Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Mariana Alves – 6º período Reumatologia Artrites microcristalinas Doenças de cunho metabólico Gota Gota – antigamente era conhecida como doença dos reis. Reis eram sedentários, obesos e com hábitos alimentares de ingestão de muita carne e cerveja Definição Doença inflamatória, metabólica que cursa com hiperuricemia e é resultante da deposição de cristais de monourato de sódio (MUS) nos tecidos e nas articulações. Influencia genética, crises recorrentes de artrite aguda, formação de tofos de forma crônica, plurimetabolico (paciente que tem comorbidades associadas) Hiperuricemia – supersaturação de líquidos orgânicos com urato. Acima de 6,8mg/dl A hiperuricemia pode ser assintomática. Nem sempre ela vai gerar uma doença articular, pode gerar nefropatia. Epidemiologia Maior predisposição para acontecer no homem. Tem associação com ambiente em que o paciente é exposto (dieta, drogas, toxinas) Patogênese O aumento do nível de urato pode ser: - aumento da sua produção - diminuição da sua excreção Produção: 1/3 da produção de urato é através da ingestão de proteína Síntese endógena de purinas Excreção: Renal – 2/3 Intestinal – 1/3 Metabolismo das purinas ... Inosina – hipoxantina – xantina – urato A partir da hipoxantina temos a ação da xantina oxidase, nela que vamos atuar para tratar Dentro da articulação começa a aparecer cristais de monourato de sódio. O monócito fagocita esses cristais e começa liberar a Pro interleucina 1 beta (PRO IL 1 β), que gera a IL 1β. Dessa forma começa a Mariana Alves – 6º período Reumatologia recrutar neutrófilos e fazer com que a cascata de inflamação chegue cada vez mais naquele local. Existem mecanismos de ação que inibem a IL1β (Anakinra). Fatores de risco O principal fator de risco para gota é a hiperuricemia (ácido úrico alto), acima de 6,8mg/dl. Condição necessária, mas não suficiente. Somente 22% das pessoas com ácido úrico acima de 9mg/dl vão desenvolver gota. - ausência de uricase - diminuição da excreção renal - dieta (rica em proteína, principalmente carne vermelha e frutos do mar) - álcool - drogas Classificação Primária: - defeito inato no metabolismo das purinas - defeito enzimático específico: aumento na produção de ácido úrico - defeito intrínseco da excreção renal do urato Secundária: - consequência de diversas doenças ou medicamentos Hiperuricemia primária por produção excessiva de urato: Alguns defeitos enzimáticos são hereditários. Algumas crianças nascem com deficiência total de algumas enzimas, como por exemplo a hipoxantina-guanina- fosforibosil transferase. Se total chamamos de Síndrome de Lesch-Nyhan. A criança desde cedo apresenta distúrbios neurológicos, autofagia, retardo físico e mental, coreoatetose. Defeitos na depuração renal de urato Primário – idiopático Secundário – disfunção renal, desidratação, diuréticos, hiperparatireoidismo, fármacos. Comorbidades Hipertensão, diabetes, obesidade, síndrome metabólica, doença coronariana, apneia do sono. Quadro clínico Paciente pode ter um episódio de artrite gotosa aguda ou ele pode começar a se repetir. Se repete porque o paciente não mudou em nada seus hábitos de vida. Entre uma crise de gota aguda e outra crise temos um período que chamamos de período inter crítico. É um período assintomático. Se o paciente começar a ter várias crises é importante tratar, pois se não tratar pode virar uma gota tofácea crônica. A gota tofácea crônica é quando não há mais períodos inter críticos, paciente só sente dor direto e são várias articulações acometidas. Mariana Alves – 6º período Reumatologia Artrite gotosa aguda Geralmente ocorre na quarta década de vida. Normalmente uma ou duas articulações