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1 Disciplina: Supervisão Pedagógica: teoria e prática Autores: M.e Kellin Cristina Melchior Inocêncio Revisão de Conteúdos: Esp. Materson Christofer Martins Revisão Ortográfica: Esp. Marlon Richard Alves Pillonetto Ano: 2018 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Kellin Cristina Melchior Inocêncio Supervisão Pedagógica: teoria e prática 1ª Edição 2018 Curitiba, PR Editora São Braz 3 FICHA CATALOGRÁFICA INOCÊNCIO, Kellin Cristina Melchior. Supervisão Pedagógica: teoria e prática / Kellin Cristina Melchior Inocêncio. – Curitiba, 2018. 34 p. Revisão de Conteúdos: Materson Christofer Martins. Revisão Ortográfica: Marlon Richard Alves Pillonetto. Material didático da disciplina de Supervisão Pedagógica: teoria e prática – Faculdade São Braz (FSB), 2018. ISBN: 978-85-5475-142-5 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da disciplina Nesta disciplina abordar-se-á assuntos bastante pontuais e que auxiliam na construção do processo profissional. Inicialmente, desvendaremos e conceituaremos a ciência da pedagogia, transitando pelo estatuto da cientificidade da mesma. Posteriormente, serão apresentados os principais eixos que estruturam a formação do pedagogo que atua como supervisor pedagógico, de maneira a desenvolver um trabalho consciente e crítico. Além disso, analisaremos os principais conceitos que envolvem a supervisão pedagógica como a educação e os saberes da docência. Desse modo, ao longo das aulas, compreender-se-á os campos de atuação da pedagogia, incluindo não somente a escola, porém, realizando uma abordagem aos espaços não escolares. Na sequência, buscaremos compreender os modos, formas e processos educacionais que existem na sociedade brasileira e, claro, os limites da própria escola. Finalizar-se-á esta disciplina explanando sobre o processo de ensino- aprendizagem que envolve os projetos sociais e educacionais, incluindo as empresas e os movimentos que estão entrelaçados a ele. 6 Aula 1 – Supervisão pedagógica: historicidade e conceituação Apresentação da aula 1 Nesta aula serão reconhecidos alguns conceitos básicos dessa disciplina, os quais nos permitirão aprender com mais profundidade a temática da supervisão pedagógica. Este estudo partirá do seguinte questionamento: “como é definido o conceito de supervisão pedagógica e como é sua atuação profissional?” A partir desse debate, será explorado novas temáticas que envolvem essa disciplina, como o caminhar histórico que envolve a profissão do supervisor pedagógico e as principais conceituações para pedagogia e supervisão pedagógica. 1.1 Supervisão pedagógica e a educação básica A educação básica brasileira está envolta por diversas políticas educacionais, bem como por normas e diretrizes que buscam orientar o caminhar da escola em busca de qualidade e igualdade. Pensando nesse objetivo da educação brasileira, é possível afirmar a necessidade e relevância de um profissional apto, capacitado, crítico e autônomo a frente desse processo e, justamente a esse profissional, atribui-se a função de coordenador ou supervisor pedagógico. Após relacionar a leitura do parágrafo anterior com a realidade da qualidade que possui a educação básica brasileira, pode-se perceber, como o supervisor pedagógico é essencial para a construção não somente da escola, mas também de uma sociedade igualitária e crítica. 1.1.1 Conceituando a supervisão pedagógica Inicia-se a conceituação da supervisão pedagógica nas lentes de Vieira (1993), cujo salienta que "a supervisão pedagógica é entendida como uma ação 7 de monitorização sistemática da prática pedagógica, sobretudo através de procedimentos de reflexão e de experimentação" (VIEIRA, 1993, p. 28). Ao buscarmos a etimologia da palavra supervisão localizamos o resultado de “olhar por cima”, remetendo a superioridade e a ações como controle, imposição, inspeção, avaliação e fiscalização. Concomitantemente, é possível analisar a palavra e seu significado ao ato de acompanhar, orientar e liderar. Dessa maneira, podemos classificar como fundamental à supervisão pedagógica o seu amplo aspecto reflexivo que deve permear suas atividades como um todo, justamente por necessitar de uma visão global dos acontecimentos pertinentes ao ambiente escolar e, também, aqueles que ocorrem além dos muros escolares e que, direta ou indiretamente, interferem no cotidiano da escola e em seus alunos e professores. Ao atentarmo-nos a própria expressão “supervisão pedagógica” certamente perceberemos, em uma busca cronológica pelos termos e conceitos educacionais, que ele é consideravelmente recente, porém, o mesmo passou por alterações necessárias conforme a própria escola e sociedade foram transformando-se, ou seja, a princípio, era voltado apenas para a formação de professores, mas sem uma preocupação com a formação continuada exigida pelas constantes mudanças que experimentamos. Sobre tal temática, Alarcão (2001) pontua que: A multiplicidade de funções a exercer hoje na escola pelos professores e a sua necessária articulação sistémica implica que o professor já não possa ser formado apenas no isolamento da sua sala ou da sua turma. Ele é membro de um grupo que vive numa organização que tem por finalidade promover o desenvolvimento e a aprendizagem de cada um num espírito de cidadania integrada. (ALARCÃO, 2001, p.18) Com o modificar da função docente, a supervisão pedagógica se tornou fundamental quando se pensa em gestão escolar, justamente para transformar, supervisionar e direcionar todo o trabalho pedagógico, estendendo-se não somente ao corpo docente, mas também aos pais, responsáveis, alunos e a comunidade escolar. Isto posto, “ensinar os professores a ensinar deve ser o objetivo principal de toda a supervisão pedagógica” (ALARCÃO; TAVARES, 1987, p. 34). Há tempo podemos concluir que a supervisão pedagógica interfere sobre os sistemas educacionais, promove articulações consideradas essenciais no espaço escolar, auxilia na construção de docentes mais atualizados e 8 partícipes, realiza a junção das teorias e práticas que permeiam o ambiente escolar e, indo além, promove a transformação social tanto dos educandos como dos educadores. Vocabula rio Historicidade: qualidade ou condição do que é histórico; historicismo.Conjunto dos fatores que constituem a história de uma pessoa e que condicionam seu comportamento em uma dada situação. 