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TRAUMA MUSCULOESQUELÉTICO • As lesões do sistema musculoesquelético ocorrem em muitos doentes que sofrem trauma fechado; • Raramente causam risco imediato à vida ou ao membro. • O médico deve reconhecer a presença de tais lesões, definir a sua anatomia, proteger o doente de incapacidades futuras, antecipar e prevenir complicações. • Os traumatismos graves por esmagamento levam à liberação de mioglobina, que pode precipitar- se nos túbulos renais causando IRA • O edema em compartimentos musculofasciais intactos pode causar uma síndrome compartimental aguda que, caso não diagnosticada e tratada, pode evoluir para disfunção duradoura ou até mesmo para a perda total da função da extremidade. • A embolia gordurosa é incomum, porém altamente letal, podendo evoluir para a insuficiência pulmonar e para o comprometimento da função cerebral. Qual o impacto das lesões musculoesqueléticas na avaliação primária? • Durante a avaliação primária é imperativo reconhecer e controlar a hemorragia oriunda de lesões musculoesqueléticas • Lacerações profundas de partes moles podem comprometer grandes vasos • A melhor maneira de se controlar a hemorragia é através da compressão direta. • Locais de hemorragia oculta incluem: coxa, fraturas de fêmur e qualquer fratura exposta com lesão grave de partes moles. IMOBILIZAÇÃO DE FRATURAS • O objetivo da imobilização inicial das fraturas é o realinhamento da extremidade lesada em uma posição o mais próximo possível da posição anatômica, bem como prevenir a movimentação excessiva do foco de fratura • Na presença de fratura exposta, não se preocupar em reduzir o osso exposto para dentro da ferida porque todas as fraturas expostas exigem desbridamento cirúrgico EXAMES RADIOGRÁFICOS • Inclusos como parte da avaliação secundária • As decisões de quais radiografias obter e quando obtê-las são determinadas pelos achados clínicos do doente, o estado hemodinâmico e o mecanismo de trauma AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Mecanismo de Trauma • Um impacto lateral durante a colisão do veículo pode resultar em fratura pélvica por compressão lateral. • Deformação da direção, do painel, indicam fraturas de esterno, de clavícula ou de coluna ou luxação coxofemoral. • A aplicação inapropriada dos dispositivos de contenção pode provocar fraturas de coluna e lesões de vísceras abdominais • Queda em pé pode causar lesões nos pés e nos tornozelos com fraturas associadas de coluna. • Se atropelamento, as lesões podem seguir padrões previsíveis (por exemplo, trauma da perna produzido pelo para-choque) tomando-se como base o tamanho e a idade do doente. Ambiente • Fratura exposta em um ambiente contaminado • Exposição do doente a temperaturas extremas • Fragmentos de vidro quebrados • Essas informações auxiliam o médico a antecipar potenciais problemas e determinar a antibioticoterapia inicial. Observações e cuidados pré-hospitalares • Quantidade estimada de perda sanguínea • Presença ou ausência de função motora e/ou sensorial nas extremidades • Modificações na função, na perfusão ou no estado neurológico do membro, especialmente após a imobilização ou durante a transferência • Redução de fraturas ou luxações durante a retirada ou a imobilização na cena EXAME FÍSICO (E) • O doente deve ser completamente despido para um exame adequado. • Avaliação das extremidades tem três objetivos : • Identificar as lesões que podem pôr a vida em risco (avaliação primária) • Identificar as lesões que podem pôr o membro em risco (avaliação secundária) • Proceder a uma revisão sistemática para evitar que quaisquer outras lesões musculoesqueléticas passem despercebidas (reavaliação contínua) • Os 4 componentes que devem ser avaliados são: • Pele, que protege o doente de perdas excessivas de líquido e de infecção; • Função neuromuscular; • Estado circulatório • Integridade dos ossos e dos ligamentos. • Olhe, pergunte, palpe! • Cor, perfusão, presença