acometidas Eritema, edema, calor, rubor Dor de intensidade muito forte Dura alguns dias, independente de fazer medicação ou não. Prefere algumas articulações: metatarsofalangeana do hálux, tornozelos, joelhos, punhos, mão, cotovelos Período intercrítico De duração variável: pode durar 6 meses ou 6 anos. Importante perguntar na anamnese se teve alguma crise Alguns pacientes não vão ter mais crises, pois mudaram dieta, emagreceram. Porém, se essas crises agudas não forem bem tratadas a tendencia é que aconteçam períodos intercríticos cada vez menores. Gota tofácea crônica Tofos vão começar a aparecer. Na orelha, tendão de aquiles, bursa olecraneana. Fazem uma destruição articular importante, gerando deformidades. Poliartrite crônica Tofos – nodulações intra-articulares e subcutâneas resultantes do acúmulo de cristais nos tecidos Gota e o rim Nefropatia por urato, nefropatia aguda por ácido úrico, muitas vezes temos deposição no interstício renal gerando uma certa azotemia, podendo evoluir esses quadros para insuficiência renal. Mariana Alves – 6º período Reumatologia Pode ocorrer acumulo de ácido úrico nos túbulos renais *quando tem neoplasia está tendo uma alta na produção celular. Faz a quimioterapia para fazer lise, gera uma síndrome de lise tumoral. Purinas vem do metabolismo do DNA, então é por isso que em alguns tratamentos para leucemia o alopurinol é utilizado. Ele inibe a xantina oxidase, que está fazendo produção de urato. Pode ter cálculo renal de ácido úrico (não aparece no raio-x) Exames laboratoriais Ácido úrico – se está acima de 6,8mg/dl Ácido úrico na urina de 24h – se está sendo excretado ou não. Triglicerídeos, colesterol, glicemia Diagnóstico definitivo!!! Examina líquido da articulação no microscópio de luz polarizada para achar o cristal fagocitado. Cristal de monourato de sódio em forma de agulha com birrefringência negativa forte Raio-x Lesão em “saca-bocado” – grande erosão Tofo com destruição óssea Diagnóstico diferencial Monoartrite – punciona! Verificar se há presença de pus. Artrite séptica, pseudogota, poliartrite calcificada, psoríase, artrite reumatoide. Tofos – podem ser nódulos reumatoides Manejo da gota Crise aguda – melhorar quadro de dor AINESs, corticoides, colchicina Período intercritico – sem dor Se voltou a crise aguda, tratar com AINEs, corticoide, colchicina. Tirar da crise para depois fazer tratamento de longo prazo. Longo prazo – tratamento com alopurinol *alopurinol não dá no momento da crise Mariana Alves – 6º período Reumatologia Pseudogota Condrocalcinose – artrite por depósito de pirofosfato de cálcio É uma doença metabólica, gera inflamação, tem deposição de cristais nos tecidos e articulações. Epidemiologia Afeta ambos os sexos Maior incidência entre 40-50 anos, sendo que mais de 30% ocorre em pacientes acima de 75 anos Doenças associadas ao depósito de DPPC Hipomagnesemia, hipofosfatemia, hemocromatose, hiperparatireoidismo, idade acima de 60 anos. Quadro clínico Articulações mais acometidas: joelhos, punhos, tornozelos, ombros, sínfise púbica. Forma mono ou oligoarticular Exames laboratoriais Com finalidade de procurar doenças associadas ao depósito de CPPD. Vamos tratar a doença para tratar o acúmulo de cristais. Diagnóstico Punção do líquido sinovial para verificar cristais de CPPD. Luz polarizada: romboides ou bastonetes Birrefringência positiva fraca Raio-x Punho – “nuvem branca” (seta) no liquido sinovial onde deveria estar preto. Pirofosfato de cálcio, ele aparece no raio- x. Joelho Tratamento Tratar a doença que pode ter gerado. Também podemos utilizar AINEs, corticoide, colchicina, artrocentese. Tratar como se fosse uma osteoartrite, com fortalecimento muscular.
Compartilhar