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ELOISA DE ALMEIDA, TXX PROPEDÊUTICA DOR, FEBRE, EDEMA, CEFALEIA, ICTERÍCIA E ANEMIA DOR • Definição: dor é uma desagradável experiencia sensorial e emocional associada a uma lesão tecidual já existente ou potencial, ou relação como se uma lesão existisse. • Dor aguda: mecanismo de defesa → evitar lesões permanentes. • Dor crônicas: incapacitante, determina sofrimento. FISIOPATOLOGIA DA DOR DOR NOCICEPTIVA • Estímulos nóxicos (= aquele capaz de gerar lesões); • Inicia com o fator causal e termina, geralmente, com cessação deste; • Distribuição obedece às fibras nociceptivas estimuladas; • Sem déficit sensorial associado. DOR NEUROPÁTICA • Destruição neuronal de várias naturezas; • Gerado no SNC/SNP, podendo ocorrer sem estímulo identificado; • Pode ser constante (geralmente em “formigamento” ou “queimação”) ou intermitente; • Geralmente começa dentro de algum tempo após o estímulo causal; • A remoção da causa tem pouco/nenhum impacto no controle da dor. DOR PSICOGÊNICA • Sem substrato orgânico relacionado; • Errática topograficamente, sem caráter racional para justificar; • Intensidade dramática, exagerada; • Múltiplos exames, vários médicos, nenhum diagnostico; • Depressão, ansiedade, hipocondria e histeria. TIPOS DE DOR DOR SOMÁTICA SUPERFICIAL • Dor nociceptiva de origem superficial; • Variável em intensidade e localização. DOR SOMÁTICA PROFUNDA • Dor nociceptiva de estimulação profunda (músculos, tendões, ligamentos...). DOR VISCERAL • Dor nociceptiva visceral; • Agravada pelo estímulo do local. DOR IRRADIADA • A distância de suas origens; • Estímulo nóxico na inervação de origem. SEMIOLOGIA DA DOR – DECÁLAGO/OCTÁLAGO LOCALIZAÇÃO • Determinada pelo médico → evite diagnósticos prontos (“tenho dor de estomago”). • “Por favor, me mostre onde dói”. • Múltiplos sítios de dor: • Irradiação; • Nova dor ‘primária’; • Doença multi-álgica (ex: artrite reumatoide, lúpus). • Analisar padrão de dor → fundo psicossomático. IRRADIAÇÃO • Para onde vai a dor? • Importante!! A dor tenderá a disseminar-se para regiões previamente afligidas por processos; patológicos precedentes: • IAM + fratura MSE no passado = dor no MSE; • IAM + úlcera gástrica no passado = dor epigástrica. • Dor referida: é a dor que acontece a distância do local doente, sem conexão neuronal rígida: • Apendicite: epigástrica; • Obstrução biliar: escápula e dorso; • Ureter: virilha e genitália externa; • Coração: ombro, mandíbula inferior e braço esquerdo. TIPO • A sua dor se parece com o quê? Rasgada? Queimação? Opressão? Peso? • Dor provocada: a dor é provocada? O que provoca? O estímulo sempre foi o mesmo? A dor ocorre em estímulos menos intensos? • Dor espontânea: constante ou intermitente. ELOISA DE ALMEIDA, TXX • Dor fantasma. • Síndrome complexa da dor regional: condição dolorosa regional associada às alterações sensoriais decorrentes de um evento nóxico (trauma). INTENSIDADE • Fenômeno totalmente subjetivo. • Comparações com dores experimentadas previamente. • Escala de dor: 0 a 10. FATORES DE PIORA • O que causa ou piora a sua dor? • Analisar o fator quantitativamente e qualitativamente. • O estímulo causal determina a dor em quantidade menos intensa do outrora? • Use tempo para determinar este fator, é muito importante. FATORES DE MELHORA • O que alivia a sua dor? • Analisar o fator quantitativamente e qualitativamente. • Dores maiores de remédios? • Assume posição analgésica? Qual? • Alívio total ou parcial? • Use tempo para determinar este fator, é muito importante. DURAÇÃO • Segundos? Minutos? Horas? • Preenche critérios para vários tipos de diagnósticos clínicos. • Como a sua dor se comporta ao longo do dia? É clínica ou contínua? • Evite conclusões precipitadas. FATORES ASSOCIADOS • Déficit funcional? • Outros sintomas diretamente relacionados: febre? Alterações da pele adjacentes? • Alterações de sinais vitais? • Mudou a rotina? FEBRE • Febre não é doença. • Causas básicas: • Medicamentosa; • Infecciosa; • Neoplásica; • Autoimune; • Reumatológica. • Temperatura