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Trauma músculoesquelético Ívena B. Fiuza Trata-se de um trauma comum, mas que raramente representa risco de morte imediata, exceto se associado à lesão vascular (sangramento com perda significativa ou por sangramento interno em extremidade ou pelve). → A presença de lesão musculoesquelético grave (bacia, ou com fratura de fêmur, por ex) indica que houve força significativa no trauma e provavelmente o paciente tem outras lesões associadas. Situações com aspectos impressionantes: amputações ou quase amputações podem não ter sangramento ativo (por vasoconstrição local). Portanto, não se deve desviar a atenção do protocolo XABCDE. Claificação: - Lesões musculoesqueléticas potencialmente fatais: relacionadas à hemorragias (externas ou internas, como na pelve) - Lesões musculoesqueléticas não potencialmente fatais, mas associadas ao trauma multissistêmcio potencialmente fatal: fratura de úmero, com trauma torácico, por ex. - Lesões musculoesqueléticas isoladas: fraturas isoladas de membros. Avaliação primária: segurança de cena e situação. O trauma musculoesquelético não reordena as prioridades do XABCDE do trauma. É imperativo reconhecer e controlar a hemorragia oriunda das lesões. Medidas auxiliares: imobilização de fraturas. Se sem hemorragia exsanguinante e fez todo o ABCDE, na exposição, vemos deformidades, faz-se a imobilização de fraturas. Avaliação secundária: Mecanismo de trauma: localização do assento, onde o paciente foi encontrado, danos nos veículos, cinto de segurança, estimar quantidade de energia absorvida. Informações necessárias para pensar em possíveis lesões não visíveis ou queixadas pelo pcte. Ambiente: exposição (temperaturas extremas, fumaça, agentes tóxicos no local), contaminação (fezes de animais, sujidades…). Auxiliam antecipar alguns problemas e iniciar a antibioticoterapia. Achados no local: posição em que foi encontrado, volume de sangue perdido, exposição ou não de osso, deformidades, presença ou ausência de mobilidade voluntária. Observações e cuidados pré-hospitalares devem ser repassados à equipe hospitalar: alterações neurovasculares (pele pálida? Cianose? Fria), foi realizada redução de fratura ou luxação? Perdeu fragmento ósseo? Aplicação de curativos e talas? Procedimentos de liberação de ferragens (quanto tempo ficou preso nas ferragens (pensar em possível síndrome compartimental) Exame físico: olhar cor da pele, ferimentos, perfusão, deformidades; Sentir: sensibilidade, dor - intensidade da dor, crepitação, temperatura, pulso (bilateralmente). Mobilidades devem ser avaliadas. Estabilidade pélvica - uma vez avaliada, se perceber crepitação ou instabilidade, imobilizar. LESÕES COM RISCO POTENCIAL À VIDA → Hemorragia: deve ser identificada na avaliação primária e tratada. Observada através de lesões penetrantes (corte, fratura exposta, lesão por arma de fogo). Tratamento: compressão direta, torniquete (padrão de cuidado no pré-hospitalar de lesão exsanguinante), agentes hemostáticos tópicos. Controle de hemoagias exsanguinant: - Torniquete: deve ser colocado de 5 a 7cm acima da ferida (se a lesão puder ser visualizada), - colocar o mais proximal da articulação possível, se ferida não for visível; não colocar sobre articulações e apertar até que o sangramento parar. Pode ser colocado sobre as roupas. Uma vez colocado, não deve ser removido (só vai ser removido no hospital de destino). Atenção: o torniquete dói! Paciente vai queixar de dor e pedir pra tirar, mas não pode. Às vezes, mesmo com o torniquete colocado e apertado no máximo, não vai cessar o sangramento, sendo necessário colocar um segundo torniquete logo abaixo. - Compressão/ Empacotamento: se ferimento profundo e extenso; preencher o ferimento com gaze (que pode ser simples - extensa, mas fazer compressão direta por pelo menos 10 minutos; ou com agentes coagulantes, que reduzem o tempo de compressão. Ex: Gaze combat (QuickClot); CeloX: pó que colocamos sobre o ferimento, depois colocamos uma gaze comprimindo.; As gazes tem uma linha azul radiopaca; Lesões musculoesqueléticas isoladas: fraturas isoladas de membros. → Síndrome do esmagamento ou rabdomiólise traumática: efeitos clínicos causados por músculos lesados que, se não tratados, podem causar IRA. Na avaliação hospitalar é identificada por: urina escura, acidose metabólica, hipercalemia e CIVD. Tto no pré- hospitalar: início precoce e agressivo