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Esta obra busca discutir o processo de 
trabalho em Serviço Social. Esse debate 
se baseia na questão social e nas dimensões que 
compõem o exercício profissional, refletindo os mais 
diversos cenários e contextos de atuação do assistente 
social e seus respectivos espaços sócio-ocupacionais.
As demandas e os instrumentos da profissão 
são discutidos nesta obra, que ainda destaca 
a importância do trabalho do assistente social 
frente às respostas profissionais, defendendo a 
elaboração de projetos sociais e de pesquisa como 
uma das principais estratégias para superar as 
desigualdades sociais existentes.
Código Logístico
59535
PROCESSO DE TRABALHO EM
 SERVIÇO SOCIAL I
RAFAELA PEREIRA DA ROCHA
RAFAELA PEREIRA DA ROCHA
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6672-8
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 7 2 8
Processo de trabalho 
em Serviço Social I
Rafaela Pereira da Rocha
IESDE BRASIL
2020
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: ultramansk/Rawpixel.com/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
R576p
Rocha, Rafaela Pereira da
Processo de trabalho em serviço social I / Rafaela Pereira da Rocha. - 
1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2020.
144 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6672-8
1. Trabalho - Aspectos sociais. 2. Serviço social. I. Título..
20-64756 CDD: 306.36
CDU: 316:331
Rafaela Pereira da 
Rocha
Mestranda em Educação e Novas Tecnologias pelo 
Centro Universitário Internacional (Uninter). Especialista 
em Política da Assistência Social. Graduada em Serviço 
Social pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná 
(PUCPR). Professora de ensino superior, ministrando 
as disciplinas de Questão Social e o Serviço Social, 
Aprendizagem por Problematização, Práticas de Estágio e 
Estágio Supervisionado. Docente responsável pela tutoria 
de estágio do curso de Serviço Social nas modalidades 
presencial e EaD. Professora e pesquisadora na área de 
política da criança e do adolescente.
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 A história social do trabalho 9
1.1 Trabalho e emprego: o desvelar da realidade conceitual 10
1.2 O trabalho nos modos de produção 11
1.3 Modo de produção capitalista 18
1.4 O trabalho e a dimensão ontológica do ser social 24
2 O processo de trabalho e o Serviço Social 29
2.1 Produção e reprodução social do trabalho 30
2.2 O Serviço Social como especialização do trabalho 34
2.3 Processos de trabalho e a atuação do assistente social 43
3 O trabalho do assistente social 51
3.1 As especificidades do trabalho do assistente social 51
3.2 A questão social e as suas diversas manifestações 59
3.3 As dimensões da profissão de Serviço Social 62
3.4 As demandas e os instrumentos da profissão de Serviço Social 66
4 Os espaços sócio-ocupacionais do assistente social 78
4.1 O universo de trabalho do assistente social 78
4.2 O Serviço Social em diferentes contextos 87
4.3 As respostas profissionais e os desafios do assistente social 101
5 Projetos e pesquisa em Serviço Social 110
5.1 Formulação de projetos sociais 110
5.2 O assistente social pesquisador e docente 121
5.3 O Serviço Social na assessoria, consultoria e na prestação de 
serviços 128
Apêndice 133
Gabarito 140
Esta obra busca discutir o processo de trabalho em Serviço Social. Esse 
debate se baseia na questão social e nas dimensões que compõem o exercício 
profissional, refletindo os mais diversos cenários e contextos de atuação do 
assistente social e seus respectivos espaços sócio-ocupacionais. 
No primeiro capítulo, serão ampliadas as bases conceituais sobre o 
processo de trabalho, por meio da distinção entre as ideias de trabalho e 
emprego. Em seguida, será discutida a construção histórica e social do 
trabalho tendo como base um resgate da trajetória dos modos de produção. 
O capítulo inicial se completará com a visão sobre a dimensão ontológica 
do trabalho na constituição do ser social como categoria social fundante do 
homem e da sociedade. 
No segundo capítulo, serão abordados conceitos derivados da categoria do 
trabalho, começando pelo processo de trabalho, que é o conjunto organizado 
de componentes criados processualmente. A seguir, o Serviço Social será 
discutido como especialização, profissão inscrita na divisão sociotécnica 
do trabalho. O capítulo será complementado com as concepções sobre 
o processo de trabalho do assistente social enquanto atuação profissional 
pautada em princípios, atribuições e competências.
No terceiro capítulo, a discussão gira em torno do trabalho do assistente 
social na contemporaneidade, focando o seu objeto de intervenção: a questão 
social. Em seguida, será feita a reflexão das três dimensões indissociáveis do 
exercício profissional: a teórico-metodológica, a ético-política e a técnico-
operativa. Para entender o cotidiano do assistente social, é preciso entender 
as demandas da profissão e os instrumentos e instrumentais inerentes a ela. 
O quarto capítulo se propõe a debater o trabalho do assistente social 
em seus espaços sócio-ocupacionais. Assim, a profissão será abordada com 
base no mercado de trabalho e na atuação profissional nas esferas pública e 
privada. Na sequência, será realizada uma profunda argumentação da atuação 
do assistente social em diferentes contextos, para apresentar e reconhecer 
os múltiplos espaços sócio-ocupacionais na contemporaneidade. Ainda 
serão discutidos os desafios do assistente social e as inúmeras respostas 
profissionais perante a conjuntura social atual. 
No quinto capítulo, serão conduzidas reflexões sobre as possibilidades 
e os conhecimentos da profissão acerca da elaboração e formulação de 
APRESENTAÇÃO
projetos sociais. Na sequência, será abordada a atuação do assistente social 
na docência e na pesquisa. Nesse universo, será observada a importância e o 
diferencial da proposição dos projetos de pesquisa. Na parte final do capítulo, 
será ampliado o conhecimento sobre assessoria e consultoria enquanto 
atribuições privativas do assistente social atuante como prestador de serviços. 
Enfim, esta obra denota as demandas e os instrumentos da profissão 
e destaca a importância do trabalho do assistente social frente às respostas 
profissionais, defendendo a elaboração de projetos sociais e de pesquisa como 
uma das principais estratégias para superar as desigualdades sociais existentes.
Bons estudos!
A história social do trabalho 9
1
A história social do trabalho
A sociedade do capital se debruça a investigar a história social 
do trabalho, buscando-a nas origens do desenvolvimento do tra-
balho humano em sociedade e se pautando em observar a cons-
trução do ser social e das relações sociais. A história do trabalho 
emerge das lutas da humanidade pela sobrevivência e subsistência. 
Inicialmente, reporta-se à mera satisfação das necessidades bioló-
gicas, mas o caminhar da humanidade demonstra que, estando 
as necessidades biológicas saciadas, outras necessidades foram 
sendo criadas, as quais norteiam o trabalho e sua história social.
Neste capítulo, abordaremos a ampliação das bases concei-
tuais sobre o processo de trabalho, tendo como ponto de partida a 
construção da história social do trabalho, com base em um resgate 
da trajetóriados modos de produção. Partiremos da Pré-História, 
nas comunidades tribais, perpassando o modo de produção es-
cravista e feudal, na Idade Média, até atingirmos o capitalismo, na 
Idade Moderna. Para isso, devemos conhecer e compreender a 
história do trabalho e o seu processo evolutivo, podendo chegar 
a identificar, nos diferentes modos de produção da sociedade, o 
desenvolvimento do trabalho enquanto categoria.
Para desenvolver a temática da história social do trabalho, 
precisamos compreender alguns pressupostos teóricos que nos 
permitem adentrar os fundamentos do processo de trabalho com 
maior clareza e coerência. Por isso, indicamos as diferenças entre 
trabalho e emprego, que, na linguagem coloquial, são empregados 
com o mesmo significado.
Em um terceiro momento, vamos explorar a visão sobre a 
dimensão ontológica do trabalho na constituição do ser social. 
A sociedade que está por libertar-se dos grilhões do trabalho é uma sociedade 
de trabalhadores, que desconhece outras atividades em benefício das quais 
valeria a pena conquistar a liberdade. – Suzana Albornoz, 1994
10 Processo de trabalho em Serviço Social I
Nesse cenário, apresentamos a categoria trabalho como cons-
tituinte do ser social, bem como categoria social fundante do 
homem e da sociedade.
1.1 Trabalho e emprego: o desvelar 
da realidade conceitual 
Vídeo As palavras trabalho e emprego permeiam as relações sociais coti-
dianas no contexto familiar e laborativo. Podemos enumerar várias si-
tuações em que utilizamos ambos os termos para descrever o mesmo 
fenômeno. Muito embora o senso comum compreenda erroneamente 
trabalho e emprego como sinônimos, o desvelar conceitual de ambos 
nos orienta a diferentes significados, que revelam o sentido e o valor 
central intrínseco à ação teleológica dessa derivada.
Trabalho e emprego não são palavras sinônimas, não são con-
ceitos intercambiáveis, muito embora as atividades realizadas no 
emprego sejam atividades de trabalho e as atividades de traba-
lho não necessariamente se realizem apenas no desempenho 
das funções próprias de um emprego. (LAZZARESCHI, 2007, p. 7, 
grifos do original)
Portanto, percebemos que as atividades atribuídas ao emprego po-
dem ser entendidas como trabalho, mas as atividades de trabalho não 
se resumem e nem se restringem às do emprego.
A outra diferença interessante é que o trabalho é inerente à exis-
tência do homem, ao passo que o emprego passa a existir com a 
emergência do capitalismo. Observe na Figura 1 que o emprego 
está incluso dentro do trabalho, mas as dimensões do trabalho 
vão muito além do emprego.
