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Resumo- (cap 1) A civilização feudal- Jèrome Baschet

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Produzido por Ana Gabriela Vasconcelos Cavalcante
 Licencianda em História pela UFRPE
Resumo da obra:
A civilização feudal, cap. 1,“Gênese da sociedade cristã: a Alta Idade Média”.
Autor: Jèrome Baschet
Instalação de Novos Povos e Fragmentação do Ocidente
Jèrome Baschet, inicialmente aponta para a necessidade de compreendermos quais
foram os processos de desorganização e reorganização territorial que caracterizaram a
Alta Idade Média. 
O autor tece uma explanação crítica acerca do termo ‘Invasões Bárbaras’. No que se
refere ao conceito ‘bárbaros’, ainda que em sua origem literal se refira apenas aos não-
gregos e não-romanos, contudo se construiu historicamente uma visão de inferioridade,
incultura e acivilidade sobre esses povos migrantes, implicando a noção de ‘barbarismo’,
‘barbárie. De modo que é quase impossível utilizar tal conceituação sem atribuir a ela
juízo de valor. Incutindo assim, segundo as palavras do autor, uma noção que faz de
“Roma o padrão de civilização e de seus adversários os agentes da decadência.”. Quanto
à ideia de ‘invasões’, Baschet enfatiza que a dinâmica de instalação e transposição das
fronteiras, comumente acontecia num processo pacifico e bastante gradual, apesar da
existência de contextos conflituoso e sangrentos, marcados por violências e incursões
de saque ao império, haja vista o saque de 410 liderado pelo líder bárbaro Alarico, na
cidade de Roma, no qual os cronistas certamente atribuíram maior ênfase. As migrações
aconteciam ou subjetivamente em grupos reduzidos ou em grupos maiores, como povos
federados.
Os povos migrantes não aderiram de início a estimada cultura urbana germânica, os
sistemas administrativos e jurídicos estatais, bem como a utilização da escrita, isto é
não se romanizaram de imediato. Entretanto, obtiveram vantagem no processo de
instalação pela habilidade artesanal e pelas técnicas que dominavam no trabalho com
metais, assim como pelo domínio da arte da guerra e pela coesão social e política em
torno dos chefes germânicos. Mesmo após a queda da instituição política do Império
Romano Ocidental, e da instalação efetiva dos povos germânicos, o início da Alta Idade
Média se manteve sendo marcado pela dinâmica de instabilidade de povoamento e
interpenetração de povos recém-chegados.
O desabamento da estrutura fiscal de Roma tornou as regiões geopoliticamente
desarticuladas entre si, acentuando um processo de regionalização, e embora os reinos
germânicos que se formavam empenhasse uma dedicação na criação de sistemas
legislativos, no entanto comumente a aplicabilidade era fracassada, em vista disso se
desenvolve o que o autor conceitua como ‘patrimonialização do poder’, que confunde a
vida pública com a vida privada dos soberanos Assim, desenvolve-se uma unificação das
elites- chefes godos e aristocracia romana, atenuando o processo de militarização e
fundamentando-se na posse de terras e controle de cidades.
A Conturbação das estruturas Antigas
Nesse fragmento Baschet se dedica a explicar como se desenrolou o declínio comercial e
urbano, fomentando o desenvolvimento da ruralização, característica fundamental na
dinâmica da Alta Idade Média. Assim como explora quais os fatores apontados pela
historiografia que culminaram com o desaparecimento da escravidão.
A instabilidade urbana com a crescente violência e o enfraquecimento do setor militar
do Império Romano Ocidental, fomentaram um aumento da insegurança nas cidades, o
que provocou uma migração massiva para as vilas rurais fortificadas, descentralizando o
ambiente urbano. Além disso, a desvalorização monetária e o declínio na circulação
econômica de produtos de subsistência, exceto para a elite e para a realeza, que
mantinham seus privilégios, se refletiram na decadência evidente do comércio urbano,
havendo uma crescente regionalização das atividades produtivas e econômicas, aliadas
ao fim da unidade política estatal no Ocidente e ao declínio demográfico nos centros.
