com frequência se deva ao crescimento de um subclone com uma mutação em BCR-ABL que impede a ligação da droga à proteína BCR-ABL. Fatores de Transcrição Nuclear Todas as vias entram no núcleo e mexem no ciclo mitótico. A sinalização por meio das oncoproteinas (RAS OU ABL) continua a estimulação de fatores de transcrição. Eses fatores impulsionam a expressão dos genes que promovem crescimento. Grande número de oncoproteínas, incluindo os produtos dos oncogenes MYC, MYB, JUN, FOS e REL, funciona como fatores de transcrição reguladores da expressão dos genes promotores de crescimento, como as ciclinas. Destes, o gene MYC está envolvido com mais frequência nos tumores humanos. MYC funciona como um fator de transcrição que regula a expressão dos genes que promovem crescimento. Essa proteína pode ativar ou reprimir a transcrição de outros genes. Aqueles ativados por MYC incluem os vários genes promotores de crescimento, incluindo as quinases dependentes de ciclinas (CDKs), cujos produtos impulsionam as células para dentro do ciclo celular. MYC inibe os inibidores de CDK1s. Surgem tumores porque se a MYC desregular, aumenta a expressão deos genes que tornam lenta ou impedem a progresao do ciclo celular. Ciclinas e Quinases Dependentes de Ciclina O ciclo celular consiste em fases G1 (pré-sintética), S (síntese de DNA), G2 (pré-mitótica) e M (mitótica). As células quiescentes que não entraram no ciclo celular estão em estado G0. o Emanuella Fonseca ciclo celular tem múltiplos pontos de controle, particularmente durante a emergência de G0 e G1 e na transição da fase G1 para a fase S. As células podem entrar em G1 ou G0 (células quiescentes) ou após completar a mitose (células em contínua replicação). A progressão pelo ciclo celular, particularmente a transição G1-S, é regulada por proteínas chamadas ciclinas, assim chamadas devido à natureza de sua produção e degradação, e enzimas associadas, as quinases dependentes de ciclina (CDKs). Os complexos CDK-ciclina fosforilam proteínas-alvo cruciais que impulsionam a célula através do ciclo celular. Ao completar essa tarefa, os níveis de ciclina diminuem rapidamente. Aatividade dos complexos CDK-ciclina é regulada pelos inibidores de CDK (CDKIs). Se o dano ao DNA for muito grave para ser reparado, as células são eliminadas por apoptose ou entram em estado não replicativo chamado senescência, principalmente por meio de mecanismos dependentes de p53, discutidos posteriormente. As mutações em genes reguladores desses pontos de controle permitem a divisão das células com DNA danificado, produzindo células-filhas portadoras de mutações. Papel das ciclinas, quinases dependentes de ciclina (CDKs) e inibidores de CDK na regulação do ciclo celular. As setas sombreadas representam as fases do ciclo celular durante o qual os complexos ciclina-CDK estão ativos. Conforme ilustrado, ciclina D-CDK4, ciclina CDK6 e ciclina E- CDK2 regulam a transição G1 para S por fosforilação da proteína Rb (pRb). A ciclina A-CDK2 e a ciclina A-CDK1 estão ativas na fase S. A ciclina B-CDK1 é essencial para a transição de G2 para M. Duas famílias de inibidores de CDK podem bloquear a atividade de CDKs e a progressão através do ciclo celular. Os chamados inibidores INK4, compostos de p16, p15, p18 e p19, agem sobre ciclina D-CDK4 e ciclina D-CDK6. A outra família de três inibidores, p21, p27 e p57, pode inibir todas as CDKs. Alterações nas Proteínas de Controle do Ciclo Celular em Células Cancerosas De fato, todos os cânceres parecem ter lesões genéticas que incapacitam o ponto de controle G1-S, provocando a reentrada das células na fase S. Os contratempos que aumentam a expressão de ciclina D ou CDK4 parecem ser um evento comum na transformação neoplásica. Emanuella Fonseca Só ter mais oncoproteinao não quer dizer que haverá sustentação de proliferçaõ de células tumorais. Há ainda a SENESCENCIA e a APOPTOSE, que se opõem a isso. Insensibilidade aos Sinais Inibidores do