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ONCOLOGIA VICTORIA CHAGAS CICLO CELULAR E PONTOS DE CHECAGEM O ciclo celular dura cerca de 24 horas e é dividido em intérfase e mitose Uma nova célula é duplicada a partir de uma célula já existente As proteínas regulatórias vão controlar o correto andar do ciclo celular, e dependem de sinais interiores e exteriores da célula ❖ INTÉRFASE (Célula ainda não está em divisão → período de preparação) – 23 horas G1: ocorre logo após a mitose. Período de preparação onde a célula sintetiza proteínas, lipídeos e carboidratos. Organelas estão a ser sintetizadas (muita síntese proteica) S: período de síntese de DNA (duplicação dos cromossomos) G2: chamado o período pós síntese de DNA onde ocorre síntese de proteínas G0: estado de permanência na intérfase (repouso) ❖ MITOSE – divisão celular – 1 hora Prófase: condensação da cromatina Metáfase: condensação máxima; alinhamento das cromátides-irmãs Anáfase: cromátides-irmãs migram para polos opostos (separação) Telófase: Reorganização do envoltório nuclear e descondensação do cromossomo Citocinese: separação das duas células filhas ❖ SISTEMA DE CONTROLE (complexos ciclinas-CdKs) O sistema depende de proteínas → ciclinas que se ligam a cinases (ciclinas-CdKs) e fazem os eventos de fosforilação e desfosforilação Para que uma ciclina seja completamente ativada ela necessita de duas cinases → só se tornam enzimaticamente ativas ligadas as Cdk’s. A ativação das ciclinas-CdK depende de eventos fosforilativos, já inativação do complexo pode se dar pela degradação da ciclina. As ciclinas são recicladas a cada ciclo celular → concentração de ciclinas que determina quantidade de complexos ciclina-Cdk pois concentração de cinases é constante Cinase → unidade catalítica Ciclina → unidade regulatória CLASSES DE CICLINAS: o G1/S-ciclinas: ativam as CdKs de G1 e ajudam a desencadear a progressão ao ponto de restrição, resultando no comprometimento a entrada no ciclo celular. Seus níveis caem na fase S. o S-ciclinas: se ligam as CdKs logo após a progressão ao ponto de restrição e ajudam a estimular a duplicação de cromossomos. Níveis elevados até a mitose (também contribuem ao controle de alguns eventos mitóticos iniciais) o M-ciclinas: ativam CdKs que estimulam entrada na mitose no ponto de verificação G2/M o G1-ciclinas: ajudam a regular as atividades das G1/s-ciclinas, que controlam ao final de G1 a progressão ao ponto de restrição G1/S. 4 Cdks, que junto com as ciclinas formam 4 complexos (G1-Cdk, G1/S- Cdk, S-Cdk e M-Cdk) Ativação de CDK: - A ligação com a ciclina move a alça do sítio ativo, ativando-a parcialmente - A ativação total ocorre quando outra cinase fosforila e causa uma mudança conformacional - Sua ativação vai permitir que fosforile proteínas-alvo e induza eventos específicos do ciclo celular ❖ PONTOS DE CHECAGEM 1º PONTO DE CHEGAGEM (G1 → S) - O ambiente é favorável? se sim, é necessário estímulos extracelulares como presença de nutrientes ou mitógenos (ex.: RAS –fosforilado permite entrar na fase S) que ativa transcrição de ciclinas. - O primeiro substrato a ser fosforilado pelo complexo é a proteína de retinoblastoma (pRb) que está ligada ao E2F quando desfosforilada → restringe o crescimento celular - Ao ser fosforizado pela ação da ciclina D (CdK4,6) libera o fator E2F, permitindo que o ciclo celular progrida para próxima fase. - A pRb vai ser mantida fosforilada durante fase S, G2 e M; após isso volta a se ligar ao fator E2F (ciclina-CdK fica reduzido) - A proteína p53 está presente em baixas quantidades (devido ao MDM2 que ubiquitina a p53 levando-as até os proteossomos) e verifica se o DNA está danificado → caso haja dano ao DNA é fosforilada e é liberada de MDM2 → ativa a transcrição de p21 que é uma proteína inibidora das CdKs 4 e 6 → faz com que a fosforilação da pRb não ocorra (não há liberação do fator E2F) até que os danos sejam reparados ou até a morte celular. - Final da G1 → para que haja progressão do ciclo é necessária ciclina E e da CDK 2. 2º PONTO DE CHEGAGEM (G2 → M) - Regulado por M-CdK que fosforila histonas e condensinas (permitem condensação dos cromossomos) e outras proteínas essenciais para a divisão celular. - Caso a o DNA não tenha sido corretamente duplicado a WEE1 inativa a M-CdK impedindo sua fosforilação e parando o ciclo. - Ciclina B e CdK 1 → fosforilado → Cdc25 desfosforila e o ciclo prossegue - Caso haja DANO → ativa CHK1 que fosforila a fosfatase Cdc25 que ficará inativada. 3º PONTO DE CHECAGEM (metáfase → anáfase) - Ciclina B e CdK 1 - A APC/C (complexo promotor da anáfase) é responsável pela continuidade do ciclo - Se os cromossomos estão ligados pelo cinetócoro e alinhados corretamente a proteína fosfatase Cdc20 liga-se ao APC e o ativa. - O APC ubiquitina a securina liberando separase, que irá degradar as coesinas e permitirá a separação das cromátides-irmãs - APC também ubiquitina a ciclina M que é degrada por proteossomos - Quando em G1, complexo ciclina-Cdk é fosforilado → inativação de APC - Caso não esteja tudo certo → proteínas MAD inativam as Cdc20 (logo APC também) RELAÇÃO DA INTERFERÊNCIA NO CICLO CELULAR E O CÂNCER PROTO-ONCOGENES: genes que normalmente ajudam células crescer. - Micro-RNA → controla protoncogêne (silencia), se inativo, muta para oncogênese + fácil. ONCOGÊNE: proto-oncogenes que sofreram mutações ou se existe muitas cópias, tornando-se um gene ‘’ruim’’ que pode ficar ligado quando não deveria. Quando isso acontece a célula cresce fora de controle. GENES SUPRESSORES DE TUMOR: genes normais que retardam a divisão celular (impede que se divida rapidamente), reparam erros no DNA ou indicam se as células devem morrer (apoptose). - Quando inativados, células podem se desenvolver sem controle e levar ao câncer. MUTAÇÕES: - Gênicas: as formas mais comuns são as mutações pontuais, ou seja, troca em bases nitrogenadas. Muito frequentemente são causados por agentes químicos. Um exemplo disso é a mutação do gene RAS. - Cromossômicas: um mecanismo importante envolvido na carcinogênese é a translocação. Um exemplo clássico desse tipo de alteração é o cromossomo Philadelphia (translocação entre os cromossomos 9 e 22), responsável por modificar expressão da proteína codificada pelo gene ABL → causa leucemia mieloide crônica. - Amplificação gênica: é a existência de múltiplas cópias de um proto-oncogene, potencializando a sua função. Pode ser encontrado em muitos tipos tumorais, mas um exemplo importante é a amplificação do N-MYC, gene envolvido no neuroblastoma. - Superexpressão gênica: é o aumento da função de um gene, mesmo não ocorrendo aumento do número de cópias. Um exemplo é a superexpressão do gene HER2 → proto- oncogene que codifica receptores de fatores de crescimento. Se transformado em oncogene, produz um número maior de receptores muito sensíveis, mas pouco específicos, ou seja, responderão a qualquer estímulo iniciando a proliferação celular. AGRESSORES DO DNA ❖ FÍSICOS Radiação ionizante → alfa, beta, gama ou raios-X - A passagem pelas células provoca a liberação de elétrons, o que torna as células instáveis e suscetíveis a reações químicas. - Cânceres mais comum → leucemia, câncer de tireoide Radiação não ionizante → radiação UV, luz visível, radiação infravermelha - UV = criação de dímeros de pirimidina → distorcem a conformação do DNA e inibem sua replicação normal. (Mais comum câncer de pele) ❖ QUÍMICOS Carcinógenos ativados → Formam complexos com o material genético das células (adutos de DNA) → lesões podem virar mutações se os adutos não forem reparados- Tais modificações acumulam-se nas células filhas → acúmulo de alterações atinge um ponto crítico → alterações prejudiciais para célula (modificações da replicação celular normal e a desregulação das vias de transdução de sinal, dos mecanismos de reparo de DNA e das vias de apoptose) → Padrão celular fenotipicamente maligno Diretos: são agentes alquilantes que já possuem atividade eletrofílica intrínseca, e por isso podem provocar câncer diretamente. Ex.: metilmetanosulfato, agentes alquilantes Indiretos = precisam sofrer modificações químicas no organismo para se tornarem ativas. - Transformação enzimática/bioativação → conversão para agente mais reativo. - O metabolismo dos carcinógenos é feito por enzimas solúveis ou associadas a