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Fatores de risco para Trombose: Anticoncepcionais, Tabagismo e COVID

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Michelle Del Nery 
 
Fatores de Risco para 
Trombose - I: 
anticoncepcionais, 
tabagismo e covid-19 
Anticoncepcionais 
A trombose venosa profunda (TVP) caracteriza-
se pela formação de trombos dentro de veias 
profundas, com obstrução parcial ou oclusão, 
ocorrendo em 80% a 95% das vezes nos 
membros inferiores. Pode afetar também os 
braços, as veias esplâncnicas e o cérebro. O 
tromboembolismo venoso é a 3ª doença 
cardiovascular mais prevalente em todo o 
mundo, após o infarto de miocárdio e o 
acidente vascular cerebral, e uma das principais 
causas de morte hospitalar evitável, sendo 
estimado que a cada 37 segundos uma pessoa 
no mundo morre por causa de um coágulo 
sanguíneo. 
Os contraceptivos hormonais mais estudados 
em relação ao sistema de coagulação são os 
orais combinados. 
O etinilestradiol (EE) induz alterações no 
sistema de coagulação, tendo como resultado 
final aumento na formação de trombina. Os 
efeitos dos progestagênios sobre os fatores da 
coagulação são discutíveis acredita-se que 
exerçam discreta atuação em conjunto com o 
etinilestradiol, demonstrando pequenas 
diferenças de intensidade sobre o sistema de 
coagulação das diferentes combinações 
contidas nos COCs. 
Os COCs promovem aumento dos fatores de 
coagulação (fibrinogênio, protrombina, VII, VIII, 
IX, X, XII e XIII) e redução dos inibidores naturais 
da coagulação (Proteína S e antitrombina), 
produzindo efeito pró-coagulante leve. No 
sistema fibrinolítico, aumenta a atividade 
fibrinolítica, sem, contudo, influenciar no risco 
de TEV. 
Vale lembrar que os COCs provocam alterações 
em quase todos os níveis plasmáticos das 
proteínas na coagulação e na fibrinólise. Estas 
alterações tanto podem ser sinérgicas como 
antagônicas, o que de certa forma contribui 
para um efeito pró-coagulante pouco 
pronunciado. 
Os avanços na investigação da trombose 
permitiram melhor interpretação das relações 
entre os múltiplos efeitos dos COCs sobre os 
parâmetros hemostáticos e o risco de TEV. 
Fenômeno interessante relacionado à Proteína 
C, um dos componentes do sistema de 
anticoagulação sanguínea, foi observado em 
usuárias de COCs, que se mostraram mais 
resistentes aos efeitos anticoagulantes da 
Proteína C ativada (PCa) do que as não-usuárias. 
Tabagismo 
O cigarro causa lesão na parede vascular, 
vasoconstrição, predisposição ao acúmulo de 
gorduras e formação de placas de aterosclerose 
com estreitamento e enrijecimento dos vasos 
sanguíneos. O conjunto desses fatores leva 
maior chance de formação de coágulos no 
sangue. 
O fumante não prejudica apenas a sua saúde. 
Indivíduos próximos ao seu convívio, fumantes 
passivos, apresentam 30-50% mais risco de 
doenças cardiovasculares que aqueles que não 
têm contato com o tabaco. 
Outro ponto que deve ser ressaltado é a pílula 
contraceptiva e tabagismo. O estrógeno, 
hormônio que compõe a pílula, altera 
mecanismos da coagulação com maior 
viscosidade sanguínea. A associação pílula e 
cigarro é catastrófica, com alto risco de TVP, 
mas também de AVCI e infarto cardíaco. 
 Michelle Del Nery 
 
COVID-19 
O coronavírus (SARS-CoV-2) pode predispor os 
pacientes à trombose arterial ou venosa devido 
a inflamação excessiva, ativação plaquetária, 
disfunção endotelial e estase sanguínea. As 
anormalidades hemostáticas mais relacionadas 
são trombocitopenia e níveis aumentados de D-
dímero, que estão associadas a um maior risco 
de ventilação mecânica, admissão em UTI 
(Unidade de Terapia Intensiva) e morte. A 
severidade da doença também pode ser 
associada a um PTT e INR prolongados, assim 
como a IL-6 aumentada pode indicar perfil pró-
coagulante. 
No entanto, ainda não se sabe se essas 
alterações hemostáticas são um efeito 
específico do SARS-CoV-2 ou são uma 
consequência da tempestade de citocinas que 
precipita o início da síndrome de resposta 
inflamatória sistêmica (SIRS), conforme 
observado em outras doenças virais. 
 
REFERENCIAS: 
• BIKDELI, B.; et al. COVID-19 and 
Thrombotic or Thromboembolic Disease: 
Implications for Prevention, 
Antithrombotic Therapy, and Follow-Up: 
JACC State-of-the-Art Review. J Am Coll 
Cardiol., v.75, Jun. 2020. 
• Federação Brasileira das Associações de 
Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). 
Tromboembolismo venoso e 
contraceptivos hormonais combinados. 
V.4, n.1. 2016

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