da terapia com fluidos intravenosos (Soro fisiológico, nesse caso, devido à lesão muscular 1500ml rápidos). Condição relacionada à morte do músculo na extremidade afetada e liberação de mioglobina, que causa IRA. Está associada bastante em guerras, mas tem relatos de pacientes idosos que caem e passam dias sem serem encontrados (o peso do corpo sobre a musculatura pode causar rabdomiólise), pacientes que ficam sob escombros em desabamentos ou entre ferragens.. LESÕES não potencialmente fatais (COLOCAM O MEMBRO EM RISCO): → Fratura exposta: comunicação entre ambiente externo e osso. Qualquer deformidade no membro que tenha um ferimento, pode ser considerada fratura exposta, mesmo s/ osso aparente. Diagnóstico: história do paciente, exame físico da extremidade com deformidade, crepitação, ferimento aberto. Tto: reanimação adequada, estancar sangramento se presente, estabilizar, imobilizar a fratura no pré-hospitalar p/ realinhar a extremidade lesada, com posição mais próxima o possível da posição anatômica e prevenir a movimentação excessiva do foco da fratura, confirmação de pulsos distais Trauma músculoesquelético Ívena B. Fiuza O realinhamento não foca reduzir a fratura, nem restaurar função ou tratar a lesão de maneira definitiva. Objetivo da imobilização: oferecer trajeto direto para o fluxo sanguíneo e remover curvaturas ou compressão de vaso que possam ter sido causadas pela deformidade. → Lesões vasculares e amputação traumática: lesões vasculares são suspeitadas por insuficiência vascular, por alteração da temperatura (membro frio), TEC > 3s, palidez ou cianose e alteração de pulso (pulso não palpável). Amputação: extremidade é separada da parte proximal (pode ser total ou parcial). Nem sempre tem sangramento ativo. Quando há transecção completa de vasos, esses se retraem e contraem: portanto, quando a amputação é total, por mecanismo compensatório fisiológico, há parada da hemorragia. Quando há transecção apenas parcial, as extremidades não conseguem se retrair, não cessando o sangramento. - O risco de hemorragia grave é maior em amputação parcial. Lembrar sempre que o torniquete é a primeira opção para parar a hemorragia. - Realizar os cuidados com o membro amputado. Se conseguir recuperar o membro, levar junto ao hospital para o reimplante (a procura pelo membro não pode retardar a ida até o hospital). - Limpar a parte amputada, enxaguar delicadamente com RL se encontrar o membro. Envolver com gaze umedecida com soro ranger, colocar em um saco plástico ou recipiente. Rotular e colocar dentro de um outro recipiente com gelo - não colocar o membro direto no gelo. LESÕES ISOLADAS: FRATURAS → Princípios de imobilização: nunca tem como objetivo tratar de forma definitiva, mas sim reestabelecer o fluxo sanguíneo e evitar lesões secundárias (condutas pré-hospitalares).: - Conter hemorragias - Retirar anéis, relógio, pulseiras, expor o membro etc - Imobilizar com talas que ultrapassem as articulações distal e proximal, levantando o membro segurando as duas articulações. - Substituir o indo-esqueleto por um exoesqueleto, estabilizando com talas. - Checar pulso distal e enchimento capilar antes e após a imobilização. → Fraturas ocultas: - Fratura de pelve com ferimento em períneo (fratura exposta de pelve) - Fratura de clavícula - sempre investigar cervical - Fratura de cintura escapular: pode se associar às lesões torácicas - Fratura, luxação de cotovelo: pensar em lesão de artéria braquial - Fratura defêmur: pensar em lesão de colo femural, lesão ligamentar de joelho, luxação posterior de quadril. → Síndrome compartimental: condição em que o suprimento sanguíneo para uma extremidade é comprometido pelo aumento da pressão dentro do membro, que interrompe a circulação. Clínica: dor intensa (maior que o que a lesão proporcionalmente causaria, mesmo com analgésico potente), parestesia, palpação da área lesada endurecida, mobilização dos dedos, ausência de pulso, diminuição ou ausência de perfusão. Dor intensa e parestesia são os sinais mais precoces, os demais são mais tardios. Causas comuns: hemorragia dentro do membro, por fratura ou lesão vascular (como a fáscia não é elástica, ela comprime e impede que essa parte da musculatura seja irrigada). Além de que, pode ser causada por imobilização inadequada, que cause compressão demasiada do membro, interrompendo o fluxo. Tratamento: fasciotomia.
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