membranas (P450 é a mais importante) - Ex.: álcool, cigarro ... → Álcool: no fígado, o etanol é oxidado em acetaldeído (AD). O AD possui ação carcinogênica devido alta capacidade indutora de mutações (câncer de esôfago) - Se liga a várias proteínas envolvidas no reparo e metilação do DNA → Cigarro: risco de câncer de pulmão, esôfago, boca, faringe, laringe, pâncreas. - Benzopireno: faz alteração na P53 - + 4000 substancias toxicas já foram identificadas entre elas ao menos 60 carcinógenos → Amianto, formol, agrotóxicos, poluição, agentes quimioterápicos... ❖ BIOLÓGICOS VÍRUS → necessitam da presença de outro carcinógeno para ser efetivo o HPV → expressa oncoproteínas → associam a p53 e pRb → proliferação desregulada - Câncer de colo de útero - Proteína E6 se liga ao p53; Proteína E7 se liga ao pRb o Hepatite B (HBV) e C (HCV) → cerca de 70-85% dos carcinomas hepatocelulares - Inflamação crônica com lesão hepatocelular → proliferação de hepatócitos e ROS que danificam DNA o HIV → mata células TCD4, diminui as defesas → doenças oportunistas e tipos de câncer BACTÉRIA o H. PYLORI: genes que entram na célula do hospedeiro e interagem com vias de transdução de sinal, alterando o fenótipo, proliferação e apoptose → câncer gástrico - Gene A (quando proteína A é injetada na célula causa alteração na proliferação) PARASITA o SCHISTOSSOMA HEMATOGRIDO: câncer de bexiga LESÕES DO DNA E MECANISMOS DE REPARO Lesões mutagênicas → causam alterações na sequência do DNA (mutações) que se acumulam ao longo do tempo e ocasionalmente levam a formação de tumores. Lesões citotóxicas → normalmente bloqueiam os processos de replicação e transcrição do DNA, provocando a inibição do estado proliferativo ou mesmo a apoptose - Ex = quebras duplas do DNA, as lesões induzidas por luz UV, algumas bases oxidadas e a ligações cruzadas entre as fitas de DNA o Oxidação: O excesso de ROS (espécies reativas de oxigênio) é danoso para a célula; o excesso pode ser devido resposta a fatores de crescimento e citocinas, exposição a ROS exógenos (raios UV) ou produção intracelular aumentada. Processo patológicos também podem fazer ROS devido a resposta inflamatória. o Hidrólise → Desaminação hidrolítica: perda de um grupo amino (-NH2) que pode ter sido originada por uma hidrólise). O mais frequente é desaminação de citosina: quando perde o grupo amino, se transforma em uracila → troca de um par CG por um TA. o Metilação: acréscimo de um grupo metil o Perda de bases: nucleotídeos podem sofrer quebra espontânea e essa quebra gera um espaço vazio que pode incorporar qualquer um dos nucleotídeos. o Formação de dímero de timina: a luz UV pode causar formação de ligações covalentes entre resíduos de pirimidina vizinhos. Mais comum = T-T. Outros = C-C, C-T. - Esses dímeros impedem ação das polimerases do DNA, impedindo a síntese. ❖ MECANISMOS DE REPARO DO DNA Depende do tipo de lesão, tipo celular e etapa do ciclo em que se encontra Sem o reparo do DNA, as lesões espontâneas rapidamente modificariam as sequências de DNA, podendo passar tais danos às células-filhas e agravar ainda mais o problema. A estrutura de dupla-hélice do DNA é adequada para o reparo → possui duas cópias separadas de toda a informação genética – uma em cada fita. • REPARO DURANTE A REPLICAÇÃO DNA polimerase percorre o DNA procurando danos → se encontrar ativa a exonuclease de correção → cliva nucleotídeo errado e regenera extremidade • REPARO POR MALPAREAMENTO (MISMATCH) Acontece logo após o novo DNA ter sido feito, e sua função é remover e substituir as bases mal pareadas (aquelas que não foram corrigidas durante a revisão). O reparo do malpareamento também pode detectar e corrigir pequenas inserções e deleções que ocorrem quando as polimerases "deslizam" perdendo seu local de inserção. Primeiro, um complexo de proteínas reconhece e liga-se à base malpareada. Um segundo complexo corta o DNA próximo ao malpareamento e mais enzimas cortam o nucleotídeo incorreto e um pedaço do DNA que o envolve. Uma DNA polimerase substitui a parte que falta com os nucleotídeos corretos, e uma enzima chama da DNA ligase fecha a lacuna. Nos eucariontes a fita original pode ser identificada pelo reconhecimento de entalhes encontradas apenas em DNA recém sintetizado. • REPARO POR EXCISÃO DE BASES (BER) Principal via de reparo (glicolisação) Envolve várias enzimas (DNA-glicosilases), cada uma capaz de reconhecer um tipo especifico de base alterada no DNA e de catalisar sua remoção hidrolítica. Existem pelo menos seis tipos dessas enzimas, incluindo as que removem ‘’C’’ desaminados, ‘’A’’ desaminados. Detecção da base alterada: a projeção do nucleotídeo alterado para fora da hélice, em um processo mediado por enzimas, permite que a DNA-glicosilase procure uma lesão em todas as fazes da base. - Reconhecida a lesão → remove a base do açúcar - Lacuna deixada pela DNA-glicosilase é reconhecida pela ENDONUCLEASE AP (apirimídica) → cliva a cadeia fosfodiester → lacuna resultante é corrigida • REPARO POR EXCISÃO DE NUCLEOTÍDEOS (NER) Pode corrigir uma lesão causada por praticamente qualquer alteração volumosa na estrutura da dupla- hélice do DNA. Essas alterações incluem: aquelas produzidas pela ligação covalente de bases do DNA aos hidrocarbonetos (benzopireno, encontrado na fumaça do tabaco, alcatrão e exaustão do diesel) e os vários dímeros de pirimidina causados pela luz do sol. Um enorme complexo multienzimático verifica o DNA à procura de distorções na dupla-hélice, em vez de uma alteração específica de bases. É composto por 2 subvias que diferem no modo pelo qual a lesão é reconhecida: - REPARO DE GENOMA GLOBAL (GGR) = O reconhecimento da lesão e recrutamento das proteínas envolvidas no reparo é feito pelos complexos proteicos XPC-HR23B e DDB-XPE; - REPARO ACLOPADO À TRANSCRIÇÃO (TCR) → a parada da RNA polimerase II durante a transcrição, devido ao encontro com a lesão, é o sinal de reconhecimento do dano ao DNA e, nesse estágio, dois fatores específicos do TCR (CSA e CSB) são requeridos para o deslocamento da polimerase bloqueada Encontrada a lesão → Formação de um complexo de relaxamento do DNA ao redor da lesão (2 DNA-helicases XPB e XPD) → Estabiliza a região do DNA simples fita formado e das proteínas do reparo no sítio de lesão → cadeia fosfodiester da fita anormal é clivada nos 2 lados da distorção → DNA-helicase remove o oligonucleotídeo de fita simples contendo a lesão → intervalo produzido na hélice do DNA é corrigido pela DNA-polimerase e pela DNA-ligase; • REPARO DE QUEBRA DE FITA DUPLA A. RECOMBINAÇÃO HOMOLOGA (HR) Acontece somente em células na fase S ou G2, já que apenas nessas células é possível usar a sequência da cromátide-irmã para reparo. Mecanismo mais VERSÁTIL Quase não ocorrem erros, diferente da ligação de extremidades não homólogas O DNA com quebra deve ser aproximado de um DNA homólogo sem quebras, que servirá como molde. Geralmenteocorre logo após a replicação, onde as 2 moléculas-filhas de DNA estão bem próximas. 1. Extremidades do DNA danificado são removidas por nucleases, produzindo uma fita simples 2. TROCA DE FITAS → Uma das extremidades 3’ da molécula de DNA quebrada abre caminho até o duplex-molde e busca a sequência homóloga por pareamento. 3. Uma vez estabelecido o pareamento de bases, uma DNA- polimerase com alta precisão alonga a fita invasora usando a informação fornecida pela molécula-molde não danificada, corrigindo o DNA danificado. 