Tais fatores foram característicos do fim da Antiguidade e da conjuntura da Alta Idade
Média. Contudo, o autor evidencia que, através de vestígios arqueológicos pode-se
perceber que lentas inovações técnicas, assim como uma gradativa expansão das áreas
cultivadas foram se desenvolvendo nesse contexto, o que aponta para um
desenvolvimento, ainda gradual.
Quanto ao processo escravagista, não há um consenso historiográfico sobre o seu fim ou
manutenção, bem como sobre as possíveis implicações. Uma vez tendo-se percebido
que, embora muitos historiadores apontem para o seu fim, contudo durante a Alta Idade
Média, houve uma manutenção evidente desse sistema. Contudo, o autor enfatiza que o
que houve foi um desaparecimento da escravidão produtiva e agrícola, mantendo-se,
entretanto, a escravidão domestica. Desse modo, Baschet explora as causas apontadas
pela historiografia.
No âmbito religioso, considerando o impacto causado pelo cristianismo nesse contexto
histórico, é explanado que as causas religiosas legitimavam a manutenção da escravidão,
porém modificando a percepção sobre os escravos na vida social, defendendo uma
amenização de sua exclusão na sociedade humana, já que lhes conferiam o direito ao
batismo e a participação na ritualística cristã, o que os aproximava dos cidadãos livre.
Além desse fator destacam-se as causas militares, pois com o fim das guerras romanas
de conquista secaram-se os abastecimentos de escravos, implicando num aumento
sucessivo dos preços. Contudo, as guerras nos reinos germânicos do século V,
reabasteceram o comércio escravagista, porém, diferente da dinâmica romana, os
escravos não mais eram estrangeiros, mas sim habitantes das circunvizinhanças, o que
proporcionava uma socialização mais facilitada e assim uma atenuação da exclusão.
Outro fator apontado pelos historiadores, como Marc Bloch, é o declínio econômico
decorrente da decadência do Império, haja vista os investimentos demandados para
aquisição e manutenção de escravos, que num contexto de fragilização econômica,
tornavam-se inviáveis. Existem pensadores que apontam a luta de classes dos escravos
pela libertação como fator crucial para o declínio do sistema escravagista, apontando
para o papel das transformações políticas na estruturação de uma sociedade. 
É muito interessante a consideração feita pelo Baschet quando afirma que: “Com efeito,
a manutenção de um sistema de exploração tão rude como a escravidão supõe a
existência de um aparelho de Estado forte, garantindo sua reprodução pelas leis que
lhes confere legitimidade ideológica e pela existência de uma força repressiva-
utilizada ou não, mas sempre ameaçadora-, indispensável para garantir a obediência
dos dominados.” (p.58)
Por fim, ele pontua que a cronologia de extinção da escravidão também é questão que
gera divergências na produção histórica, as corrente marxistas que evocam o
materialismo apontando que o fim da escravidão se deu como consequência da Queda
do Império Ocidental. Toda via, muitas fontes atestam que na Alta Idade Media
mantinham-se de forma maciça a escravidão em padrões semelhantes aos da
Antiguidade, no qual os escravos eram ainda duramente excluídos da sociedade,
estando sujeitos a torturas e formas de maus tratos.
Retomando as distinções no exercício das atividades entre os escravos domésticos e
aqueles que trabalham na agricultura, Baschet considera que apesar de perceber a
existência ainda no ano mil de escravos no setor rural, contudo eles deixaram de
sustentar massivamente a produção agrícola. Desse modo é válido considerar,
mediante as explanações do autor, que a extinção completa do sistema escravagista
caracteriza-se como um fenômeno complexo. Pois, embora o aparelho tradicional vá se
descaracterizando, no entanto permanecem traços de sua dinâmica, ainda que na
mentalidade social, esse ponto evocado pelo Baschet é muito interessante, pois permite
que compreendamos como os processos históricos se desenrolam paulatinamente e
não com rupturas abruptas.
Conversão ao Cristianismo e Enraizamento da Igreja
O autor busca explorar os processos que culminaramna conversão dos reis
germânicos, bem como no processo de elevação do poder do bispado, explorando de
que maneira houve um florescimento do movimento monástico. Sendo o Império
Tardio cristão, a Igreja, enquanto instituição sociopolítica, em todo o seu processo de
expansão e desenvolvimento, passou a adquirir relevância no Império Ocidental,
tornando-se atrelada ao Estado, ao ponto de haver uma sacralização da imagem do
imperador, quase como a de cristo. E assim, mesmo quando a instituição estatal cai, o
poderio da igreja se mantém.