1.2 Historicidade que envolve o supervisor pedagógico O supervisor pedagógico é, sem dúvida, uma figura essencial na construção dos saberes escolares, sendo uma profissão que surgiu em meados do século XIX. Apresentava como sua primordial função a de supervisionar o trabalho docente e, inicialmente, era sentido como uma ameaça ao trabalho do professor. Naturalmente com o avanço cronológico, já adentrando no século XX, agrega-se a sua função a busca por padronização de comportamentos e rendimento escolar, colocando o docente como capaz de promover, por meio de seus esforços, a eficiência e qualidade escolar. Já no início da década de 1930, soma-se a essas características que norteiam a profissão do supervisor pedagógico, a percepção de liderança de grupo, a fim de buscar e alcançar objetivos específicos e coletivos em prol da qualidade escolar. Seguindo a crescente vertente da busca pela qualidade do ensino e primando por docentes que desenvolvessem suas atividades com afinco e maestria, a função do supervisor pedagógico passa a atrelar-se ao currículo, buscando diminuir as lacunas existentes acerca do ensino de baixo padrão. 9 Pesquise Investigue acerca do percurso histórico da profissão de supervisor pedagógico. Busque compreender que tal função percorreu no tempo e espaço as transformações educacionais que envolveram as legislações e a educação básica. Ao longo do tempo diversas modificações foram atribuídas a escola e suas concepções o quê, naturalmente, modificou algumas funções pertinentes a gestão do supervisor pedagógico. Na contemporaneidade, apresentamos esse profissional como aquele capaz de transformar e contribuir significativamente para a formação totalitária do educando, envolvendo seu trabalho aos eixos norteadores que embasam o currículo da educação básica, contemplando o Projeto Político-Pedagógico da instituição escolar, juntamente com a comunidade escolar, orientando e gerindo todo o trabalho coletivo, bem como o avanço individual do corpo docente, sendo responsável, concomitantemente, por promover a motivação desses profissionais e suas pesquisas, criando um ambiente agradável, visando alcançar os objetivos previamente traçados. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia a obra Pedagogia, ciência da educação?, organizado por Selma Garrido Pimenta. O livro se apresenta com textos bastante relevantes para a área educacional, sendo um deles o Estatuto da Cientificidade Pedagógica, de Tarso Mazzotti. Além de Mazzotti, outros autores como Pimenta, Nóvoa e Libâneo colaboraram com artigos. 1.3 A pedagogia, o supervisor pedagógico e o estatuto da cientificidade Nesta seção será abordada uma temática bastante significativa para nossa disciplina. A partir desse momento passaremos a associar e considerar a pedagogia conforme seu estatuto de cientificidade, conceituando-a como aquela 10 que deve ser considerada como um apanhado de todas as ciências humanas e sociais e relaciona-se, diretamente, a delimitação e diferenciação do “ser” ao ato educativo. Assim, o sistema escolar passa a entrelaçar-se as relações sociais. A esse respeito, Mazzotti (1992) afirma: A educação escolar – o modo mais sistemático da ação educativa em nossa sociedade apresenta-se como objeto de investigação para as Ciências do Homem. Assim a antropologia e história, a sociologia procuram investigar as relações sociais que são tecidas no processo de escolarização e por ele. Como um cristal, a educação escolar reflete as luzes das diversas ciências que procuram apreendê-la. (MAZZOTTI, 1992, p.16) Dessa maneira, parece nítido que a pedagogia é múltipla e, múltipla em saberes, em funções, em cultura e demais aspectos que envolvam a formação do sujeito, como o social, afetivo, emocional e psicológico. Essa pluralidade sem dúvida envolve não somente o espaço físico denominado socialmente responsável pela educação: a escola, mas, também, a comunidade escolar como um todo. Nessa perspectiva, é possível afirmar que não se faz escola sozinho, não se faz escola apenas pela atuação do supervisor pedagógico, não se faz uma educação igualitária e de qualidade pautada apenas em interesses dos docentes ou de gestores. A escola vai muito além dessa perspectiva, ela é o todo, o conjunto, a formação integral do aluno e a comunidade escolar. Para melhor compreendermos o estatuto da cientificidade da pedagogia, cabe, neste momento, observar a imagem a seguir: Fonte: Elaborado pela autora (2018). Pedagogia Ciências Humanas Filosofia, História, Direito, Antropologia Cultural ... Ciências Sociais Aspectos sociais/individuais e coletivos 11 Nesse viés, as ações do supervisor pedagógico devem permear os aspectos descritos, aliando teoria e prática, justapondo a cultura, as principais experiências vivenciadas pelos educandos e os saberes que vão além dos muros escolares, com aqueles partícipes do processo de ensino e aprendizagem ocorridos no ambiente escolar. Dessa maneira, o supervisor pedagógico deve atuar estabelecendo relações significativas entre a teoria e a prática, com projetos interdisciplinares que considerem e, até mesmo, enfatizem, a realidade da comunidade local associando às questões conteudistas e de obrigatoriedade de ensino e aprendizagem, porém, sempre respeitando a diversidade presente no ambiente e na comunidade escolar. Resumo da aula 1 Esta aula iniciou-se com os principais conceitos para a pedagogia e para a profissão de supervisor pedagógico, bem como estudou-se sobre a composição da ciência da pedagogia, composta pelas ciências distintas: humanas e sociais. Conheceu-se ainda um pouco da profissão de supervisor pedagógico explorando sua trajetória no tempo e na educação básica brasileira. Por fim, adentrou-se nas particularidades do estatuto de cientificidade da pedagogia, e percebeu-se que ela é a junção das ciências humanas e sociais, mesmo sendo ciências com aspectos e enfoques tão diferenciados, ao se juntarem, completam-se para a construção da formação totalitária do indivíduo. Atividade de Aprendizagem Para compreendermos mais sobre a junção entre as ciências humanas e as sociais, leia os dois primeiros capítulos do livro Pedagogia, ciência da educação?, organizado por Selma Garrido Pimenta: Estatuto de Cientificidade Pedagogia, de Tarso Bonilha Mazzotti, e Panorama Atual da Didática no Quadro das Ciências da Educação: Educação, Pedagogia e Didática, de Selma Garrido Pimenta, disponível em: <https://www.academia.edu/882286/Estatuto_de_cientificida de_da_Pedagogia>. Em seguida, de maneira discursiva, aponte os principais pontos que estão relacionados com as discussões abordadas nesta aula. 12 Aula 2 – Eixos estruturantes na supervisão pedagógica Apresentação da aula 2 Para compreender de maneira mais aprofundada a supervisão pedagógica, não se pode dissociá-la da formação inicial do pedagogo e dos eixos que compreendem e estruturam a educação básica brasileira. Ser e estar atuante na função de supervisor pedagógico requer, sem dúvida, um profissional capacitado e que caminhe ativa e participante nas necessidades da escola, envolvendo, assim, suas particularidades e relações construídas pelo próprio meio e, ao mesmo tempo, que atenda as questões que envolvem a legislação brasileira escolar, ou seja, as normas, leis e diretrizes. 