4. As últimas etapas – deslocamento da fita, síntese adicional do reparo e ligação – regeneram as duas hélices duplas de DNA originais e completam o processo de reparo; B. RECOMBINAÇÃO DE EXTREMIDADES NÃO HOMÓLOGAS As duplas quebras são reconhecidas pela proteína KU → ativa a quinase dependente de DNA (DNA-PK) → levam ao recrutamento e à ativação de proteínas de processamento, polimerases e DNA ligase IV Neste mecanismo, as extremidades de uma molécula de DNA, apesar de terem perdido alguns nucleotídeos por degradação espontânea, são justapostas para recombinar. O mesmo complexo enzimático realiza o processo de ligação entre extremidades. Desta forma, a sequência original de DNA acaba sendo alterada. VANTAGEM → reparo independente da fase do ciclo em que a célula se encontra PERIGO → como aparentemente não há um mecanismo que assegure que as duas extremidades ligadas estavam originalmente próximas no genoma, essa ligação pode gerar rearranjos em que um cromossomo quebrado seja ligado covalentemente a um outro. Como resultado, podemos ter cromossomos com dois centrômeros ou cromossomos sem nenhum centrômero; os dois tipos de cromossomos defeituosos são segregados de forma incorreta na divisão celular; MORTE CELULAR ❖ APOPTOSE Morte celular programada Processo muito mais organizado que o da necrose Membrana celular não se desfaz Pode ser fisiológica (desenvolvimento embrionário, menopausa) ou patológica (radiação, etc) É um processo ordenado, no qual o conteúdo da célula é compactado em pequenos pacotes de membrana para a ´´coleta de lixo´´ pelas células do sistema imunológico, podem ser recolhidos e reciclados por outras células. Remove as células durante o desenvolvimento, eliminas as células potencialmente cancerosas e infectadas por vírus e mantem equilíbrio do corpo. No final, toda a célula se separa em pequenos pacotes, cada um envolto por um pedaço da membrana. Esses pacotes liberam sinais que atraem células do sistema imune (fagócitos) que comem restos (macrófagos). Para isso, os fragmentos da célula que está morrendo apresentam uma molécula lipídica chamada fosfatidilserina em sua superfície. A fosfatidilserina está, geralmente, escondida dentro da membrana, e quando estão expostas, elas permitem que os fagócitos se liguem e "comam" os fragmentos celulares • MECANISMO DA APOPTOSE A apoptose resulta da ativação de enzimas - caspases (irreversível quando iniciada) Duas vias distintas convergem para a ativação de caspase 1. VIA EXTRÍNSECA – ligação receptor-ligante Ativam caspase-8 que ativará caspases executores (3/6/7) Proteínas de sinalização → TNF (receptores de morte); FAS (NK identifica) 2. VIA INTRÍNSECA (mitocondrial) – ativada por sinais internos como lesões do DNA MOLÉCULAS PRÓ-APOPTÓTICAS: As mitocôndrias contêm uma série de proteínas que são capazes de induzir apoptose como o citocromo c e BH3- only presentes no interior das mitocôndrias, caso chegue ao citoplasma (onde estão as caspases) induzem a apoptose. MOLÉCULAS ANTI-APOPTÓTICAS: proteínas da família BCL-2, BCL-X – presentes no citoplasma e na membrana das mitocôndrias impedindo as pró- apoptóticas de chegarem as caspases. A balanço entre as proteínas BCL2 anti-apoptóticas (BCL2, BCLX) e pro-apoptóticas (subfamília BH123 – bax e bak e subfamília BH3-only – Bad, Bid, Bim, Puma e Noxa) formam heterodímeros, no qual ocorre a inibição da atividade de ambas as proteínas. Em resposta ao dano no DNA, a proteína supressora de tumor p53 promove codificação das proteínas pro-apoptóticas BH3-only como a PUMA e NOXA → interagem com as proteínas pro-apoptóticas efetoras como a BAX e neutraliza proteínas antiapoptóticas → BAX sofre mudança conformacional e se insere na membrana mitocondrial formando poros → citocromo c é liberado no citosol → liga-se a proteína chamada Apaf1 (fator 1 de ativação de protease apoptótica) → oligomerização do Apaft1 em um heptâmero apoptossomo → proteínas Apaft1 no apoptossomo recrutam caspase 9 iniciadoras → ativa caspases executoras (3/6/7) Em alguns casos, a via extrínseca recruta a via intrínseca para amplificar a cascata de caspase para matar a célula. A proteína BH3-only BID (geralmente inativa) é a conexão entre as duas vias. Caspases-8 clivam e ativam BID que se transloca para membrana mitocondrial inibindo proteínas anti-apoptóticas e fazendo poros, amplificando o sinal de morte. Caspases iniciadoras → ativam caspases executoras → clivam numerosos alvos → ativam nucleases → degradam nucleoproteínas e DNA, além de degradarem componentes da matriz nuclear e do citoesqueleto ❖ NECROSE Morte celular desorganizada e provoca uma resposta imune de inflamação As células são danificadas por fatores prejudiciais (como a lesão física ou substancias químicas toxicas) - sempre um processo patológico Geralmente expelem seu conteúdo enquanto morrem A membrana plasmática da célula danificada não pode mais controlar a passagem de íons e água, a célula incha, e seus conteúdos vazam por furos na membrana plasmática. Isso causa, muitas vezes, inflamação nos tecidos circundantes à célula morta ❖ AUTOFAGIA Célula digere partes de si mesma. Refere-se ao processo de degradação e reciclagem de componentes das células. Ex.: eliminação de organelas envelhecidas, renovando componentes Pode ocorrer quando organismo carece de reservas energéticas ou quando precisa eliminar células sadias ou tumorais, promovendo reciclagem dos seus componentes. O processo de autofagia inicia com a produção de proteínas que se ligam até formar membranas. O material a ser ingerido é envolvido pelas membranas, formando o autofagossomo → O autofagossomo se funde com o lisossomo, onde o material é digerido pela ação de enzimas, ocorrendo a digestão. Em algumas situações, pode ocorrer a autólise que levará a morte da célula. A autólise consiste na ruptura dos lisossomos, com a liberação das enzimas digestivas no citoplasma e destruindo todo o conteúdo celular. Podemos dizer que a autólise é auto digestão da célula SENESCÊNCIA CELULAR (TELÔMEROS E TELOMERASE) • TELÔMEROS – porção terminal do cromossomo (proteção) Contêm sequências nucleotídicas repetidas que permitem que as extremidades dos cromossomos sejam replicadas de maneira eficiente. Em humanos, a sequência da unidade de repetição é TTAGGG, sendo repetida cerca de mil vezes em cada telômero. As sequências de DNA repetidas, juntamente com as regiões adjacentes a elas, formam estruturas que evitam que as extremidades cromossômicas sejam confundidas com uma molécula de DNA quebrada que necessita de reparo pela célula. Uma nuclease especializada remove a extremidade 5’ de um telômero formando uma saliência na extremidade de fita simples. Essa extremidade – associada às repetições GGGTTA nos telômeros – atrai um grupo de proteínas que formam um tipo de “tampa” cromossômica protetora conhecida como shelterina. A shelterina “esconde” os telômeros dos detectores de lesões celulares que monitoram o DNA continuamente • TELOMERASE – É um grande complexo proteína-RNA (enzima) O RNA contém a sequência molde para a síntese de novas repetições de DNA telomérico. Está presente nas células-tronco e germinativas (mantem telômeros longos) Nas células somáticas está presente em níveis muito baixos Enzima (telomerase) que repõe sequência do telômero cada vez que a célula se divide Uma característica exclusiva da telomerase é que ela carrega seu próprio molde de RNA. • COMPRIMENTO DOS TELÔMEROS Na maioria das células, os telômeros vão sendo encurtados gradualmente e foi proposto que esse encurtamento fornece um mecanismo de contagem que ajuda a evitar a proliferação ilimitada de células com desvios, nos tecidos adultos; Algumas células-tronco, especialmente aquelas em tecidos que precisam ser regenerados em altas taxas durante a vida conservam a atividade da telomerase. Mas em vários tipos de tecidos o nível de telomerase é reduzido de tal modo que a enzima não acompanha mais a duplicação cromossômica → perdem de 100 a 200 nucleotídeos por divisão. Após várias gerações celulares → células herdarão cromossomos que não possuem a função de telômero = ativam a resposta de lesões no DNA, provocando sua retirada do ciclo e a célula não se divide mais → SENESCÊNCIA CELULAR REPLICATIVA Esse mecanismo poderia oferecer alguma segurança contra a proliferação celular descontrolada de células anormais, auxiliando na proteção contra o câncer. LIMITE DE HAYFLICK: Proposto que quanto mais próximos o tamanho dos telômeros estiverem desse limite (menores), mais envelhecidos estaremos. CARCINOGÊNESE ❖ ESTÁGIO DE INICIAÇÃO (IRREVERSÍVEL) Ela se caracteriza pela ocorrência de uma mutação inicial em uma célula normal, conferindo a esta vantagens de crescimento e sobrevivência em relação às vizinhas e direcionando-a para um perfil tumoral Para o desenvolvimento do câncer é preciso um acúmulo de diversas alterações genéticas e evasão do sistema imune. Quatro classes de genes reguladores normais são os principais alvos do dano genético: 1) Proto-oncogenes: Promotores de crescimento (RAS, MYC) 2) Genes supressores de tumor: Inibidores crescimento (p53, pRb) 3) Genes que regulam a apoptose: Morte celular programada 4) Genes envolvidos no reparo do DNA Apesar de geneticamente