Como indagam Marx e Engels (2007), a existência do ser huma-
no é o marco inicial da história da humanidade, contudo o que o 
diferencia realmente não é o fato de ser um animal racional, mas o 
processo de produzir seus meios de vida. A continuidade da refle-
xão sobre trabalho e emprego se realizará, portanto, pelo reconhe-
cimento dessa diferença. Desse modo, o trabalho acaba sendo uma 
atividade restrita ao ser humano.
laborativo: relativo à labuta, 
ao trabalho em todos os seus 
âmbitos; laboral, trabalhista.
teleológica: diz respeito à 
teleologia, ciência que tem a 
finalidade (causas finais) como 
essencial na explicação das 
modificações que ocorrem na 
realidade.
Glossário
Figura 1
Relação entre trabalho e 
emprego
Fonte: Elaborada pela autora.
Trabalho
Emprego
A história social do trabalho 11
Ainda, segundo Marx (2006), o trabalho pode ser entendido como 
todo processo que tem como partícipes a natureza e o ser humano. 
Nessa perspectiva, o conceito de trabalho é correlacionado à ação do 
homem sobre a natureza, ao processo de modificação sobreposta a 
ela, que também o modifica. Isso conversa diretamente com o ideal 
marxista de que o homem produz as condições materiais e concretas 
da vida e, com isso, produz a história.
Além disso, podemos qualificar o trabalho pela interpelação criado-
ra e pela intencionalidade. Por meio de toda ação criativa do homem, 
consciente e com finalidade, a humanidade trabalha, satisfaz suas ne-
cessidades e produz os bens sociais (ALBORNOZ, 1994).
Como mencionado antes, o conceito de emprego se relaciona ao 
surgimento do capitalismo enquanto modo de produção. Compreende-
mos por emprego o processo de mercantilização da força de trabalho. 
O homem despossuído da propriedade privada acaba por vender sua 
força de trabalho como mercadoria aos possuidores dos meios de pro-
dução e propriedade privada, pactuados por um contrato social, que 
lhe atribui um valor (LESSA, 2016). Por isso, ao se tratar de uma relação 
contratual entre patrão e empregado, temos uma relação de compra 
da força de trabalho em troca de um salário. Esse processo coisifica o 
homem, que se torna mercadoria no capitalismo (LAZZARESCHI, 2007).
Portanto, conseguimos apreender as diferenças conceituais entre 
trabalho e emprego, fenômenos distintos que, porém se entrelaçam 
no centro do capitalismo, a ponto de o emprego compreender ativi-
dades do trabalho, mas o trabalho ser uma categoria social inerente 
à existência da humanidade. Poderíamos adaptar uma célebre frase 
para: existo, logo trabalho.
1.2 O trabalho nos modos de produção 
Vídeo Há uma intencionalidade em resgatar a história social do trabalho 
sob a perspectiva dos modos de produção, pois esses evidenciam a 
evolução conceitual da terminologia trabalho, elevando-a a um pata-
mar estruturante e fundante do homem enquanto ser humano. Nesse 
viés itinerário, o trabalho assume papel de categoria na sociedade. 
Quando nos reportamos à história social do trabalho, nos referimos à 
história da classe trabalhadora.
12 Processo de trabalho em Serviço Social I
As transformações que perpassam o trabalho são passadas de ge-
ração em geração ao longo do processo histórico. As relações cultu-
rais, políticas e econômicas mudam o trabalho e, da mesma forma, 
o trabalho transforma essas relações, pois ele se faz na história ao 
mesmo tempo em que faz a história, a qual constitui e é constituída 
pelo homem (LESSA, 2007).
A história social do trabalho surge, originalmente, das necessidades 
humanas biológicas. Com base na produção de condições para viabili-
zar sua sobrevivência e satisfazer suas necessidades, o homem começa 
a produzir ferramentas de pedras lascadas. Com o desenvolvimento da 
história do trabalho, passaram a ser satisfeitas outras necessidades. 
Hoje, trabalhamos com a robótica, inteligência artificial e nanotecnolo-
gia e criamos necessidades de consumo mercantilizadas e ditadas pela 
indústria automobilística, da moda, da beleza, do entretenimento etc. 
Nessa conjuntura, entende-se que as novas relações sociais produzidas 
determinaram a condição do trabalho.
Nesta seção, poderemos compreender os mais conhecidos mo-
dos de produção que contribuíram para organização social do tra-
balho, tendo um panorama geral dos modos de produção primitivo, 
escravista, feudal e capitalista. O modo de produção representa 
como uma sociedade produz, distribui e consome os bens produzi-
dos e serviços. Ele compõe as forças produtivas de uma sociedade 
somadas às relações de produção estabelecidas. Percebe-se que o 
modo de produção está estritamente vinculado aos modelos, siste-
mas e relações de fins econômicos, políticos e sociais que organizam 
e norteiam uma sociedade.
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Figura 2
Evolução dos modos de produção
A transição de um modo de 
produção para outro tem como 
marco a descoberta de grandes 
invenções e tecnologias. Ela não 
é estática e pontual, mas sim 
evolutiva. A transição entre os 
modos de produção normal-
mente é uma grande revolução; 
por exemplo, a Revolução Indus-
trial, com a máquina a vapor e a 
emergência do capitalismo.
Saiba mais
A história social do trabalho 13
1.2.1 Modo de produção primitivo
Quando estudamos a história social do homem, nos reportamos aos 
primórdios das sociedades tribais na Pré-História, observandoseu modo 
de produção tribal. Esse período divide-se em três, segundo alguns au-
tores, sendo eles: Paleolítico, Neolítico e Idade do Metal. 
O primeiro período é marcado pela Idade da Pedra Lascada. O ho-
mem lascava pedras fazendo lanças e facas para caçar e pescar, pois 
seu objetivo principal era a busca por comida. Sua principal caracterís-
tica é a manipulação do fogo, que proporcionou ao ser humano a tão 
fundamental sobrevivência. Eles eram nômades e coletavam na natu-
reza o que precisavam para subsistência (COLAO, 2006).
Nossos ancestrais não eram muito semelhantes aos seres humanos 
atuais: andavam agachados, como os macacos, e eram mais peludos. 
Algumas diferenças entre eles e os animais é que começaram a fazer 
objetos para facilitar suas vidas e a se comunicar uns com os outros.
O homem sempre se distinguiu pelo uso de objetos como ferra-
mentas para a transformação da matéria-prima. Por sua própria 
natureza, ele parece feito para criar. Exemplo disto é sua mão, 
que é uma ferramenta, com o polegar disposto com relação aos 
outros dedos para apreender e agir. (CEFURIA, 2012, p. 10)
Nesse primeiro período da Pré-História, percebemos o estabeleci-
mento de relações de trabalho primitivas em busca de sanar as ne-
cessidades vinculadas à sobrevivência, como alimentação. Podemos 
estabelecer como relação de trabalho a base tribal, em que o homem 
buscava no trabalho a subsistência da tribo.
No segundo período, chamado de Neolítico ou Idade da Pedra 
Polida, o homem se fixa em um território e ali começa a plantar e 
criar animais. Esse período é marcado pela agricultura e pecuária 
nascente, e as tribos apresentam um novo desenvolvimento, pois 
abandonam o nomadismo e se tornam sedentários em terras boas 
e férteis. O homem não só produzia seus alimentos, mas desen-
volvia relações comunais nas bases da cooperação. Ele também 
produzia instrumentos e artefatos para apoiar a tribo e defendê-la 
(VIDIGAL; GODIN, 2019; CEFURIA, 2012).
O modo de produção tribal foi 
a primeira organização social 
e econômica da humanidade. 
Muitos não dão a devida impor-
tância a esse modo, porém trata-
-se do início do desenvolvimento 
do homem em sociedade.
Atenção
O filme A Guerra do Fogo 
apresenta de maneira 
ilustrativa o primeiro 
período do modo de 
produção tribal, com os 
hominídeos. Ao longo 
do filme, demonstra-se 
a evolução do homem, 
a organização tribal, a 
construção das ferramen-
tas e a modificação da 
natureza, ou seja, todo 
o processo de trabalho 
comunal.
Direção: Jean-Jacques Annaud. 
França/Canadá: CinePlayers, 1981.
Livro
14 Processo de trabalho em Serviço Social I
Existia uma divisão de trabalho baseada nas condições de cada 
membro da tribo, dependendo da faixa etária e do gênero. Aqui surge 
a divisão sexual do trabalho. A mulher, por conta da maternidade e 
dos cuidados com os filhos, se resignava às atividades domésticas, en-
quanto o homem caçava. Porém, todos os membros tinham acesso aos 
produtos do trabalho da tribo. Por isso, destaca-se as bases comunais 
desses grupos (COLAO, 2006).
A terceira parte da Pré-História dentro do modo de produção pri-
mitivo é a Idade dos Metais, período marcado pelo desenvolvimento 
da produção agrícola, pelo arado de madeira e pela foice polida. Com 
o conhecimento do período anterior, o homem começou a derreter al-
guns metais (cobre, estanho, bronze, ouro e por último ferro) e, com 
base nisso, forjar suas ferramentas com esses materiais. Ainda no fim 
desse período, as tribos se transformaram em aldeias que pareciam 
pequenas cidades; contemplavam a divisão do trabalho, o comércio e 
o artesanato especializado, representando uma nova revolução: a Re-
volução Urbana (VIDIGAL; GODIN, 2019).
O modo de produção primitivo, sem dúvida nenhuma, poderia ser 
denominado como modo de produção comunal, pois expressa com mais 
veracidade o desenvolvimento do trabalho via cooperativismo tribal. 
