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1 Módulo 16 – Problemas mentais e do comportamento PROBLEMA 5 – “Deus me enviou para salvar pessoas” ➱ Epidemiologia e etiologia transtorno bipolar ➱ Fisiopatologia do transtorno bipolar ➱ Quadro clínico ➱ Classificação ➱Diagnóstico e critérios diagnósticos ➱Diagnóstico diferencial ➱Complicações ➱Tratamento (Transtornos de humor) A depressão e a doença bipolar (antiga psicose maníaco-depressiva) fazem parte dos Transtornos do Humor, que trazem importante prejuízo à vida do paciente, muitas vezes colocando-o em risco. Bipolaridade Alterações graves de humor, que envolve períodos de humor elevado e depressão; associados a sintomas cognitivo, físicos e comportamentais específicos. Doença crônica, de grande sofrimento, que afeta negativamente a vida do indivíduo. Uma pessoa com depressão e que 10 anos depois, tem um episódio maníaco, apresenta na verdade o transtorno bipolar, porém seu diagnóstico só poderia ser possível com o surgimento da fase maníaca. A depressão do transtorno bipolar é igual a depressão comum, mas uma pessoa deprimida do TB não recebe o mesmo tratamento do paciente unipolar. Epidemiologia - Pessoas com transtorno bipolar cometem 15-20 vezes mais suicídio, do que a população geral. - Idade média de surgimento é entre 17 e 21 anos. - Segundo a OMS, o transtorno bipolar atinge aproximadamente 30 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo uma das principais causas de incapacidade. - O TB 1 é mais comum em homens e o TB tipo 2 em mulheres. O TB 2 é maior entre familiares de pessoas com a doença. - Um episódio maníaco em 60% dos pacientes surge depois de um episódio de depressão maior. Porém, a mudança de um episódio depressivo, para um episódio de mania ou hipomania pode ocorrer de maneira espontânea ou durante o tratamento de sintomas depressivos. 2 Módulo 16 – Problemas mentais e do comportamento PROBLEMA 5 – “Deus me enviou para salvar pessoas” Fatores de risco A etiologia do transtorno bipolar é complexa e envolve fatores genéticos e ambientais. O surgimento e evolução é influenciado por traumas, eventos significantes, uso indevido de álcool e drogas. Pessoas separadas, divorciadas ou viúvas têm taxas mais altas de transtorno bipolar tipo I do que aquelas casadas ou que nunca casaram. História familiar (risco 10 vezes maior entre parentes adultos de indivíduos com transtornos bipolar tipo I e tipo II). O risco aumenta com o grau de parentesco. Gênero: sexo feminino (mais suscetíveis à ciclagem rápida e estados mistos e a padrões de comorbidade que diferem daqueles do sexo masculino; também possuem maiores chances de transtorno depressivo e transtorno por uso de álcool). Crianças muito agitadas, com dificuldade para dormir (insônia), interesse sexual e/ou comportamento masturbatório precoce, desatenção, alteração excessiva do humor a menor frustração, agressividade, grandiosidade e história familiar positiva para transtorno de humor, favorece o diagnóstico de transtorno bipolar. Fatores de proteção: treinamento de habilidades para a resolução de problemas, facilitar o acesso os serviços de saúde. Quadro clínico O humor irritado ou elevado, pode ser classificado como mania ou hipomania, dependendo da gravidade e da presença de sintomas psicóticos. • Mania/ euforia: alegria contagiante ou irritação agressiva, manifestação delirante de grandeza, dotada de poderes especiais, dificuldade de concentração, senso de perigo comprometido, pensamentos incontroláveis, fala rápida, alta difícil de interromper aceleração do pensamento com fuga de ideias e aumento da atividade motora. Além de aumento de energia (diminuição da necessidade de sono), pressão de fala e taquilalia, irritabilidade, desorganização comportamental, aumento do apetite, perda do senso crítico, paranoia, hipersexualidade e impulsividade. A intensidade, o tipo e a cronicidade destes sintomas determinam a subdivisão do diagnóstico entre mania ou hipomania. A mania é o estado severo de humor elevado ou irritabilidade, associado a sintomas psicóticos que provocam alterações no comportamento e funcionalidade do indivíduo. A duração do estado de mania deve ser de no mínimo de uma semana, estando o humor elevado ou irritabilidade presente na maior parte do dia, quase todos os dias. • Hipomania as elevações de humor e os distúrbios comportamentais/funcionais são menos graves e com duração mais breve que o estado de mania (4 dias consecutivos), porém pode progredir para a mania. O indivíduo está mais disposto que o normal, fala muito, conta piadas, faz muitos planos, não produz uma disfunção social importante, sem