de ferimentos, existência de deformações (angulação, encurtamento), presença de edema e de manchas, hematomas ou abrasões. • Sensibilidade da pele (função neurológica), verificar se há pontos dolorosos • Palpam-se os pulsos distais das extremidades e avalia-se o enchimento capilar dos dedos. • Se o doente estiver em condições hemodinâmicas normais, deve-se realizar um estudo radiológico. LESÕES COM RISCO POTENCIAL À VIDA • Lesões de extremidade consideradas potencialmente ameaçadoras à vida incluem hemorragia arterial grave e síndrome de esmagamento • Quais as prioridades e quais os princípios de tratamento? HEMORRAGIA ARTERIAL GRAVE • Os ferimentos penetrantes das extremidades podem resultar em lesões vasculares de grandes artérias. • Da mesma forma, traumas fechados com fratura de extremidades ou luxações articulares próximas a artérias também podem lesar esses vasos. • Extremidade fria, pálida, sem pulso - interrupção do suprimento sanguíneo arterial. • Hematoma em rápida expansão - lesão vascular significativa. Tratamento • Compressão direta do ferimento e a reanimação agressiva com soluções apropriadas. • O uso criterioso de torniquete pneumático pode ser útil e salvar a vida • Se uma fratura está associada a um ferimento aberto com hemorragia, ela deve ser realinhada e imobilizada enquanto se comprime diretamente o ferimento • Uma intervenção ortopédica de emergência pode ser necessária, bem como pode ser necessária avaliação de um cirurgião vascular SÍNDROME DE ESMAGAMENTO (RABDOMIÓLISE TRAUMÁTICA) • A rabdomiólise leva a efeitos clínicos causados por músculos lesados que, se não tratados, podem causar insuficiência renal aguda • A lesão muscular é uma combinação de lesão muscular direta, isquemia muscular e morte celular com liberação de mioglobina • Varia de uma patologia assintomática com elevação dos níveis de creatinoquinase até uma condição de perigo à vida associada com IRA e coagulação intravascular disseminada (CIVD). • A rabdomiólise pode resultar em acidose metabólica, hipercalemia, hipocalcemia e CIVD. • A pesquisa de mioglobina deve ser solicitada • A mioglobina produz uma urina escura, de cor âmbar Tratamento • O início precoce e agressivo da terapia com fluidos intravenosos durante o período de reanimação é crucial para proteger os rins e prevenir a IRA • Recomenda-se a manutenção do débito urinário do doente em níveis de 100mL/h até que a mioglobinúria desapareça. LESÕES QUE COLOCAM O MEMBRO EM RISCO • Lesões de extremidades que podem comprometer definitivamente o membro: • Fraturas abertas • Lesões articulares • Lesões vasculares • Síndrome compartimental • Lesões neurológicas secundárias a fratura-luxação FRATURAS EXPOSTAS E LESÕES ARTICULARES • As fraturas expostas representam uma comunicação entre o ambiente externo • O osso, músculo e a pele devem estar lesados. • O grau de lesão de partes moles é proporcional à energia aplicada. • Lesões propensas a desenvolver infecções, problemas de cicatrização e de função. • Quando há uma ferida aberta sobre uma articulação ou em sua proximidade, deve-se presumir que essa lesão está em conexão com a articulação • A única maneira segura de determinar se existe comunicação entre a ferida aberta e a articulação é a exploração cirúrgica e o debridamento da lesão. Tratamento • Após examinar cuidadosamente a ferida e avaliar o possível acometimento das partes moles circunjacentes, da circulação local e da inervação, deve-se proceder uma imobilização apropriada. • Necessário consultar imediatamente um cirurgião. • Debridamento cirúrgico das feridas, estabilização das fraturas e confirmação de pulsos distais • Profilaxia para o tétano • Todos os doentes com fraturas expostas devem ser tratados com antibióticos intravenosos o mais brevemente possível. LESÕES VASCULARES, INCLUINDO AMPUTAÇÃO TRAUMÁTICA • Suspeitar de lesão vascularsempre que for constatada a existência de insuficiência vascular de um membro após um