Em vista disso, o Império deixa de ser um inimigo da cristandade. Contudo, esse lugar
passa a ser ocupado pelos povos germânicos. Embora alguns destes já fossem
convertidos ao cristianismo, contudo o eram na corrente ariana, divergente da adota
oficialmente no Concílio de Nicéia, por Constantino, a ortodoxia católica. Ademais,
muitos desses povos eram adeptos do paganismo. Assim sendo, o processo de
cristianização dos reinos germânicos se configura de forma lenta, no qual as
populações vão paulatinamente se convertendo e aderindo ao novo credo.
Nesse sentido, Baschet evoca em sua explanação o simbolismo do surgimento da
Instituição Eclesiástica, que exerce significativa importância nessa conjuntura. Com o
prevalecimento do poderio da Igreja no Ocidente, os bispos passam a reunir em si a
autoridade religiosa e política, sendo representante supremo do poder, processo do
qual o autor nomeia como ‘aristocratização da igreja’. Tais sujeitos evocam em suas
práticas o que subsistem das estruturas romanas urbanas, o que evidencia que apesar
da queda da Instituição Estatal do Império do Ocidente, as estruturas sociopolíticas
romanas não desapareceram completamente dessa territorialidade.
É bastante interessante a abordagem feita pelo autor acerca do surgimento do culto aos
santos e da significância que passou a adquirir. Haja vista o simbolismo de patronos da
cidade conferidos aos bispos é concebido a partir dessa noção a figura dos santos
padroeiros. Tal ritualística se caracteriza como um processo fundamental na organização
social da Antiguidade Tardia e da Alta Idade Média, e às relíquias dos santos era atribuído
um caráter simbólico importantíssimo, figurando verdadeiras preciosidades. Além disso,
quando o autor pontua que foi a partir do bispo de Roma que mais tardiamente se revelou
o título e o simbolismo de ‘papa’, mesmo que nesse contexto ainda não houve
hierarquização das Igrejas, que se organizavam em dioceses autônomas, entretanto
explanar tal fator foi muito importante, pois permite que compreendamos os caminhos
que interligam o tempo presente com o passado histórico.
Nesse contexto, surgem os monastérios que exerciam uma função muito importante
nessa nova dinâmica social, configurando-se como uma escola espiritual mais rude
fomentando a formação ideológica de uma sociedade que, nas palavras de Baschet, “se
quer inteiramente cristã, mas se admite necessariamente imperfeita”. Surgem nessas
instituições monásticas, ademais, centros culturais com o intuito de difundir a retórica e
a gramática latina, bem como a literatura cristã.
Como meio de reafirmação do poderio da cristandade, intensificam-se a perseguição e a
luta contra o paganismo, tecidas numa narrativa de demonização dessas ritualísticas,
que, enquanto religiões politeístas, é tida como ‘resquício rural e desprezada pelos
citadinos’. A esse respeito o Jèrome Baschet insita uma reflexão deveras instigante,
quando afirma que: “a visão cristã do mundo impõe dessacralizar totalmente a Natureza,
submetendo-a inteiramente ao homem (68)”. Haja vista, a utilização desse discurso
cristão como subterfúgio, também, para legitimar a marginalização das religiões pagãs,
uma vez que a sacralização da natureza era uma forte característica dessas ritualísticas.
Entretanto, apesar da disseminação de tal visão acerca do paganismo, contudo o
cristianismo se constitui ressignificando e substituindo elementos outrora utilizados
pelas religiões anteriores, conferindo-lhes uma nova perspectiva de sacralidade.
 Renascimento Carolíngio (Séculos VIII e IX)
Nesse fragmento Jèrome Baschet se dedica a contrapor a visão obscurantista consolidada
a cerca da Idade Média, evocando a ideia de processos de renascimento no ‘século mais
obscuro da idade das trevas.’ Assim, é tecida uma narrativa acerca da concepção e do
desenvolvimento do Império Carolíngio, estabelecido a partir de uma aliança entre a
Igreja e o poderoso Império Franco, através da ascensão militar de uma família
aristocrática franca e com a sacralização pela Igreja de uma figura relevante neste
contexto- Pepino, o Bravo.
