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Farmacologia Dos Anestésicos Locais

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➢ Farmacologia Dos Anestésicos Locais 
 
1. Origem 
- uso histórico da folha de coca e, com isso, a cocaína se tornou o protótipo para os anestésicos locais 
2. Mecanismo de Ação 
→ RELEMBRANDO: 
- 1º evento: abertura de canais de sódio Na+; vai começar a entrar sódio nessa célula; esses primeiros canais que são abertos são chamados de canais de 
sódio sensíveis ao ligante 
- 2º evento: após essa alteração inicial na DDP, outros canais de sódio irão se abrir e esses são chamados de canais de sódio voltagem-dependentes – há 
um influxo MUITO MAIOR de sódio, que será suficiente para positivar a ddp dessa célula 
- agora essa célula está com ddp positiva, ↑ [Na+] e ↑ [K+] (quando comparado ao meio externo) – ISSO CORRESPONDE À UMA SITUAÇÃO DE 
DESPOLARIZAÇÃO CELULAR; dessa forma, irá produzir o evento do qual ela é capaz 
- os anestésicos agem bloqueando os canais de sódio, de modo a NÃO permitir a despolarização celular, logo não há transmissão do sinal doloroso da 
periferia para o centro (afeta a via aferente do sinal) 
- esses fármacos bloqueadores dos canais de sódio tem utilidade clínica para ANESTESIA LOCAL, antiarrítmicos e antiepiléticos 
- em suma, há a produção de um bloqueio reversível da condução nervosa, inibindo o influxo de sódio através das membranas celulares neuronais, o que 
impede a despolarização celular 
- IMAGEM: 
- administração do anestésico local em sua forma ionizada 
- ao entrar no tecido, dependendo do pH desse tecido, irá passar para sua forma NÃO-IONIZADA, a qual tem facilidade para atravessar membranas 
celulares 
- no interior da célula, o anestésico retorna para sua forma ionizada, bloqueando assim o canal de sódio 
- o canal de sódio tem dois momentos: aberto e fechado; o anestésico local age quando o canal de sódio está aberto, criando uma obstrução, 
interrompendo o fluxo de sódio, logo interrompendo a geração de um potencial de ação 
 
3. Exemplos de Anestésicos Locais 
 
4. Sensibilidade aos Anestésicos Locais 
- as fibras nervosas diferem uma das outras na FREQUENCIA de abertura de canais de sódios e, por conseguinte, na sensibilidade aos anestésicos locais 
- as fibras menores e mais finas têm uma frequência de abertura muito maior do que as fibras maiores e, por conseguinte, são as primeiras a serem 
bloqueadas 
- as fibras C são prontamente bloqueadas devido à alta sensibilidade aos anestésicos, e são as fibras de interesse de bloqueio pois estão relacionada à dor, 
à temperatura, ao toque, à pressão e à coceira 
- as fibras mielinizadas precisam que pelo menos três gânglios sejam atingidos pelos anestésicos locais para produzir algum tipo de bloqueio, e as não-
mielinizadas precisam ser difundidas com anestésico por todo o neurônio para ocorrer o bloqueio 
- ordem decrescente de sensibilidade: PEQUENO CALIBRE → MÉDIO CALIBRE → GRANDE CALIBRE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. Classificação e Aspectos Químicos 
- a molécula dos anestésicos em geral é formada por três componentes: anel aromático, grupo éster/grupo amida, amina terciária 
 
- o anestésico com o grupo éster promove um efeito muito MENOR por conta da presença de esterases plasmáticas, como a enzima butirilcolinesterase, 
responsáveis por clivar a ligação pelo grupo éster – quando se aplica o anestésico local, ele tende a entrar em equilíbrio com os outros compartimentos, 
como o sangue, e quando vai para o sangue há a presença da esterase, clivando a molécula do anestésico 
- no sangue não há enzimas que clivam a ligação pela amida; para essa molécula ser clivada, ela precisa passar pelo metabolismo hepático, em que uma 
subfamília do CYP450 é responsável pelo metabolismo de amidas 
- essa cadeia intermediária ligada ao grupo que liga as porções lipofílica e hidrofílica deve ter de 3 a 7 carbonos; uma cadeia com mais carbonos promove 
uma maior lipofilicidade, o que pode fazer o composto ficar preso na membrana 
- o anel aromático é responsável pela lipofilicidade do composto, que define o quão capaz de atravessar a membrana o composto é 
- esse anel aromático pode ser substituído por longas cadeias carbônicas, por aminas, ou por cadeias carbônicas ligadas a aminas, e tais substituições 
podem interferir na lipofilicidade do composto – quanto maior o número de substituições, mais lipofílico será 
OBS: há uma ressalva quanto à capacidade lipofílica do composto, uma vez que uma grande lipofilicidade pode fazer com que o composto fique retido 
na membrana, não conseguindo atravessá-la 
- a amina terciária é responsável pela hidrofilicidade do composto, que define a capacidade do composto em se comunicar com o canal de sódio; essa 
amina terciária possui 1 par de elétrons e, dependendo do pH do meio, se estiver prótons disponíveis no meio, os elétrons irão atacar o próton disponível 
no tecido, tornando essa amina uma amina quaternária; essa amina quaternária agora possui carga (protonada), o que imprime a hidrofilicidade do 
composto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A) Anestésico local pouco hidrofóbico (ou seja, pouco lipofílico) 
- molécula incapaz de atravessar a membrana, uma vez que possui baixa lipofilicidade, não atingindo a região intracelular na qual está o canal de sódio que 
deveria ser bloqueado 
B) Anestésico local moderadamente hidrofóbico (É O IDEAL) 
- permite atravessar a membrana e, por meio de seu núcleo hidrofílico, acessar o canal de sódio 
C) Anestésico local extremamente hidrofóbico 
- por ser altamente lipofílico, fica retido na membrana 
 