trauma, seja este aberto, fechado, por esmagamento ou por torção • Lesão vascular parcial: distal à lesão o membro apresenta redução da temperatura e há alongamento do tempo de enchimento capilar, diminuição dos pulsos periféricos e alteração do índice tornozelo/braquial • Lesão vascular completa: segmento distal torna-se frio e pálido e não há pulsos palpáveis Tratamento • A interrupção do aporte sanguíneo a uma extremidade deve ser reconhecida prontamente e as medidas terapêuticas cabíveis devem ser tomadas em caráter de emergência. • O uso de um torniquete pode eventualmente salvar vidas e/ou o membro, na presença de hemorragia contínua não controlada por pressão direta • Os riscos do uso de um torniquete aumentam com o tempo. • Se há necessidade de manter o torniquete por um período prolongado para salvar a vida, o médico deve estar consciente de que a escolha pela vida foi feita em detrimento ao membro. • Sempre que uma extremidade lesada é imobilizada ou engessada, existe a possibilidade de comprometimento vascular - mudança ou desaparecimento dos pulsos distais, porém a dor excessiva após a colocação de imobilização gessada também deve ser investigada. • A amputação traumática é uma forma grave de fratura exposta que provoca perda da extremidade, pode ser beneficiada pelo uso de torniquete e exige o parecer e a intervenção de um cirurgião. SÍNDROME COMPARTIMENTAL • A pressão no compartimento osteofascial do músculo é suficiente para produzir isquemia e necrose subsequente • A síndrome compartimental pode ocorrer em qualquer lugar onde o músculo esteja contido dentro de um espaço fechado delimitado pela fáscia • As regiões nas quais a síndrome compartimental pode ocorrer com maior frequência são a perna, o antebraço, o pé, a mão, a região glútea e a coxa • Os resultados de uma síndrome compartimental não diagnosticada são catastróficos. • Incluem défice neurológico, necrose muscular, contratura isquêmica, infecção, consolidação lentificada de uma fratura e possível amputação. Determinadas situações são consideradas de alto risco: • Fraturas de tíbia e de antebraço • Lesões imobilizadas com curativos ou aparelhos gessados apertados • Lesões com esmagamento importante de músculo • Compressão externa prolongada sobre uma extremidade • Aumento de permeabilidade capilar em um compartimento por reperfusão de músculo isquêmico • Queimadura • Exercício excessivo Sinais e sintomas: • Dor mais intensa do que a esperada e desproporcional ao estímulo • Edema tenso do compartimento • Assimetria dos compartimentos musculares • Dor ao estiramento passivo da musculatura afetada • Alteração de sensibilidade • A ausência de pulso distal palpável é um achado incomum e tardio e não deve ser valorizada para o estabelecimento de diagnóstico. Tratamento • O ponto-chave para o tratamento é o diagnóstico precoce. • Todos os curativos, os aparelhos gessados e os dispositivos de imobilização aplicados sobre a extremidade comprometida devem ser retirados • O doente deve ser monitorado cuidadosamente e reavaliado clinicamente durante os 30 a 60 minutos seguintes. • Caso não ocorram mudanças significativas, é necessário realizar a fasciotomia descompressiva LESÃO NEUROLÓGICA SECUNDÁRIA À FRATURA- LUXAÇÃO • Lesão neurológica significativa devido à relação anatômica ou à proximidade do nervo com a articulação • Ex: compressão do nervo ciático resultante da luxação posterior do quadril ou da lesão do nervo axilar por luxação anterior do ombro. • Pode colocar em risco a recuperação funcional do membro. Tratamento • A extremidade lesada deve ser imobilizada na posição luxada • Especialista para reduzir • Depois da redução, a função neurológica deve ser reavaliada e o membro imobilizado Outras lesões de membros: • Contusões • Lacerações • Lesões articulares • Fraturas. CONTUSÕES E LACERAÇÕES • Paciente deve ser avaliado à procura de uma possível lesão vascular e/ou neurológica • Em geral, os ferimentos exigem debridamento