Antes de abordar o modo de produção escravagista, cabe ressaltar 
que, concomitantemente, existiu o modo de produção asiático, que 
não é tão difundido no mundo ocidental.
O modo de produção asiático surge nos primeiros estados da 
Ásia e parte da África, sendo sua base econômica a agricultura co-
letiva. A grande questão era que os camponeses realizavam uma 
servidão comunitária à terra, isto é, toda comunidade tinha não 
só o direito de cultivar a terra, mas também a obrigação de o fazer 
(MARTINS, 2017). Todo camponês adquiria esse compromisso por 
pertencer à comunidade; juntos precisavam prestar contas e dona-
tivos sobre o uso da terra.
O interessante sobre esse modo de produção é que ele também 
é denominado de modo de produção tributário, por conta da organi-
zação de tributos e impostos a que o homem era submetido. Nele a 
sociedade sofria com o forte poder de controle da elite dominante. 
Podemos lembrar como exemplos de sociedades que vivenciaram 
esse modo de produção na Antiguidade a: chinesa, hebraica, egíp-
escravagista: que defende a 
escravidão; escravocrata; parti-
dário do escravagismo, segundo 
o qual algumas pessoas devem 
ser privadas de sua liberdade, 
especialmente os negros.
Glossário
O modo de produção asiático 
não se desenvolveu em toda a 
sociedade. Por isso, há autores 
que não incluem esse modo de 
produção em suas discussões, 
principalmente quando tratam 
da história do ocidente.
Atenção
A história social do trabalho 15
cia, mesopotâmica e fenícia. Observe que a base delas era a co-
brança de tributos. Mesmo que a sociedade tivesse um forte poder 
agrário, todo cultivo acontecia para o pagamento. Assim, a popula-
ção empobrecia e era assolada por grandes crises para pagarem as 
tributações da época (CEFURIA, 2012).
1.2.2 Modo de produção escravista
Considerando nossa fraqueza os senhores forjaram
Suas leis, para no escravizarem.
As leis não mais serão respeitadas.
Considerando que não queremos mais ser escravos.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte
Bertold Brecht – Resolução, 1949
O modo de produção escravista apresenta, em sua particularidade, 
a economia sendo movida e organizada sobre o trabalho escravo, o 
qual produz e se materializa em riquezas. Esse modo de produção é 
pactuado pelo uso do homem como propriedade privada, bem como 
sua força de trabalho, sem nenhuma remuneração. O escravizado era 
como propriedade do seu senhor (MARTINS, 2017).
Nesse modelo, o homem escravizado era reduzido à condição de 
mercadoria, de objeto. Segundo Rossi (2005, p. 32), “pode-se dizer que 
os escravos valem pelo corpo que têm e pela capacidade de produção. 
A escravidão se torna a base da economia”. Dessa maneira, o modo de 
produção escravista é considerado o mais cruel de todos os modelos 
e sistemas de produção, por conta da violência para sua manutenção.
As relações de produção eram de poder total do senhor sobre a 
sujeição do homem escravizado. Este não tinha nenhum direito, pois 
era considerado como propriedade do senhor; era comprado, vendido 
e usado igual a um boi ou qualquer outro bem. O escravo era mais um 
dos instrumentos de produção do senhor (LESSA; TONET, 2012).
Na Antiguidade, já eram registradas situações de escravidão. No 
entanto, o escravismo torna-se um modo de produção no Império Ro-
mano e no Estado grego, quando começa a movimentar e orientar a 
ascensão econômica de ambas as nações. Os escravos desse período 
eram os povos conquistados após as guerras, considerados como es-
Vale ressaltar que há uma 
diferença entre escravos e escra-
vizados. Escravo refere-se à na-
tureza humana, ou seja, a ideia 
de que a pessoa em situação de 
escravidão está nessa condição 
por sua natureza. Escravizado 
remete a um adjetivo que 
descreve a submissão ao regime 
da escravidão; ninguém é 
escravo por vontade própria. No 
texto, usamos escravizado para 
enfatizar que o ser humano foi 
obrigado e subjugado à escravi-
dão, portanto não é uma relação 
natural, e sim de imposição.
Saiba mais16 Processo de trabalho em Serviço Social I
pólio de guerra da nação vencedora. Ainda, poderiam ser considerados 
escravos as pessoas que não tivessem como honrar suas dívidas. Os 
escravizados serviam aos cidadãos e, se seus serviços não fossem úteis, 
eram mortos. Se pensarmos em uma pirâmide da sociedade escravista, 
teremos sempre o povo escravo na base, sendo que ele representava a 
maioria da população (CEFURIA, 2012).
No Brasil, o modo de produção escravista durou aproximadamen-
te três séculos, de 1530 a 1888. Foram trazidos milhares de africanos 
nos navios negreiros para trabalharem inicialmente nos engenhos de 
cana-de-açúcar. Os indígenas também foram escravizados, de 1540 
até 1570; tratou-se de uma alternativa à mão de obra africana du-
rante todo o período do Brasil Colônia e ocorreu principalmente no 
começo da  colonização portuguesa, sendo posteriormente trocado 
pela escravidão dos negros, por pressão dos lucros do tráfico negrei-
ro (PRADO JUNIOR, 1972).
Observe as figuras a seguir. Elas reportam dois períodos do modo de 
produção escravista: a primeira expressa a escravidão greco-romana e 
a segunda retrata a escravidão no Brasil. 
Figura 3a
Escravidão greco-romana
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Figura 3b
Escravidão no Brasil
No Brasil, a escravidão assume cunho étnico-racial, enquanto na Grécia e Roma, a escravidão 
estava vinculada à submissão de nações consideradas inferiores
A escravidão deixou profundas marcas em toda a humanida-
de, que até hoje são sentidas nas relações culturais, na discrimina-
ção racial e nas desigualdades sociais. A transição do escravismo 
para o feudalismo se dá com o processo de arrendamento das 
O Brasil foi um dos últimos 
países a abolirem a escravidão, 
em 1888, ficando atrás somente 
de Zanzibar, em 1897; Etiópia, 
em 1942; Arábia Saudita, em 
1962; e Mauritânia, em 2007 
(MARTINS, 2015).
Curiosidade
arrendamento: contrato por 
meio do qual uma pessoa (dona 
de bens imóveis) assegura o uso 
de seus bens a outra, mediante 
contribuição fixa ou reajustável a 
um determinado prazo.
Glossário
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil_Col%C3%B4nia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escravid%C3%A3o_no_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tr%C3%A1fico_negreiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tr%C3%A1fico_negreiro
A história social do trabalho 17
terras para o trabalhador, pelo Estado ou pelo dono da terra. Esse 
arrendamento denominou-se feudos e foi o início das mudanças do 
modo de produção (LESSA; TONET, 2012).
1.2.3 Modo de produção feudal
Com o término da escravidão, o modo de produção feudal emerge 
concomitante à Idade Média, como alternativa diante da escassez de 
mão de obra. Nele, o trabalho assume a forma de servidão e subser-
viência à terra e ao senhor feudal. O homem recebe a terra por arren-
damento, deve cultivá-la e torná-la produtiva, podendo ficar com parte 
da produção. Ele recebia a “proteção” do senhor feudal 1
A proteção realizada pelo senhor 
feudal era um processo de tutela, 
na tentativa de submeter o servo 
à total dependência de seu se-
nhor. Por isso, o termo proteção 
é usado entre aspas, pois não se 
trata de uma proteção, mas sim 
uma forma de subjugar o servo.
1
, mas, ao mes-
mo tempo, era refém dela. A liberdade das pessoas permanecia limita-
da a longas jornadas de trabalho que duravam o dia todo. O feudalismo 
como modo de produção se caracteriza pelas disparidades e desigual-
dades nas relações entre senhores feudais e servos (MARTINS, 2017).
A Figura 4 nos leva a uma reflexão importante 
sobre a divisão do trabalho. No feudalismo, não 
existe segmentação por gênero, isso significa que, 
tanto homens quanto mulheres, e até crianças, 
trabalhavam na terra. Além disso, o servo não era 
denominado escravo, pois tinha uma liberdade sub-
jugada, mas vivia situações de extrema exploração, 
análogas à escravidão. Segundo Cefuria (2012, p. 
49), “por muitas vezes, os servos lutaram para dimi-
nuir a exploração sobre eles. Conseguiam algumas 
vitórias, mas os senhores reuniam seus exércitos e 
voltavam a dominá-los novamente”.
O feudalismo configurou-se como modo de 
organização social, política e econômica, funda-
mentado nas relações desiguais entre trabalhador 
(servo) e dono da propriedade feudal (senhor do 
feudo), sendo o servo o lado mais fraco da relação. 
Nesse processo de modificações das relações de 
produção, a família era importante para o apoio ao 
trabalho nos campos, pois o número de pessoas e 
as forças de produção para cultivar se multiplica-
vam, o que minimizava o peso do poder do senhor.
Figura 4
Servos trabalhando nos feudos.
Fonte: CAZELLES, R.; RATHOFER, J. Les Très Riches Heures du Duc de 
Berry. Tournai: La Renaissance du Livre, 2001, p. 34.
18 Processo de trabalho em Serviço Social I
Com o passar dos anos, vários servos conseguiram se libertar dos 
senhores dos feudos e organizaram o trabalho urbano. Cada um assu-
mia um tipo de trabalho, como padeiro, sapateiro etc.