Crescimento Enquanto os genes codificam proteínas que promovem o crescimento celular, os produtos dos genes supressores de tumor aplicam freios à proliferação celular. A quebra de tais genes torna as células refratárias à inibição de crescimento e simula os efeitos promotores de crescimento dos oncogenes. genes supressores de tumor: Gene RB: Governador do Ciclo Celular É útil começar com o gene do retinoblastoma (RB), o primeiro gene supressor de tumor a ser descoberto. O retinoblastoma desenvolve-se quando o gene RB normal se perde nos retinoblastos em consequência de mutação somática. Como, nas famílias com retinoblastoma, é necessária apenas uma única mutação somática para a expressão da doença, a transmissão familiar segue um padrão de herança autossômico dominante. Por conta de ocorrência familiar e esporádica de um tumor idêntico, Knudson, em 1974, propôs sua agora famosa hipótese de duas mutações (two-hit), que em termos moleculares pode ser expressa como segue: • Duas mutações (hits) são necessárias para produzir retinoblastoma. Elas envolvem o gene RB que foi mapeado para o lócus cromossômico 13q14. Ambos os alelos normais do lócus RB devem ser inativados (por isso, dois hits) para o desenvolvimento de retinoblastoma (Fig. 5- 21). O retinoblastoma desenvolve-se quando o gene RB normal se perde nos retinoblastos em consequência de mutação somática. Como, nas famílias com retinoblastoma, é necessária apenas uma única mutação somática para a expressão da doença, a transmissão familiar segue um padrão de herança autossômico dominante. Em casos esporádicos, ambos os alelos RB normais se perdem por mutação somática em um dos retinoblastos. O resultado final é o mesmo: uma célula retiniana que perdeu ambas as cópias normais do gene RB se torna cancerosa. Neste ponto, algum esclarecimento de terminologia é válido: uma célula heterozigótica no lócus RB não é neoplásica. Os tumores se desenvolvem quando a célula perde sua cópia de gene RB normal e, assim, se torna homozigótica para o alelo mutante. Emanuella Fonseca Fosforilado o produto de RB fica inativo e vice versa. RB controla G1/S. Por exemplo, a proteína E7 do papilomavírus humanos (HPV) liga-se à forma hipofosforilada de Rb, impedindo-a de inibir os fatores de transcrição E2F. Assim, ocorre a deleção funcional de Rb, levando ao crescimento descontrolado. Gene TP53: Guardião do Genoma é considerado o guardião do genoma pq a p53 é ativada em diversas alterações de estresse celular, que dificulta a transformação neoplásicapelos mecanismos de quiescência, senescência ou apoptose. Em resposta a algum dano ao DNA, a p53 é responsável por manter a integridade do genoma. Em células saudáveis ela tem duração de 20 minutos, quando a célula foi estressada ela utiliza proteínas quinasses para realizar algumas catalises que vão servir para aumentar sua vida e conseguir realizar a transcrição de genes alvo. Essa Interrupção do ciclo celular mediada por p53 vai ocorrer na fase G1, onde também ocorre a induçao da expressão dos genes de reparo do dano ao DNA. vias de inibição da proliferação , a inibição de contato, quando ocorre a inibição de contato entre células, a interação entre elas é através de proteínas transmembranas , as caderinas epiteliais. E tudo isso é sustentando e mediado alias pelo gene supressor de tumor NF2 que gera o neurofibroma 2 ou merlina. O mau funcionamento desse arranjado e a perda perda homozigótica de NF2 causa neurofibromatose. O gene APC exerce efeitos antiproliferativos , que regula os níveis intracelulares de β-catenina, uma proteína da via desinalização WNT que também regula a proliferação celular. Emanuella Fonseca Via do Fator b de Transformação de Crescimento O TGF-b, mais conhecido, é um membro da família dos fatores de crescimento dimérico, que inclui as proteínas morfogenéticas ósseas e as ativinas. Na maioria das células epiteliais, endoteliais e hematopoéticas normais, TGF-b é um potente inibidor