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- São duas as condições fundamentais para haver vida. Primeiro, o organismo deve ser capaz de se autorreplicar; segundo, ele deve ser capaz de catalisar reações químicas com eficiência e seletividade. Sem catálise, as reações químicas poderão não ocorrer na escala de tempo adequada e então não podem sustentar a vida; - Catálise é o aumento da velocidade de uma reação, devido à adição de uma substância (catalisador); sendo assim, a catálise pode ser simplesmente definida como a ação do catalisador. Essa substância, que geralmente está presente em pequenas quantidades, pode ser recuperada ao final da reação, não sendo consumida no processo. Por sua vez, as enzimas consistem nos catalisadores biológicos, as quais participam das reações bioquímicas; Em algumas doenças, especialmente nas doenças genéticas hereditárias, pode haver uma deficiência ou mesmo ausência total de uma ou mais enzimas. Outras doenças podem ser causadas pela atividade excessiva de determinada enzima. A determinação de enzimas no plasma sanguíneo, nas hemácias ou em amostras de tecidos é importante no diagnóstico de certas enfermidades. Além disso, muitos medicamentos agem por interação com enzimas; - Durante muito tempo, admitiu-se que todos os catalisadores biológicos fossem proteínas. No início da década de 1980, entretanto, verificou-se que moléculas de RNA catalisavam reações químicas celulares (ribozimas) e comportam-se de forma semelhante às proteínas enzimáticas; - A maioria das enzimas necessita da associação com um componente químico adicional denominado cofator, que pode ser um ou mais íons inorgânicos ou uma molécula orgânica ou metalorgânica complexa, denominada coenzima. As coenzimas agem como aceptores de átomos ou grupos funcionais do substrato em uma dada reação e como doadores destes mesmos grupos ao participarem de outra reação e, por isto, diz-se que as coenzimas são carreadoras transitórias de grupos funcionais específicos; As coenzimas são um tipo de cofator; Apoenzima + cofator = holoenzima; - Às vezes, a mesma enzima tem dois ou mais nomes, ou duas enzimas têm o mesmo nome. Devido a essa ambiguidade e também ao número cada vez maior de enzimas que são descobertas, foi adotado um sistema de nomenclatura e classificação de enzimas. Esse sistema divide as enzimas em seis classes, cada uma com subclasses, com base nos tipos de reações que catalisam; - O nome aceito ou o recomendado é conveniente para o uso cotidiano e geralmente foi o primeiro nome adotado. O nome sistemático é usado para minimizar a ambiguidade. Ele é formado pelo nome do(s) substrato(s) da enzima, seguido por uma palavra terminando em -ase, que especifica o tipo de reação que a enzima catalisa, de acordo com o grupo de classificação principal. Por exemplo, a glicose-fosfotransferase catalisa a transferência de um grupo fosforribosil do ATP para a glicose; - As oxidorredutases catalisam transferências de elétrons (íons hidrido ou átomos de H). Ex.: a lactato- desidrogenase converte piruvato em lactato ou vice- versa; - As transferases catalisam reações de transferência de grupos. Ex.: a nucleotideo monofosfato cinase adiciona um grupo de fósforo ao ANP, gerando ADP; - As hidrolases catalisam reações de hidrólise (transferência de grupos funcionais para a água). Ex.: a quimiotripsina insere água na ligação peptídica, quebrando-a para degradar as proteínas do bolo alimentar; - As liases catalisam clivagens de C-C, C-O, C-N ou outras ligações por eliminação, rompimento de ligações duplas ou anéis, ou adição de grupos a ligações duplas. Ex.: a fumarase retira H de carbonos vizinhos, formando uma ligação dupla (no clico de Krebs); - As isomerases catalisam transferências de grupos dentro de uma mesma molécula, produzindo formas isoméricas. Ex.: a triose fosfato isomerase está presenta na via glicolítica e transforma gliceraldeído-3-fosfato em dihidroxiacetonafosfato (são isômeros); - As ligases catalisam a formação de ligações C-C, C-S, C-O e C-N por reações de condensação acopladas à hidrólise de ATP ou cofatores similares. Ex.: a aminoacil- tRNA sintetase liga o aminoácido ao RNA transportador correspondente; - As enzimas têm um alto grau de especificidade para os seus respectivos substratos, aceleram as reações químicas e atuam em soluções aquosas sob condições suaves de temperatura e pH; - A propriedade característica das reações catalisadas por enzimas é que a reação ocorre confinada em um bolsão da enzima denominado sítio ativo (ou sítio catalítico). A molécula que liga no sítio ativo e sobre a qual a enzima age é denominada substrato. O