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PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA Noções básicas sobre as principais teorias psicológicas Professor Milson figueiredo milsonfigueiredo@yahoo.com.br Teoria Psicanalítica • Freud (1900) escreveu sobre a estrutura do aparelho psíquico, referendo três sistemas ou instâncias psíquicas, divididas em: inconsciente, pré-consciente e consciente. • Posteriormente, reformulou sua teoria definindo como: id, ego e superego. • Mecanismos de defesa do ego: recalque; formação reativa; regressão; projeção; racionalização. • id: constitui o reservatório da energia psíquica, onde se “localizam” as pulsões de vida e de morte. As características atribuídas ao sistema inconsciente, na primeira teoria, são, nesta teoria, atribuídas ao id, que e regido pelo principio do prazer. Para melhor entendimento, o id e o inconsciente, e não ha como a pessoa ter acesso aquilo que esta nele, pois tudo fica reprimido, guardado, todas as experiencias vividas, tanto as boas como as ruins; • ego: e o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id e as exigências da realidade e as “ordens” do superego. Procura dar conta dos interesses da pessoa. E regido pelo principio de realidade que, com o principio do prazer, rege o funcionamento psíquico. E um regulador, na medida em que altera o principio do prazer para buscar a satisfação considerando as condições objetivas da realidade. As funções básicas do ego são: percepção, memoria, sentimentos e pensamento. O ego e o mesmo que eu, a parte consciente da pessoa, a sua identidade e tudo aquilo que ela sabe de si; • superego: origina-se com o complexo de Édipo, a partir da internalização das proibições, dos limites e da autoridade. A moral e os ideais são funções do superego. O conteúdo do superego refere-se a exigências sociais e culturais. Para compreender a constituição do superego, e necessário introduzir a ideia de sentimento de culpa. Neste estado, o individuo sente-se culpado por alguma coisa errada que fez ou que não fez e desejou em algum momento ter feito. Algo considerado como mal pelo ego, mas não necessariamente perigoso ou prejudicial, pode, pelo contrario, ter sido muito desejado. • Reacalque: neste caso, o individuo “não vê” e “não ouve” o que aconteceu, existindo uma supressão da realidade. No recalque, a percepção da pessoa sofre uma distorção. Por exemplo: ao ler um documento, a pessoa “não vê” algumas palavras ou frases, comprometendo sua compreensão ou lendo apenas aquilo que ela gostaria que estivesse ali; • Formação reativa: no caso, o ego afasta o desejo real para uma direção oposta. Um exemplo e o excesso de atenção, a superproteção. De acordo com Freud, o desejo e exatamente inverso daquilo que a pessoa demonstra; • Regressão: e o retonho a etapas anteriores ao do desenvolvimento atual. Por exemplo, quando uma pessoa adoece, ela pode apresentar um comportamento que não condiz com a sua idade, ficando mais infantilizada; • projeção: conforme explicam Bock, Furtado e Teixeira (1999, p. 79), e uma confluência de distorções do mundo externo e interno. A pessoa projeta algo que e do seu interior e que ela não reconhece como sendo seu para outra pessoa, por exemplo; • racionalização: aqui a razão e colocada a serviço do ego e a pessoa usa de argumentos intelectualmente convincentes e aceitáveis para justificar algo. Diversos autores escrevem que na racionalização o ego coloca a razão a serviço do irracional. Teoria do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget • Por entender o desenvolvimento como construção, Piaget escreve as etapas as quais o conhecimento é construído, sempre de acordo com o aparecimento de novas qualidades do pensamento da criança. • Todo conhecimento tem início a partir do nascimento do bebê, estendendo-se até a vida adulta. • Piaget usou o modelo biológico para explicar o desenvolvimento intelectual, afirmando que o homem caminha na busca entre suas necessidades biológicas de sobrevivência e as restrições do ambiente para a satisfação de tais necessidades. • Tanto o desenvolvimento intelectual como o biológico procuram sempre o equilíbrio e são inseparáveis. O desenvolvimento intelectual e o resultado da constituição de um equilíbrio progressivo entre o que Piaget chamou de: Assimilação: a incorporação de novas experiencias e informações recebidas pela pessoa; Acomodação: para receber as novas informações ha a necessidade de modificação das estruturas mentais a fim de incorporar as novas experiencias. A teoria dos estágios de desenvolvimento • 1o período: sensório-motor (dos 0 aos 2 anos de idade); Ø inteligência prática, manifesta em ações. Esquemas de ação, ”conceitos” sensório-motores, início da construção das categorias de objeto, espaço, tempo e causalidade. Da indiferenciação eu-mundo exterior ao reconhecimento de objeto, espaço, tempo, causalidade. ØNeste