2.1 Eixos estruturantes e a educação básica A educação básica brasileira é formada por suportes que a estruturam que são chamados de eixos. Para contemplar esses eixos os profissionais da educação precisam estar em consonância, assim, precisam atender as exigências tanto legais, quanto sociais, que envolvem a escolae os saberes. Com a Supervisão Pedagógica esse processo não se diferencia, ou seja, a profissão é formada por bases que a orientam e que devem ser seguidas. Para tanto, é fundamental que o supervisor pedagógico desenvolva o seu trabalho conforme os eixos de ensino que, sem dúvida, promovem o desenvolvimento do educando enquanto um cidadão partícipe da sociedade, sabedor e capaz de exercer a plena cidadania. Importante Lembre-se, os eixos que compreendem o currículo da educação básica se resumem a quatro itens: Cidadania; Sustentabilidade Humana; Aprendizagens; Diversidade. 13 Santomé (1998, p. 125) define como eixos aquilo que, “permite uma organização curricular mais integrada focando temas ou conteúdos atuais e relevantes socialmente, em regra geral, deixados à margem do processo educacional”. O que, na prática, pode-se compreender por meio do seguinte infográfico: Fonte: Elaborado pelo DI (2018). 2.1.1 Exercendo a cidadania Quando pensamos em uma supervisão pedagógica que contemple os eixos estruturantes de um currículo escolar, certamente estamos pensando em uma formação ampla do sujeito e não apenas uma formação conteudista. É exatamente nesse aspecto que o supervisor pedagógico necessita realizar um trabalho completo e que permita, ao longo da caminhada escolar do educando, o desenvolvimento de habilidades e de conscientização. Tal consciência é o que levará ao cidadão a criticidade para atuar na sociedade em que ele faz parte, que saiba colocar-se, exercer sua cidadania e afastar-se da manipulação de esferas políticas e midiáticas. Essa concepção de educação nos remete, sem dúvida, a Barbalet (1998, p.36), cujo salienta que “os direitos de cidadania impõem limitações à autoridade soberana do Estado [...] e podem ser chamados com mais propriedade deveres do Estado para com seus membros”. 14 Dessa maneira, o supervisor pedagógico, sem dúvida, assume uma condição profissional de trabalhar com o desenvolvimento humano em sua totalidade, incluindo os aspectos morais, sociais, políticos, econômicos e, sim, os conteudistas escolares. Para compreendermos o termo “exercer sua cidadania”, devemos tomar como ponto inicial o pensamento de Pedro Demo (1995, p.3): “cidadania é assim, a raiz dos direitos humanos, [...] competência humana de fazer-se sujeito, para fazer história própria, coletivamente organizada.” Assim, o supervisor pedagógico necessita orientar o trabalho escolar, envolvendo corpo docente, pais e responsáveis, funcionários administrativos, além, é claro, de estender a toda a comunidade escolar, indo além dos muros esclares, promovendo a gestão a todas as instâncias que envolvem o seu núcleo escolar, a fim de proprocionar a formação de um sujeito pleno e que seja capaz de exercer integralmente os seus diretitos e deveres passando, assim, a cidadania plena ser considerada um orientador significativo do trabalho escolar. 2.1.2 A sustentabilidade humana Adentrando um pouco mais nas particularidades dos eixos estruturantes curriculares e que, sem dúvida, estão interligados a função primordial do supervisor pedagógico, analisaremos a relevância da “Sustentabilidade Humana”. Esse item estabelece relações entre o “ter e o ser”, participa da formação do sujeito no que tange as práticas de consumismo, impulsividade e imediatismo relacionados ao comércio e as relações socioeconômicas. Cabe ao supervisor pedagógico determinar e orientar o trabalho pedagógico, sobretudo em projetos interdisciplinares, que visem enaltecer a natureza, os malefícios com as crises ambientais em detrimento do lucro, do poder e do consumismo, em suma, o supervisor pedagógico entra com a função de orientação, de promover uma educação embasada na realidade social, na sustentabilidade e que, sobretudo, auxilie o educando ao pensar crítico e coerente. Dessa maneira, adentramos em uma esfera bastante significativa e que, sem dúvida, nos remete aos ensinamentos de Paulo Freire quanto à igualdade 15 e a criticidade do educando, cabendo ao supervisor pedagógico observar todas as esferas sociais que participam de seu ambiente escolar, a distribuição de renda do público escolar e da comunidade, os serviços disponíveis, as tecnologias a disposição, os recursos e o próprio meio ambiente e a relação estabelecida com ele, pois, [...] a lógica da sustentabilidade humana também propõe o enfrentamento da injustiça social, caracterizada, sobretudo, pelas contradições entre a opulência e a miséria, a alta tecnologia e a precariedade de recursos, entre a crescente exploração de recursos e a desesperança dos seres humanos, a globalização dos mercados e a marginalização e exclusão social”. (GALANO, et al., 2003, p.3) Pode-se relacionar o trabalho do supervisor pedagógico com o eixo de sustentabilidade humana, conforme a figura a seguir: Fonte: Elaborada pela autora (2018). 2.1.3 Aprendizagens Outro eixo que estrutura o trabalho do supervisor pedagógico e que está relacionado ao projeto político-pedagógico e ao currículo da educação básica, é Su p er vs o r p ed ag ó gi co Sustentabilidade Humana Promover um conjunto de procedimentos diversificados e sistemáticos. Desenvolvimento das habilidades humanas e potencialides profissionais, intelectuais, biofisiológicas, emocionais e sociais. 