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Transtornos de Personalidade

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→ Diferenciar personalidade, temperamento e caráter. 
→ Analisar os transtornos de personalidade e diferenciá-los. 
→ Analisar a classificação e as características clínicas dos transtornos. 
→ Identificar os mecanismos de defesa do ego nos transtornos de personalidade. 
→ Analisar as opções terapêuticas. 
 
 
 
▪ A personalidade e suas alterações. In: Paulo Dalgalarrondo. Psicopatologia e 
semiologia dos transtornos mentais. 3º edição. Cap. 22, pág. 257 - 267. 
▪ Site Mind - Inglaterra. Material: Personality disorders. 
▪ Conversando sobre Personalidade. Selma Boer e Maria Alice Fontes. 
PERSONALIDADE E SUAS ALTERAÇÕES 
 Um casal bem sucedido é conhecido entre seus amigos e familiares por sua ‘personalidade forte’. O marido 
é advogado, 29 anos, e apresenta, desde a adolescência, um temperamento e caráter peculiares. Desde que iniciou 
a vida profissional, tem acumulado cargo e aceitado cada vez mais processos. Mesmo ganhando muito bem, opta 
por viver de forma bastante modesta, acumula roupas velhas que não usa, nunca tira férias ou realiza atividades 
de lazer. Devido sua rígida moralidade, pontualidade e perfeccionismo, tem crescido profissionalmente de forma 
rápida, mas no ambiente de trabalho, acumula conflitos: reluta em delegar funções, com a argumentação de que 
‘se quer que uma coisa seja bem feita, faça você mesmo’; demonstra grande dificuldade em participar de equipes 
devido à teimosia e rigidez; e, por vezes, demora muito para concluir uma tarefa, pois considera que nunca está 
bom o suficiente. Exibe floridos mecanismos de defesa do ego, negando peremptoriamente que tenha algum 
problema, demonstrando um insight muito pobre. 
 A esposa é bem diferente, tem 30 anos, é arquiteta e sempre foi muito extrovertida. Gosta que as atenções 
fiquem voltadas para ela. Anda invariavelmente muito arrumada, sempre de salto alto e maquiada. Sente-se íntima 
das pessoas logo que as conhece. Suas falas são exageradas e pobres em detalhes, chamando atenção para si com 
seus discursos impressionistas e, apesar de seu comportamento extremamente sedutor, é, na verdade, frígida. 
 Identificar os transtornos de personalidade em quadros exuberantes como estes não é tão problemático 
como fazê-los nos demais transtornos desta esfera, sobretudo nas condições limítrofes. 
 A personalidade é a união do temperamento (base biológica) com caráter (base 
ambiental). Assim, é o conjunto de traços psíquicos formados pelas características 
individuais, fatores físicos, biológicos e culturais, que pode ser modificado 
conforme as experiências. 
 O temperamento é resultado da herança genética, mas é difícil determinar, visto 
que sofre influência do meio. O caráter é como a pessoa reage as situações, ou 
seja, é consequência da experiência vivida que influencia na maneira de ser, 
modulando o temperamento. 
 Pode ocorrer a sobrecompensação psíquica, que seria a oposição entre o caráter e 
o temperamento, por exemplo, pessoa com caráter exibicionista e teatral com um 
temperamento tímido e fóbico. 
 Os transtornos de personalidade são divididos em 03 grupos ou clusters: A 
(personalidade excêntrica ou esquisita), B (personalidade dramática, emotiva e 
errática) e C (personalidade medrosa ou ansiosa). 
 O paciente pode ter mais de um tipo de personalidade, sem fechar os critérios de 
diagnósticos (transtorno de personalidade mista ou transtorno de personalidade 
não especificado de outra forma). 
 O diagnóstico é clínico, devendo levar em consideração alguns aspectos: padrão 
estável e de longa duração (adolescência ou início da vida adulta), não é explicado 
por outro transtorno mental, não é decorrente de efeitos diretos de uma substância, 
provoca sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, 
ocupacional ou em outras áreas importantes da vida. 
 Grupo A: paranoide, esquizoide e esquizotípica. 
 Paranoide: suspeita e desconfiança em relação às outras pessoas, sem 
evidências que sustentem esse comportamento. 
 Esquizoide: não tem muito interesse em desenvolver relações com outras 
pessoas, além de não haver muita expressão emocional. Preferem ficar 
sozinhos (muito tempo no quarto) e desenvolver atividades solitárias (usam 
muito as redes sociais e horas a fio em jogos eletrônicos). 
 Esquizotípica: excentricidade, que pode se manifestar na forma de 
pensamento mágico (superstições, fenômenos paranormais, crenças 
fantasiosas). Podem também apresentar alterações na percepção. 
 Grupo B: antissocial (psicopatia e sociopatia não são mais usados), borderline, 
histriônica e narcisista. 
 Antissocial: desrespeito, indiferença e falta de empatia, bem como 
falsidade e manipulação. Normalmente, não tem arrependimentos, pode ser 
arrogante e autoconfiante, mas ao mesmo tempo charmoso e sedutor. O 
diagnóstico só é possível em pessoas > 18 anos. 
 Borderline: instabilidade nas relações (humor instável e irritável) e na 
autoimagem, além de impulsividade (automutilação) e sensibilidade ao 
estresse. 
 
 OBS.: deve diferenciar do transtorno afetivo bipolar (TAB), no qual este é marcado por dois polos bem 
demarcados (euforia e depressão) em um período maior. Enquanto, o borderline é um humor variável em 
curto espaço de tempo, sendo que, na maioria dos casos, o gatilho é acontecimentos de relações interpessoais, 
já no TAB pode ser qualquer coisa. 
 Histriônica: busca por atenção com tendência ao drama e à emoção, tendo 
atitudes sedutoras e manipuladoras. 
 Narcisista: necessidade de admiração e reconhecimento, sentimento de 
superioridade e pouca empatia, sendo sensível a críticas e derrotas. 
 Grupo C: evitativa, dependente e obsessivo-compulsivo. 
 Evitativa ou Esquivo: medo de não ser aceito, inibição social (postura 
tímida e quieta), com problemas de baixa autoestima e socialização. 
 Dependente: medo da solidão, acredita que necessita ser cuidado, 
dificuldade em tomar decisões sozinhos, evita discordar das pessoas. 
 Obsessivo-compulsivo: perfeccionismo, controle e baixa flexibilidade, 
autocobrança, atitudes críticas com os outros, tendo dificuldade em delegar 
tarefas, sendo marcado pela rigidez e teimosia. 
 O tratamento envolve a realização de terapia a fim de desenvolver maneiras de 
controle da emoção e capacidade de lidar com dificuldades. Além de prática 
regular de atividades físicas, evitar o uso de substâncias estimulantes, escrever um 
registro para exteriorização e expressão das emoções, yoga e/ou meditação. 
 Em casos muito específicos pode iniciar terapêutica com antidepressivos e 
estabilizadores do humor, como Lítio, Risperidona e Quetiapina.

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