corporal normal → axilar: 36,6 – 37,2 • Mais baixa pelo início da manhã; • Mais alta pelas 16-20h; • Variações de até 1,5 graus. • Ciclo menstrual (= ovulação), exercício físico e compleição muscular, envelhecimento, gravidez etc. • Regulador → hipotálamo (= termostato). • Estímulos externos → manter ou liberar calor. • Vasoconstrição/vasodilatação. • Ambientes frios: • Vasoconstrição; • Aumento da secreção de tiroxina; • Calafrios (contrações musculares). • Ambientes quentes: • Vasodilatação; • Inibição da secreção de tiroxina; • Sudorese: perda de calor ao meio. • Febre é diferente de hipertermia! • Febre: alteração na regulação do hipotálamo; • Hipertermia: termostato hipotalâmico inalterado. • Estimula a migração de neutrófilos, fatores imunes de resposta humoral. • Prostaglandinas E-2 → regula termostato para cima • AINE´s = reduzem formação de PGE-2. • Cada grau acima de 37 → mais 15bpm • Febre factícia; • Pneumonia por microplasma. • Febre de Jarisch- Herxheimer: após tratamento da sífilis. ANAMNESE DIRIGIDA • Viagens: locais, períodos, surtos do local. • Contato com portador de DIP. • Atividade e hábitos sexuais: preservativos? • Contato com animais. • Presença de insetos, especialmente mosquitos. • Ingesta de alimentos crus, mal cozidos ou “naturais”. • Uso de drogas e álcool. • Exposição ocupacional e profissional. • Medicamentos que faz uso. EXAME FÍSICO DIRIGIDO • Linfonodos. • Dentes. • Seios da face. • Ouvidos. • Artérias temporais (principalmente me idosos). • Tireoide. • Sopros cardíacos. • Atrito pericárdio. • Silêncio no tórax. • Nódulos mamários. • Hepato/esplenomegalia. • Sopros abdominais. ELOISA DE ALMEIDA, TXX • Massas testiculares. • Ferimentos na pele. • Dores ósseas. • Aumento de articulações. EDEMA • É a expansão do volume intersticial. • Exclui acumulo de líquidos no espaço intracelular (= degeneração hidrópica). • Diagnóstico de edema: • Intumescimento local; • Perda da forma, com tendencia ao arredondamento; • Perda das pregas cutâneas; • Digitopressão → sinal de cacifo; • Acúmulo de líquidos no interior de órgãos e cavidades, determinando déficit. CLASSIFICAÇÃO EDEMA DA CIRCULAÇÃO SISTÊMICA • Generalizado: • Cardíaco/pericárdio; • Renal; • Hepático; • Nutricional; • Gastrointestinal (enteropatias perdedoras de proteínas); • Gestacional; • Idiopático. • Localização: estase venosa, linfática, inflamatória, cerebral ou angioderma. EDEMA DA CIRCULAÇÃO PULMONAR • Cardiogênico. • Não-cardiogênico (ex: SARA). CEFALEIA • A cefaleia é um convite ao diagnostico errado. • Existem mais de 300 tipos de cefaleias identificadas. • O que dói na cabeça? • Face e cavidade oral: nervo trigêmeo (oftálmico, maxilar, mandibular); • Região posterior (nuca): raízes de C1, C2 e C3; • Faringe: nervo glossofaríngeo; • Intracraniana: o Acima da tenda do cerebelo: nervo trigêmeo; o Abaixo da tenda do cerebelo: nervos glossofaríngeo, vago e trigêmeo. AVALIAÇÃO ANAMNESE • Idade, sexo, profissão. • L – que LOCAL da cabeça dói? • I – a dor se IRRADIA? • T – qual o TIPO da dor? Com o que se parece? • I – qual a INTENSIDADE da dor? Foi sempre assim? Vem piorando? • P/A – houve fator de PIORA? E o que ALIVIA a dor? Quando a crise da dor acontece, o que você faz? Qual ATITUDE toma? • D – há quanto TEMPO refere a dor? Qual a DURAÇÃO da crise da dor? A dor se REPETE sempre no mesmo local? • A – quais sintomas ACOMPANHAM a crise da dor? HÁBITOS DA VIDA • Cefaleia do restaurante chines (alergia a shoyu). • Cefaleia relacionada a tosse, álcool, drogas. • Localização: holocraniana, hemicraniana, frontal; • Intensidade:forte/moderada/ “a pior dor de toda a minha vida” • Acompanhada de: sintomas nasais, oculares, perda de força. • Alívio: fatores de dormir, quarto escuro, analgésicos. • História pessoal: menstruação, depressão. ASPECTOS GERAIS • Visão: óculos, troca recente ou antiga de lentes, fase do dia da cefaleia. • Otorrino: dor ns seios da face, alergias, esirros em salva, prurido. • HAS: geralmente PAD > 110 mmHg INSPECIONE • Alterações na coluna arterial. • Fundo