16 denominado “Aprendizagens”. Esse eixo é tão significativo quanto as relações de formação social, pois trata-se exclusivamente do processo de ensino e aprendizagem que permeia a caminhada educacional. Podemos, então, associar a aprendizagem ao supervisor pedagógico com a garantia básica do direito de toda criança em participar de uma educação igualitária e de qualidade, enaltecendo que os educandos são seres cognitivos e afetivos e que sim, aprendemos pela convivência escolar, pela interlocução com os demais e, naturlamente, por um ambiente escolar apropriado, pensado, planejado e colocado em ação a fim de atingir a aprendizagem. Nesse processo, certamente, o olhar criterioso do supervisor pedagógico torna-se essencial, uma vez que se faz necessário observar a complexidade que envolve o ato de ensinar e de aprender, considerando todas as diversidades existentes entre os educandos, suas particularidades e singularidades que incluem as dificuldades de aprendizagem, social, emocional e afetiva. Curiosidade Você sabia que, seguindo esses preceitos e eixos estruturantes o supervisor pedagógico torna-se o centro do processo de ensino e aprendizagem? Sim, pois ele precisa atender não somente os desafios propostos por leis educacionais, mas sim, olhar os seus educandos e educadores com suas variáveis, suas indagações e condições, contribuindo para a formação de ambos e construção histórica da própria escola. 2.1.4 Diversidades O próximo e último eixo é denominado por “Diversidades”, mas afinal, “o que é considerado diversidade para o ambiente escolar?” A diversidade como eixo estruturante do currículo e de gestão escolar se relaciona a direitos humanos, a educação do campo, as relações Étnico-raciais e de gênero e que despertam conflitos e fenômenos sociais isolados, como o racismo, sexismo e a homofobia. 17 A diversidade, assim, é considerada como a natureza das diferenças de gênero, de intelectualidade, de raça e etnia, de orientação sexual, de pertencimento, de personalidade, de cultura, de classe social, motoras, sensoriais, enfim, da diversidade vista como possibilidade de adaptar-se e de sobreviver como espécie na sociedade. É exatamente nesse contexto tão complexo que o supervisor pedagógico deve fortemente atuar, promovendo uma formação que contemple a todos e que respeite a todos, independente de suas particularidades. Até o momento conseguimos descrever e compreender a relevância do trabalho do supervisor pedagógicofrente a busca por uma educação de qualidade, além, é claro, de desenvolvermos a percepção acerca da importância que o mesmo possui na orientção do trabalho que envolve toda a escola e a comunidade escolar. Muito se fala em direitos humanos, em qualidade escolar e até mesmo em igualdade social, porém, “qual a relação que, de fato, a escola e, naturalmente, o supervisor pedagógico possuem com essas condições?” Tanto com os direitos humanos, como com a pedagogia do campo, com as relações étnico-raciais e de gênero estão, sem dúvida, fortemente presentes no ambiente escolar pois, a escola, é ambiente social de convivência mútua, estabelecendo ao supervisor pedagógico a função de desenvolver uma escola que promova o respeito. Assim, o eixo diversidade possui uma flexibilidade significativa, justamente por trabalhar com as constantes alterações que tais temas promovem, ficando a cargo do supervisor pedagógico promover uma gestão democrática que enalteça uma educação na mesma condição, ou seja, que inclua a todos os indivíduos, negros e brancos, com deficiências ou não, mas que recebam o mesmo respeito e que se apoderem dos mesmos direitos e deveres. Certamente, diversas orientações acerca do trabalho do supervisor pedagógico nos foi explanado. Embasados em nossos conhecimentos adquiridos nesta aula, pudemos conhecer a relevância de um trabalho de gestão bem organizado e fundamentado nos eixos curriculares, seguindo as leis, normas e regras educacionais além, é claro, da necessidade em contemplar a 18 comunidade escolar como um todo, respeitando as particularidades do público- alvo de cada instituição escolar. Não podemos apontar um eixo que consideraríamos mais significativo frente ao trabalho do supervisor pedagógico, mas sim, descrever que em cada situação, um eixo em particular, sobressai-se e auxilia o profissional no desenvolvimento dos educandos e em sua formação totalitária, enaltecendo, novamente, a importância do supervisor pedagógico, suas ações e gestão, para uma educação de qualidade e igualitária. Resumo da aula 2 Nesta aula, adentramos nas particularidades de cada eixo estruturante e os relacionamos com o trabalho de gestão do supervisor pedagógico. Dessa maneira, pudemos esclarecer a necessidade do supervisor pedagógico em estabelecer seu trabalho com uma gestão democrática, possibilitando à comunidade escolar a participação ativa, sobretudo, relacionada aos eixos que estruturam não somente o trabalho de gestão do supervisor pedagógico, mas sim, a escola como um todo, na busca dos resultados traçados por cada instituição além dos objetivos descritos pelas leis e normativas educacionais. Atividade de Aprendizagem A pesquisa é essencial para aprofundarmos e fixarmos nosso aprendizado e, como sugestão, torna-se relevante realizarmos uma pesquisa acerca da flexibilidade apontada no eixo diversidade”. Este eixo diversidade é construído e selecionado a partir das questões sociopolíticas, culturais, pedagógicas e intelectuais. A partir desta constatação, o trabalho de gestão e de orientação pedagógica do supervisor pedagógico deve considerar o contexto histórico e social dos educandos ou apenas seguir as normativas e leis que regem o currículo? 19 Aula 3 – Campos de atuação da Pedagogia: Educação em espaço escolar e não escolar Apresentação da aula 3 A Pedagogia é considerada uma ciência que trata da educação de maneira ampla, correspondendo aos métodos e modos de ensino que projetam a formação de um cidadão, moldando-o nos parâmetros de criticidade e autonomia que exigem uma sociedade contemporânea, ou seja, a pedagogia em suas esferas, incluindo a supervisão pedagógica, devem, necessariamente, estar presentes seja em espaço escolar ou não escolar, a fim de formar um indivíduo em sua totalidade. Partido desse conceito inicial sobre a Pedagogia, veremos nesta aula acerca dos espaços escolares e não escolares que envolvem o supervisor pedagógico e a formação do ser humano. 