da proliferação. A dimerização do receptor à união com um ligante leva a uma cascata de eventos que resulta na ativação transcricional de CDK1s com atividade supressora do crescimento, assim como à repressão dos genes promotores de crescimento, como MYC, CDK2, CDK4 e aqueles que codificam ciclinas A e E. Essas mutações podem alterar o receptor de TGF-b tipo II ou as moléculas SMAD que servem para transduzir sinais antiproliferativos do receptor para o núcleo. De fato, em muitos tumores em estádio terminal, a sinalização de TGF-b ativa a transição epitelial para mesenquimal (TEM), um processo que promove migração, invasão e metástase, como é descrito posteriormente. Inibição de Contato, NF2 e APC O gene APC exerce ações antiproliferativas pela regulação da destruição da proteína citoplasmática b-catenina. Com a perda de APC, a b-catenina não é destruída e se transloca para o núcleo, onde age como um fator de transcrição promotor de crescimento. Evasão da Morte A via apoptótica pode ser dividida em reguladores a montante e efetores a jusante. Os reguladores dividem-se em duas principais vias, uma que interpreta os sinais extracelulares e outra que interpreta os sinais intracelulares. A estimulação de cada via resulta na ativação de uma protease normalmente inativa (caspase-8 ou caspase-9, respectivamente), que inicia uma Emanuella Fonseca cascata proteolítica envolvendo caspases “executoras” que desmontam uma célula de maneira ordenada. Os restos da célula são consumidos pelos fagócitos sem estimular inflamação Veremos a apoptose por meio de sinalização através de receptores da morte, os quais são membros da família dos receptores TNF (via extrínseca), e dano ao DNA e outros estresses (via intrínseca). A via extrínseca (receptor da morte) é iniciada quando o receptor TNF, como CD95 (Fas) é unido ao seu ligante, CD95L, levando à trimerização do receptor e de seus domínios de morte citoplasmática, que atraem a proteína adaptadora intracelular FADD. Essa proteína recruta procaspase-8 para formar o complexo de sinalização indutor da morte. A procaspase-8 é ativada por clivagem dentro de subunidades menores gerando caspase-8. A caspase-8 ativa então as caspases a jusante, como a caspase-3, uma caspase executora que cliva o DNA e outros substratos para causar a morte celular. Avia intrínseca (mitocondrial) da apoptose é deflagrada por uma variedade de estímulos, incluindo a retirada dos fatores de sobrevivência, estresse e lesão. A ativação dessa via leva à permeabilização da membrana externa mitocondrial e à liberação de moléculas, como o citocromo C, que inicia a apoptose. A integridade da membrana externa mitocondrial é regulada por membros pró-apoptóticos e antiapoptóticos da família BCL2 de proteínas. As proteínas pró-apoptóticas BAX e BAK são necessárias para a apoptose e promovem diretamente a permeabilização mitocondrial. Um terceiro grupo de proteínas, as chamadas proteínas BH3-only (somente), que incluem BAD, BID e PUMA, regulam o equilíbrio entre os membros pró e antiapoptóticos da família BCL2 OBJ 2 O fenótipo maligno dos cânceres resulta da regulação defeituosa da proliferação celular, resistência das células tumorais à morte apoptótica, e à habilidade das células tumorais de invadir os tecidos do hospedeiro e metastatizar para sítios distantes. Além disso, hoje incluímos a habilidade das células tumorais de evadir os mecanismos de defesa imune do hospedeiro como uma das características marcantes do câncer. Emanuella Fonseca O conceito de imunovigilância do câncer, proposto por Macfarlane Burnet nos anos 1950, estabelece que uma função fisiológica do sistema imune é reconhecer e destruir clones de células transformadas antes de seu desenvolvimento em tumores, bem como matar tumores já formados. Tumores estimulam respostas imunes adaptativas específicas que podem prevenir ou limitar o crescimento e a disseminação dos cânceres. embora as células tumorais sejam derivadas