modificadas, ainda não é possível identificar como tumor clinicamente ❖ ESTÁGIO DE PROMOÇÃO (REVERSÍVEL) Nele, as células geneticamente alteradas, ou seja, "iniciadas", sofrem o efeito dos agentes cancerígenos classificados como oncopromotores (aumenta alterações cromossômicas) A célula iniciada é transformada em célula maligna, de forma lenta e gradual. Para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e continuado contato com o agente cancerígeno promotor. Ex.: fatores que promovem a transformação → alimentação, exposição excessiva e prolongada a hormônios, cigarro, inflamação crônica e drogas. ❖ ESTÁGIO DE PROGRESSÃO (IRREVERSÍVEL) Envolve a multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas. O câncer já está instalado e evoluindo até o surgimento das manifestações clínicas As células cancerosas irão se estabelecer, crescendo e interagindo com células do microambiente tumoral. As ações de mediadores inflamatórios promovem a evasão dos mecanismos apoptóticos, o aumento da sobrevivência celular e vantagens replicativas, além de serem intimamente relacionadas com os processos de angiogênese e metástase. ❖ CARACTERÍSTICAS DO TUMOR O acúmulo de mutações da origem às características da célula cancerosa, as quais são: 1) Autossuficiência nos sinais de crescimento: O crescimento dos cânceres se torna autônomo e não é regulado por indícios fisiológicos 2) Insensibilidade aos sinais inibidores de crescimento: Genes de supressão tumoral 3) Evasão da morte celular: sobrevivem em condições que normalmente levaria a apoptose 4) Potencial replicativo ilimitado: Torna as células cancerosas imortais 5) Angiogênese: Sustenta o crescimento das células cancerosas 6) Capacidade de invasão e disseminação: Invasão de tecidos locais e disseminação 7) Reprogramação das vias metabólicas: Alteração para glicólise aeróbica 8) Evasão do sistema imune HETEROGENEIDADE TUMORAL: diferentes tipos de células tumorais que levam a lesões morfológicas e fenotípicas distintas, com diferentes morfologias celulares, expressão gênica, metabolismo, microambiente, proliferação e possibilidade de lesões metastáticas (relacionado a resistência a terapia) MICROAMBIENTE TUMORAL: composto pelo parênquima (constituído por células neoplásicas ou transformadas) e pelo estroma (constituído por tecido conectivo, vasos sanguíneos e células inflamatórias) EFEITO WARBURG: mesmo com oxigênio em abundância, as células tumorais mudam seu metabolismo para glicólise - a quantidade de ATP produzida é menor, porém o crescimento é mais rápido - as células tumorais convertem glicose em ácido lático → precisa dos esqueletos de carbono para a biossíntese de outros componentes necessários à proliferação EVASÃO DO SISTEMA IMUNE: células cancerosas que são altamente imunogênicas serão eliminadas, por isso diminuem a expressão de HLA1 ou MHC1 1. AUTOSSUFICIÊNCIA NOS SINAIS DE CRESCIMENTO As células cancerosas utilizam uma série de estratégias para impulsionar sua proliferação: o FATOR DE CRESCIMENTO: - Todas as células normais requerem estímulo de fator de crescimento para se proliferar - Muitas células cancerosas adquirem a autossuficiência sendo capaz de sintetizar os mesmos fatores de crescimento aos quais são responsivas (ação autócrina) - Interagem com o estroma e envia sinais para as células de suporte para sua ativação o RECEPTORES DE FATOR DE CRESCIMENTO - Proteínas receptoras mutantes liberam sinais mitogênicos (mitógeno= substância que estimula a proliferação celular) contínuos para as células, mesmo na ausência de fatores de crescimento. - Superexpressão dos receptores podem tornas células cancerosas hiper-responsivas a níveis que normalmente não deflagariam a proliferação. o PROTEÍNAS TRANSDUTORAS DE SINAL A JUSANTE - Mutação de genes codificadores de componentes das vias de sinalização a jusante dos receptores do fator de crescimento - Essas proteínas sinalizadoras acoplam-se ao fator de crescimento ativado e o transmitem ao núcleo, seja por meio de segundos mensageiros ou de cascata de fosforilação e ativação das moléculas de transdução de sinal • RAS: proto-oncogene mutado com mais frequência em tumores humanos; membro de uma família de pequenas proteínas G que ligam a GTP e GDP. → NORMAL: oscilam entre um estado transmissor de sinal e um quiescente - É inativa quando ligada a GDP - O estímulo do fator de crescimento troca o GDP por GTP e RAS fica ativa. - RAS torna-se inativo novamente em pouco tempo pela atividade da GTPase que hidrolisa GDP em GTP. → MUTADA: afeta a hidrólise de GTP, nisso a RAS é capturada em sua forma ativada e a célula é forçada a um estado de contínua proliferação. • ABL: proto-oncogene com atividade de tirosina quinase. - Sua atividade é deprimida por domínios reguladores negativos internos. - Na leucemia mielógena crônica uma parte do gene ABL transloca-se do cromossomo 9 para o 22 onde se fundo com parte do gene BCR formando a proteína híbrida BCR-ABL → mantém o domínio da tirosina quinase, os autoassociados do domínio BCR, uma propriedade que desencadeia a atividade constitutiva da tirosina quinase → ativa todos os sinais que estão a jusante de RAS o FATORES DE TRANSCRIÇÃO NUCLEAR - Todas as vias de transdução de sinal entram no núcleo e causam impacto sobre muitos genes que levam ao processo mitótico. - A sinalização das oncoproteínas (RAS e ABL alteradas) é inadequada e continua estimulando osfatores nucleares de transcrição que impulsionam a expressão dos genes promotores de crescimento. - Grande número de proteínas (MYC, MYB, JUN, FOS e REL) funciona como fatores de transcrição reguladores da expressão dos genes promotores de crescimento, como as ciclinas • MYC: Família de genes reguladores e proto-oncogenes (ativador da G1) - Proto-oncogene envolvido com mais frequência nos tumores - Pode ativar ou reprimir a transcrição dos outros genes - Inclui os genes promotores de crescimento (CDKs) e genes inibidores de CDK (CDK1s) - - Desregulações de MYC promovem a proliferação do tumor por meio de aumento da expressão dos genes que promovem a progressão através do ciclo celular e reprimem genes que tornam lenta ou impedem a progressão através do ciclo celular - Regulador-chave do metabolismo intermediário, fazendo a regulação crescente dos genes que promovem a glicólise aeróbica (efeito de Warburg) e maior utilização de glutamina, duas alterações metabólicas características das células cancerosas 2. INSENSIBILIDADE AOS INIBIDORES DE CRESCIMENTO Corresponde à perturbação do controle do ciclo celular na transição da fase G1 → S Os principais alvos são Rb (proteína retinoblastoma) e inibidores das cinases dependentes de ciclinas (CDK), que controlam o ciclo celular em G1/S e ativam a proliferação • CÉLULA NORMAL E CÉLULA DOENTE INIBIDA • CÉLULA CANCEROSA 3. EVASÃO A APOPTOSE Mais comum: inativação do supressor de tumor p53 (50% dos tumores sólidos) que deflagra a apoptose quando não é possível o reparo ao DNA Superexpressão de oncogenes As caspases podem ser inibidas por uma família de proteínas chamadas de inibidores das proteínas da apoptose (IPAs) Aumento da FLIP → inativa caspase 8 → interrompe apoptose Retira FAZ e APAF1 Ativa receptores anti-apoptóticos 4. POTENCIAL REPLICATIVO ILIMITADO Aumento da atividade da telomerase → crescimento celular descontrolados Em 85-95% dos cânceres, a manutenção dos telômeros se deve à regulação crescente da enzima telomerase 5. ANGIOGÊNESE Mesmo com as vantagens do crescimento, o diâmetro dos tumores não pode aumentar além de 1-2mm, a não ser que estejam vascularizados → é a distância máxima no qual oxigênio, nutrientes e resíduos podem se difundir a partir dos vasos sanguíneos São caracterizados por vasos tortuosos, parede fina e alto metabolismo. Células cancerosas (e os grandes tumores benignos) podem estimular: 1) Neoangiogênese: Novos vasos brotam de capilares preexistentes 2) Vasculogênese: Células endoteliais são recrutadas da medula óssea INDUTORES: VEGF (fator de crescimento endotelial), p53 (induz síntese) e alguns fatores secretados pelas células inflamatórias e do microambiente tumoral como TGFCX - Estímulo fisiológico: HIPÓXIA (estimula a produção de citocinas e VEGF) INIBIDORES: TPS-1 (inibidor de trombospodina) → induzido pela p53 A base molecular da alteração angiogênica envolve maior produção de fatores angiogênicos e/ou perda de inibidores de angiogênese, controlado pela hipóxia. 