contorno da superfície do sítio ativo é delimitado por resíduos de aminoácidos com grupos nas cadeias laterais que ligam o substrato e que catalisam a sua transformação química; - As forças não covalentes por meio das quais os substratos e outras moléculas ligam-se às enzimas são, em caráter, similares às forças que determinam a própria conformação das proteínas: ambas envolvem interações de van der Waals, eletrostáticas, hidrofóbicas e ligações de hidrogênio; - De uma maneira geral, um sítio de ligação de um substrato consiste em uma reentrância ou fenda na superfície da molécula de enzima que é, na sua estrutura, complementar ao substrato (complementaridade geométrica). Além disso, os aminoácidos que formam o sítio ativo estão organizados de tal modo que interagem especificamente com o substrato de uma maneira que envolve atração (complementaridade eletrônica); - As moléculas que diferirem do substrato quanto à forma ou à distribuição dos grupos funcionais não se ligarão produtivamente à enzima, isto é, elas não formarão complexos enzima-substrato que levem à formação de produtos; - O sítio de ligação ao substrato, de acordo com a hipótese chave e fechadura, já existe mesmo na ausência de ligação do substrato ou pode, como é sugerido pela hipótese do ajuste induzido, formar-se sobre o substrato à medida que ele se liga à enzima; - Toda enzima tem uma constante de velocidade que é utilizada para vários processos relacionados à atividade enzimática. É dada pela concentração do produto dividido pela concentração do reagente, ou pela constante da reação "forward" pela constante da reação reversa; - Uma reação enzimática simples pode ser escrita como: E + S ⇌ ES ⇌ EP ⇌ E + P onde E, S e P representam enzima, substrato e produto, respectivamente. ES e EP são complexos transitórios da enzima com o substrato e com o produto; - Para entender a catálise, deve-se primeiro avaliar a importância de distinguir entre o equilíbrio e a velocidade de uma reação. A função do catalisador é aumentar a velocidade da reação. A catálise não afeta o equilíbrio da reação. Qualquer reação, como S ⇌ P, pode ser descrita por um diagrama de coordenadas da reação, que representa a variação de energia durante a reação. A energia é descrita nos sistemas biológicos, em termos de energia livre, G. - O eixo horizontal (coordenada da reação) reflete as mudanças químicas progressivas (p. ex., quebra ou formação da ligação) à medida que S é convertido em P. O ponto de partida tanto da reação direta quanto da reação reversa é denominado estado fundamental. O equilíbrio entre S e P reflete a diferença entre as energias livres dos seus estados fundamentais. A energia livre do estado fundamental de P é menor do que a de S, e então ΔG’° para a reação é negativa (reação exergônica) e o equilíbrio favorece mais P que S; - A posição e a direção do equilíbrio não são afetadas pelos catalisadores. O topo da curva de energia é um ponto a partir do qual o decaimento para o estado S ou para o estado P tem a mesma probabilidade de ocorrer (nos dois casos a curva é descendente). Isso é denominado estado de transição. O estado de transição não é uma forma química com alguma estabilidade significativa e não deve ser confundido comos intermediários da reação (como ES ou EP); - A diferença entre os níveis energéticos do estado basal e do estado de transição é a energia de ativação, ΔG‡. A velocidade da reação reflete essa energia de ativação: uma energia de ativação maior corresponde a uma reação mais lenta. A velocidade da reação pode aumentar pela elevação da temperatura e/ou da pressão, o que aumenta o número de moléculas com energia suficiente para suplantar a barreira energética. Alternativamente, a energia de ativação pode ser diminuída pela adição de um catalisador. Os catalisadores aumentam a velocidade das reações por diminuírem as energias de ativação; O papel da enzima é acelerar a interconversão entre S e P. A enzima não é gasta no processo e o ponto de equilíbrio não é afetado. Entretanto, a reação atinge o equilíbrio muito mais rapidamente quando a enzima apropriada estiver presente, pois a velocidade da reação é aumentada; Qual é a fonte de energia para a grande diminuição nas energias de ativação de reações específicas? - Primeiramente, baseia-se no rearranjo de ligações covalentes durante a reação catalisada pela enzima. Muitos tipos de reações químicas ocorrem entre substratos e grupos funcionais da enzima. Grupos funcionais catalíticos na enzima podem formar ligações covalentes transitórias com um substrato e ativá-lo para a reação, ou um grupo pode ser transitoriamente transferido