- os anestésicos são bases fracas, com pKa entre 7,7 e 9,1; pKa é a constante de dissociação, o que significa que, quando os anestésicos estão nessa faixa 
de pKa, estão na sua forma NÃO-IONIZADA 
- as preparações dos anestésicos estão na forma de sal, que são formas estáveis em solução e se ionizam ao encontrar um pH fisiológico tecidual de 7.4, e 
depois entra em equilíbrio com sua forma não ionizada, uma vez que este pH fisiológico se aproxima do pH necessário para ocorrer a forma não-ionizada 
(por exemplo, um pH em torno de 7.8) 
- a adição de álcali, como bicarbonato, aumenta a alcalinização do tecido, o que favorece o predomínio das formas não-ionizadas, as quais atravessam 
membranas 
6. Vias de Administração 
→ Tópica 
- fármaco administrado por meio de um veículo oleoso, como um creme ou uma pomada, permitindo a penetração do anestésico naquele tecido 
- geralmente é usada para procedimentos mais superficiais, como estéticos, e possui um efeito menos duradouro 
- podem apresentar o vasoconstritor ou não 
 
→ Infiltração 
- administração de injeção localizada de anestésico local em solução; essa administração pode ser de volumes pequenos em diferentes pontos da área a 
fim de promover o efeito em todo o tecido alvo 
- podem apresentar um efeito mais duradouro, em comparação com a via tópica 
- podem apresentar o vasoconstritor ou não 
 
→ Bloqueio do Nervo Periférico 
- administração de anestésico local em solução aquosa ao redor do tronco nervoso, produzindo um campo de anestesia distal ao local da injeção 
- pode ser utilizada no manejo da dor pós operatório, o que evita o uso de opioides que causam efeitos adversos 
 
→ Peridural 
- injeção ou infusão lenta de anestésico local em solução aquosa através de um cateter adjacente à coluna vertebral (NÃO PERFURA A DURA MÁTER) 
- produz anestesia acima e abaixo do local da injeção, com duração de 15 a 30 minutos, podendo ou não estar associada a opioides 
- não é afetada pela posição do paciente 
→ Raquianestesia 
- injeção do anestésico local em solução aquosa no espaço subaracnóide entre L3/L4 
- geralmente o fármaco de escolha é Bupivacaína, podendo ou não estar associado a opioides 
- a propagação do anestésico no espaço subaracnóide depende da densidade da solução – por exemplo, uma solução em 10% de glicose é mais densa do 
que o LCR, o que facilita a propagação do fármaco – e da posição do paciente 
→ Regional intravenosa 
- injeção do anestésico local em soluçãoem um membro após a aplicação de um torniquete – lembrando que o fluxo arterial não pode ser interrompido 
por mais de 20 minutos 
- utilizada para algumas cirurgias ortopédicas 
. 
 
 
 
7. Farmacocinética 
- a taxa de ligação às proteínas plasmáticas interfere no tempo de ação dos fármacos; a Procaína possui uma taxa de ligação de 6%, enquanto a 
Bupivacaína possui 95% - isso significa que o fármaco irá circular pelo local em que foi aplicado por muito mais tempo 
- quando o fármaco possui um grupo éster, sua remoção do tecido é o que determina o fim do efeito, uma vez que as esterases clivam a molécula 
- quando o fármaco possui um grupo amida, essa molécula será quebrada pelo metabolismo hepático 
- os anestésicos locais têm o potencial de gerar VASODILATAÇÃO, e essa vasodilatação não favorece o anestésico local, uma vez que, dessa forma, o 
anestésico é diluído muito mais rápido devido ao alto fluxo sanguíneo; em uma tentativa de prolongar o efeito do anestésico, pode-se fazer a associação 
com um fármaco vasoconstritor – geralmente a Epinefrina – diminuindo o fluxo sanguíneo, ficando mais tempo no tecido 
- além disso, o uso de vasoconstritor permite reduzir a dose do anestésico, além de favorecer a hemostasia 
EXCEÇÃO: a Cocaína é um agonista do receptor α1, o que favorece a vasoconstrição de pele e vísceras; não é recomendado ser usada por via parenteral, 
podendo causar vasoconstrição extensa, ocasionando hipóxia tecidual 
8. Efeitos Adversos 
- tendo todo o cuidado de administração e dosagem, os anestésicos locais são altamente seguros 
- quando há erro de administração e dosagem, pode ter efeitos sistêmicos, em especial nos sistemas que são bastante sensíveis à ação dos canais de sódio 
- SNC: tontura, parestesia, náusea, vomito, convulsões, parada respiratória, sedação, perda de consciência (quando o anestésico é utilizado com um 
vasoconstritor) 
- Sistema Cardiovascular: taquicardia e arritmias (quando o anestésico é utilizado com um vasoconstritor) 
obs: a Bupivacaína possui um isômero R(+), que tem grande afinidade pelo tecido cardíaco, e a toxicidade grave da Bupivacaína pode causar colapso 
cardiovascular, resultando na vasodilatação sistêmica e de efeito inotrópico negativo, o que leva à diminuição da força de contração, da frequência 
cardíaca e da resistência periférica; a Cocaína é uma exceção pois ela promove a inibição da recaptação das catecolaminas, ocasionando um efeito 
contrário 
obs: em pacientes com HAS não se recomenda anestésico local com vasoconstritor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXERCÍCIOS 
1. Escolha o fármaco mais adequado entre as opções A-F para cada situação fornecida 
A. Cocaína 
B. Adrenalina (Epinefrina) 
C. Salbutamol 
D. Tetracaína 
E. Lidocaína 
F. Benzocaína 
 