1.3 Modo de produção capitalista 
Vídeo Considerando que para os senhores não é possível
Nos pagarem um salário justo
Tomaremos nós mesmos as fábricas
Considerando que sem os senhores, tudo será melhor para nós.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte.
Bertold Brecht – Resolução, 1949
O modo de produção capitalista, dentre os que existiram, é o mais 
complexo 2
Por ser uma temática tão ampla, 
inserimos uma seção dedicada 
ao estudo apenas do modo de 
produção capitalista para dar 
conta da sua discussão.
2
, pois ele modificou as relações sociais e, por conseguinte, 
as relações de trabalho de maneira definitiva até hoje. Desde o definha-
mento do feudalismo, o capitalismo foi se organizando e solidificando 
suas bases (que perduram até a contemporaneidade).
Segundo Catani (1981), existem duas correntes que explicam o de-
senvolvimento do capitalismo. A primeira justifica seu surgimento por 
fatores externos à economia, vinculados à separação da Igreja Católica 
e à disseminação do pensamento calvinista 3
O pensamento calvinista advém 
do religioso João Calvino, que 
atribui novas interpretações aos 
preceitos de Lutero, a partir da 
Reforma Protestante.
3
. A segunda corrente indi-
ca o capitalismo como modo de produção de mercadorias, que emerge 
da Revolução Industrial 4
A Revolução Industrial vai muito 
além da ideia de grandes meca-
nismos tecnológicos aplicados à 
produção na medida que: conso-
lidou o capitalismo; ampliou de 
modo acelerado a produtividade 
do trabalho; originou novos 
comportamentos sociais; foi 
um novo modelo político e uma 
nova visão de mundo (VIDIGAL; 
GODIN, 2019).
4
 com base na teoria social de Karl Marx.
Em nossos estudos, vamos aprofundar a investigação pela segunda 
corrente. Para Marx (2006), o capitalismo contrasta com os outros mo-
dos de produção. Isso acontece quando o próprio homem vende sua 
força de trabalho, ou seja, o coisifica. O capitalismo visa acumulação do 
capital por meio da produção de mercadorias, exploração da força de 
trabalho e acumulação da propriedade privada. Assim, a acumulação 
capitalista baseia suas relações de produção na desapropriação do lu-
cro em detrimento da classe subalternizada (PAIXÃO, 2012).
O modo de produção capitalista divide a sociedade em duas classes 
sociais antagônicas: a classe trabalhadora (operária/proletária) e a clas-
se dos capitalistas (burguesia). A classe trabalhadora é dominada pela 
A história social do trabalho 19
classe burguesa, que atua sob a proteção do Estado. O trabalho huma-
no no capitalismo também vira mercadoria, como praticamente todas 
as relações sociais produzidas e reproduzidas (LESSA, 2007). Segundo 
Antunes e Alves (2004, p. 336), “a classe trabalhadora hoje compreende 
a totalidade dos assalariados, homens e mulheres que vivem da venda 
da sua força de trabalho – a classe-que-vive-do-trabalho”.Os autores 
também chamam essa classe de despossuídos dos meios de produção.
As relações sociais no capitalismo são desiguais, sendo a classe tra-
balhadora despossuída dos meios de produção e a burguesia detento-
ra da propriedade privada, dos meios de produção e do capital e, por 
isso, considerada a classe dominante. O grande impacto social do capi-
talismo são as desigualdades emergentes da relação capital x trabalho. 
Essas relações desiguais e de exploração configuram as mazelas sociais, 
as quais chamamos de questão social. A garantia da manutenção das de-
sigualdades sociais se perpetua na concentração de renda e má distri-
buição das riquezas e bens socialmente produzidos (MEIRELLES, 2018).
Segundo Catani (1981), a divisão social do trabalho, ou seja, a di-
visão de múltiplas profissões, com especialização do trabalho, é uma 
condição prévia da sociedade capitalista. A mercantilização é outra 
característica base. Tudo pode ser comprado ou vendido e a troca é 
a condição para subsistência e para que esse processo ocorra na so-
ciedade capitalista. Portanto, todos precisam de uma mercadoria para 
vender ou trocar pelo capital. Por não ser possuidora de mercadorias, 
a classe trabalhadora vende sua força de trabalho. Agora, desvelamos 
a questão de que o emprego, enquanto trabalho assalariado, é parte 
da categoria trabalho.
Se debruçarmos nossa concentração sobre o modo de produção ca-
pitalista, desde sua ascensão e consolidação, indaga-se que o capitalis-
mo não se constituiu em uma unicidade, mas pode ser dividido em três 
etapas: pré-capitalismo, capitalismo industrial e capitalismo financeiro.
Na primeira etapa, o modo de produção feudal ainda existia, mas as 
relações capitalistas começaram a se estabelecer. Essa etapa também é 
conhecida como capitalismo comercial ou mercantilista. A segunda fase 
é a do capitalismo industrial ou industrializado, em que a ascensão do 
capital por meio da industrialização modifica as relações sociais emer-
gindo a concorrência de capital. Por fim, a terceira fase, o capitalismo 
financeiro ou monopolista, se faz presente até a contemporaneidade 
O filme Tempos Modernos 
retrata a Idade Moderna 
diante da emergência da 
Revolução Industrial. O 
personagem é empre-
gado em uma fábrica 
onde as máquinas e as 
esteira de produção não 
param, apresentando as 
dificuldades e percalços 
ao tentar lidar com as 
dificuldades da vida 
moderna.
Direção: Charlie Chaplin. EUA: Char-
lie Chaplin Film Corporation,1936.
Filme
20 Processo de trabalho em Serviço Social I
(VIDIGAL; GODIN, 2019). Vejamos algumas características desses perío-
dos no quadro a seguir.
Quadro 1
Fases de desenvolvimento do capitalismo
Capitalismo comercial
Capitalismo industrial 
ou concorrencial Capitalismo financeiro
Período
Do século XVI ao XVIII. Nos séculos XVIII e XIX.
Iniciou no século XIX, após 
a consolidação da indústria.
Características
É baseado nas trocas comer-
ciais e no lucro, visando enri-
quecimento. O trabalho tem 
ênfase nos centros urbanos. 
É marcado pela ascensão 
das relações comerciais, sur-
gimento da moeda metálica 
e pelas relações protecionis-
tas e alfandegárias.
Surgiu com a emergência 
da Revolução Industrial. A 
indústria capitalista marca 
a mecanização e o sistema 
fabril em larga escala, acele-
rado pela automação. Tam-
bém é característica dessa 
fase o liberalismo econômi-
co e a livre concorrência.
Essa fase passa pelo pro-
cesso de especulação fi-
nanceira e ascensão dos 
grandes monopólios. Apre-
senta produtos financeiros, 
como financiamento, crédi-
to, venda de títulos, ações 
e imóveis, visando ao lucro 
acelerado. É marcada pela 
globalização e mundializa-
ção do capital.
Modelo de 
produção 
industrial
Emergência da indústria e 
desenvolvimento do traba-
lho manufatureiro.
Fordismo e Taylorismo. Toyotismo.
Fonte: Elaborada com base em Martins, 2017.
Cabe ressaltar que o capitalismo evoluiu, não se estagnou, pois, 
a cada processo de crise no cenário político e econômico mundial, o 
sistema se reinventa, em uma reestruturação para a manutenção do 
status quo vigente. O Quadro 1 volta a atenção à vinculação do modelo 
de produção industrial, cuja compreensão é indispensável, pois cada 
modelo direciona e encaminha o processo de trabalho em âmbito na-
cional e mundial.
Quanto aos modelos de produção industrial, apresentamos aqui o 
fordismo, baseado nas diretrizes e filosofia de Henry Ford (1863–1947). 
Ele introduz a linha de produção, gerando a produção em larga escala. 
O impacto social sobre o trabalhador é o trabalho repetitivo e a expo-
sição a longas jornadas de trabalho realizando a mesma atividade; o 
M
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ty
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tte
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ck
status quo: manutenção de 
uma situação sem previsão de 
alteração.
Glossário
A história social do trabalho 21
operário que aperta o parafuso iria fazer a mesma coisa em toda sua 
jornada de trabalho, o que é chamado de trabalho especializado.
Iniciamos, reiterando que entendemos o fordismo fundamen-
talmente como a forma pela qual a indústria e o processo de 
trabalho consolidaram-se ao longo deste século, cujos elemen-
tos constitutivos básicos eram dados pela produção em massa, 
através da linha de montagem e de produtos mais homogêneos; 
através do controle dos tempos e movimentos pelo cronômetro 
taylorista e da produção em série fordista; pela existência do tra-
balho parcelar e pela fragmentação das funções; pela separação 
entre elaboração e execução no processo de trabalho; pela exis-
tência de unidades fabris concentradas e verticalizadas e pela 
constituição/consolidação do operário-massa, do trabalhador 
coletivo fabril, entre outras dimensões. (ANTUNES, 2006, p. 24)
A Figura 5 ilustra essa situação. Trata-se da célebre foto dos operá-
rios da indústria automotiva apertando parafusos e encaixando peças, 
cada um fazendo uma atividade.
O outro modelo é o taylorismo. Sua evolução implementa o mo-
delo de produção fordista e, por isso, observa-se o sistema sen-
do denominado de taylorismo-fordismo. Seguindo os princípios de 
Henry Ford, Frederick Taylor (1856–1915) implementou a esteira 
rolante, inseriu um controle de qualidade da produção e criou 
a subordinação à gerência, reduzindo a autonomia no 
trabalho. Nesse modelo, o trabalho é realizado 
segundo o rendimento de cada trabalhador, 
buscando otimizar o tempo.