e fechamento. • Se o ferimento estende-se até abaixo do nível da fáscia, torna–se necessária uma intervenção cirúrgica para realizar um debridamento mais completo e para avaliar se existem lesões de estruturas mais profundas. • As contusões são habitualmente reconhecidas pela presença de dor na área afetada e pelo comprometimento funcional da extremidade correspondente • As contusões são tratadas pela imobilização parcial ou total da parte lesada e pela aplicação de compressas frias LESÕES ARTICULARES • As lesões articulares que não resultam em luxação usualmente não comprometem a vitalidade do membro, mas podem comprometer a função do membro. • O doente relata ter sofrido algum impacto anormal sobre a articulação. • O exame físico demonstra hiperestesia ao longo dos ligamentos comprometidos. • A movimentação passiva da articulação comprometida revela instabilidade. • As lesões articulares devem ser imobilizadas. • Após, deve-se reavaliar o estado vascular e neurológico do membro FRATURAS • Definidas como soluções de continuidade do córtex ósseo. • Podem estar associadas a mobilidade anormal, alguma forma de lesão de partes moles, crepitação e dor. • Comumente, a presença de edema, sensibilidade e deformação é suficiente para confirmar a fratura. • A história e o exame físico são confirmados por radiografias realizadas em incidências perpendiculares entre si • A imobilização deve incluir as articulações acima e abaixo da fratura. • Após a imobilização, o estado neurológico e vascular do membro deve ser reavaliado Princípios de imobilização: • A menos que estejam associadas a lesões que ponham em risco a vida do doente, as lesões de extremidades podem ser imobilizadas durante a avaliação secundária • Sempre que houver lesões instáveis de coluna, suspeitas ou confirmadas, uma prancha longa costuma permitir a imobilização total do corpo da vítima. Fratura de fêmur: • Podem ser imobilizadas temporariamente com talas de tração • A força de tração exercida pelo dispositivo é aplicada distalmente, no nível do tornozelo ou na superfície da pele. • Na sua porção proximal, a tala é empurrada contra a coxa e o quadril por meio de um anel que se apoia nas nádegas, no períneo e na virilha Lesões de joelho • O joelho não deve ser imobilizado em extensão completa, mas permanecer em flexão de aproximadamente 10°, a fim de diminuir o estiramento das estruturas neurovasculares. Fratura de tíbia • Talas em forma de goteira, longas e bem acolchoadas, feitas com papelão ou metal. Fratura de tornozelo • Talas de papelão ou outros, desde que acolchoadas para evitar que seja exercida pressão sobre as proeminências ósseas. • Fratura de extremidade superior e mão • Mão: pode ser imobilizada temporariamente em posição anatômica e funcional, com o punho em ligeira flexão dorsal e os dedos gentilmente fletidos em 45º, no nível das articulações metacarpofalangeanas; usar um rolo grande de gaze • Antebraço e o punho: imobilizados estendidos sobre talas acolchoadas. • Cotovelo: imobilizado em posição fletida, utilizando-se talas acolchoadas ou imobilizando-o contra o corpo, por meio de uma tipoia e de bandagens. • Braço: imobilizado apoiado contra o corpo ou utilizando-se tipoia ou faixas que podem ser ampliadas com uma bandagem toracoabdominal. • Ombro: tipoia e faixas ou por um curativo feito à moda de Velpeau. Controle da dor • O uso adequado de dispositivos de imobilização diminui significativamente o desconforto do doente, reduzindo a mobilidade das estruturas comprometidas pela lesão. • Para que a dor possa ser aliviada eficazmente, costuma ser necessária a administração de narcóticos • Relaxantes musculares e sedativos devem ser administradoscom prudência em doentes portadores de uma lesão isolada de extremidade, por exemplo, uma redução de luxação. • O bloqueio neurológico regional possui papel importante no alívio da dor e na redução de determinadas fraturas
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