de células do hospedeiro, os tumores elicitam respostas imunes nesses hospedeiros. A maioria das evidências indica que as respostas imunes clinicamente relevantes envolvem as células T, especialmente os linfócitos T citotóxicos CD8 + (CTLs, do inglês, cytotoxic T lymphocytes). Estudos histopatológicos mostram que muitos tumores são circundados por infiltrados de células mononucleares compostos por linfócitos T e macrófagos, e que linfócitos e macrófagos ativados estão presentes nos linfonodos que drenam os sítios de crescimento tumoral. números aumentados de células T, em particular CTLs CD8 + e células Th1 CD4 + , estão associados a um melhor prognóstico. As respostas imunes falham com frequência em prevenir o crescimento de tumores. Motivos: tumores tem mecanismos especializados em subverter as respostas imunes, células tumorais perdem a expressão de antígenos que podem ser reconhecidos pelo sistema imune (menos imunogênicos = mais sobrevida), rápido crescimento pode sobrepujar a capacidade do sistema imune controlar. Podemos controlar e melhoras essa resposta imune adaptativa que foi inefetiva ao usar terapêuticas que estimulam essa resposta, ativando células T antitumorais. A existência de imunidade antitumoral específica implica que os tumores devem expressar antígenos reconhecidos como estranhos pelo hospedeiro. Antígenos Tumorais A maioria dos antígenos tumorais que elicitam respostas imunes protetoras são neoantígenos produzidos por genes mutantes em diferentes clones de células tumorais Isso quer dizer que eles não são produzidos por células sadias e não estão no corpo. O sistema imune não tolera. Em tumores induzidos por vírus, os antígenos tumorais são principalmente proteínas estranhas produzidas por vírus oncogênicos, e a resposta imune observada é essencialmente uma resposta antiviral. No passado, o termo antígeno tumoral era usado para abranger muitas moléculas diferentes expressas por células tumorais, quer estimulassem ou não respostas imunes protetoras. Emanuella Fonseca Neoantígenos: Antígenos Codificados por Genes Mutantes O neoantigeno é um produto de gene que foi mutado. Isso ocorre pq a célula cancerosa é instável. Essa é a mutação passageira. Quando o instável é o produto de oncogene mutante ou genes supressores tumorais são mutações condutoras. A mutação cria um antígeno que elícita resposta da célula T, haja vista que sãoestranhos ao sistema imune. Em geral, esses neoantígenos são produzidos por mutações pontuais ou deleções em genes não relacionados ao desenvolvimento dos tumores. As proteínas codificadas geram novos peptídeos de ligação ao MHC que são apresentados a células T e são estranhos ao sistema imune, uma vez que normalmente não estão presentes. Os neoantígenos muitas vezes são proteínas citosólicas ou nucleares degradadas por proteassomos, podendo ser apresentados em moléculas do MHC I. Depois de fagocitados por DCs, os neoantigenos podem entrar na va de apresentação do MHC II. Em adição, mesmo em um único paciente, à medida que o tumor evolui pode adquirir novas mutações e, assim, produzir novas coleções de neoantígenos. Esses achados têm levado ao conceito de “neoantígenos clonais”, implicando variabilidade entre clones de células tumorais. Emanuella Fonseca Antígenos de Vírus Oncogênicos Seus produtos agem como antígenos tumorais e tbm chamam células T, que vai erradicar os tumores induzidos por esse vírus. Exemplos: o vírus EpsteinBarr (EBV), que está associado aos linfomas de célula B e ao carcinoma nasofaríngeo; e o papilomavírus humano (HPV), que está associado aos carcinomas da cérvice uterina, orofaringe e outros sítios. Eles são vírus de DNA e na sua maioria, os antígenos são encontrados no núcleo, citoplasma ou membrana da célula tumoral.Sçao expressas via MHC. Alguns vírus, como os das hepatites B e C, estão associados ao câncer, mas não são oncogênicos. Acredita-se que esses vírus promovam tumores induzindo reações inflamatórias