estágio, o bebê conhece o mundo através dos seus movimentos e sensações. ... Durante esse estágio inicial de desenvolvimento cognitivo, bebês e crianças pequenas adquirem conhecimento através de experiências sensoriais e manipulação de objetos. • 2o período: pré-operatório (dos 2 aos 7 anos de idade); • Pré-operatória: Pensamento indutivo , presença do animismo e do artificialismo no raciocínio, egocentrismo. Indiferenciação entre o ponto de vista próprio e o dos outros, rigidez e irreversibilidade do pensamento. Interesse como prolongamento da necessidade, sentimentos de respeito(afeição +temor) pelos mais velhos, obediência, moral heterônoma. • o estabelecimento da noção de objeto, sem que o mesmo esteja próximo, habilidades de imaginação é imitação dos objetos também caracteriza fortemente esse estágio. • 3o período: operações concretas (dos 7 anos 12 anos de idade aproximadamente); • No estágio das operações concretas, a criança adquiriu maturidade biológica suficiente para começar a operar através de regras. Em outras palavras, esse estágio é caracterizado pelo desenvolvimento de um pensamento lógico que não precisa mais de tanta manipulação física. • Passagem intuição á lógica do concreto, início da descentração. Aquisição da capacidade de perceber a reversibilidade das operações, explicações causais, noções de permanência de substância, peso e volume. Sentimentos de respeito mútuo e de justiça (distributiva e retributiva), moral da cooperação(correlata á lógica da reversibilidade ), aparecimento da vontade como regulação da ação. • 4 período: operações formais (dos 11/12 anos em diante). ØOperatório formal ou abstrato: Acesso á lógica operatória abstrata, descentração se completa. Pensamento proposicional e hipotético- dedutivo ,esquemas formais de lógica combinatória e de proporções. Construção da autonomia. Teoria do desenvolvimento psicossocial • Erick Erikson (1902-1994) acreditava na importância da infância para o desenvolvimento da personalidade, mas, para ele, a personalidade continua a se desenvolver além dos cinco anos de idade, o que o diferencia também de outros teóricos. • Propõe oito estágios do desenvolvimento psicossocial através dos quais um ser humano em desenvolvimento saudável deve passar da infância para a idade adulta até quando idoso. O primeiro estágio – confiança/desconfiança • Ocorre aproximadamente durante o primeiro ano de vida, 0 - 18 meses - (Oral-Sensorial) • A criança adquire ou não uma segurança e confiança em relação a si próprio e em relação ao mundo que a rodeia, através da relação que tem com a mãe. Se a mãe não lhe der amor e não responde às suas necessidades, a criança pode desenvolver medos, receios, sentimentos de desconfiança que poderão vir a reflectir-se nas relações futuras. Se a relação é de segurança, a criança recebe amor e as suas necessidades são satisfeitas, a criança vai ter melhor capacidade de adaptação às situações futuras, às pessoas e aos papéis socialmente requeridos, ganhando assim confiança. • Virtude social desenvolvida: esperança. O segundo estágio – autonomia/dúvida e vergonha • Aproximadamente entre os 18 meses e os 3 anos - (Muscular-Anal) •É caracterizado por uma contradição entre a vontade própria (os impulsos) e as normas e regras sociais que a criança tem que começar a integrar. É altura de explorar o mundo e o seu corpo e o meio deve estimular a criança a fazer as coisas de forma autônoma, não sendo alvo de extrema rigidez, que deixará a criança com sentimentos de vergonha. A atitude dos pais aqui é importante, eles devem dosear de forma equilibrada a assistência às crianças, o que vai contribuir para elas terem força de vontade de fazer melhor. De facto, afirmar uma vontade é um passo importante na construção de uma identidade. -Manifesta-se nas "birras"; nos porquês; querer fazer as coisas sozinho. • Virtude social desenvolvida: desejo. O terceiro estágio – iniciativa/culpa • Aproximadamente entre os 3 e 6 anos - (Locomotor-Fálico) • É o prolongamento da fase anterior mas de forma mais amadurecida: a criança já deve ter capacidade de distinguir entre o que pode fazer e o que não pode fazer. Este estágio marca a possibilidade de tomar iniciativas sem que se adquire o sentimento de culpa: a criança experimenta diferentes papéis nas brincadeiras em grupo, imita os adultos, têm consciência de ser “outro” que não “os outros”, de individualidade. Deve-se estimular a criança no sentido de que pode ser aquilo que imagina ser, sem sentir culpa. Neste estágio a criança tem uma preocupação com a aceitabilidade dos seus comportamentos, desenvolve capacidades motoras, de linguagem, pensamento, imaginação e curiosidade. • Questão chave: serei bom ou mau? • Virtude social desenvolvida: propósito O quarto estágio – indústria (produtividade)/inferioridade • Decorre na idade escolar antes da adolescência, 6 - 12 anos - (Latência) • A