Assim, segundo o autor, o poder de outro imperador legitimado por Roma, faz com que
‘Constantinopla deixe de encarnar a universalidade ideal da ordem Cristã’. e isso se dá
pelo estado já enfraquecido da respectiva capital, acometida por uma crise e pelas
pressões dos mulçumanos. Nesse contexto, emerge o sistema do papado, que passa a
exercer importantes funções no Ocidente, através da aliança estabelecida com o
imperador carolíngio tecendo uma teia de trocas equilibradas, tanto de apoio quanto de
serviços, que acaba por assegurar o desenvolvimento conjunto de um de outro.
O autor busca explorar, nesse sentido, as inovações e desenvolvimentos culturais
propostos pelo novo sistema imperial, que implicam em reflexos nos demais âmbitos que
compunham a sociedade. Há a fixação e a cunhagem da libra da prata, posteriormente por
Carlo Magno, que será à base da organização monetária durante todo o Medievo. Além
disso, na perspectiva cultural e intelectual, no período Carolíngio se desenvolvem grandes
avanços nas técnicas intelectuais, os escribas passam a separar as palavras e as frases,
questão aparentemente simples, mas que causa profundas implicações no sistema
linguístico escrito. Nota-se, também, um aumento considerável na produção de livros,
embora a maioria se debruçasse aos aspectos da cristandade, alguns deles pertenciam à
literatura latina antiga.
A gramática e retórica, passam a se configurar, na concepção de Baschet, como disciplinas
mestras do saber carolíngio. Surge também a dualidade linguística, embora houvesse a
decisão de que os textos e sermões fossem transmitidos no latim, à realidade linguística da
população era diferente, e isso instaura o bilinguismo que caracterizaria não apenas o
Medievo Idade Média, como também no tempo presente permanece figurando um aspecto
marcante na liturgia Católica Apostólica Romana.
Além do desenvolvimento cultural, o Império Carolíngio propõe um renascimento artístico
e urbanístico, fundando catedrais mais ornamentadas e grandiosas, do ponto de vista
arquitetônico, além de outras edificações. A proposta do autor evoca tais aspectos como
contraponto mostrasse bastante instigante, pois fundamenta os argumentos tecidos na
introdução da obra que propõem uma desconstrução e problematização da imagem
consolidada no imaginário social acerca do medievo, como símbolo de absoluto declínio e
involução. Uma concepção extremamente obscura e caricaturada, que graças ao diálogo
estabelecido com o Baschet, nos é possível repensar. 
O Mediterrâneo das três civilizações
Neste fragmento, Jèrome Baschet busca explorar a contextualização geopolítica e temporal
no qual se desenrola o desenvolvimento e consolidação da cristandade Ocidental. É
interessante quando, inicialmente o autor pontua que para Constantinopla, não existia
nenhum Império Romano do Oriente, nem tampouco enxergavam a si como Império
Bizantino- nomenclatura dada pelos turcos-, compreendendo-se apenas como Império
Romano, cuja capital foi para lá transferida. Tal ponto é crucial para repensarmos quais
narrativas mais prevalecem acerca da queda ou não de Roma, situando a forma como os
ditos romanos enxergavam a si mesmos, para além de uma conceituação externa e
distante, temporalmente.
Assim, é explanado o contexto de emergência e consolidação do poderio das três
civilizações- bizantina, islâmica e carolíngia-, explorando a maneira como interagiam, com
contextos horaconflituosos e sangrentos, outrora de interação mais branda com
compartilhamento e apropriação de conhecimentos, técnicas, relações comerciais e
sociopolíticas. Mediante tal explanação, é evocado pelo autor o cenário no qual há a
emergência e as conquistas islâmicas, com uma consolidação de sua potência, entretanto,
tendo figurando-se em tal cenário, também os movimentos encabeçados pela cristandade
ocidental de reconquistas e as cruzadas, que, na concepção da historiografia árabe, sendo
um movimento injustificável, se configura como as primeiras manifestações do
imperialismo ocidental.
Referência Bibliográfica principal: 
BASCHET, J`èrome. A civilização feudal, Op. cit., cap. 1 (“Gênese da sociedade cristã: a Alta
Idade Média”), pp. 49-97.

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