crônicas em que são gerados fatores de crescimento tumorigênicos e outros sinais. Uma vacina contra o HPV diminuiu a incidência de lesões cervicais précancerosas em mulheres vacinadas. A vacina é composta por proteínas recombinantes do capsídeo do HPV oriundas das cepas oncogênicas mais comuns de HPV, as quais formam partículas semelhantes ao vírus sem o genoma viral. A vacinação contra o vírus da hepatite B diminuiu a incidência do câncer hepático associado ao HBV. Proteínas Celulares Superexpressas Alguns antígenos tumorais são os produtos de genes que estão silenciados em células normais e desreprimidos em células tumorais, ou são proteínas produzidas por células normais, mas que são produzidas em excesso por tumores. Eles nao são estranhos ao organismo, mas produzem resposta imune tbm. As principais categorias de antígenos tumorais não mutantes que são mais abundantes em tumores do que nos tecidos normais incluem os antígenos de: câncer/testículo, proteínas codificadas por genes amplificados, e antígenos de diferenciação tecidual. Emanuella Fonseca FIGURA 18.3 Antígenos tumorais não mutantes. As proteínas não mutantes e que são expressas de forma mais abundante do que as células normais podem induzir resposta de célula T em seus hospedeiros. Muitos desses antígenos incluem proteínas codificadas por genes que normalmente não estão expressos na maioria das células dos adultos, devido à supressão epigenética, mas estão deprimidos nas células tumorais, como ocorre com os antígenos de câncer/testículo (A). Alguns antígenos tumorais podem estar superexpressos em consequência de amplificações gênicas, como é o caso da proteína Her2/Neu, altamente expressa em muitos carcinomas de mama (B). Os antígenos tecido- específicos são proteínas expressas tanto por células cancerosas como pelos tipos celulares normais dos quais as células tumorais derivam, como as tirosinases produzidas por melanócitos e por células de melanoma maligno. Por causa da desregulação gênica ou da abundância de células tumorais, a quantidade dessas proteínas é alta nos tumores, levando às respostas de célula T (C). Outros Antígenos de Tumores Está claro que a maioria dos antígenos é produzido até mesmo em células normais, especialmente sob condições de lesão tecidual e inflamação. Portanto, o papel desses antígenos na imunidade tumoral é incerto. Antígenos oncofetais: proteínas que se pensava serem expressas em altos níveis em células cancerosas e tecidos fetais, mas não nos tecidos adultos. Mas elas, em adultos, estão em Emanuella Fonseca vários tecidos e circulação em condçoes inflamatórias. Ex. antígeno carcinoembrionário (CEA) e a αfetoproteína (AFP). Sua utilidade como marcadores tumorais, alvos de anticorpos ou candidatos a vacinas é limitada. Antígenos glicoproteicos e glicolipídicos alterados: A maioria dos tumores humanos e experimentais expressam níveis acima do normal ou formas anormais de glicoproteínas e glicolipídeos de superfície, incluindo gangliosídeos, antígenos de grupo sanguíneo e mucinas. Isso ocorre porque os tumores tem expressão desregulada de proteínas que sintetizam mucinas, e aí aparecem epitopos tumor-especificos nas cadeiras lateraisde carboidrato ou no nucleopolipeptidico anormalmente exposto. Ex. Uma dessas mucinas, chamada MUC-1, é uma proteína integral de membrana normalmente expressa apenas na superfície apical do epitélio ductal da mama. Em alguns carcinomas, porém, MUC-1 é expressa de modo não polarizado e contém epítopos peptídicos e carboidratos tumor-específicos novos detectáveis por anticorpos monoclonais murinos. Respostas Imunes aos Tumores Linfócitos T O principal mecanismo de imunoproteção contra tumores é o killing de células tumorais por CTLs CD8 +. Eles conferem imunidade antitumoral, exercem uma função de imunovigilancia ao reconhecer e destruir células potencialmente malignas que expressam peptídeos derivados de antígenos tumorais e apresentados em associação