3.1 A atuação do supervisor pedagógico nos espaços escolares Inicialmente, buscaremos compreender e delimitar uma definição para o conceito de espaços escolares. Se espaço é considerado um local apropriado para determinada ação, ao unirmos as palavras espaço e escolar, podemos considerar propriamente dito como “espaço escolar,” a escola de educação formal. Dessa maneira, ao realizarmos um levantamento no tempo e no espaço, perceberemos que a conceituação de espaço passou por uma significativa ressignificação, deixando assim de ser considerado um espaço no âmbito geométrico, chegando à denominação de comunicação, de signos e significados que buscam promover algo. Seguindo essa vertente, os espaços escolares referem-se às instituições de ensino, sejam elas de cunho privado ou público. A escola é considerada um ambiente propício e, certamente, adequado para a construção de ensino e aprendizagens formais, além de proporcionar a troca de experiências, mesmo àquelas construídas além dos muros escolares que, naturalmente, é riquíssimo 20 em símbolos e comunicações. Acompanhe, na imagem a seguir, as principais atribuições do espaço escolar: Fonte: Elaborada pela autora (2018). Com isso, é coerente informarmos que os espaços escolares não são neutros, neles há uma infinidade de informações e preferências que auxiliam não somente nas questões cognitivas – aprendizagens, mas concomitantemente, a construção da formação nos aspectos sociais e coletivos. Os espaços escolares, segundo Piaget (1970), proporcionam experiências significativas e espaciais que são fatores determinantes no desenvolvimento sensorial, motor e cognitivo. Partindo da concepção de Piaget e pensando na formação integral do educando, os espaços escolares vão muito além de uma construção física, mas um local que abriga diversos interesses que estão entrelaçados para a vida e formação do aluno. Assim, não podemos dissociar a escola e o seu espaço, da denominação de local próprio para o desenvolvimento humano em sua totalidade, abrangendo os aspectos sensoriais, motores, cognitivos, afetivos e sociais. Nesta vertente, o supervisor pedagógico atuante, crítico e autônomo que trabalha para atingir resultados positivos na formação do ser humano e de uma educação de qualidade, realizará ações na perspectiva de crescimento escolar, com o auxílio de novos métodos e metodologias, na promoção de projetos interdisciplinares e formação continuada de professores, por exemplo. Aprendizagem formal Comunicação - dialogicidade Interação Social, físico e cognitivo Espaço escolar 21 Assim, é perceptível que a escola de educação básica não caminha sem a presença de um supervisor pedagógico. Ele tonar-se o centro dos processos educativos e envolve, certamente, toda a comunidade escolar. Fica a seu cargo a responsabilidade de promover e orientar diversas atividades, conforme imagem a seguir: Fonte: Elaborada pela autora (2018). Nessa perspectiva, o supervisor pedagógico responde por toda a escola, sobretudo, ao que se refere a esfera conteudista e pedagógica de maneira ampla. Na sequência, veremos acerca dos espaços não escolares e da relação dos mesmos com o supervisor pedagógico. 3.2 Os espaços não escolares Os espaços escolares, como já estudamos, são considerados, socialmente, responsáveis pelo processo de aprendizagem e educação, porém, há um questionamento bastante significativo que nos leva a refletir sobre os demais espaços sociais e que, certamente, podem gerar aprendizagem. Então, pode-se analisar a sociedade ao seu redor e questionar-se: “afinal, quais são esses locais que geram troca, comunicação e saberes que não aqueles dispostos nos bancos escolares?”. Atividades da docência – planejamento, projetose avaliações Aproximar e evolver a comunidade ao ambiente escolar Promover a formação continuada dos docentes Desenvolver projetos inerdisciplinares que atendam a escola e a comunidade, além de contemplar o PPP da instituição Supervisor Pedagógico 22 Primeiramente, antes de adentrarmos na resolução desse questionamento, é imprescindível percebermos que a educação é considerada a mola propulsora da sociedade em diferentes aspectos, como o social, econômico e político, carregando a responsabilidade de diminuição das lacunas sociais e da construção de uma sociedade igualitária. Partindo desses moldes, a escola não é mais o único local de aprendizagem e de atuação do supervisor pedagógico, porém, socialmente o mais importante. Fonte: Elaborado pela autora (2018). Devemos fazer uma reflexão sobre os possíveis espaços que geram educação e que auxiliam na formação do educando, sobretudo nas questões que envolvem a globalização e o avanço tecnológico, aliado a interação, aos aspectos sociais, econômicos e até mesmo políticos. Vocabula rio Globalização: “processo de integração entre as economias e sociedades dos vários países, especialmente no que se refere à produção de mercadorias e serviços aos mercados financeiros e à difusão de informações”. Fonte: https://dicionariodoaurelio.com/globalizacao Supervisor Pdagógico Igrejas Associações de bairro Empresas ONGs Sindicatos Abrigo Casas prissionais 23 As transformações ocorridas ao longo das décadas que envolveram o processo histórico da educação básica brasileira, inclusive a era industrial, certamente contribuíram para que o supervisor pedagógico fosse incluído em espaços diferenciados da escola, a fim de proporcionar aprendizagens diversas. Essa passagem da aprendizagem aos muros escolares abriu novas possibilidades de atuação do supervisor pedagógico e proporcionando a construção significativa de diversos pontos que estruturam a formação de um cidadão, como a interação social, a troca entre os pares e a comunicação, adentrando na cultura, nas experiências individuais e coletivas e no respeito ao próximo e a sua bagagem cultural e social previamente construída. É nesse ambiente transformador que o supervisor pedagógico atua, porém, ele precisa diferenciar-se de um pedagogo voltado para uma educação formal, tradicional e arcaica, ou seja, é preciso acompanhar as mudanças e inserir-se nesse contexto transformador. A partir desse conhecimento acerca dos espaços não escolares e seguindo a indicação de um pedagogo que procure mediar o processo de formação dos sujeitos, é essencial que algumas capacidades, habilidades e competências sejam construídas, desenvolvidas e potencializadas, justamente para que a educação