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· DESNUTRIÇÃO Desnutrição Proteico Calórica na Infância · Apesar do direito inalienável de todo ser humano de não padecer de fome.... · A desnutrição é a segunda causa de morte mais frequente em menores de 5 anos nos países em desenvolvimento · Pela Organização Mundial de Saúde, a desnutrição é o resultado de uma falta crônica de atenção nutricional e emocional por parte das pessoas que cuidam das crianças, que, por falta de conhecimentos, por pobreza ou por problemas familiares, são incapazes de proporcionar a nutrição e os cuidados que estas requerem. · A desnutrição geralmente se inicia no útero, acomete as crianças e, através das meninas e mulheres, se estende à vida adulta e às próximas gerações, pelo seu efeito negativo aditivo sobre o baixo peso dos bebês. Fatores etiológicos · Baixo nível socioeconômico que está associado a falta de ingestão alimentar; · Más condições ambientais, levando a maior probabilidade de infecções e hospitalizações; · Baixo nível educacional e cultural, levando as crianças a uma privação afetiva e ao desmame precoce; · Desestruturação familiar, sendo muitas vezes os pais separados, a mãe trabalha fora deixando o cuidado da criança para idosos ou pessoas não habilitadas para isto. Manifestações Clínicas · A manifestação clínica da desnutrição pode ser leve, moderada ou grave e dependente do grau e da duração da deficiência alimentar bem como da atuação de fatores predisponentes. · Os sinais e sintomas mais frequentes são a diminuição da atividade física, a parada do crescimento, do ganho de peso e em fases mais avançadas a perda de peso. Formas da Desnutrição Grave · A desnutrição grave quando instalada pode ser classificada em 3 tipos clínicos: marasmo, Kwashiorkor-marasmático e Kwashiorkor. · As crianças que não apresentam as características clínicas do marasmo, mas que apresentam déficit de crescimento, são consideradas desnutridas moderadas ou leves. Desnutrição Kwashiorkor · Retardo no crescimento; · Perda de gordura subcutânea e muscular; · Edema depressível que se localiza principalmente nas pernas, nas crianças que caminham, mas que pode atingir todo o corpo; · Hepatomegalia acentuada devido a esteatose hepática; · Alterações mentais e de humor; · Lesões de cabelos (textura, cor, sem brilho, queda) generalizadas ou localizadas (sinal da bandeira); · Lesões de pele (despigmentação, dermatose de áreas de fricção, descamação) Sinais e Sintomas · Anorexia, diarreia, infecções e deficiências de micronutrientes (vitamina A, zinco, ferro) são frequentes. · A presença de um significante grau de perda de peso e a presença de edema são os aspectos essenciais para o diagnóstico de Kwashiokor. Desnutrição Marasmo · A criança com marasmo avançado tem um aspecto inconfundível. · É muito magra, com evidente perda de massa muscular, extremidades muito delgadas e abdome às vezes proeminente. · A face tem uma aparência de “velho” ou “simiesca”. · Pregas frouxas da pele podem ser vistas, principalmente nas nádegas. · Peso muito baixo (peso por idade inferior a 60% do peso previsto para a idade); · Retardo no crescimento (baixa estatura para a idade); · Gordura cutânea escassa ou ausente; · Diarreia, infecção respiratória, parasitoses e tuberculose comumente estão presentes, bem como sinais de carências de micronutrientes, como xeroftalmia, deficiência de vitamina B, anemia ferropriva e outras; · O estado de ânimo pode ser mais ansioso do que apático; · A temperatura corporal tende à hipotermia. Kwashiorkor – Marasmático · Uma proporção das crianças desnutridas pode apresentar uma forma de desnutrição mista, o Kwashiorkor-marasmático, com características mistas em relação às duas outras formas clínicas. · Geralmente, quando desaparece o edema com o tratamento, pode-se ver que elas são portadoras de marasmo Avaliação do Estado Nutricional · Atualmente, por recomendação da OMS, são utilizados os indicadores: · altura por idade; · peso por altura; · peso por idade Escore Z · Escore Z negativo, indica que a criança está abaixo do padrão de estado nutricional desejável. · Se o escore Z é igual ou inferior a -3 DP, considera-se que existe desnutrição grave; · Se entre 2 a -2,9 DP, desnutrição moderada. Diagnóstico da Desnutrição · O diagnóstico de desnutrição é feito a partir da história clínica da criança, bem como pelo seu exame clínico e determinação do estado nutricional. · A avaliação e cuidadoso acompanhamento clínico da criança é o guia mais importante para o diagnóstico e para definir e monitorizar o tratamento da criança. · A clínica da criança é soberana em todos os momentos do tratamento, inclusive nas situações de impossibilidade de realização ou de dificuldades de interpretações de exames laboratoriais. - peso e altura preferencialmente sem roupa Tratamento da Desnutrição · Na dependência da sua gravidade, as crianças desnutridas podem ser tratadas em hospital, centros de nutrição, ambulatórios e na comunidade/domicílio Tratamento Hospitalar · Devem ser hospitalizadas para tratamento as crianças com manifestações clínicas de Kwashiorkor, Marasmo ou Kwashiorkor-marasmático, cujo peso para a idade (P/I) seja menor que -3DP, associado a inapetência acentuada; · Diarreia e/ou vômitos; · Qualquer infecção associada; · Também devem ser hospitalizadas crianças com DEP grave (P/I < -3DP) que não podem ser referidas para tratamento ambulatorial Fases do Tratamento da Desnutrição · Na fase de estabilização, que vai do 1º ao 7º dia de tratamento, são identificados e tratados os problemas com risco de vida, corrigidas as deficiências específicas, assim como as anormalidades metabólicas, e inicia-se a alimentação. · Na fase de reabilitação, que dura da 2ª até 6ª semana, a criança deve ser alimentada de forma intensiva para recuperar a maior parte do peso perdido. Aumenta-se a estimulação emocional e física, treina-se a mãe ou pessoa que cuida da criança para continuar os cuidados em casa e, finalmente, prepara-se a alta da criança. · Se a duração da hospitalização for menor que 6 semanas, deve-se assegurar o suporte adequado para completar o tratamento de reabilitação em centro de nutrição, ambulatório e domicílio. · A fase de acompanhamento, da 7ª à 26ª semana, inicia-se imediatamente após a alta, principalmente se a criança recebeu alta antes de completar a reabilitação. · Acompanha-se a criança e sua família, para prevenir a recaída e assegurar a continuidade do desenvolvimento emocional, físico e mental da criança. Orientações · As ações de manejo dietético podem ser promovidas pelos profissionais de saúde através de orientação direta às mães sobre aleitamento materno, alimentação complementar para crianças a partir de 6 meses, incluindo alimentos ricos em vitamina A, ferro, zinco e vitamina B6