com moléculas do MHC de classe I. Onde o CTL está, o prognostico é melhor. Além disso, as células mononucleares derivadas do infiltrado inflamatório em tumores sólidos humanos, chamados linfócitos tumor-infiltrantes (TILs, do inglês, tumor-infiltrating lymphocytes), contêm CTLs capazes de destruir o tumor do qual derivam. É importante ressaltar que a incapacidade de detectar CTLs tumor-específicos funcionais em alguns pacientes pode ser devida aos mecanismos reguladores empregados pelo tumor para suprimir as respostas de CTL. Emanuella Fonseca As respostas de T CD8+ especificas para antígenos tumorais podem requerer apresentação cruzada dos antígenos tumorais pelas DCs. A maiorias das células tumorais não derivam de APC e por isso não estão nos órgãos linfoides secundários onde exibem antígenos pra célula T naive. Também não expressa os coestimuladores necessários para iniciar as respostas de célula T ou as moléculas do MHC de classe II necessárias à estimulação de células T auxiliares. A explicação provável de como ocorre a resposta da célula T aos tumores é que 1. 1 as células tumorais ou seu antígeno é ingerido pela APC do hospedeiro 2. 2 os peptídeos que resultam disso são expostos no MHC I 3. 3 a célula T CD8 reconhece o MHC I 4. 4 Crosspining ou apresentação cruzada: a APC (DC) colocam o antígeno no linfonodo junto com a T naive 5. 5 APC e célula T auxiliar ativadas juntas emitem sinais que fazem a naive se diferenciar em CTLs tumorais específicos. 6. 6 CTL especifico reconhece e matam a célula tumoral em qualquer tecido sem qualquer coestimulação. As células T auxiliares CD4 + contribuem para as respostas imunes antitumorais por meio de vários mecanismos. Os efeitos antitumorais das células Th1 podem refletir seu papel comprovado na intensificação das respostas da célula T CD8 + e na ativação de macrófagos, via secreção de fator de necrose tumoral e interferon-γ (IFNγ). O IFN-γ pode aumentar a expressão do MHC de classe I na célula tumoral, bem como a sensibilidade à lise pelos CTLs. Emanuella Fonseca Anticorpos O hospedeiro produz anticorpos contra o tumor, mas sua proteção é indeterminada. Os anticorpos podem matar células tumorais ao ativarem o complemento ou inibirem a citotoxicidade celulardependente de anticorpos, em que células natural killer (NK) ou macrófagos com receptores Fc medeiam o killing. No entanto, há pouca evidência de que as respostas imunes humorais contra tumores exercem efeito significativo na prevenção do desenvolvimento ou progressão tumoral. Mas se usa pra conferir imunidade passiva contra tumores. Células Natural Killer As células NK são capazes de destruir muitos tipos de células tumorais e podem contribuir para a imunovigilância contra os cânceres. Seu papel tambem não esta claro. As células tumorais se tornam suscetíveis ao killing pelas células NK quando regulam negativamente a expressão do MHC de classe I ou quando regulam positivamente a expressão de ligantes que ativam receptores da célula NK. As células NK também podem ser ativadas para matar células tumorais cobertas com anticorpos antitumorais, por citotoxicidade celular dependente de anticorpo. A capacidade tumoricida das células NK é aumentada pelas citocinas, incluindo interleucina-2 (IL2), IL-15 e IL-12, sendo que os efeitos antitumorais das citocinas in vivo são parcialmente atribuíveis à estimulação da atividade de células NK. Macrófagos Os macrófagos são capazes tanto de inibir como de promover o crescimento e disseminação dos cânceres, dependendo de seu estado de ativação. Mecanismo: reconhecer PAMPs. Tambem podem ser ativados para matar células tumorais via IFN gama, que os CTLs ou células Th1 tumor especificas produzem. Outra forma: os macrófagos tipo M1 agem pra matar o tumor da mesma forma que mata infecções, pela viz do NO. O Papel da Imunidade Inata e Adaptativa na Promoção do Crescimento Tumoral De fato, a inflamação crônica é reconhecida há muito tempo como fator de