não formal ocorrida nos espaços não escolares tenha significado e seja, de fato, relevante para a sociedade. Dessa forma, o supervisor pedagógico deve caminhar aquém de sua formação básica, abrangendo novas fontes de formação e informação, procurando adequar-se as necessidades da sociedade e do seu espaço de atuação não formal. Nesse viés, certamente é fundamental que o supervisor pedagógico perceba o público-alvo desse espaço não escolar, bem como a realidade socioeconômica, para direcionar sua formação e a formação dos sujeitos, promovendo ações que os contemplem em sua totalidade. Nessa perspectiva, o supervisor pedagógico não deve deixar de lado a consciência crítica em trabalhar com pensamentos diversos, com culturas diferenciadas, experiências construídas em meios distintos, com transformações de valores, de famílias e de sociedade e, é exatamente essa riqueza cultural que norteia seu trabalho e auxilia na formação integral do cidadão e na transformação do comportamento humano, aliando, inclusive, aquela educação que ocorre adentrando os muros escolares. 24 Ví deo A fim de que percebamos um pouco mais sobre o contexto das práticas educativas nos espaços não formais e da atuação do supervisor pedagógico, assista ao vídeo O Trabalho do Pedagogo no Ambiente Escolar e Não Escolar – Abrigo, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=a4VJKJa2eb4 Esse vídeo mostra a atuação de um supervisor pedagógico em um abrigo, com sua linguagem simples, nos permite compreender as principais atividades relacionadas ao trabalho do pedagogo. Construímos diversos conceitos que certamente nos orientarão ao longo da disciplina e, até mesmo, de nosso curso e de nossa atuação profissional, despertando a busca pelo conhecimento e pela melhor atuação para formação integral de um sujeito, seja na educação formal ou informal. É necessário ressaltarmos que, independente do ambiente que esteja gerando a educação, é primordial que espaço não escolar, que educação informal, caminhe lado a lado com a educação oriunda do espaço formal, ou seja, da escola. Essa junção auxiliará a formação de um sujeito integro, completo, atuante, ativo e conhecedor de suas responsabilidades sociais, econômicas e políticas. Saiba Mais Os espaços não formais também auxiliam a construção das aprendizagens formais, ou seja, a atuação do supervisor pedagógico lá no ambiente escolar e as orientações que o mesmo realiza junto ao corpo docente para auxiliar e promover melhores maneiras de aprendizagem. 25 Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia o artigo: Educação formal fora da sala de aula – olhares sobre o ensino de ciências utilizando espaços não formais, disponível em: http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/1674.pdf Esse escrito nos permitirá transitar entre a educação formal e informal, reforçando os principais pontos vistos em nossa aula. O mesmo apresenta como resumo pontos fundamentais como: utilização de ambientes extraescolares com a finalidade de desenvolver aprendizados, sendo uma prática pouco explorada como estratégia de ensino- aprendizagem na educação formal. Para que se alcance resultados significativos, em termos de aprendizagem, é necessário, uma boa compreensão das funções, do funcionamento e das potencialidades, dos diferentes espaços não-formais para a educação formal. O artigo faz um recorte e uma reflexão sobre alguns olhares em torno das definições da educação formal, não formal e informal e dos espaços nos quais estas modalidades de educação acontecem, dando maior ênfase à educação formal e ao uso dos espaços não-formais para o desenvolvimento de atividades de ensino-aprendizagem. Busca também fazer uma reflexão sobre as estratégias de ensino de ciências que podem ser realizadas nestes ambientes não-formais. Resumo da aula 3 Nesta aula aprofundamo-nos no que tange os espaços de educação formal, a escola, e os espaços de educação não formal. Com isso, construímos aprendizagens significativas acerca da temática e que os levaram a diferenciar a atuação do supervisor pedagógico em alguns ambientes, como em abrigos, Organizações Não Governamentais (ONGs), igrejas, clubes, associações e sindicatos e até em empresas. Nessa perspectiva, conseguimos ampliar as possibilidades de atuação do supervisor pedagógico, bem como de sua formação e necessidade constante de buscar novas informações e formações continuadas. 26 Por fim, adentramos na esfera da relevância do supervisor pedagógico na exploração desses ambientes, apontando como fundamental o respeito ao público-alvo, aos aspectos econômicos, sociais e políticos que permeiam a formação integral do estudante. Atividade de Aprendizagem Explique as principais diferenças explanadas acerca dos ambientes formais e informais de educação. Na sequência, escolha um ambiente não formal de educação para explorar e identificar as principais ações do seu supervisor pedagógico. Aula 4 – Supervisor pedagógico: os projetos comunitários e sociais Apresentação da aula 4 Asociedade brasileira é composta por uma diversidade econômica intensa, ou seja, temos lacunas e desigualdades sociais em todas as regiões de nosso país. Essas desigualdades de fato são perceptíveis quando nos referimos a educação oferecida aos cidadãos brasileiros, sobretudo quando verificamos o quesito qualidade, garantido em nossa constituição, percebemos que não é oferecida de forma igualitária a todos os cidadãos brasileiros. Nesse ambiente repleto de diferenças econômicas, sociais, culturais e políticas encontram-se os projetos educacionais, de educação formal e informal e, naturalmente, a atuação do supervisor pedagógico. Desse modo, nesta aula, analisaremos exatamente esse cenário e perpassaremos pelos principais projetos que aliam a educação com a ação de comunicar-se, visando a autonomia, a cidadania, o respeito, a diminuição da violência entre outros objetivos particulares. 