sintomas psicóticos. Estado de euforia, em que o paciente não está fora do controle, sem causar prejuízos severos. • Episódios depressivos: lentificação ou diminuição de quase todos os aspectos de emoção e comportamento: velocidade de pensamento e fala, energia, sexualidade, capacidade de sentir prazer. Além de alterações no sono, ansiedade, ideia de culpa, sentimentos de inutilidade e fracasso. • Misto: sintomas depressivos e de exaltação de humor. • Ciclotimia: alternância entre períodos hipomaníacos e depressivos ao longo de pelo menos 2 anos em adultos (ou 1 ano em crianças), sem atender os critérios pra um episódio de mania, hipomania ou depressão maior. Os pacientes com TAB, apresentam um prejuízo cognitivo não apenas durante os períodos de mania ou depressão, mas também os períodos de eutimia. Sendo associado a uma progressiva deterioração funcional e cognitiva. Pior prognóstico: maior número de estressores (traumas, perdas, estresse grave), maior número de episódios de alteração do humor, maior uso de substancias psicoativas, atraso no início do tratamento específico, pior adesão ao tratamento e maior número de comorbidades clínicas e psiquiátricas. 3 Módulo 16 – Problemas mentais e do comportamento PROBLEMA 5 – “Deus me enviou para salvar pessoas” O TB costuma se apresentar inicialmente através da presença de sintomas depressivos que podem ser percebidos como transtorno depressivo unipolar. Fisiopatologia Alterações na regulação dos sistemas noradrenérgico, serotonérgico, dopaminérgico e colinérgico. Essas aminas biogênicas são amplamente distribuídas no sistema límbico, as quais estão envolvidas na modulação do sono–vigília, do apetite, de funções endócrinas e de estados comportamentais, como irritabilidade e medo. Também tem sido sugerido que as alterações relacionadas a esses neurotransmissores monoaminérgicos possam ocorrer no THB em virtude de alterações na sensibilidade de seus receptores. A diminuição da liberação e da atividade da 5-HT (serotonina) podem estar associadas a algumas anormalidades como ideação suicida, tentativas de suicídio, agressividade e distúrbios do sono, achados frequentes nos transtornos bipolares. Uma maior atividade dopaminérgica induzida por aumento da liberação, diminuição da capacidade de tamponamento pelas vesículas sinápticas ou pela maior sensibilidade dos receptores dopaminérgicos pode estar associada ao desenvolvimento de sintomas maníacos, enquanto a diminuição da atividade dopaminérgica estaria associada à depressão. Estudos descrevem uma subfunção desse sistema nos estados depressivos. Nesses estados, um menor débito de noradrenalinae uma menor sensibilidade dos receptores α 2 são relatados, em contraste com uma tendência de maior atividade da noradrenalina em estados maníacos. Classificação • Tipo 1: forma clássica, o paciente apresenta claramente os episódios de mania (elevação grave e persistente do humor) alternados com os depressivos. • Tipo 2: não apresenta episódios de mania, mas de hipomania (elevação do humor, mais leve) com depressão. • “Ciclagem rápida”: uma das formas de manifestação da bipolaridade, mais tardia. Caracteriza-se pela ocorrência de quatro ou mais episódios de oscilação de humor em um mesmo ano. Ocorrem muitas fases depressivas, maníacas, hipomaníacas ou mistas em um curo período de tempo, com apenas breves períodos de remissão. Os portadores de bipolaridade tipo 2 e estados mistos estão mais expostos ao risco de suicídio. 4 Módulo 16 – Problemas mentais e do comportamento PROBLEMA 5 – “Deus me enviou para salvar pessoas” Critérios diagnósticos Transtorno Bipolar Tipo I Para diagnosticar transtorno bipolar tipo I, é necessário o preenchimento dos critérios a seguir para um episódio maníaco. O episódio maníaco pode ter sido antecedido ou seguido por episódios hipomaníacos ou depressivos maiores. Episódio Maníaco A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigi da a objetivos ou da energia, com duração mínima de uma semana e presente na maior parte do dia, quase todos os dias (ou qualquer duração, se a hospitalização se fizer necessária). B. Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia ou atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) estão presentes em grau significativo e representam uma mudança notável do comportamento habitual: 1. Autoestima inflada ou grandiosidade. 2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se descansado com apenas três horas de sono). 3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando. 4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados. 5. Distratibilidade (i.e., a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes ou irrelevantes), conforme relatado ou observado. 