risco de desenvolvimento tumoral em numerosos tecidos diferentes, especialmente naqueles afetados por doenças inflamatórias crônicas, como o esôfago de Barre e a colite ulcerativa. Alguns cânceres associados a infecções também são considerados resultados indiretos dos efeitos carcinogênicos dos estados inflamatórios crônicos induzidos por organismos infecciosos. Entre estes estão o carcinoma gástrico e o linfoma no contexto da infecção crônica por Helicobacter pylori, além dos carcinomas hepatocelulares associados a infecções crônicas causadas pelos vírus das hepatites B e C. as células do sistema imune inato são consideradas os culpados mais diretos da promoção tumoral. Emanuella Fonseca Os macrófagos tumor-associados com fenótipo alternativamente ativado (M2), bem como outras células, são fontes de VEGF, um fator de crescimento promotor de angiogênese, e de metaloproteinases, enzimas modificadoras do tecido extracelular. Sendo assim, a ativação crônica de algumas células imunes inatas é caracterizada por angiogênese e remodelamento tecidual, que favorecem o crescimento e a disseminação tumorais. A inata tbm contribui para a malignidade ao gerar radicais livres que causam dano ao DNA e mutações em genes tumorais e oncogenes. Secretam fatores que promovem a progressão do ciclo celular e sobrevivência da célula tumoral. O fator de transcrição NF-κB, um mediador-chave das respostas imunes inatas, pode exercer um papel importante na progressão do câncer associada à inflamação. O sistema imune adaptativo pode intensificar o crescimento de um tumor de varias formas. As DCs podem ser orientadas a diferenciar T CD4 para células Th2 antiinflamatorias ou células T reguladoras, ambas SUPRIMEM a resposta imune que destroem os tumores. Tambem estimula macrófago M2 e outros tipos celulares pró tumorigenicos. Linfocito B tbm pode agir estimulando por meio da sua secreção de fatores. Emanuella Fonseca Evasão das Respostas Imunes pelos Tumores A maioria dos mecanismos de evasão podem ser classificados como inibição ativa de respostas imunes antitumorais ou perda dos antígenos que dirigem essas respostas. A imunidade antitumoral se desenvolve quando as células T reconhecem os antígenos tumorais e são ativadas. As células tumorais podem evadir as respostas imunes perdendo a expressão de antígenos ou moléculas do MHC, ou produzindo ligantes para os receptores de inibição da célula T e citocinas imunossupressoras. Pontos de Controle Imunes: Inibição de Respostas Imunes Os tumores evadem as respostas de células T antitumorais engajando moléculas inibidoras que normalmente atuam prevenindo a autoimunidade ou regulando as respostas imunes aos microrganismos. Há fortes evidências experimentais e clínicas de que as respostas de célula T a alguns tumores são inibidas pelo envolvimento de CTLA-4 (do inglês, cytotoxic T lymphocyte- associated protein 4) ou de PD-1 (do inglês, programmed cell death protein-1), duas das vias de inibição mais bem definidas em células T. Ambas estão positivamente reguladas em células T infiltrantes tumorais, ou seja, INIBEM a célula T lutando contra o tumor. Uma possível razão para os tumores explorarem CTLA-4 para regular as respostas antitumorais é o fato de os antígenos tumorais serem apresentados por APCs na ausência de imunidade inata forte e, portanto, com baixos níveis de coestimuladores B7. Os níveis reduzidos podem ser suficientes para engajar o receptor CTLA-4 de alta afinidade. A via do PD-1 pode ser engajada em células T tumor-específicas, porque PD-L1 (PD-ligante 1), uma proteína da família B7 que é ligante de PD-1 (Capítulo 15), é expressa em muitos tumores humanos, às vezes devido à amplificação do gene PDL1. O bloqueio das vias CTLA-4 e PD-L1/PD-1 atualmente é bastante usado na clínica, para reverter o fenótipo disfuncional de células T tumor-específicas e intensificar sua habilidade de matar células tumorais. Emanuella Fonseca Produtos secretados de células