⮚ Uma criança precisa de um pequeno procedimento cirúrgico em sua nasofaringe e você escolhe usar um único agente que possa ser administrado 
topicamente para reduzir o sangramento da membrana mucosa 
R: Cocaína; um agente que seja anestésico local, vasoconstritor, que seja possível utilizar por via tópica e que seja empregado na 
Otorrinolaringologia (Alternativa A) 
⮚ Agente que prolonga a duração e a potência de um anestésico local 
R: Adrenalina (Epinefrina) (Alternativa B) 
⮚ Agente que poderia ser aplicado topicamente para produzir anestesia da conjuntiva e não causaria vasoconstrição 
R: Tetracaína (Alternativa D); é pouco absorvida, não causa vasoconstrição e é utilizada na Oftalmologia 
⮚ Agente que poderia ser administrado por via intravenosa no tratamento de arritmias ventriculares 
R: Lidocaína (Alternativa E); a Lidocaína é usada em emergências cardíacas ao fazer o controle dos canais de sódio, e pode ser administrada por IV 
 
2. Indivíduo apresenta-se no consultório para o tratamento de uma unha encravada. Durante as três últimas semanas, teve piora progressiva de 
vermelhidão, inchaço e dor na área ao redor da unha. Ao exame você observa que o canto distal, medial da unha está encravando. A pele na 
borda medial da unha está vermelha e sensível. Há drenagem purulenta visível. Você prescreve uma semana de Cefalexina oral e pede que 
retorne ao consultório. No acompanhamento, a vermelhidão melhorou bastante e não há mais drenagem. Você corrige cirurgicamente a unha 
encravada depois de fazer anestesia local com lidocaína a 2% injetada para infiltrar os nervos digitais. 
 
⮚ Qual é o mecanismo de ação da lidocaína como agente anestésico? 
R: no meio intracelular, a lidocaína possui afinidade pelo canal de sódio e, quando ele estiver aberto, a lidocaína se liga a ele 
⮚ Por que o tratamento da infecção aumenta a eficácia do anestésico local? 
R: o tecido está inflamado, o que confere características ácidas ao tecido (lembrar que um tecido ácido deixará o anestésico mais hidrofílico, 
dificultando a sua passagem pela membrana); o tratamento da infecção irá reduzir a inflamação e, com isso, o pH do tecido irá retornar ao normal; 
se não for possível esperar o tratamento da infecção, pode-se realizar manobra com bicarbonato para tentar aumentar o pH 
 
3. A ação anestésica local é resultado do bloqueio do movimento de qual dos seguintes canais iônicos? 
A. Cálcio 
B. Cloreto 
C. Potássio 
D. Sódio 
Gabarito: a ação anestésica local é resultado da prevenção do movimento de sódio causado pelo bloqueio do estado inativando dos canais de 
sódio neuronais 
 
4. Uma mulher de 25 anos de idade está realizando tratamento para uma laceração do antebraço. A anestesia local é usada antes da sutura. Uma 
reação alérgica pode ocorrer mais provavelmente com qual dos seguintes anestésicos locais? 
A. Bupivacaína 
B. Lidocaína 
C. Mepivacaína 
D. Procaína 
Gabarito: uma reação alérgica pode ocorrer mais provavelmente com anestésicos locais do tipo éster, como a Procaína, devido à formação 
metabólico do alérgeno ácido para-aminobenzoico 
 
5. Qual dos seguintes agentes é frequentemente combinado com anestésicos locais para impedir a sua distribuição sistêmica a partir do local de 
injeção? 
A. Ácido 
B. Dopamina 
C. Adrenalina 
D. GABA 
 Gabarito: os anestésicos locais são muitas vezes combinados com o vasoconstritor adrenalina para evitar a sua distribuição a partir do local da 
 injeção e, assim, prolongar a sua duração de ação e reduzir a toxicidade sistêmica

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