6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora (i.e., atividade sem propósito não dirigida a objetivos). 7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (p. ex., envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos). C. A perturbação do humor é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização a fim de prevenir dano a si mesmo ou a outras pessoas, ou existem características psicóticas. D. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento, outro tratamento) ou a outra condição médica. Nota: Um episódio maníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (p. ex., medicamento, eletroconvulsoterapia), mas que persiste em um nível de sinais e sintomas além do efeito fisiológico desse tratamento, é evidência suficiente para um episódio maníaco e, portanto, para um diagnóstico de transtorno bipolar tipo I. Nota: Os Critérios A-D representam um episódio maníaco. Pelo menos um episódio maníaco na vida é necessário para o diagnóstico de transtorno bipolar tipo I. Episódio Hipomaníaco A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade ou energia, com duração mínima de quatro dias consecutivos e presente na maior parte do dia, quase todos os dias. B. Durante o período de perturbação do humor e aumento de energia e atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) persistem, representam uma mudançanotável em relação ao comportamento habitual e estão presentes em grau significativo: 1. Autoestima inflada ou grandiosidade. 2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se descansado com apenas três horas de sono). 3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando. 4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados. 5. Distratibilidade (i.e., a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes ou irrelevantes), conforme relatado ou observado. 6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora. 7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (p. ex., envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos). C. O episódio está associado a uma mudança clara no funcionamento que não é característica do indivíduo quando assintomático. D. A perturbação do humor e a mudança no funcionamento são observáveis por outras pessoas. 5 Módulo 16 – Problemas mentais e do comportamento PROBLEMA 5 – “Deus me enviou para salvar pessoas” E. O episódio não é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização. Existindo características psicóticas, por definição, o episódio é maníaco. F. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento, outro tratamento). Nota: Um episódio hipomaníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (p. ex., medicamento, eletroconvulsoterapia), mas que persiste em um nível de sinais e sintomas além do efeito fisiológico desse tratamento, é evidência suficiente para um diagnóstico de episódio hipomaníaco. Recomenda-se, porém, cautela para que 1 ou 2 sintomas (principalmente aumento da irritabilidade, nervosismo ou agitação após uso de antidepressivo) não sejam considerados suficientes para o diagnóstico de episódio hipomaníaco nem necessariamente indicativos de uma diátese bipolar. Nota: Os Critérios A-F representam um episódio hipomaníaco. Esses episódios são comuns no transtorno bipolar tipo I, embora não necessários para o diagnóstico desse transtorno. Transtorno Bipolar Tipo II Para diagnosticar transtorno bipolar tipo II, é necessário o preenchimento dos critérios a seguir para um episódio hipomaníaco atual ou anterior e os critérios a seguir para um episódio depressivo maior atual ou anterior: Episódio Hipomaníaco A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade ou energia, com duração de pelo menos quatro dias consecutivos e presente na maior parte do dia, quase todos os dias. B. Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia e atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) persistem, representam uma mudança notável em relação ao comportamento habitual e estão presentes em grau significativo: 1. Autoestima inflada ou grandiosidade. 2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se descansado com apenas três horas de sono). 3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando. 4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados. 5. Distratibilidade (i.e., a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes ou irrelevantes), conforme relatado ou observado. 