O toyotismo é o terceiro modelo de or-
ganização de produção. Trata-se de um 
sistema implantado pelo japonês Taiichi 
Ohno (1912–1990) que visa minimizar o 
estoque e produzir de acordo com a de-
manda. Também, introduziu o princípio de 
controle dos cinco zeros: zero papéis, zero 
de atraso, zero defeitos, zero de estoque e zero 
pane (ANTUNES, 2006).
No toyotismo, são inseridos outros processos de 
trabalho que exigem um trabalhador autônomo, poliva-
lente, que dê conta de múltiplas áreas e especialidades e 
Hohum/Wikimedia Commons
Figura 5
Linha de produção
22 Processo de trabalho em Serviço Social I
assuma inúmeras tarefas em equipe, 
pois o modelo foi organizado com 
base horizontalizada.
Para Antunes (2006, p. 23-24, 
grifos do original), a passagem do 
taylorismo-fordismo para o mode-
lo toyotista inseriu novos proces-
sos de trabalho, entendendo que:
novos processos de trabalho 
emergem, onde o cronômetro e a 
produção em série e de massa são 
“substituídos” pela flexibilização da 
produção, pela “especialização flexí-
vel”, por novos padrões de busca de produtividade, por novas 
formas de adequação da produção à lógica do mercado. En-
saiam-se modalidades de desconcentração industrial, buscam-
-se novos padrões de gestão da força de trabalho, dos quais os 
Círculos de Controle de Qualidade (CCQs), a “gestão participati-
va”, a busca da “qualidade total”, são expressões visíveis não só 
no mundo japonês, mas em vários países de capitalismo avan-
çado e do Terceiro Mundo industrializado. O toyotismo penetra, 
mescla-se ou mesmo substitui o padrão fordista dominante, em 
várias partes do capitalismo globalizado. 
Decifrando osnovos processos de trabalho, percebemos que os 
seus desdobramentos implicam questões vinculadas ao direito do tra-
balhador. Por exemplo, as flexibilizações nos contratos de trabalho, os 
acordos sindicais, as alternativas para não assinatura da carteira de tra-
balho, a ampliação de atividades que possam ser terceirizadas dentro 
das empresas e, ainda, a possibilidade dessa empresa contratar ou-
tro prestador de serviço para executar a sua atividade de terceirização 
(fenômeno da quarteirização). Todas essas flexibilizações modificam o 
processo de trabalho.
Antunes (2006, p. 147) ainda fala sobre a grade crise que atinge o 
universo do trabalho como um todo e ressalta que ainda não temos 
a real noção de seu impacto: “sua intensidade e agudeza devem-se ao 
fato de que, simultaneamente, atingiu a materialidade e a subjetivida-
de do ser-que-vive-do-trabalho”.
Nessa conjuntura, percebe-se que o sistema capitalista apresenta 
a precarização do trabalho na organização social. O trabalho preca-
Ka
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Zero papéis
Zero pane
Zero de atraso
Zero de 
estoque
Zero defeitos
Figura 6
Os cinco princípios de controle do toyotismo
Fonte: Elaborada pela autora.
A história social do trabalho 23
rizado advém da divisão técnica do trabalho e do desenvolvimento 
da indústria de máquinas, persistindo até hoje e instigando a pre-
carização a assumir novas formas com as modalidades de trabalho 
terceirizado, quarteirizado, prestação de serviços autônomos etc. 
Ele fragiliza o trabalhador dentro do mercado de trabalho. Quando 
se trata de precarização e exploração do trabalho, sabe-se que essas 
relações se alimentam por conta do desemprego estrutural e da ne-
cessidade de sobrevivência. É necessário criar estratégias sobre o 
real significado do trabalho e promover iniciativas que estimulem 
a consciência de classe, o que impulsionaria a consciência social da 
classe trabalhadora (MARX, 2006).
Quando falamos sobre os impactos do capitalismo na sociedade de 
trabalho, poderíamos colocar, em primeiro lugar, as desigualdades so-
ciais geradas, como exclusão social, pobreza e desemprego. No entan-
to, existe outro forte determinante disseminado pelo capitalismo que 
assola as relações sociais, conhecido como alienação do trabalho.
O homem passa a desdobrar relações sociais de exploração, a 
vida social é cada vez mais baseada na violência que possibilita 
que uma classe viva do trabalho e da miséria, portanto, da outra: 
em suma, os homens passam a produzir a sua própria desuma-
nidade. A alienação nada mais é que isto: a desumanidade so-
cialmente produzida pelos próprios homens. (LESSA, 1999, p. 9)
A alienação aqui trata-se do efeito em que o trabalhador não tem 
acesso às riquezas e aos bens que ele produz, isto é, os bens são social-
mente produzidos, mas o capital dele extraído é expropriado por uma 
pequena classe dominante. Outro ponto que contribui para alienação 
do trabalho é que o trabalhador é alheio ao processo de produção, ele 
não tem consciência sobre a atividade exercida como um todo, como 
atividade criativa (CATANI, 1981).
Esse tópico nos reporta aos impactos gerados pelo sistema capita-
lista na sociedade. Um dos grandes poderes do capital é o poder ideo-
lógico. A cultura de consumo é tão disseminada que o objetivo de vida 
de mais da metade da classe trabalhadora é se tornar capitalista (do-
nos do capital) sem considerar possibilidade de socialização das rique-
zas existentes. A cultura de consumo, a qual todos estamos expostos, 
gera uma massa de trabalhadores insatisfeitos, entristecidos, frustra-
dos, alienados e incapazes de se desvincular desse processo pelo status 
social, evidenciando, assim, a crescente desigualdade social entre as 
classes antagônicas (LAZZARESCHI, 2007).
Existem inúmeras iniciativas 
e trabalhos realizados em 
prol da cidadania, dos direitos 
humanos e da conquista da 
equidade social. Dentre eles, 
podemos citar os principais: 
Economia Solidária; Economia 
de Comunhão; movimentos das 
Comunidades Eclesiais de Base 
(CEB); movimentos sociais, como 
o Movimento Sem Terra (MST); 
e Organizações da Sociedade 
Civil (OSC). 
Saiba mais
24 Processo de trabalho em Serviço Social I
Após esse mergulho realizado nas bases dos fundamentos teóricos 
do sistema capitalista, podemos averiguar um conformismo social, que 
nos remete à estagnação. Por conta disso, cabe apresentarmos algumas 
iniciativas que buscam romper ou superar a severidade e as mazelas que 
são produzidas pelas relações sociais estabelecidas no capitalismo.
A sociedade civil organizada tem, em sua participação social, um dos 
principais enfrentamentos às negligências e violações do capital. Pode-
mos citar a participação nos fóruns sociais e a atuação junto aos conse-
lhos de direitos e conselhos deliberativos das políticas públicas, que são 
as principais instâncias de luta por direitos. O importante é manter viva 
dentro de cada pessoa a ânsia pela mudança social e a sede por justiça 
social, como preconiza o projeto ético político do Serviço Social 5
De acordo com Avilla (2017, 
p. 3), “o projeto profissional do 
Serviço Social é vinculado ao 
projeto de transformação da 
sociedade, os projetos societários 
estão sempre presentes nos 
projetos coletivos. E ele deve 
transparecer em todas as 
atuações do assistente social, 
neste caso direcionado para a 
transformação da sociedade e 
em favor da classe trabalhadora”.
5
.
1.4 O trabalho e a dimensão ontológica 
do ser social 
Vídeo O estudo realizado até esta seção nos remete à trajetória histórica 
do trabalho, objetivando o resgate de sua função social. Considerando 
esse contexto, abordaremos a concepção do trabalho e a dimensão 
ontológica do ser social, na busca de apresentar as respostas ao pro-
cesso de emancipação humana e as utopias em torno do trabalho en-
quanto dimensão fundante da existência humana.
Como fundamento teórico, recorremos às bases marxistas, mais 
precisamente à ontologia do ser social de György Lukács (1875–1971). 
O primeiro pressuposto que se leva em consideração é que o ser social 
modifica a natureza e, ao transformar a natureza, ele também se mo-
difica. Esse é um processo cíclico, em que, ao produzir os meios de sua 
existência, o homem constrói a si mesmo e a história (LUKÁCS, 1978).
Nessa perspectiva, o processo de humanização do homem compõe 
a construção de sua ontologia social, com base no processo de conhe-
cimento e aprendizagem, e ele precisa perpassar impreterivelmente 
pelo autoconhecimento e consciência racional para exercer o controle 
sobre si mesmo. A particularidade da forma de ser do homem em seu 
processo exige um órgão que existe apenas no ser social: a consciência. 
O ser social, por mediação da sua consciência, pode avaliar cada situa-
ontológica: diz respeito à 
ontologia, que estuda o ser 
em sua essência e natureza, 
procurando analisar o que existe 
no mundo, a natureza do ser e a 
realidade.
Glossário
A história social do trabalho 25
ção concreta, tendo como base o contraponto de todos os seus conhe-
cimentos e experiências vivenciadas (LESSA, 2016).