6. INVASÃO E DISSEMINAÇÃO (METÁSTASE) Consiste na invasão do MEC e disseminação vascular e realojamento das células tumorais 3 vias de disseminação: linfática (paredes mais fracas; + comuns em carcinomas), sanguínea (+ comum em sarcomas e + perigosas) e cavitária. • INVASÃO DO MEC: - Degradação do MEC (MMP’s – enzimas proteolíticas liberadas pelo tumor e citocinas) - TEM → transição epitelial mesenquimal (mudança de fenótipo) → leva a perda ou expressão reduzida de marcadores específicos das células epiteliais (células perdem o contato célula-célula diminuindo junções aderentes como as e-caderinas e ganham propriedades de células tronco) - Etapas: 1. Afrouxamento das células tumorais 2. Degradação da membrana basal (digeridas por proteases) e tec. Conjuntivo 3. Alterações na fixação das células tumorais as proteínas do MEC 4. Locomoção • DISSEMINAÇÃO VASCULAR - Quando na circulação são vulneráveis a destruição pelas células imunes - Algumas agregam aos leucócitos circulantes (plaquetas) - CTC’S → células tumorais circulantes) → 1 em 1000 conseguem circular. - Por meios de mecanismos semelhantes a invasão do MEC, invade órgãos - Extravasam a circulação a parte da fixação a membrana basal endotelial - Local de extravasamento e a distribuição das metástases no órgão geralmente podem ser previstos pela localização do tumor primário e sua drenagem vascular ou linfática O tropismo do órgão pode se relacionar com: liberação de exossomos que vão para a corrente sanguínea criando ciclo de citocinas que atraem células tumorais (quimiotaxia); expressão de moléculas de adesão que se expressam nos órgãos-alvos e capacidade de colonizar local com estroma receptivo (induzir angiogênese). Células hibernantes em G0 não morrem na quimioterapia e pode voltar tempos depois → REINSCIDÊNCIA GENES DA INICIAÇÃO DA METÁSTASE: - TWIST, HMP, IL-11, COX-2, VEGF, RANKL 8. EVASÃO DO SISTEMA IMUNE Os antígenos tumorais são apresentados na superfície celular pelas moléculas MHC1 e são reconhecidas por CD8+ e CTLs → um dos mecanismos é diminuir o MHC1 MECANISMOS DE ESCAPE: 1. Crescimento seletivo de variantes negativas dos antígenos - Eliminação de subclones durante a progressão do tumor fortemente imunogênicos 2. Imunossupressão - Os tumores ou os produtos tumorais podem ser imunossupressores - Alguns tumores expressam FasL, que pode engajar Fas nas superfícies celulares imunes e induzir a célula imune a entrar em apoptose 3. Resistência a TCD8 e NK 4. Mascaramento do antígeno - Muitas células tumorais produzem uma cobertura mais espessa de moléculas glicocálices → bloquear o acesso de células imunes às moléculas apresentadoras de antígenos, impedindo o reconhecimento do antígeno e a morte 5. Regulação decrescente de moléculas coestimuladoras - As moléculas coestimuladoras são necessárias para iniciar fortes respostas das células T. Muitos tumores reduzem a expressão dessas moléculas ESTADIAMENTO Baseia-se no tamanho da lesão primária, extensão de sua disseminação para linfonodos regionais e presença ou ausência de metástases Essa avaliação normalmente baseia-se em exames clínicos, radiográficos e, em alguns casos, exploração cirúrgica. 1. Sistema TNM o T → informações sobre aspectos do tumor primário (tamanho, quão profundamente se desenvolveu no órgão em que se originou e quanto invadiu os tecidos adjacentes) - TX tumor não pode ser avaliado - T0 não existe evidência de tumor primário (não pode ser encontrado) - Tis as células cancerosas estão se desenvolvendo apenas na camada mais superficial do tecido, sem invadir tecidos mais profundos; também pode ser chamado de câncer in situ - T1, T2, T3 e T4: podem descrever o tamanho do tumor e/ou a disseminação da doença nas proximidades; quanto maior o número de T, maior o tumor e/ou mais se disseminou o N → descreve se o câncer se espalhou para os linfonodos vizinhos - NX linfonodos não podem ser avaliados - N0 linfonodos vizinhos não contêm câncer - N1, N2 e N3 podem descrever o tamanho, localização e/ou o número dos linfonodos com doença; quanto maior o número, mais o câncer se espalhou para os linfonodos o M → descreve se o câncer se espalhou (metástases) para locais distantes do corpo - M0 nenhuma disseminação foi encontrada - M1 CA se espalhou para órgãos distantes 2. Sistema AJC (American Joint Committee) - Os cânceres dividem-se em estádios 0 a IV, incorporando o tamanho de lesões primárias e a presença de disseminação nodal e metástases distantes - Estágio 1: T1, NO, MO - Estágio 2: T2-T4, NO, MO - Estágio 3: Qualquer N - Estágio 4: Qualquer MRECIDIVA TUMORAL/ RECORRÊNCIA Retorno do câncer após uma cirurgia/tratamento curativo (local ou à distância) Ocorre porque as células liberadas pelo antigo tumor se espalharam pelo corpo e permaneceram inativas por algum tempo, até que voltaram a crescer Uma das chaves para entender a recorrência da recidiva são as células-tronco tumorais, capazes de resistir às drogas quimioterápicas que costumam ser as responsáveis pelo retorno da doença Pode ser: 1. Local: - Volta ao mesmo local de origem do câncer primário - Pode haver tratamento curativo 2. Locorregional: - Volta do câncer nos linfonodos próximos ao tumor original - Pode haver tratamento curativo 3. Metastáticas: - Chamada também de recidiva sistêmica - Volta disseminado em órgãos distantes do tumor original, originando tumor secundário - Tratamento mais focado no paliativo RADIOTERAPIA Tratamento que se utiliza radiações ionizantes para destruir/impedir que tumor aumentem Tem como objetivo destruir o tecido doente e preservar as estruturas normais adjacentes Quando não é possível obter a cura do câncer, a radioterapia pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida (diminui o tamanho do tumor aliviando a pressão, reduz hemorragias, dores e outros sintomas) Pode ser associada à quimioterapia O número de aplicações necessárias varia de acordo com a extensão e localização do tumor, bem como do estado de saúde do paciente A sensibilidade à radiação tem relação com fase do ciclo celular que se encontra a célula (fase G2 e M são as mais sensíveis, já a S é a menos sensível) 1. Radioterapia externa ou teleterapia: Emitida por um aparelho, que fica afastado do paciente, direcionado ao local a ser tratado com aplicações geralmente diárias 2. Braquiterapia: Aplicadores são colocados pelo médico em contato ao local a ser tratado. A radiação é emitida do aparelho para os aplicadores - Feito em ambulatório, podendo necessitar de anestesia - Feito de uma a duas vezes por semana O fracionamento da dose total de radiação é uma forma de dividir em menores porções diárias a alta dose final necessária; busca-se, assim, menor toxicidade com alta efetividade O fracionamento está fundamentado nos chamados “5 Rs” da radiobiologia: - Reparo: regime de fracionamento para reparo do dano tumoral e de células normais - Reoxigenação: 02 causa dano ao tumor pois ele necessita de hipóxia - Repopulação: células cancerígenas que escapam da morte se proliferam novamente (refere-se ao tempo total do tratamento) - Radiossensibilidade: erradicar células que podem formar novo tumor - Redistribuição: sensibilidade em G2 e M para as células que escaparam das 1ª doses PROTOCOLO SPIKES (1) Planejando a entrevista (SETTING UP THE INTERVIEW) (2) Avaliando a percepção do paciente (PERCEPTION) (3) Obtendo o convite do paciente (INVITATION) (4) Dando conhecimento ao paciente (KNOWLEDGE) (5) Abordar as emoções do paciente (EMOTIONS) (6) Estratégia e resumo (STRATEGY) MARCADORES TUMORAIS São moléculas presentes no sangue, em tumores e em outros líquidos biológicos, cujo aparecimento e/ou alterações estão relacionados com a gênese e o crescimento de células neoplásicas. Podem ser produzidos pelos tumores ou pela resposta imune Não podem ser usados para diagnóstico definitivo do câncer → devido aos falsos positivos são; considerados testes de triagem úteis e detecção da recorrência da doença Aplicação clínica: diagnostico diferencial em pacientes sintomáticos, estadiamento, estimativa de volume tumoral, avaliação da terapia, detecção de recidiva, indicador de prognóstico. • PSA → triagem de adenocarcinoma de próstata - Podem estar elevados também na hiperplasia benigna da próstata - Valioso na detecção