6. Aumentoda atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora. 7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (p. ex., envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos). C. O episódio está associado a uma mudança clara no funcionamento que não é característica do indivíduo quando assintomático. D. A perturbação no humor e a mudança no funcionamento são observáveis por outras pessoas. E. O episódio não é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização. Existindo características psicóticas, por definição, o episódio é maníaco. F. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento ou outro tratamento). Nota: Um episódio hipomaníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (p. ex., medicamento, eletroconvulsoterapia), mas que persiste em um nível de sinais e sintomas além do efeito fisiológico desse tratamento, é evidência suficiente para um diagnóstico de episódio hipomaníaco. Recomenda-se, porém, cautela para que 1 ou 2 sintomas (principalmente aumento da irritabilidade, nervosismo ou agitação após uso de antidepressivo) não sejam considerados suficientes para o diagnóstico de episódio hipomaníaco nem necessariamente indicativos de uma diátese bipolar. Episódio Depressivo Maior A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer. Nota: Não incluir sintomas que sejam claramente atribuíveis a outra condição médica. 1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex., sente-se triste, vazio ou sem esperança) ou por observação feita por outra pessoa (p. ex., parece choroso). (Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.) 2. Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas, ou quase todas, as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (conforme indicado por relato subjetivo ou observação). 3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., mudança de mais de 5% do peso corporal em um mês) ou redução ou aumento no apetite quase todos os dias. (Nota: Em crianças, considerar o insucesso em obter o peso esperado.) 4. Insônia ou hipersonia quase diária. 5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observável por outras pessoas; não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento). 6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias. 7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente). 8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outra pessoa). 9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou outra condição médica. Nota: Os Critérios A-C representam um episódio depressivo maior. Nota: Respostas a uma perda significativa (p. ex., luto, ruína financeira, perdas por desastre natural, doença médica grave ou incapacidade) podem incluir sentimentos de tristeza intensos, ruminação acerca da perda, insônia, falta de apetite e perda de peso observados no Critério A, que podem se assemelhar a um episódio depressivo. Embora tais sintomas possam ser entendidos ou considerados apropriados à perda, a presença de um episódio depressivo maior, além da resposta normal a uma perda significativa, deve ser também cuidadosamente considerada. Essa decisão exige inevitavelmente exercício de juízo clínico, baseado na história do indivíduo e nas normas culturais para a expressão de sofrimento no contexto de uma perda.2 Transtorno Bipolar Tipo II A. Foram atendidos os critérios para pelo menos um episódio hipomaníaco (Critérios A-F em “Episódio Hipomaníaco” descritos anteriormente). B. Jamais houve um episódio maníaco. C. A ocorrência do(s) episódio(s) hipomaníaco(s) e depressivo(s) maior(es) não é mais bem explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado ou transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado. D. Os sintomas de depressão ou a imprevisibilidade causada por alternância frequente entre períodos de depressão e hipomania causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outra área importante da vida do indivíduo. 6 Módulo 16 – Problemas mentais e do comportamento PROBLEMA 5 – “Deus me enviou para salvar pessoas” Diagnóstico Cerca de metade dos pacientes com TB apresentam no início da doença um episódio de mania, a outra metade apresenta sintomas de depressão, podendo ser diagnosticados erroneamente como depressivos unipolares. Por esse motivo muitos pacientes com TB são tratados exclusivamente com antidepressivos e tem seu quadro agravado. Além disso muitos pacientes podem apresentar vários episódios depressivos antes que ocorra o primeiro episódio subsequente de mania ou hipomania. História psiquiátrica bem colhida e exame psíquico do paciente. É importante descartar causas clínicas e/ou uso de substâncias. Exames de rotina: • Hemograma completo (controle no início do tratamento); • Função hepática (controle