Por isso, aqui, apenas assinalaremos ser esse processo de acu-
mulação a base ontológica do incessante acréscimo de novos 
conhecimentos, ao longo do tempo acerca da natureza e da 
sociedade. E que, através desse processo de acumulação, os 
homens podem se elevar a uma consciência do seu em-si, do 
que de fato são, o que possibilita algo inédito: um ser que se 
reconheça na sua própria história. Em outras palavras, um gê-
nero que se reconhece enquanto gênero em processo de cons-
trução. (LESSA, 2016, p. 16)
Para continuarmos as reflexões acerca do trabalho e a dimensão 
ontológica do ser, precisamos levar em consideração também que o 
homem é um ser social e ativo na sociedade, ele movimenta inovações 
e avanços ao longo da história. Ele se autoconstrói no processo de mo-
dificação da natureza, o que possibilita a projeção teleológica das ob-
jetivações de sua vida material(BARROCO, 2001). A categoria central 
dessa autoconstrução e transformação da natureza é o trabalho. É por 
meio do trabalho, e somente por ele, que o ser humano constrói sua 
existência e realiza o avanço ontológico, que o diferencia dos outros 
animais e legitima a sua existência duradoura (LESSA, 2016).
É no próprio trabalho que se instaura o ser social, no processo de 
rompimento com as atividades meramente naturais, criando a com-
pleta organização de uma práxis que modifica a natureza e produz o 
que ainda não existia enquanto necessidade socialmente construída 
(BARROCO, 2001).
Ainda resta uma lacuna para uma compreensão mais ampliada da 
dimensão da ontologia do ser social, fundamentada no trabalho como 
sua categoria central. A lacuna está subentendida na compreensão do 
homem como um ser social, coletivo, ou seja, a necessidade de socia-
lização e as relações estabelecidas entre os pares satisfazem uma das 
necessidades originais de todo homem. Partindo desse pressuposto, 
o homem se organiza em agrupamentos e comunidades que, por sua 
sociabilidade, o impulsionam a trabalhar para sanar as necessidades 
sociais que a vida social produz. As relações sociais o lapidam e o con-
duzem ao desenvolvimento do ser social com suas bases ontológicas.
Lukács é o grande precur-
sor da ontologia do ser 
social e, em suas obras, 
percebemos os reflexos 
norteadores sobre o 
assunto. O livro Para uma 
ontologia do Ser Social I é 
uma obra muito indicada 
para aprofundamento 
dessa temática.
LUKÁCS, G. São Paulo: Boitempo, 
2012.
Leitura
26 Processo de trabalho em Serviço Social I
Segundo Barroco (2001), as dimensões históricas e universais do 
trabalho produzem as interações humanas, que são colaborativas e 
traduzidas em cultura, símbolos e linguagem, perfazendo a construção 
da humanidade enquanto sociedade.
Nessa trajetória, realizou-se a apreensão de diversos conceitos que 
contribuíram para compreensão da categoria trabalho, vislumbrando-
-o como elemento fundante do homem como ser social, na perspectiva 
da dimensão ontológica pautada no trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De maneira geral, nesse capítulo, realizamos a reconstrução da histó-
ria social do trabalho. Para isso, fizemos a opção teórico-metodológica de 
abordá-la pela perspectiva de observação e resgate dos modos de produ-
ção, que produzem e reproduzem as relações sociais de trabalho.
Inicialmente, fizemos a diferenciação dos conceitos trabalho e empre-
go, sendo o primeiro correlacionado à ação criativa do homem sobre a 
natureza para satisfazer as suas necessidades sociais, enquanto o segun-
do é entendido como uma atividade na qual o homem vende sua força de 
trabalho. Desse modo, o emprego emerge com o capitalismo.
Na construção da história social do trabalho, apresentamos a sua evo-
lução nos modos de produção. Primeiro, na Pré-História, com o modo de 
produção tribal. Depois, na Antiguidade, foi estabelecido um novo modo 
de produção, o escravista, que tem como base da economia o trabalho es-
cravo. Na Idade Média, percebemos a emergência do modo de produção 
feudal, baseado na relação social entre senhor feudal e servo. Sob as cin-
zas do feudalismo surge então o capitalismo, fundamentado em relações 
sociais desiguais.
No último momento, reconstruímos o trabalho e a dimensão ontológi-
ca do ser social. O ser social muda a natureza e, ao realizar essa mudança, 
ele também se modifica, em um ciclo contínuo. Nesse contexto, a cate-
goria trabalho emerge como constituinte do ser social e categoria social 
central sob o fundamento do homem e da sociedade.
A história social do trabalho 27
ATIVIDADES
1. Com base nos conceitos estudados, o que são os modos de produção? 
Qual é a sua relação com a história social do trabalho?
2. Quais são as diferenças das três fases de desenvolvimento do 
capitalismo? Quais são as consequências que o capitalismo apresenta 
para o trabalhador?
3. Qual é o aprendizado e quais são as contribuições que a ontologia 
do ser social apresenta para a categoria trabalho no processo de 
humanização do homem?
REFERÊNCIAS
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Passos – v. 171).
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BRECHT, B. Os dias da Comuna. Alfragide: Caminho, 1949.
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https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-foi-o-ultimo-pais-a-abolir-a-escravidao/
https://ddd.uab.cat/record/112605
https://ddd.uab.cat/record/112605
O processo de trabalho e o Serviço Social 29
2
O processo de trabalho 
e o Serviço Social
Ser assistente social, é não ver barreiras à frente do que fazer pelo humano. Ser 
assistente social, é romper dogmas, conceitos que tragam à tona a limitação 
do ser. Ser assistente social é usar o sagrado; o profano; o divino. No seu mais 
puro ser, sem o mal. É atender a criança e ao adolescente;à reforma agrária; 
à habitação para todos; Alimentação, vestuário, lazer, condição, condução, 
para o mundo, para o homem. Não para a máquina; para a economia; para 
a globalização, mas, para a atenção primária. A se descobrir por inteiro. Em 
todas as suas possibilidades é levar aos lugares às instituições, às entidades o 
respeito humano e a justiça social. – Zenilda Bruginski, 2012
Neste capítulo, abordaremos conceitos derivados da categoria 
trabalho, começando pelo processo de trabalho, sendo este o con-
junto organizado de componentes criados processualmente. Ao 
apreendermos o que é esse processo, observaremos o desenca-
dear de uma lacuna conceitual, preenchida pela apropriação do 
processo de produção e reprodução social, que direciona a forma 
como uma sociedade produz e como essa forma se reflete na so-
ciedade, ou seja, como a reprodução social modifica e transforma 
as relações sociais.
No momento seguinte, abordaremos o Serviço Social como 
especialização do trabalho, ou seja, como profissão inscrita 
na divisão sociotécnica do trabalho. Nessa perspectiva, vamos 
entender as particularidades que configuram a profissão como 
área de especialização social. Ainda, vamos aprofundar a reflexão 
sobre a constituição da profissão e os princípios fundamentais 
que norteiam o agir profissional. A última seção ampliará as 
concepções sobre o processo de trabalho do assistente social 
enquanto atuação profissional pautada em competências que 
envolvem o Serviço Social.
30 Processo de trabalho em Serviço Social I
2.1 Produção e reprodução social do trabalho 
Vídeo O processo de trabalho se configura como um resultado preexisten-
te idealizado na imaginação do homem (trabalhador). A humanidade 
tem desenvolvido sua forma de construir moradias, produzir planta-
ções, preparar alimentos etc. de modo exponencial ao longo do tempo. 
A capacidade de produzir por meio do trabalho humano, nas mais di-
versas sociedades, foi vista estritamente pelo viés das relações sociais, 
que conduzem às mais diversas organizações societárias, com base no 
poder e nos mandos e desmandos das classes que se configuraram 
como dominantes (GRANEMANN, 2009).
O processo de trabalho é composto por basicamente três ele-
mentos: o objeto de trabalho; a ferramenta/instrumento de trabalho 
e o próprio trabalho. Compreendemos por objeto de trabalho a 
matéria que pretendemos aplicar ao trabalho, enquanto o instru-
mento de trabalho são os meios de trabalho. E, por fim, o próprio 
trabalho é entendido como uma atividade criativa e planejada pelo 
homem. Observe as figuras a seguir que ilustram a composição des-
ses três elementos.
Figura 1
Tripé do processo de trabalho
Objeto de trabalho Instrumento de trabalho O próprio trabalho
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Fonte: Elaborada pela autora.
O processo de trabalho consiste na seguinte sequência: com base 
nas necessidades sociais, o homem começa a ação de planejar e ima-
ginar; no momento seguinte, escolhe o objeto de sua ação e os meios 
Lembramos que trabalho é 
toda atividade humana pensada 
e planejada pelo ser humano 
para atingir uma finalidade.
Atenção
O processo de trabalho e o Serviço Social 31
(instrumentos) de que irá necessitar para realização de uma atividade; 
em seguida, ele se utiliza de sua força de trabalho para atingir um resul-
tado; e, ao final, obtém um resultado que já existia na sua imaginação 
desde o início do processo (MARX, 2006).
Um bom exemplo para entendermos o processo de trabalho na 
prática, em nosso cotidiano, é o ato de produzir um pão. O processo 
começa com o homem pensando na necessidade social de se alimen-
tar. Então, planeja o que comer e imagina o pão, comida tradicional 
presente na mesa de quase todos os brasileiros. O homem se organiza 
e separa os ingredientes (objeto), utensílios necessários e receita (ins-
trumentos). Em seguida, aplica seu próprio trabalho para misturar os 
ingredientes e sovar a massa, usando como instrumentos de trabalho 
o misturador, a forma, a bacia e o forno. Observando esse processo 
de produção, vemos a articulação dos três elementos que compõem 
o tripé do processo de trabalho. Observe o esquema a seguir, que de-
monstra esse caminho processual:
Necessidade social: 
Alimentar-se.
Planejar e pensar: 
Pensar na receita, 
ingredientes, pesos 
e medidas.
Instrumentos: 
Ferramentas usadas 
para fabricar o pão, 
como forma e forno.