de recidivas e no estadiamento - Mesmos níveis baixos não excluem existência do câncer • CEA → antígeno carcinoembrionário elaborados pelo CA de cólon, pâncreas, estomago e mama. • CA 15.3 → glicoproteína usado no estadiamento do câncer de mama e avaliar resposta ao tratamento (3 em 3 meses). - Também presente em câncer de ovário, pulmão, colo uterino e linfomas. • CA 125 → câncer de ovário para resposta ao tratamento e recidiva. - Pode apresentar falsos positivos em casos de cirrose, gravidez, endometriose. - Diminui na menopausa. • AID → Usado nas doenças benignas hepáticas ou nas infecções por HBV e HCV, especialmente na cirrose para triagem de carcinoma hepatocelular. - Também produzido por células embrionárias (some com 1 ano de idade) • CA 242 → câncer de colo retal e pancreático • LDH → enzima cardíaca e músculo esquelético usado na L.N.H e neoplasia de próstata - Aumento antes tratamento → mal prognóstico • CA 19.9 → CA pancreático, hepatobiliar, gástrico, hepatocelular, colorretal e mamário. Usado como indicador de resposta ao tratamento. CÂNCER DE MAMA ❖ EPIDEMIOLOGIA Tipo mais comum entre mulheres no mundo e no Brasil Responde por cerca de 28% dos novos casos de câncer em mulheres Também pode acometer homens, mas é raro (menos de 1% dos casos) 75% das mulheres com CA de mama tem mais de 50 anos e 5% tem menos de 40 anos Neoplasia esporádica (sem associação do fator hereditário) → 90% dos casos 5º causa de morte por câncer em geral e 1º em morte nas mulheres ❖ FATORES DE RISCO Idade: >50 anos Variações geográficas: hábitos alimentares e padrões reprodutivos Raça/etnia: ↑ taxa em mulheres brancas nãp-hispânicas - Entretanto, mulheres hispânicas e negras tendem a desenvolver câncer mais jovem Obesidade: inflamação contribui para resistência à insulina e progressão de cél. malignas Dieta rica em gordura e pobre em fibras: tecido adiposo libera estrógenos Consumo de álcool: 3 a 6 copos de vinho por semana aumenta de 7-10% da incidência Alterações genéticas como o gene BRCA-1 e 2 Ciclos menstruais menores que 21 dias Parente próxima com CA de mama ou ovário Nuliparidade (não ter filhos): aleitamento tem efeito protetor Gestações tardias (>30) Desequilíbrio hormonal: menarca precoce (<11) ou menopausa tardia (>55) Exposição a radiação ionizantes ❖ PATOGENIA Hiperexpressão do EGRF (receptor) → HER-2 (proto-oncogene - proteína que promove crescimento das células mamárias) Amplificação do RAS e MYC → oncogenes Silenciamento dos genes supressores de tumor (pRb e p53) Hiperexpressão do VEGF e TGF-B (fatores de crescimento vascular) BRCA-1 e BRCA-2 → supressor de tumor (envolvidos no reparo de DNA) - Estatisticamente falando, quando há mutação no gene BRCA-1 o risco de desenvolver câncer de mama é de 80% e até 60% de câncer de ovário. - No BRCA-2 há um risco de 20-85% de chance de ter câncer de mama feminino e masculino, câncer de ovário, câncer de próstata e câncer de pâncreas. - Nos indivíduos com mutações nos dois genes (BRCA-1 e BRCA-2), 90% dos casos são caracterizados como ‘’triplo-negativo’’ - Mutação no BRCA-2 → normalmente apresenta tumores mais diferenciados e mais receptores de estrogênio - Mutações no BRCA-1 → geralmente tumores mais agressivos e mal diferenciados (triplo-negativo), portando a hormonioterapia não são bem indicados nesse cenário Localização mais comum: quadrante superior externo Metástases: mais comuns no pulmão, fígado, osso. Vão para os linfonodos axilares, linfonodos das artérias mamárias e linfonodos supracraviculares. ❖ CLASSIFICAÇÃO E TIPOS São classificados conforme sua penetração ou não na membrana basal limitante → as que estão dentro dos limites são os ‘’in situ’’ e os que se espalham ‘’carcinomas invasivos’’ o NÃO INVASIVO 1. Carcinoma ductal in situ (CDiS) 2. Carcinoma lobular in situ (CLiS) o INVASIVO 1.Carcinoma ductal invasivo (“não especificado em outros aspectos”), o subtipo mais comum de carcinoma invasivo 2. Carcinoma lobular invasivo 3. Carcinoma medular 4. Carcinoma coloide (carcinoma mucinoso) 5. Carcinoma tubular 6. Outros tipos TRIPLO NEGATIVO → negativo para os três receptores (estrogênio, progesterona e HER2) acaba não respondendo aos tratamentos hormonais e drogas específicas para o HER2, limitando as estratégias mais gerais de tratamento. CLASSIFICAÇÃO BIRADS MAMOGRAFIA: ❖ SINAIS E SINTOMAS Nódulo indolor Retração do mamilo Secreção Nódulos palpáveis na axila e no pescoço Inchaço/vermelhidão Inchaço no braço Mudanças na textura da pele Edema (casca de laranja) Dor Vale a pena lembrar que na grande maioria dos casos, a vermelhidão, inchaço na pele e mesmo o aumento de tamanho dos gânglios axilares representam inflamação ou infecção (mastite, por exemplo), especialmente se acompanhados de dor ❖ RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO RASTREAMENTO MINISTÉRIO DA SAÚDE: - Mamografia de rastreamento – exame de rotina em mulheres sem sinais de CA de mama - Recomendada na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada dois anos; - Acima de 69 não é recomendado - Em casos de risco rastrear desde os 35 anos (como fatores genéticos) - SUS não recomenda o autoexame de mama para rastreamento DIAGNÓSTICO: - Biópsia - Exame físico - Mamografia (padrão outro) - Ultrassom – usado em mulheres mais jovens com alto fator de risco MARCADORES TUMORAIS: - CA 15.3 é o mais sensível e específico (prognóstico) - CEA o aumento pode sugerir que o tratamento não está funcionando - CA 125 (triagem e recidiva) CANCÊR DE PRÓSTATA ❖ EPIDEMIOLOGIA Segundo mais comum no sexo masculino (depois de CA de pele não melanoma) Segundo na mortalidade em 2018: 1º pulmão, 2ª próstata, 3º colorretal 75% dos casos >65 anos Maior incidência em negros → mortalidade 3x maior ❖ FATORES DE RISCO Consumo excessivo de álcool Idade >50 anos Tabagismo Vasectomia Histórico familiar – pai ou irmão com CA de próstata <60 anos Obesidade Afrodescendentes Frequência ejaculatória IST’s Exposição a aminas aromáticas, arsênicos e fuligem ❖ PATOGENIA Mutações em células somáticas (TMPRSS2; ETS) e fatores de crescimento Mutações no PTEN (crescimento e proliferação) Mutações no MYC (proliferação celular) BCRA-2 (supressor de tumor) Metástases: reto, ossos (são frequentes nos estágios avançados da doença e tipicamente causam lesões osteoblásticas) e bexiga. Outros órgãos como pulmão, fígado e suprarrenais podem ser acometidas. ❖ SINAIS E SINTOMAS Na maioria dos casos cresce de forma lenta e não da sinais durante a vida Em alguns casos pode crescer rapidamente e se espalhar Com o aumento da idade a próstata aumenta de tamanho normalmente Ausência de sintomas no estágio inicial Alguns sintomas sugestivos (assemelham aos do crescimento benigno) → hesitação urinária; hematúria; diminuição da força do jato; mictória (vontade durante a noite); disfunção erétil; incontinência urinária; urgência urinária; dor óssea quando metastizado. ❖ RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO Cerca de 70-80% dos cânceres de próstata surgem nas glândulas externas (periféricas) e por isso podem ser percebidos nódulos duros e irregulares no toque real Muitos são lesões pequenas, assintomáticos e não palpáveis → diagnóstico por biópsia RASTREAMENTO: PSA (até 4ng/ml – acima de 10 indicar biópsia) + toque retal - 55 a 69 anos a cada 1 a 2 anos DIAGNÓSTICO: Biópsia ESTADIAMENTO - Escore de Gleason → 2 a 4 (25% de disseminar em 10 anos); 5 a 7 (50%) e 8-10 (75%) CÂNCER DE COLO DE ÚTERO ❖ EPIDEMIOLOGIA 3º mais frequente na população feminina e a 4ª em mortalidade no Brasil Incidência é duas vezes maior em países subdesenvolvidos Pico de incidência se dá entre 45 e 50 anos O HPV de tipos 16 e 18 causam a maioria dos casos de câncer do colo de útero em todo mundo (cerca de 70%). Eles também são responsáveis por até 90% dos casos de câncer de ânus, até 60% dos cânceres de vagina e até 50% dos casos de câncer vulvar. Os HPV de tipo 6 e 11, encontrados na maioria das verrugas genitais (ou condilomas genitais) e papilomas laríngeos. Estima-se que por volta de 50 anos, 80% das mulheres tenham contraído HPV, mas a maioria não desenvolve e muitos eliminam a carga viral. Há dois tipos principais de câncer de colo do útero: - carcinomas de células escamosas, que representam entre 80% e 90% dos casos - adenocarcinomas, de 10% a 20% do total ❖ FATORES DE RISCO HPV (principalmente o 16 e 18 – carcinógenos) – Papiloma vírus humano Idade precoce na relação sexual Menarca precoce Múltiplos parceiros sexuais Falta de higiene Uso prolongado de anticoncepcionais Tabagismo e etilismo Baixa condição econômica Multiparidade (>3) Presença de outras IST’s ❖ PATOGENIA Maioria das infecções por HPV são subclínicas e transitórias Uma pequena porcentagem progride para carcinoma invasivo Na puberdade e zona de transformação modifica as células colunares que sofrem metaplasia e viram escamosas (JEC) → onde geralmente inicia a infecção pois possui células multipotentes que podem virar colunar ou escamosa Se não for tratada evolui para carcinoma em 10-30% dos casos 1. Infecção do epitélio metaplásico (via endocitose – vesículas cobertas por clatrina) 2. Vírus reconhece receptores específicos na célula indiferenciada 3. Fase latente: pode durar anos 4. Partículas virais começam a ser formadas (fase produtiva) 5. Início das lesões 6. E1 e E2 expressadas → controlam os demais genes (quando ocorre a proliferação exagerada vão ser suprimidos e ocorre a hiperexpressão de E6 e E7) e são essenciais para a estabilização do DNA viral em longo prazo - E4 codifica proteínas que facilitam maturação dos vírus - E5 que impede a apoptose e faz proliferação celular - E6 → evita correção de erros (inativa a p53 e ativa a telomerase) - E7 → liga-se a pRb e libera o fator E2F estimulando a proliferação ❖ SINAIS E SINTOMAS Frequentemente assintomático, mas quando ocorre sintomas: o Leucorreia (corrimento mucoso) o Coito doloroso o Disúria o Dor abdominal o Queixas urinárias o Verrugas genitais (condilomas) o Sangramentos fora do ciclo o Alteração na coloração do colo uterino o Inchaço de linfonodo inguinal ❖ PROGRESSÃO Neoplasia intraepitelial cervical (NIC) → precede o câncer de colo de útero ❖ RASTREAMENTO, DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO RASTREAMENTO: - Exame pélvico e história clínica/toque vaginal e retal - Papa Nicolau → feito de 25 a 65 anos em quem já teve relações sexuais. Se der negativo faz no próximo ano, caso seja negativo novamente, refazer a cada 3 anos. Caso dê NICl fazer novo exame em 6 meses. - Colposcopia DIAGNÓSTICO: biópsia, colposcopia e citologia cervicovaginal. PREVENÇÃO: - Uso de preservativos - Vacina: SUS disponibiliza tetravalente (6/11/16/18) para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos (2 doses); para HIV e transplantados de 9 a 26 anos (3 doses) - Exame preventivo (Papanicolau) - Higiene íntima ❖ OUTROS CÂNCERES PELO HPV CA da orofaringe → no Brasil, cerca de 25% dos casos de câncer de orofaringe foram relacionados ao HPV - nesta situação incluem-se o câncer de garganta, câncer de palato mole, câncer de base de língua e de amígdalas. CA de ânus → 90% dos casos de câncer de ânus são causados pelo HPV-16 ou HPV-18, os mesmos tipos do HPV genital - comum em homens infectados pelo HIV e que têm relaçõessexuais com outros homens CA de pênis → Brasil, o HPV foi encontrado em 50% dos casos de câncer de pênis - é comum em homens infectados pelo HIV e que têm relações sexuais com outros homens - o câncer inicia embaixo do prepúcio do pênis, onde o vírus encontra ambiente favorável para a sobrevivência e nesta região pode ser detectado precocemente CÂNCER DE PULMÃO ❖ EPIDEMIOLOGIA Corresponde a cerca de 13% de todos os novos casos de câncer 85% está associado ao fumo de derivados de tabaco 1ª causa de morte em homens e 2ª em mulheres 3º mais incidente em homens e 4º em mulheres Pico de incidência entre 50-70 anos (apenas 2% são antes dos 40) ❖ FATORES DE RISCO Tabagismo: Cerca de 20% dos fumantes desenvolvem CA e 85% desses casos estão relacionados ao tabaco. As mulheres geralmente possuem mais suscetibilidade aos carcinógenos do tabaco. Fumantes passivos Exposição ocupacional → agentes químicos como arsênio, sílica... Infecção de repetição Poluição Altas doses ou deficiência de vitamina A Fatores genéticos e história familiar Idade ❖ TIPOS CARCINOMAS DE NÃO PEQUENAS CÉLULAS – CNPC (80%) → + comum em fumantes - Localização central ou proximal a árvore traqueobrônquica, mais propensos a ressecção, não respondendo bem a quimioterapia. - Disseminam lentamente para outros órgãos podendo ser detectado precocemente. o Carcinoma escamoso (epidermoide) – 25-30% - Principalmente em homens - Perto ou no hilo (perto de um brônquio) o Adenocarcinoma – 35-40% - Mais comum em não fumantes, mulheres e jovens - Geralmente periférico → capacidade de se espalhar pelos espaços alveolares sem invadir os septos → cresce mais lentamente - Pior prognóstico que o escamoso o Carcinoma de grandes células – 10-15% - Pior prognóstico de todos os CNPC - 9% dos casos - Células pouco diferenciadas CARCINOMA DE PEQUENAS CÉLULAS – CPC (20-25%)→ pior prognóstico (mais agressivo) - Tumor central e hilar que se dissemina rapidamente do pulmão para outros órgãos (geralmente já apresenta metástase quando há o diagnóstico) - Não são ressecáveis, tratados com quimioterapia. - Também chamados de oat-cells ❖ PATOGENIA TABAGISMO: lesões teciduais causadas pela fumaça que dão origem a mutações: - Inativação da p53, pRb e p16 (supressores tumorais) - Superexpressão do KRAS (oncogene) - EGFR – fator de crescimento (proto-oncogene) - EML-4 + CEMET - amplificam a tirosina quinase → proliferação celular - Mecanismos de reparo de DNA como proteínas glutationa-5 e a p450 tem capacidade de inativar carcinógenos, por isso apenas parte dos fumantes desenvolve câncer Nos CPC são comuns mutações → p53 (75-90%); pRb (100%) e MYC No adenocarcinoma → EGFR, ALK e KRAS Mutação de RAS ocorre em 30% dos adenocarcinomas de pulmão; amplificação e expressão aumentada dos oncogenes MYC são observadas em 10-40%dos pacientes com CPCP e em 10% do CPCNP, HER-2 está ativado nos CPCNP, mas não nos CPCP e o Bcl-2 tem sua expressão aumentada principalmente no CPCP. MARCADORES TUMORAIS: CK7, TTF1 METÁSTASES MAIS FREQUENTES: pleura, pulmão oposto, ossos, fígado e suprarrenal. METAPLASIA ESCAMOSA → mudança de epitélio com proliferação das células basais e aumento da quantidade de muco devido células mucosas ocuparem o lugar das ciliadas DISPLASIA → redução/perda da diferenciação das células ❖ SINAIS E SINTOMAS A maioria são assintomáticos até que esteja avançado, mas algumas pessoas podem apresentar: tosse persistente, escarro com sangue (hemoptise), dor no peito, rouquidão persistente, falta de ar (dispneia), perda de peso e apetite, pneumonia recorrente ou bronquite e astenia. SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS (manifestações extrapulmonares secundárias às substancias secretadas pelo tumor ou resultado de anticorpos) o Síndromes endócrinas→ Anorexia, secreção inapropriada de ADH, hipercalemia... o Síndrome de Pancost → tumor invade tórax e causa alteração na sensibilidade (dor) o Síndrome de Horner → quando tumor invadido no tórax (pancost) destrói corpo vertebral acometendo a cadeia simpática e causa conjunto de sintomas q incluem ptose palpebral (pálpebras caídas), miose (constrição da pupila), anidrose (diminuição do suor) e enoftalmia (afundamento do olho). o Síndrome de Eaton-Lambert → diminuição de acetilcolina e causa fraqueza, mialgias, rigidez muscular, sabores metálicos e impotência o Síndrome da veia cava superior → são sinais e sintomas decorrentes da estase venosa no segmento braquiocefálico devido à obstrução da veia cava superior. ❖ RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO RASTREAMENTO: não é recomendado e não existe programa nacional - Apenas direcionado ao público de risco (discutir com paciente benefícios/malefícios) DIAGNÓSTICO: radiografia (1º a pedir), tomografia, endoscopia - Suspeita → melhor exame é tomografia computadorizada helicoidal de baixa dosagem - Exame de escarro (Citopatologia) - Biópsia feita por broncoscopia ou agulha pela parede torácica. ESTADIAMENTO: - T1 (não atingiu brônquio principal; <3 cm) - T2 (envolve brônquio principal; atelectasia; >3cm e <7 cm; invade pleura), - T3 (envolve brônquio principal - atelectasia; >7 cm ou qualquer tamanho) - T4 (qualquer tamanho; invade mediastino, coração, grandes vasos, traqueia, esôfago, corpo vertebral ou nódulos tumorais) METAPLASIA ESCAMOSA DISPLASIA (baixo, médio e alto grau) CARCINOMA CÂNCER COLORRETAL ❖ EPIDEMIOLOGIA 3º mais frequente no mundo e 