tumorais podem suprimir as respostas imunes antitumorais. Ex.: TGF beta (imunosupressor) é secretado por muitos tumores e inibe o sistema imune. As Tregs podem suprimir as respostas de célula T aos tumores. Sem elas, a atividade contra o tumor é alta, e o tumor diminui de tamanho. As células supressoras mieloide-derivadas (MDSCs, do inglês, myeloidderived suppressor cells) são precursores mieloides imaturos que se acumulam na medula óssea, tecidos linfoides, sangue e tumores de animais portadores de tumor e pacientes com câncer, e que suprimem as respostas imunes antitumorais mediadas por célula T e inatas. Perda da Expressão de Antígeno Tumoral As respostas imunes a células tumorais participam das pressões seletivas que resultam na sobrevivência e crescimento de células tumorais variantes com imunogenicidade reduzida. O truque: Além da perda de antígenos tumor-específicos, a expressão do MHC de classe I pode estar negativamente regulada em células tumorais, de modo a impedir seu reconhecimento pelos CTLs. Vários tumores mostram síntese diminuída de moléculas do MHC de classe I ou de proteínas requeridas para a expressão de MHC de classe I na superfície celular, incluindo β2- microglobulina, ou ainda de componentes da maquinaria de processamento antigênico, incluindo componentes transportadores de antígeno (TAP1 e TAP2) e subunidades do proteassomo. A perda da expressão do MHC de classe I provavelmente é uma adaptação que surge em resposta às pressões seletivas da imunidade do hospedeiro, e permite que as células tumorais evadam as respostas imunes mediadas por CTLs. OBJ 3 Câncer de pulmão Atinge mais homem que mulher Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de pulmão em homens ocupa a segunda posição mais frequente nas Regiões Sul e Nordeste No mundo, o câncer de pulmão configura-se entre os principais em incidência, ocupando a primeira posição entre os homens e terceira posição entre as mulheres Oitenta e cinco por cento dos casos diagnosticados estão associados ao consumo de derivados de tabaco Outros fatores de risco são exposição ocupacional a agentes químicosou físicos (asbesto, sílica, urânio, cromo e radônio) e altas doses de suplementos de betacaroteno em fumantes e ex-fumantes Câncer de estômago Maior em homens Terceira posição aqui no nordeste em homens, sexta para mulheres O câncer de estômago mais frequente é o do tipo adenocarcinoma, responsável por 95% dos casos. O adenocarcinoma de estômago atinge, na maioria dos casos, homens com idade entre 60 e 70 anos. Emanuella Fonseca A infecção pela bactéria Helicobacter Pylori é o principal fator de risco para o câncer de estômago Outros fatores risco relacionados ao desenvolvimento de câncer de estômago são: excesso de peso e obesidade; consumo de alimentos preservados no sal; alimentação com baixa ingestão de frutas, vegetais e fibra integral, o consumo excessivo de álcool e tabaco, algumas exposições ocupacionais, como, por exemplo, a exposição de trabalhadores rurais a agrotóxicos; e a exposição para a produção da borracha. Câncer do colo do útero O câncer do colo do útero é um dos mais frequentes tumores na população feminina Outros fatores que aumentam o risco de desenvolver esse tipo de câncer são: início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros; tabagismo (a doença está diretamente relacionada à quantidade de cigarros fumados); e uso prolongado de pílulas anticoncepcionais perfil epidemiológico do câncer no Brasil Os dados encontrados acompanham o perfil epidemiológico do câncer no Brasil, em que se observa maior incidência de cânceres de próstata e de mama Verifica-se também que a maior parte das pessoas teve o diagnóstico após os 60 anos de idade, o que é esperado para a maioria dos tumores malignos A presença de morbidade referida é fortemente dependente do padrão de acesso aos serviços de saúde e aos procedimentos diagnósticos
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