Trabalho humano: 
Misturar os 
ingredientes, sovar a 
massa, modelar e assar.
Resultado do 
processo de 
trabalho: Pãozinho 
pronto.
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Nota-se que o conceito processo de trabalho é muito presente em 
nosso cotidiano. Cabe ressaltar que ele é amplo e pode ser observa-
do na história social do homem em todos os modos de produção, não 
sendo restrito ao trabalho no capitalismo – tanto que o processo de 
trabalho não traz implícita a categoria da mercantilização (central para 
as relações do sistema capitalista).
Na perspectiva de compreensão totalitária do processo de traba-
lho, percebe-se a emergência frequente de dois conceitos que derivam 
das relações sociais 1
Quando nos referimos às relações 
sociais no texto, estamos falando 
das múltiplas relações estabe-
lecidas entre os seres humanos, 
e das interações vinculadas aos 
diversos grupos sociais, como 
família, escola, trabalho, clubes 
etc. O homem é um ser social, 
aprende e evolui nesse conjunto 
de interações e relações.
1
 de trabalho e que, ao mesmo tempo, as cons-
O desafio é um convite: olhe 
para seu cotidiano, lembre-se 
de uma ou mais atividades que 
faz e busque descrever essa(s) 
atividade(s) considerando as 
etapas do processo de trabalho.
Desafio
32 Processo de trabalho em Serviço Social I
tituem. Estamos falando dos processos de produção e reprodução so-
cial. Quando nos reportamos ao processo de produção, nos referimos 
a como a sociedade produz e satisfaz as necessidades sociais por meio 
do trabalho humano. Por exemplo, se falarmos da sociedade capitalis-
ta, vamos discutir a produção de mercadorias. O processo de produção 
compreende todas as relações que se envolvem e permeiam o desen-
volvimento, a elaboração e a criação de produtos.
Já ao falarmos de reprodução social, podemos considerar as ati-
vidades e os atos que dão continuidade ao conjunto da vida social, ou 
seja, o processo contínuo de renovação da produção e da cultura de 
uma sociedade (CARVALHO; MARCELINO, 2019). O processo de produ-
ção é a fase econômica, ligada à criação, enquanto a reprodução social 
é o reflexo de como a forma de produzir de uma sociedade norteia as 
relações sociais e a cultura de um povo.
Quando articuladas, a produção e a reprodução social são faces 
da mesma moeda, que modificam e movimentam a história e as re-
lações sociais. Afinal, o processo é resultado da trajetória histórica de 
desenvolvimento humano, construído por várias gerações, ou seja, é a 
experiência e os conhecimentos reunidos e disseminados de geração 
para geração por meio da cultura. Portanto, o processo de produção se 
configura ao mesmo tempo como um processo de reprodução.
O processo de produção e reprodução social corresponde ao nível 
de desenvolvimento das forças produtivas e das relações sociais de 
produção. Ele emerge da forma que o processo de trabalho humano 
evoluiu ao intervir na natureza e nos seus derivados. Por exemplo, 
desde a Pré-História, o homem usa a pedra e a madeira para construir 
ferramentas e instrumentos para satisfazer às suas necessidades. 
Mas hoje, devido à evolução historicamente construída pelo trabalho 
humano e o conhecimento acumulado, ele aplica técnicas e máquinas 
que beneficiam e aperfeiçoam o uso e o processo. O homem, aosuperar a satisfação de uma necessidade, cria outras e, com isso, novas 
formas de satisfazê-las. Assim, modifica as relações sociais de produção 
e reprodução de sua vida social.
O processo de trabalho e o Serviço Social 33
Figura 2a
Instrumentos de pedra e madeira da Pré-História
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Figura 2b
O homem trabalhando em pedras com máquinas e 
instrumentos na contemporaneidade.
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Além disso, o processo de produção e reprodução social imprime 
não só o modo que uma sociedade produz, mas como ela reproduz so-
cialmente o seu processo de produção nas relações sociais e culturais. 
Nesse sentido, podemos compreender que o processo de trabalho está 
implícito no conceito de trabalho como categoria fundante do homem. 
Afinal, a esfera do trabalho é conduzida pelo modo de produção de 
uma sociedade, e isso determina como essa sociedade produz e repro-
duz suas relações sociais.
Os quatro conceitos tratados até o momento desenvolveram uma 
interação e uma interdependência ao redor da categoria trabalho, o 
que explica a relevância de compreender essa complexidade relacio-
nal, como podemos ver a seguir:
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Modo de 
produção
Trabalho
Produção e 
reprodução 
social
Processo de 
trabalho
Relações 
sociais
34 Processo de trabalho em Serviço Social I
É nesse conjunto complexo de relações e interações conceituais que 
as mais diversas profissões e áreas de serviços do mundo do trabalho 
atuam como um conjunto de técnicas e formações especializadas a uma 
área do saber e de intervenção sobre um objeto específico. Podemos 
compreender que o homem produz e reproduz socialmente por meio do 
trabalho e que esse processo determina as relações sociais que formam 
e forjam uma sociedade, cultural, histórica, política, econômica e social-
mente. Nesse contexto, o trabalho especializado como profissão emerge 
no modo de produção capitalista, e o Serviço Social surge.
2.2 O Serviço Social como 
especialização do trabalho Vídeo
Nesta seção, vamos nos debruçar sobre o Serviço Social como tra-
balho, entendendo a intervenção profissional do assistente social e 
buscando desvelar essa profissão e sua função na sociedade. O Ser-
viço Social é uma profissão inscrita na divisão sociotécnica do traba-
lho, o que garante autonomia ao especialista dessa área; e o uso e a 
criação de seu arsenal de conhecimentos e técnicas particularizam sua 
especialização enquanto trabalho. Segundo Iamamoto (2009, p. 10), o 
profissional de Serviço Social é possuidor “de uma força de trabalho 
dotada de capacitação específica: [são] capazes de criar um tipo de tra-
balho concreto, distinto e particular”.
O Serviço Social se configura como profissão da área de ciências so-
ciais aplicadas, mas, nas últimas décadas, tem contribuído com as ciên-
cias humanas e se alimentado delas também. Nessa compreensão, o 
Serviço Social produz conhecimento, mas não é uma ciência, aproprian-
do-se de outras áreas do saber para produzir e reproduzir seu arcabouço 
teórico-metodológico. O objeto central do trabalho do assistente social é 
a questão social, especificamente as suas manifestações e expressões.
Como especialização da divisão social do trabalho, o Serviço Social está 
vinculado à execução, à administração, à gestão e ao planejamento dos 
serviços sociais. Segundo a Lei n. 8.662, de 7 de junho de 1993, que re-
gulamenta a profissão, o assistente social é um profissional liberal 2
A compreensão do significado 
desse termo é importante, pois 
erroneamente se entende que o 
profissional liberal é o profissional 
autônomo, aquele que não vende 
sua força de trabalho. Na verdade, 
o profissional liberal é aquele que 
goza de autonomia para escolher 
e eleger os meios, as técnicas e 
os instrumentos de trabalho para 
atingir um objetivo (CARVALHO; 
MARCELINO, 2019).
2
 , que 
precisa da formação acadêmica em instituição de ensino superior e regis-
tro em conselho profissional com jurisdição em cada estado. Ele tem atri-
buições e competências privativas e próprias da especialização do Serviço 
Social, sempre guiado por seu código de ética profissional (BRASIL, 2012).
O processo de trabalho e o Serviço Social 35
Precisamos lembrar que a emergência do Serviço Social é percebida 
como resposta às inúmeras refrações e manifestações da questão 
social. No entanto, essa área nasce vinculada a práticas religiosas 
caritativas e como estratégia de repressão e manutenção da ordem 
social, praticamente sendo um mecanismo para amenizar as revoltas 
da classe trabalhadora (MEIRELLES, 2018). Dessa forma, segundo 
Martinelli (2005), o Serviço Social surge com uma identidade atribuída 
por outras instituições. A profissão então se reinventa posteriormente 
para romper com essa identidade que não lhe é própria.
É importante ressaltar que o capitalismo gera desigualdades sociais 
imponentes, que oprimem a classe trabalhadora. Nesse sentido, o enor-
me abismo social implantado pelo sistema capitalista exige um profissio-
nal especializado em intervir nessa realidade social, com vistas a fortalecer 
a classe trabalhadora e minimizar as disparidades na sociedade.
O trabalho do assistente social como profissional liberal tem um 
importante significado social. Mesmo sendo um trabalho especializado 
de cunho interventivo e intelectual e não estando ligado diretamente 
ao processo de produção, a profissão tem um papel diferencial no 
processo de reprodução e acumulação do capital.
Esse papel se torna singular com o advento e a construção das po-
líticas sociais na sociedade contemporânea. Nesse sentido, o Serviço 
Social se configura como profissão ímpar para elaboração, formulação 
e execução das políticas sociais no Estado de direito. No processo de 
desenvolvimento profissional, ampliam-se os espaços de atuação do 
assistente social, que se estabelece no mercado de trabalho com uma 
profissão institucionalizada, sendo um trabalhador assalariado.
Ora, o Serviço Social reproduz-se como trabalho especializado 
na sociedade por ser socialmente necessário: produz serviços 
que atendem às necessidades sociais, isto é, tem um valor de 
uso, uma utilidade social. Por outro lado, os assistentes sociais 
também participam, como trabalhadores assalariados, do 
processo de produção e/ou redistribuição da riqueza social. 