4ª no Brasil 2ª mais incidente em homens e mulheres no Brasil (INCA) Mortalidade: 3º homens e mulheres no Brasil (INCA) Houve um aumento nos casos devido ao estilo de vida, porém devido aos rastreios e retiradas dos pólipos precocemente diminuiu a mortalidade relacionada ao tumor Relacionado aos países mais industrializados devido ao estilo de vida ocidental (alimentação pobre em nutrição e abuso de alimentos industrializados e processados) Afeta pessoas mais velhas, diagnosticado geralmente com 50-60 anos Mais prevalente em homens Menos de 20% dos casos ocorrem antes dos 50 anos ❖ FATORES DE RISCO Alimentação – gordura, carne vermelha e processados (recomendado comer menos de 500 gramas por semana – compostos nitrosos) Etilismo – acima de 30 gramas por dia é convertido em acetoaldeído (carcinogênico) Sedentarismo (equilibra hormônios, reduz inflamação e regula trânsito do TGI) Obesidade e diabetes (resistência à insulina → ↑ IGF-1 → proliferação mucosa intestinal e inibição da apoptose) Tabagismo Baixa ingestão de fibras (fibras reduzem proliferação celular) Idade: >55 anos Sexo masculino e afrodescendentes Doença de Chron (pólipos inflamatórios) e colite Síndromes hereditárias → Polipose adenomatosa familiar (PAF) e síndrome de Lynch ❖ PATOGENIA Se inicia a partir de pólipos (lesões benignas que crescem na parede interna do intestino) Displasia na mucosa → adenoma → pode evoluir para adenocarcinoma (95% dos tumores do intestino grosso) ADENOMAS (pedunculados ou sésseis) - Tubulares → pólipos pequenos, pedunculados, compostos por glândulas arredondadas ou tubulares pequenas, PAF – mais comum - Vilosos → são maiores e sesseis, vilosidades delgadas, pior prognostico – menos comum. - Tubulovilosos → mistura de elementos tubulares e vilosos, prognostico intermediário - Sésseis serrilhados – lesões mais comuns no colón direito, tem potencial maligno semelhante ao de adenomas tradicionais. Apresentam uma arquitetura serrilhada. VIA APC/BETA-CATENINA: - Relacionado a 80% dos tumores de cólon - Distúrbios que levam ao aumento da sinalização de WNT → relacionado com PAF - PAF → pólipos por todo cólon – mínimo 100 para diagnostico - <1% do CA de cólon - Ocorre a mutação dosupressor de tumor APC (via de sinalização da WNT) - Em condições normais a APC se liga a b-catenina e a degrada - Com a perda da APC a beta-catenina se acumula e é levada ao núcleo onde ativa a transcrição de genes que modificam a MYC e a ciclina D1 (promovem a proliferação) - Acompanha mutações adicionais como hiperexpressão do KRAS (proliferação) e da COX2 (aumenta angiogênese); supressores de tumor como SMAD2/SMAD4 que são efetores da TGF-b (inibe ciclo celular) e o TP53 (ocorre em fase mais tardia – 70%) - Aumento da telomerase VIA DE INSTABILIDADE DE MICROSSATÉLITES (defeitos no reparo do DNA) - Alterações nos genes de reparo do DNA como: hMSH2, hMLH1, MSH6, hPMS1 e hPMS2 - Microssatélites → são pequenas sequências repetitivas de nucleotídeos (três a cinco pares de bases) altamente polimórficas no genoma e muito sujeitas a mutações. - TGF-beta → inibe a proliferação de células epiteliais (mutação → proliferação) - Perda do BAX → proteína apoptótica - KRAS e TP53 tipicamente não são mutados - Principal característica é a combinação de instabilidade microssatélite + mutação de BRAF (oncogene) + metilação de alvos específicos (MLH1 e 2) - Relacionado com a síndrome de Lynch (CA colorretal hereditário sem polipose) ❖ SINAIS E SINTOMAS Inicialmente é assintomático e possui progressão lenta (20/25 anos) Variam de acordo com local: o Cólon ascendente (bolo fecal ainda não está totalmente formado) causa diarreia ou constipação, hematozequia, anemia e tumor palpável no flanco direito o Cólon transverso/descendente causa diarreia mais frequente, constipação, hematozequia, flatos com distensão abdominal, obstrução e perfuração. o Sigmoide causa hematozequia, diminuição do calibre das fezes, tenesmo (vontade constante de evacuar). o Reto causa o afilamento das fezes por conta da parcial obstrução do canal gerando dificuldades de evacuação (urgência, tenesmo, puxo e incontinência). Sintomas gerais: sangue nas fezes; alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados); dor ou desconforto abdominal; fraqueza e anemia; perda de peso sem causa aparente; alteração na forma das fezes (fezes muito finas e compridas); massa (tumoração) abdominal e tenesmo – urgência para micção e defecação. A obstrução intestinal total causa a parada de eliminação de flatos e fezes e está associada a distensão abdominal (no raio x abdominal aparece o sinal do grão de café). Esses sinais e sintomas também estão presentes em problemas como hemorroidas, verminose, úlcera gástrica e outros, e devem ser investigados para seu diagnóstico ❖ RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO METÁSTASES: mais comum em fígado, pulmão e peritônio RASTREAMENTO: feitos para público alvo de acordo com ministério da saúde - Pacientes com histórico familiar ou síndrome hereditária entre 50 a 85 anos - Primeiro faz o sangue oculto nas fazes - Se positivo faz colonoscopia ou retossigmoidoscopia - Em <50 anos são os casos de pessoas com histórico familiar de síndrome de Lynch, PAF ou CA colorretal (recomendado colonoscopia de 2 em 2 anos após os 25 anos ou 10 anos antes do diagnóstico do familiar) DIAGNÓSTICO: biópsia INCIDÊNCIA E MORTALIDADE NO BRASIL INCIDÊNCIA INCIDÊNCIA MORTALIDADE MORTALIDADE 1ª Próstata Mama Pulmão Mama 2ª Colorretal Colorretal Próstata Pulmão 3ª Pulmão Colo de útero Colorretal Colorretal 4ª Estômago Pulmão Estômago Colo de útero INCA – 2020 Tabela não inclusa o câncer de pele não-melanoma TERMINALIDADE EUTANÁSIA: prática de abreviar a vida a fim de aliviar ou evitar sofrimento para paciente - 4 tipos: voluntária (paciente tem parte na decisão); involuntária (ação praticada sem o aval do paciente); ativa (paciente recebe dose letal de medicamentos); passiva (paciente deixa de receber tratamento necessário para viver) - Brasil é proibida e considerado crime de homicídio DISTANÁSIA (OBSTINAÇÃO TERAPÊUTICA): prolongamento artificial do processo de morte (opõe-se a eutanásia), resultando no sofrimento do paciente e não permitindo a morte natural. ORTOTANÁSIA: ‘’morte correta’’ sendo a abordagem apropriada de acordo com o CFM - não iniciar tratamentos ‘’desnecessários’’ que vão prolongar o sofrimento do paciente, mas oferecendo suporte para que ocorra o processo natural da morte O testamento vital junto com o mandato duradouro (nomeação de alguém para decidir pelo paciente caso ele esteja incapaz) são as Diretivas Antecipadas Da Vontade (DAV) no qual o paciente faz um documento com o médico e o advogado descrevendo as vontades do indivíduo em relação aos tratamentos que deseja ou não receber caso se encontre em fase terminal ou danos irreversíveis. - Aprovado em 2012 - Apenas maiores de 18 anos CUIDADOS PALIATIVOS: conjunto de práticas voltado para o período final da vida de pacientes fora de possibilidades de cura. - De acordo com a OMS os cuidados paliativos consistem na assistência ativa e integral a pacientes cuja doença não responde mais ao tratamento curativo. - A abordagem ao paciente e família é feita por uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos, fonoaudiólogos e farmacêuticos, em atividades diretamente ligadas às necessidades biopsicossociais. - Baseado nos princípios: (1) Alívio dos sintomas e da dor (2) Considerar a morte como um processo normal da vida (3) Não acelerar a morte (4) Abordar os aspectos psicológicos e espirituais do paciente (5) Oferecer um sistema de suporte que permita o paciente viver com qualidade (6) Auxiliar os familiares (7) Obter uma abordagem multidisciplinar para o paciente (8) Melhorar a qualidade de vida do paciente (9) Entender que os cuidados paliativos envolverem exames complementares, mediações e procedimentos que podem auxiliar o paciente a não sentir dor ou piorar o seu estado Pelo código de ética médico é vedado ao médico: ‘’Art. 31. Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte.’’ A melhor forma de orientar o paciente é sempre ser claro quanto ao tratamento, reações possíveis e prognóstico, de modo que se possa construir uma relação médico-paciente baseado em confiança e transparência.
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