4.1 Projetos sociais e a atuação do supervisor pedagógico Procuramos até o momento distinguir a relevância do supervisor pedagógico e suas ações nos espaços de educação formal e nos espaços que 27 vão além dos muros escolares, denominados não formais. Partindo desse pressuposto, vamos nos aprofundar na atuação desse profissional quando nos remetemos aos projetos comunitários e sociais. “Há, de fato, espaço para o trabalho do pedagogo nessa esfera educacional?” Após refletirmos, certamente chegaremos à conclusão de que o supervisor pedagógico é essencial nesses ambientes, seja em ONGs, igrejas, casas de detenção, associações de bairros, sindicatos ou demais espaços não escolares, mas que geram aprendizagem. Hipoteticamente, vamo-nos remeter a um ambiente informal de educação, porém, que apresenta um nível elevado de violência, com crianças que estão à margem da sociedade e que apresentam diversas necessidades além das econômicas, como afetivas e culturais, por exemplo. Nesse ambiente o pedagogo deverá utilizar-se da própria realidade para gerar conscientização e promover, por meio dos projetos, a gradativa, porém, fundamental transformação social. Quando entrelaçamos a supervisão pedagógica aos espaços não escolares, os projetos e transformações sociais, não separamos Paulo Freire desse tripé, afinal, Freire foi um transformador social que vislumbrava a comunicação como indissociável da educação como prática libertadora, visto que, é por meio do diálogo, da comunicação e interação que a aprendizagem se instaura. Para comunicar é preciso pensar e ter a reciprocidade do ato, tornando os sujeitos ativos e comunicativos entre si. A comunicação, apresentada por Freire, foi a base dos processos educomunicativos no Brasil, propiciando a concepção de que todo sujeito tem o direito de comunicar-se, exercer criticamente sua cidadania e participar de seu meio de maneira democrática. Para Freire (1997, p. 78), “se dizer a palavra verdadeira, que é trabalho, que é práxis, é transformar o mundo, dizer a palavra não é privilégio de alguns homens, mas direito de todos os homens”. Ao realizar o ato de transmissão de informações, que promove a interação individual e coletiva, o sujeito passa a refletir acerca de seus pensamentos e, naturalmente, passa a promover sua autonomia, sendo que, essa dinâmica enquadra-se num processo humanista, pois “fazendo e refazendo as coisas e transformando o mundo, os homens podem superar a situação em que estão 28 sendo um quase não ser e passar a ser um estar sendo em busca do ser mais” (FREIRE, 1997, p. 74). De acordo como o autor, a comunicação se dá por um ciclo, onde comunicação e sujeitos se completam por intermédio do pensamento, da reflexão, da autonomia e da interação e, por meio desse ciclo, diversos projetos comunitários e sociais foram colocados a população, tornando a participação do supervisor pedagógico extremamente relevante o espaço não formal de educação: Fonte: Elaborado pela autora (2018). No período em que Freire discorria sobre essa dinâmica de comunicação, meados da década de 1980, e diante da possibilidade de articular pensamentos e ações, diálogo e transformação, comunicação e liberdade, a consequência, no âmbito social, foi a possibilidade dos indivíduos questionarem as formas retrógradas de poder, promovendo, no Brasil, constantes movimentos sociais, sobretudo aqueles que incentivavam a cultura e o sentimento de patriotismo. 29 4.2 Educom – Projetos comunitários e sociais que envolvem a comunicação, a escola e os espaços não formais de educação Há diversos e significativos projetos que acontecem na educação informal e em espaços não escolares que, concomitantemente, atuam com a escola. Tais projetos se diferenciam conforme o ambiente e o público-alvo, buscando atingir as necessidades daquele momento, ou seja, um trabalho realizado em um abrigo poderá diferenciar-se daqueles aplicados em casas de detenção. Há a necessidade de adequações que dependem exclusivamente do olhar do supervisor pedagógico. A partir de agora, vamos conhecer alguns projetos significativos que acontecem nos âmbitos nacionais e estaduais que, certamente, buscam diminuir as lacunas das desigualdades sociais. Para iniciarmos é relevante compreendermos que um projeto cria condições de promoção à formação teórica e prática, relacionando o que estudamos em aulas anteriores, mesclando os ambientes formais e não formais de educação e que, propiciam condições ao sujeito de gerar as próprias formas de expressão, construindo espaços de cidadania pelo uso comunitário e participativo dos recursos da comunicação e da informação. Os projetos que veremos a seguir estão relacionadas a temática da educomunicação, ou seja, aquela que relaciona a comunicação com a educação, a fim de auxiliar a formação totalitária do cidadão, neles, perceberemos diversos aspectos que são abordados e o foco passa a ser a formação, já os meios de comunicação e o supervisor pedagógico são os recursos e mediações para atingir os objetivos inicialmente propostos. Isso posto, percebe-se que os norteadores pertinentes à educação e à comunicação se entrecruzam constantemente, embora considerados divergentes em alguns aspectos, a interconexão entre ambos é requerida pela própria vivência em sociedade. Como já demonstrado pelo Ministério da Educação e Cultura “a produção contemporânea é essencialmente simbólica e o convívio social requer o domínio das linguagens como instrumento de comunicação” (BRASIL, 1996, p.21). Sendo assim, a educação é vista como ação comunicativa, e a comunicação um fenômeno presente em todos os modos de formação do homem. Neste contexto, o supervisor pedagógico atuante em espaços não escolares precisa compreender que a educomunicação se posiciona como uma 30 educação dialógica, com solidariedade, participação ativa e compartilhamento de saberes, uma espécie de tripé estabelecido entre relações sociais, educação e comunicação a fim de diminuir as lacunas e desigualdades sociais, capazes de oferecer a comunidade uma oportunidade real para criar um ambiente propício as relações, interrelações e aprendizagens diversas. Há projetos que intercalam os ambientes formais e informais de educação e que atingem uma proporção tão antes inatingível que chegam a estabelecer leis a Estados ou municípios, como o caso do projeto denominado Educomunicação pelas ondas do rádio (2002), no estado de São Paulo que mesclava a Escola Pública e a comunidade em geral. Ao todo o projeto movimentou cerca de 455 escolas de Ensino Fundamental. “Podemos imaginar, a relevância do supervisor pedagógico em um projeto tão extenso como esse?” Certamente ele é fundamental, afinal, suas ações, suas orientações, sua organização, a promoção que ele realiza para o envolvimento da comunidade escolar e os objetivos a serem alcançados são essenciaise definidores para o trabalho da supervisão escolar e de uma gestão capacitada, autônoma e comunitária. O projeto em questão, proporcionava para a escola, bem como para educadores e educandos, uma produção radiofônica, a qual permitia que a comunidade escolar utilizasse o poder da palavra, da dialogicidade, da troca e do conhecimento, além de promover um enriquecimento das habilidades de leitura e escrita, favorecendo o domínio da linguagem (SOARES, 2011). O projeto Educomunicação pelas ondas do rádio proporcionou ao município de São Paulo a criação da lei 13. 