(IAMAMOTO, 2007, p. 24)
Nessa linha de reflexão, percebemos a constituição da profissão 
com um valor de uso e de troca, sendo o primeiro a utilidade social 
da profissão e o segundo a reprodução social em meio à subsistên-
cia para quem usufrui de seu trabalho. Para Iamamoto (2009), o 
• O fogo representa o 
conhecimento.
• A balança equilibrada 
significa a justiça social. 
Quando a balança pende 
para algum lado, significa 
a desigualdade social.
Dessa forma, o assistente social 
utiliza a chama de seu conhecimen-
to para mediar e manter a equidade 
e justiça social (DICIONÁRIO DE 
SÍMBOLOS, 2020).
Curiosidade
No livro O Serviço Social 
na contemporaneidade: 
trabalho e formação 
profissional, a autora 
retrata as mudanças 
ocorridas na sociedade 
a partir da década 
de 1980. Ela entende 
o capitalismo como 
causador da globalização 
e da internacionalização 
do capital, que marcam 
avanços e retrocessos 
para a classe trabalhadora. 
Iamamoto tece reflexões 
sobre o processo de 
trabalho do assistente 
social, centrais para a 
categoria até a atualidade.
IAMAMOTO, M. V. 22. ed. São Paulo: 
Cortez, 2018.
Livro
36 Processo de trabalho em Serviço Social I
assistente social encontra espaço fértil para seu desenvolvimento 
no setor público, pois o Estado assume responsabilidade central 
nas políticas sociais. No entanto, seu trabalho tem uma evolução 
exponencial no que tange ao setor privado, em empresas com ou 
sem fins lucrativos.
Cabe esclarecer algumas confusões históricas vinculadas à de-
nominação do profissional com formação em Serviço Social. O es-
tudante que se forma nesse curso, torna-se bacharel em ServiçoSocial. Quando se inscreve no conselho profissional que regula e 
fiscaliza a profissão (o Conselho Regional de Serviço Social – CRESS), 
passa a ser denominado assistente social, tornando-se um profis-
sional habilitado para atuar e intervir nas diversas manifestações 
da questão social. 
A confusão se dá ao ponto que as pessoas pensam e disseminam 
que o assistente social e a assistência social são a mesma coisa, ou ain-
da acreditam que esse é um profissional que faz assistencialismo, que 
prática caridade. Isso tudo é um grande equívoco, afinal, não é preciso 
estudar quatro anos para fazer assistencialismo. A assistência social é 
uma política pública, que compõe o tripé da seguridade social, junto 
com a saúde e a previdência social:
Assistência social Previdência socialSaúde
Seguridade Social
As articulações das três políticas públicas formam um grande “guar-
da-chuva” que denominamos proteção social. Dentro do Estado de di-
reito, são as políticas sociais que visam proteger e garantir o bem-estar 
social à classe trabalhadora e/ou excluída do direito ao emprego (um 
dos direitos sociais).
A assistência social é uma política não contributiva que visa assegurar 
os mínimos sociais à população e é integrada por um conjunto de ações, 
serviços, programas, projetos e benefícios sociais voltados aos usuários 
em situação de vulnerabilidade social, fragilidade e/ou risco pessoal/
O conselho profissional do 
Serviço Social é conhecido como 
Conselho Federal de Serviço 
Social (CFESS), e cada estado 
tem um conselho regional, que 
fiscaliza e responde à jurisdição 
de seu estado, denominado 
Conselho Regional de Serviço 
Social (CRESS).
Saiba mais
O processo de trabalho e o Serviço Social 37
social. O assistente social atua na política pública de assistência social, 
mas não é o único. Temos inúmeros profissionais trabalhando nessa 
política, como psicólogos, sociólogos, pedagogos, advogados, médicos, 
terapeutas ocupacionais e educadores sociais e administrativos.
O assistencialismo é oposto à política de assistência social. Trata-
-se de toda forma de caridade tutelada, ou seja, uma prática pela práti-
ca, sem vistas à autonomia, ao empoderamento ou à emancipação do 
indivíduo, uma ação meramente pontual, que serve apenas para “apa-
gar incêndio” ou “secar gelo”, como os ditos populares pregam. Desse 
modo, uma das principais características do assistencialismo é que ele 
gera dependentes. A figura a seguir exemplifica as diferenças das no-
menclaturas atribuídas à profissão:
Figura 3
Diferença entre assistente social, assistência social e assistencialismo
Profissional de 
Serviço Social
Política pública de 
seguridade social
Ações pontuais de 
ajuda e caridade.
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Assistente social Assistência social Assistencialismo
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Fonte: Elaborada pela autora.
Além desses equívocos, existem outros ranços que a história so-
cial da profissão nos interpela como paradigmas a serem superados. 
Por conta das heranças advindas da gênese da profissão, o assis-
tente social carrega alguns rótulos apregoados no ideário do senso 
comum, os quais soam como estigmas para a profissão. Eles nos im-
pulsionam a reafirmar as bases legítimas da profissão nos espaços 
sócio-ocupacionais de trabalho.
O assistencialismo ficou intrin-
secamente disseminado com o 
aliciamento político das pessoas 
mais vulnerabilizadas na busca 
por favorecimento de votos. 
Esse ato gerava “afilhados”; 
as pessoas eram tuteladas e 
entendiam que deviam favor 
ao político aliciador por muitos 
anos, o que gerava um ciclo de 
dependência. 
Saiba mais
38 Processo de trabalho em Serviço Social I
Iremos trabalhar, então, os sete principais estigmas que, na con-
temporaneidade, denominamos mitos. Para isso, no Quadro 1 há o es-
clarecimento da origem de cada um dos estigmas, seu marco histórico 
e o desvelar das verdades que envolvem o assistente social. Vejamos:
Quadro 1
Mitos e verdades sobre o assistente social
Rótulo/Mito Origem histórica Verdade
Assistentes sociais são mulhe-
res (imagem da moça “boazi-
nha”).
Esse rótulo está ligado às primeiras 
profissionais, que eram filhas de fa-
mílias abastadas ligadas à Igreja Ca-
tólica e que foram até chamadas de 
damas da caridade.
O profissional de Serviço Social não 
tem um gênero específico. Hoje, a pro-
fissão abrange pessoas de todos os gê-
neros, mas é composta em sua maior 
parte por mulheres.
O trabalho do assistente social 
é a prática da ajuda ou carida-
de.
O Serviço Social nasce vinculado à 
ação social da Igreja Católica e, por 
isso, há esse mito.
O exercício profissional do Serviço So-
cial rompeu com as práticas caritativas. 
A partir da década de 1970, após o 
Congresso da Virada, a profissão assu-
me um viés crítico, com base na teoria 
social.
O assistente social trabalha so-
mente com os pobres.
A profissão nasceu para atender as 
pessoas em situação de pobreza, o 
exército industrial de reserva na Re-
volução Industrial. Também tem uma 
forte ligação com a Lei dos Pobres, o 
que fortaleceu esse estigma.
Esse profissional trabalha com a 
população empobrecida também, 
mas ele intervém nas mais variadas 
expressões da questão social. Um bom 
exemplo são os assistentes sociais que 
trabalham em diversas empresas.
O assistente social é fiscal do 
governo e está voltado ao con-
trole das famílias empobreci-
das.
No processo de desenvolvimento do 
Serviço Social, por vezes, a profissão 
do assistente foi usada para fazer a 
manutenção da ordem social vigen-
te, silenciando a classe trabalhadora. 
Foram denominados como de Serviço 
Social casos de polícia e abordagens 
higienistas conservadoras.
De acordo com o artigo 6º do Código 
de ética do/a assistente social, “é ve-
dado ao/à assistente social: exercer 
sua autoridade de maneira a limitar ou 
cercear o direito do/a usuário/a de par-
ticipar e decidir livremente sobre seus 
interesses” (BRASIL, 2012).
O trabalho do assistente social 
é voluntário, exercido de manei-
ra gratuita.
Esse rótulo está associado dire-
tamente à atividade caritativa, de 
cunho religioso e não profissional, 
que era realizada nos primórdios da 
profissão.
O assistente social é um profissional 
que trabalha de maneira remunerada, 
na esfera estatal ou privada, nas mais 
diversas áreas.
O Serviço Social não é profissão, 
e até as Igrejas e os políticos o 
fazem.
Antes da profissionalização, o Serviço 
Social era exercido em práticas filan-
trópicas da Igreja.
O uso do termo Serviço Social é privati-
vo, pertence única e exclusivamente a 
uma profissão regulamentada, e o pro-
fissional se denomina assistente social.
O que os políticos e a Igreja fazem é 
assistencialismo.
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(Continua)
O processo de trabalho e o Serviço Social 39
Rótulo/Mito Origem histórica Verdade
O Serviço Social é inferior como 
profissão e subalternizado às 
outras profissões, por seu obje-
to de intervenção.
Na divisão sociotécnica do trabalho, 
há profissões mais tradicionais 
que a do Serviço Social. A medicina 
e a advocacia, por exemplo, são 
profissões supervalorizadas, sendo 
designados os profissionais de 
doutores, mesmo não tendo o título 
stricto sensu de doutorado.
O assistente social é um profissional 
liberal, que precisa ter formação aca-
dêmica de bacharel em Serviço Social 
e registro no CRESS. Trata-se de uma 
profissão regulamentada no Brasil des-
de 1957, e, com a Lei n. 8.682/1993, a 
primeira regulamentação foi revogada 
e novos termos passaram a valer.
Fonte: Elaborado pela autora com base em Ato..., 2012.
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Agora, tendo rompido os equívocos atribuídos historicamente ao as-
sistente social, podemos aprofundar nossa reflexão nas bases da com-
preensão do trabalho desse

Outros materiais