do início do tratamento e avaliar a melhor droga a ser prescrita); • Função renal (controle de início de tratamento e avaliar a melhor droga prescrita – cuidado na intoxicação por lítio!); • Função tireoidiana (diagnóstico diferencial com mania ou depressão – seguimento: lítio pode alterar a função tireoidiana). Diagnóstico diferencial • Transtorno de personalidade boderline: conjunto de caraterísticas da personalidade, que fazem com que o modo de ser de uma pessoa seja diferente do esperado para o contexto em que vive. As pessoas são muito instáveis em seus relacionamentos interpessoais, tem dificuldade de manter vínculos, são impulsivas, tempestuosas, intolerantes ás variações normais do comportamento de outras pessoas com quem elas convivem. Tem dificuldade de construir uma imagem satisfatória de si mesmo e são muito inseguros. • Transtorno de ansiedade generalizada: a ansiedade pode ser confundida com pensamentos acelerados, e esforços para minimizar sentimentos de ansiedade, ser entendidos como comportamento impulsivo. • Transtorno de estresse pós traumático • Transtorno bipolar induzido por substancias/medicamentos • Transtorno depressivo maior: pode estar acompanhado de sintomas hipomaníacos ou maníacos que não satisfazem todos os critérios, quando ocorre um episódio de transtorno depressivo maior após os primeiros os 2 primeiros anos de transtorno ciclotímico, é estabelecido o diagnóstico adicional de transtorno bipolar tipo 2. • Esquizofrenia: caracterizada por períodos de sintomas psicóticos que ocorrem na ausência de sintomas acentuados de humor. • Transtorno de déficit de atençãoe hiperatividade: incluem sintomas como rapidez na fala, velocidade dos pensamentos, distração. 7 Módulo 16 – Problemas mentais e do comportamento PROBLEMA 5 – “Deus me enviou para salvar pessoas” Tratamento Na fase de euforia, em que o paciente comete gastos excessivos, é preciso conscientizar o paciente, reiniciar as medicações sob orientação médica, a família deve retirar cartões bancários de crédito, cheques, dinheiro e evitar que o paciente saia sozinho. • Eletroculvulsoterapia: ou eletrochoque é usado para casos em que há uma má resposta ao tratamento medicamentoso. Ela age nos neurotransmissores, neuromoduladores e em receptores envolvidos na regulação de humor. Os principais efeitos colaterais são sob a memória, é seguro e eficaz em adultos e idosos. Contraindicado em situações como: hipertensão intracraniana, arritmias, contraindicações para anestesia geral. • Encontros psicoeducacionais, terapia cognitiva comportamental, psicoterapia familiar. A internação só é recomendada em alguns casos de maior gravidade, quando há risco a vida, por ideação suicida ou quando a pessoa não colabora com o tratamento. Cerca de 15 dias a 2 meses, após o ajuste correto da medicação a maioria dos pacientes tem uma melhora significativa. O abandono no tratamento favorece a recaída em 2 a 3 meses e com gravidade importante. O mais comum é o retorno dos sintomas, piorando o prognóstico da doença. FARMACOLÓGICO: Agentes estabilizadores de humor, como carbonato de lítio, ácido valpróico e carbamazepina. Nos casos resistentes, pode ser feita a associação entre os estabilizadores de humor. - Antes de iniciar o tratamento, solicitar: hemograma completo, eletrólitos, avaliação da função renal e da função tireoideana. • Carbonato de lítio: - Contraindicações absolutas: insuficiência renal grave, bradicardia sinusal, arritmias ventriculares graves, insuficiência cardíaca congestiva. - Contraindicações relativas: hipotireoidismo, gravidez. Dose inicial: 300 mg/dia. Faixa de dose: 300 – 1.800 mg/dia (de acordo com nível sérico), dose única à noite. Incremento de 300 mg a cada 2 dias até 900 mg, dosar nível sérico. Dose máxima: o ajuste de dose deve ser feito de acordo com o nível sérico (nível sérico terapêutico: 0,6-1,2 mEq/L). 8 Módulo 16 – Problemas mentais e do comportamento PROBLEMA 5 – “Deus me enviou para salvar pessoas” • Valproato: Anticonvulsivante de larga janela terapêutica, risco menor de intoxicação. Efeitos colaterais: sedação, náuseas, vômitos, diarreia, elevação das transaminases e tremores; além de alopecia, aumento do apetite. Complicações A principal complicação da depressão maníaca é o desejo suicida e o risco de homicídio de parentes, além de consumo excessivo de álcool, estimulantes, agravando os quadros de depressão profunda, euforia e alucinações. Na fase depressiva pode ficar desnutrido, anêmico e até ter anorexia. Distúrbios urinários, devido a desidratação podem ocorrer. Diminuição da libido.
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