941, em 28 de dezembro de 2004, intitulada “Educom”, que definia o sentido de educomunicação para as práticas de recursos educacionais e como política pública no município. A lei Educom representa intenso avanço educomunicativo, constituindo- se como um foco nacional, e mais, um exemplo aos demais estados e municípios do país. Em sua configuração garante-se o contato com os recursos educomunicativos de maneira ampla, não apenas de rádio e cinema, atingindo não somente os educandos e educadores, mas a comunidade escolar como um todo, sendo responsabilidade da administração municipal disponibilizar recursos para a implementação dos projetos de cunho educomunicativo. 31 A partir desse contexto outros espaços de educação não formal aderiram a projetos educomunicativos proporcionando aos supervisores pedagógicos novas possibilidades de atuação, igualmente, aumentando a responsabilidade social pertencente a sua profissão. Dessa maneira, diversos pontos do Brasil, atingindo grande parte do território nacional, com o auxílio das ONGs (Organizações não Governamentais), foram adotadas diversas ações e projetos, os quais eram denominados de “educação pela comunicação”. A maioria dos representantes destas ONGs, pedagogos, reuniu-se na cidade de Fortaleza (CE), no ano de 2009, definindo e assumindo o conceito e a educomunicação em seus projetos. Partindo desse contexto, os projetos envolvendo as ONGs e escolas contemplavam recursos de comunicação, não somente o vídeo ou o rádio, mas também a própria palavra, a partir da cultura e da utilização do jornal escolar. Entre os inúmeros projetos, destacam-se: Projetos – Rede Comunicação, educação e participação – CEP* Projeto Principais objetivos Região Mantenedor Escola de vídeo Auxiliar a formação humana, política e técnica; Ampliar as possibilidades de empoderamento e autonomia; PE UNESCO UNICEF Aprender fazendo Contato direto com as principais linguagens midiáticas; Democratizar a comunicação; Contribuir para uma formação crítica e solidária; RJ, MA, PE UNICEF Botando a mão na mídia Instigar a interação educador e educando; Desenvolver a criticidade sobre os meios de comunicação; Reflexão sobre as próprias experiências de vida; Desenvolver o senso de colaboração; Trabalhar com as organizações de ideias e expressões orais; Brasil CECIP A educação no bairro- escola: fortalecendo o território e a comunidade local Fortalecer a comunicação local; Integrar os potenciais educativos; Garantir o desenvolvimento integral do ambiente e dos sujeitos; SP UNICEF 32 Programa jornal escola Expressar livremente os pensamentos e sentimentos; Promover a cidadania participativa; Propiciar a melhoria das habilidades de leitura e escrita; Promover a estrutura de diálogo e intercâmbio de experiências. CE, RN, PI, BA e SP UNESCO UNICEF BNDES Fonte: Elaborada pela autora (2018). Todos os projetos apresentados no quadro são realizados com o auxílio direto de supervisores pedagógicos e visam a criticidade, a interação, a melhoria das habilidades de escrita, leitura e oralidade, auxilia o processo de troca de experiências, de socialização, colaboração, de solidariedade e de formação como um todo, abrangendo os aspectos humano, social, político e econômico. Resumo da aula 4 Abordamos a relação dos projetos com a atuação do supervisor pedagógico e a relevância dos mesmos para a diminuição das lacunas existentes nos aspectos sócio econômicos. Conseguimos refletir sobre questões essenciais e que norteiam a disciplina como a possibilidade da junção entre os projetos sociais e os escolares. Pudemos compreender um pouco mais acerca dos projetos comunitários e sociais que acontecem com intervenção do supervisor pedagógico. Pudemos perceber a relevância da atuação do pedagogo nos espaços não escolares e da relação que estabelecem as aprendizagens que acontecem nos espaços escolares com os espaços não formais de educação. Atividade de Aprendizagem Pesquise no mínimo dois projetos sociais que geram aprendizagens em espaços não escolares e relacione-os com a atuação do supervisor pedagógico. Os resultados devem ser apresentados de maneira dissertativa e não em tópicos. 33 Resumo da disciplina Procuramos trabalhar as mais relevantes temáticas que se entrelaçam a disciplina de Supervisão Pedagógica. Em um primeiro momento, enfocamos os conceitos acerca da supervisão pedagógica, analisamos, posteriormente, o trajeto e a construção histórica da profissão, reconhecendo os mais significativos avanços das ações pertinentes a esse profissional. Outro ponto fundamental que abordamos foi, sem dúvida, a relevância dos espaços não escolares para a construção das aprendizagens fundamentais que norteiam a formação do sujeito, relacionando a essa temática, os projetos sociais, comunitários e os escolares. A partir de conceitos e situações que norteiam a supervisão pedagógica, concluímos que é de extrema importância à função do pedagogo enquanto supervisor, seja ele no espaço de educação formal ou das inúmeras opções de atuação em diferentes ambientes. 34 Referências ALARCÃO, I. Do olhar supervisivo ao olhar sobre a supervisão. In: RANGEL, M. (org.). Supervisão pedagógica. Princípios e práticas. Campinas: Papirus Editora, 2001. Alarcão, I.; Tavares, J. Supervisão da prática pedagógica – Uma perspectiva de desenvolvimento e aprendizagem. Coimbra: Livraria Almedina, 1987. BARBALET, J.M. A Cidadania. Lisboa: Editorial Estampa, 1998. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio). 1996. 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Porto Alegre: Editora Artes Medicas Sul LTDA, 1998. SOARES. Ismar de Oliveira. Educomunicação – o conceito, o profissional, a aplicação. São Paulo: Paulinas. 2011. VIEIRA, F. Supervisão – uma prática reflexiva de formação de professores. Rio Tinto-Portugal: Edições Asa, 1993. Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitosautorais.
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