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JAPÃO ANTIGO Módulo 45 As influências da cultura japonesa ganham cada vez mais espaço em nosso cotidiano. Atualmente, muitos brasileiros leem mangás, assistem a animes, acessam tecnologias e jogos nipônicos, ouvem sobre os guerreiros samurais, saboreiam a culinária oriental, cultivam bonsais etc. Contudo, traços da história japonesa ainda permanecem desconhecidos para muitos brasileiros. Por isso, vamos agora compreender um pouco mais sobre a cultura, a economia, a religião, as tradições e os conflitos que moldaram a história desse importante país. 205 O arquipélago japonês conheceu a presença de grupos humanos entre 10 000 e 4000 a.C., quando passou a ser ocupado por tunguses (ancestrais dos japoneses propriamente ditos), ainos, indochineses, indonésios, hans e outros povos. As principais atividades produtivas dos antigos japoneses eram a caça, a pesca e a coleta de alimentos, além da produção de cerâmica em peças de barro, conhecida como Jomon. PERIODO JOMON (10.000 A.C. A 300 A.C. Mulher da etnia aino Nakoruru. Personagem de videogame da etnia aino Vaso de barro do Período Jomon. Também foram construídas pequenas estatuetas de barro chamadas Dogu, que representavam figuras femininas. Os povos do Período Jomon sedentarizaram- se por volta de 5000 a.C. Os fluxos migratórios mais numerosos para o arquipélago começaram em aproximadamente 1800 a.C. e duraram até 800 a.C. Estatueta Dogu Huitzil / Phobos. Personagem de videogame. Por volta do século II d.C., os japoneses introduziram técnicas para melhorar a agricultura do arroz, aprimoraram a metalurgia em ferro e bronze, para a fabricação de espadas e escudos, além de espelhos e sinos utilizados em rituais religiosos, e difundiram um novo tipo de cerâmica, conhecida como yayoi. Esse período foi muito importante para a história japonesa, pois os contatos com culturas estrangeiras do leste asiático tornaram-se mais intensos, especialmente com as populações que habitavam as regiões da Coreia e da China. PERÍODO YAYOI (300 A.C. A 250 D.C.) Cerâmica Yayoi As inovações geraram aumento populacional. Os povoados tornaram-se, assim, mais complexos e as construções passaram a ser edificadas com materiais mais resistentes, como pedra e madeira. Nesse período, também surgiram os primeiros escravos, capturados após as lutas entre povoamentos rivais. O Parque Histórico de Yoshinogari, no distrito de Kanzaki, na província de Saga, no Japão, reconstruiu as aldeias do Período Yayoi, com moradias, torres de vigia, santuários e muralhas. O Período Kofun, iniciado em 250, recebeu esse nome por causa dos grandes túmulos utilizados para sepultar os nobres japoneses, localizados por arqueólogos em regiões como Osaka e Nara. Conhecidos como kofuns, esses imensos túmulos abrigavam muitas armas e riquezas, demonstrando o poder da elite japonesa nessa época. O conteúdo de muitos kofuns ainda é desconhecido para a comunidade científica, pois uma lei assinada pela Agência da Casa Imperial japonesa impede as escavações arqueológicas nesses locais, considerados sagrados. Atualmente, os kofuns são considerados Patrimônio da Humanidade. PERÍODOS KOFUN E ASUKA: INÍCIO DO GOVERNO YAMATO (250 A 710) Vista de kofuns, túmulos antigos em forma de ferradura construídos durante o Período Kofun. O túmulo do canto superior direito é o Daisen Kofun, que pertence ao antigo Imperador Nintoku Tenno (313 e 399). No Período Kofun, surgiu a dinastia de Yamato, cujos membros conseguiram unificar o Japão como uma nação mais centralizada e adotaram como centro de poder a região de Nara. O primeiro imperador da dinastia foi Jimmu, embora haja controvérsias sobre a época de sua coroação. O Império japonês foi, então, dividido em regiões controladas por poderosos clãs, que desempenhavam funções específicas e hereditárias na Corte. Em suas terras, trabalhavam camponeses e escravos no cultivo de arroz, trigo, soja e azuki (espécie de feijão). Na antiguidade japonesa, havia uma relação muito forte entre o governo e a religião xintoísta. Tanto que muitas doações religiosas eram oferecidas diretamente à Coroa, como contribuição ao poder imperial. A religião xintoísta foi posteriormente utilizada como recurso para justificar o domínio do clã imperial Yamato. Com o fim do Período Kofun, iniciou-se o Período Asuka, no qual o budismo chegou ao Japão, causando grandes mudanças sociais. Com o estabelecimento de laços com os povos que habitavam a Península da Coreia, os japoneses trouxeram de lá produtos e ideias coreanas e chinesas, como os kanji (ideogramas chineses), o confucionismo e o budismo, por volta de 522. O governo imperial, então, apoiou a construção e os cultos budistas em seus domínios a partir de 587. Ainda nesse período, influenciados pelos chineses, os japoneses aprimoraram as técnicas para fiar roupas em seda. Com a introdução de técnicas, produtos e ideias do continente asiático, o Japão desenvolveu-se rapidamente. Durante o reinado da imperatriz Suiko, surgiu a figura do príncipe herdeiro Shotoku Taishi que, durante seu governo, promoveu reformas políticas, administrativas e religiosas no território japonês, como, por exemplo, estabelecer uma rigorosa hierarquia de funcionários públicos. Também foi um grande defensor do budismo, promovendo a sua popularização no Japão. Por volta de 645, novas reformas foram instituídas no Japão, sob a iniciativa do nobre Kamatari Nakatomi, com o apoio do príncipe herdeiro Nakano-Oye; eles decidiram afastar da corte imperial as influências de outros clãs, implantando um regime mais centralizado e inspirado pelos avanços chineses. A dupla conspirou para eliminar os clãs rivais, dando início à Reforma de Taika. Anos mais tarde, Nakano-Oye subiu ao trono, adotando o nome de imperador Tenji (38o da dinastia Yamato), reinando de 661 até 672. Como consequência, houve a distribuição de terras e a transformação das pessoas em súditas diretas do imperador, tornando os japoneses cidadãos, não mais subordinadas ao poder dos clãs. A partir de então, as produções em talha, pedra, cerâmica, metalurgia e marcenaria desenvolveram-se, e as ocupações de ilhas menores do arquipélago japonês foram intensificadas, expandindo a produção de arroz, o comércio, a caça e a pesca. CONTINUA NO PRÓXIMO EPISÓDIO...