criança percebe-se como pessoa trabalhadora, capaz de produzir, sente-se competente. Neste estágio, a resolução positiva dos anteriores tem especial relevância: sem confiança, autonomia e iniciativa, a criança não poderá afirmar-se nem sentir-se capaz. O sentimento de inferioridade pode levar a bloqueios cognitivos, descrença quanto às suas capacidades e a atitudes regressivas: a criança deverá conseguir sentir-se integrada na escola, uma vez que este é um momento de novos relacionamentos interpessoais importantes. • Questão chave: Serei competente ou incompetente? • Virtude social desenvolvida: competência. • Vertente negativa nesse desenvolvimento: formalismo, a repetição obsessiva de formalidades sem sentido algum em determinadas ocasiões. O quinto estágio – identidade/confusão de identidade • Marca o período da Puberdade e adolescência • É neste estágio que se adquire uma identidade psicossocial: o adolescente precisa de entender o seu papel no mundo e tem consciência da sua singularidade. Há uma recapitulação e redefinição dos elementos de identidade já adquiridos – esta é a chamada crise da adolescência. Fatores que contribuem para a confusão da identidade são: perda de laços familiares e falta de apoio no crescimento; expectativas parentais e sociais divergentes do grupo de pares; dificuldades em lidar com a mudança; falta de laços sociais exteriores à família (que permitem o reconhecimento de outras perspectivas) e o insucesso no processo de separação emocional entre a criança e as figuras de ligação. • Neste estágio a questão chave é: Quem sou eu? • Virtude social desenvolvida: fidelidade/Lealdade. • Vertente Positiva: Socialização. • Vertente negativa: O fanatismo. O sexto estágio – intimidade/isolamento • Ocorre entre os 21 e os 40 anos, aproximadamente - (Adulto Jovem) • A tarefa essencial deste estágio é o estabelecimento de relações íntimas (amorosas, e de amizade) duráveis com outras pessoas. • Questão chave deste estágio: Deverei partilhar a minha vida ou viverei sozinho? • Virtude social desenvolvida: amor. • A vertente negativa é o isolamento, pela parte dos que não conseguem estabelecer compromissos nem troca de afectos com intimidade • O sétimo estágio – generatividade/estagnação • 35 - 60 anos - (Adulto) • É caracterizado pela necessidade em orientar a geração seguinte, em investir na sociedade em que se está inserido. É uma fase de afirmação pessoal no mundo do trabalho e da família. Há a possibilidade do sujeito ser criativo e produtivo em várias áreas. Existe a preocupação com as gerações vindouras; produção de ideais; obras de arte; participação política e cultural; educação e criação dos filhos. • Virtude social desenvolvida: cuidado do outro. • A vertente negativa leva o indivíduo à estagnação nos compromissos sociais, à falta de relações exteriores, à preocupação exclusiva com o seu bem estar, posse de bens materiais e egoísmo O oitavo estágio – integridade/desespero • Ocorre a partir dos 60 anos - (Maturidade) • É favorável uma integração e compreensão do passado vivido. É a hora do balanço, da avaliação do que se fez na vida e sobretudo do que se fez da vida. Quando se renega a vida, se sente fracassado pela falta de poderes físicos, sociais e cognitivos, este estágio é mal ultrapassado. Integridade - Balanço positivo do seu percurso vital, mesmo que nem todos os sonhos e desejos se tenham realizado e esta satisfação prepara para aceitar a idade e as suas consequências. Desespero - Sentimento nutrido por aqueles que considerem a sua vida mal sucedida, pouco produtiva e realizadora, que lamentem as oportunidades perdidas e sentem ser já demasiado tarde para se reconciliarem consigo mesmo e corrigir os erros anteriores. • Neste estágio a questão chave é: Valeu a pena ter vivido? • Virtude social desenvolvida: sabedoria. • Erik Erikson considera as 4 primeiras fases freudianas psicossexuais (Oral, anal, fálica e latência) e acrescenta mais 4, completando o ciclo do desenvolvimento humano Teoria do desenvolvimento de Gesell • O ponto central desta teoria é sobre o padrão de crescimento, sobre o qual Gesell afirma que cada criança é única e orientada pela atividade genética. • Seus estudos apontam para quatro dimensões de conduta do desenvolvimento, sendo elas: motora, verbal, adaptativa e social. • A importância dos trabalhos de Gesell está na compreensão que ele oferece do comportamento motor da criança. Teoria Comportamental • Conhecida também como teoria Behaviorista ou Experimental teve seu início nos estados Unidos com o John Watson (1878-1958). • A análise Experimental do Comportamento é utilizada em diversas áreas para treinamento de pessoas, como é o caso, por exemplo, da Educação com os métodos de ensino programado. • Há outras teorias que se debruçaram no estudo sobre o desenvolvimento humano, mas nos ocupamos daquelas de maior interesse para a Fisioterapia.