dos olhos. • Prega no dorso do nariz. PALPE • Artérias temporais: endurecidas e dolorosas. • Articulação temporo-mandibular: pesquise os “clics”. • Seios da face. AUSCULTE • Fístula, más formações arteriovenosas. CUIDADO!!!!!!!!!!! • Dor acompanhada de sinal focal motor. • Dor que vai mudando progressivamente algum aspecto. • Dor persistente que se inicia após os 40 anos. • Câncer, gravidez, HAS, HIV, infecção, vômito, TCE. ELOISA DE ALMEIDA, TXX FAZER NEURO-IMAGEM MODELOS CLÍNICOS MAIS FREQUENTES ENXAQUECA/MIGRÂNEA • Dor do tipo pulsátil, de forte intensidade • Duração de 4 – 72hr • Geralmente hemicraniana • Piora com movimentos, foto/osmo/fonofobia. • Alívio com repouso em ambiente calado e escuro. • Analgésicos comuns não costumam melhorar. • Pode vir acompanhada de náusea e vomito. • Importante: raramente inicia após os 40 anos. CEFALEIA TENSIONAL • Dor do tipo pressão, de fraca a moderada intensidade. • Dura semanas. • Geralmente é holocraniana (advir região occipital). • Piora ao fim do dia, mas pode ocorrer do paciente já acordar com a dor. • Mantém atividades diárias. • Analgésicos comuns são eficazes. • Pesquise hábitos profissionais, como possíveis causas. CEFALEIA EM CLUSTER • Dores cíclicas de duração curta (40 min) ocorrendo em fases do ano. • Intensidade forte e unilateral. • Acompanhada de lacrimejamento, congestão nasal e rinorreia, sempre ipsilateral. • Paciente geralmente inquieto, com andar agoniado pela dor. • Melhora com inalação de oxigênio. • Predominante em homens. ICTERÍCIA • Formação da hemoglobina: • Hb = heme + globina • Heme = Fe + protoporfirina IX • Protoporfirina IX → Bilirrubina. CLASSIFICAÇÃO DAS ICTERÍCIAS • Indiretas (não conjugadas) • Hemolíticas; • Genéticas; • Medicamentos; • Anemias hemolíticas, síndrome de Gilbert, síndrome de Criggler-Najar tipo I e II • Diretas (conjugadas) • Hepatocelular; • Colestase; • Genéticas; • Obstrução extra-hepática: o Cálculo na vesícula biliar; o Pancreatite biliar; o Tumores; o Obstrução linfonodal. • Obstrução intra-hepática: o Tumores; o Colangites; o Cirrose. • Intra-hepática não obstrutiva (metabólico): o Septicemias (gram -); o Medicamentos hepatotóxicos; o Gravidez; o Hepatites virais e alcoólicas; o Insuficiência cardíaca congestiva. COLESTASE • Ictericia com predominio de BD. • Acolia, colúria • Prurido: sais biliares. • Má absorção das vitaminas A, D, E e K. • Xantomas, xantelasmas. • Vesícula palpável • ALERTA SE INDOLOR → fortes chances de câncer de pâncreas (= sinal de Courvoisier Terrier). • Bioquímico: • Fosfatase alcalina e GGT > 4x; • Enzimas hepáticas tocadas”. • Imagem: • Ecografia; • CPRE → cálculo, pode ser terapêutico. TOSSE • Processo ativo de assepsia por pressão gasosa das vias aéreas. • Resposta reflexa a partir de: • Corpo estranho; • Agente irritante; • Agente infeccioso. CARACTERÍSTICAS • Padrão: seco ou produtivo • Bacteriana: predominante escarro verde/amarelado/purulento; • Viral: escarro mucoide, hialino; • DPOC: parecido com o bacteriano, mais pela manhã. • Câncer: mucoide com sangue; • Infarto pulmonar: francamente hemoptoico; • Tuberculose: raramente sanguinolento; • EAP: rosado e aerado. • Febril ou afebril. • Tempo: semana, meses ou anos. ELOISA DE ALMEIDA, TXX • Periodicidade: estações mais propicias a alergias, tosse matutina/noturna. • Ambiente: mofo, fumantes, pó. • Fatores associados: dispneia, dor, hemoptise. ANEMIA • Redução da massa eritrocitária. • Segundo a OMS: mulher < 12 e homem < 13. ASPECTOS IMPORTANTES • O paciente está sangrando? (agora ou no passado) • Melena, hemoptise, hematêmese, fluxo menstrual intenso. • Is there evidence for increased RBC desruction (hemolysis)? • Is the boné marrow supressed? • O paciente está com deficiência de ferro? Se sim, porque? • O paciente está com deficiência de ácido fólico ou vitamina B12? Se sim, porque? EXAME FÍSICO • Palidez: pele e mucosa. • Icterícia. • Petéquias, equimoses. • Infecções. • Hepato/esplenomegalia. • Adenomegalia. • Dor óssea a palpação?
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