do substrato para a enzima. Geralmente, essas reações ocorrem apenas no sítio ativo da enzima. Interações covalentes entre enzimas e substratos diminuem a energia de ativação, acelerando a reação, por fornecerem condições para que a reação ocorra por uma via alternativa de baixa energia; - Segundamente, fundamenta-se em interações não covalentes entre enzima e substrato. É importante lembrar que interações fracas não covalentes ajudam a estabilizar a estrutura das proteínas e as interações proteína-proteína. Essas mesmas interações são cruciais para a formação de complexos entre proteínas e moléculas pequenas, incluindo os substratos de enzimas. A formação de cada interação fraca no complexo ES é acompanhada pela liberação de uma pequena quantidade de energia livre que estabiliza a interação. Ela é denominada energia de ligação, ΔGB, e é a principal fonte de energia livre utilizada pelas enzimas para a diminuição da energia de ativação das reações; As interações fracas entre enzima e substrato são otimizadas no estado de transição; - Para poder catalisar reações, as enzimas devem ser complementares ao estado de transição da reação (os sítios ativos das enzimas não são complementares aos substratos em si, mas aos estados de transição pelos quais os substratos passam ao serem convertidos em produtos). Isso significa que interações ótimas entre substratos e enzimas só ocorrem no estado de transição; Proposta de uma enzima imaginária (bastonase) que catalisa a quebra de um bastão metálico; - O substrato ligado deve ter aumento na energia livre para atingir o estado de transição. Esse aumento necessário para tensionar o bastão em uma curvatura e quebrar parcialmente a conformação é compensado/"pago" pelas interações (energia de ligação) que se formam entre a enzima e o substrato no estado de transição. Assim, catalisam a quebra do bastão. Esse “pagamento de energia” traduz-se em diminuição efetiva na E.A. e aumento na velocidade da reação; - As enzimas reais agem segundo um princípio análogo. No complexo ES há a formação de interações fracas, mas a completa complementaridade entre o substrato e a enzima ocorre apenas quando o substrato estiver no estado de transição. Esta hipótese do ajuste da enzima ao substrato na sua conformação de transição é chamada de hipótese do ajuste induzido. A energia livre (energia de ligação) liberada durante a formação dessas interações compensa parcialmente a energia necessária para atingir o topo da curva de energia; Papel da energia de ligação na catálise; - Consiste em se observar a velocidade da reação e sua alteração com modificações nos parâmetros dos elementos envolvidos; - pH do meio: para a maioria das enzimas existe um valor de pH no qual a sua atividade é máxima - a velocidade da reação diminui à medida que o pH se afasta desse valor ótimo. Ele é característico para cada enzima, mas, com frequência, está próximo do pH neutro. Este pH ótimo decorre do número e tipo de grupos ionizáveis que uma enzima apresenta e da sequência em que estão organizados, ou seja, depende de sua estrutura primária; - Temperatura: a elevação da temperatura aumenta a velocidade somente enquanto a enzima conservar sua estrutura nativa. Acima de 50 - 55°C, a maioria das enzimas são desnaturadas, acarretando a perda do poder de catálise. Entre 0°C e 50°C, vive a grande maioria dos seres vivos; - A concentração do substrato (S) é um dos fatores que afeta a velocidade de reações enzimáticas. Porém, devido a sua degradação ao longo do tempo, costuma-se usar a velocidade inicial (V0) como parâmetro. O aumento inicial na concentração de substrato é acompanhado por aumento na velocidade da reação. Considerando-se a concentração de enzima constante, seu ponto de saturação (quando é tido que todas as moléculas de enzima estão na forma de complexo ES) aproxima-se com o aumento da velocidade de reação e, uma vez alcançado, aumentos na concentração de substrato não mais influenciam na velocidade de reação, determinando a velocidade máxima dessa enzima; - Em determinado instante de uma reação catalisada por enzima, a enzima existe em duas formas, na forma livre ou não combinada (E) na forma combinada (ES). Em baixa (S), a maior parte da enzima está na forma não combinada E. Assim, a velocidade é proporcional à (S) porque o equilíbrio da equação é deslocado na direção da formação de mais ES à medida que (S) aumenta. A velocidade inicial máxima de uma reação catalisada (Vmáx) ocorre quando quase toda a enzima estiver presente como complexo ES e (E) é desprezível. Nessas condições, a enzima está “saturada” com o substrato, e então um incremento de (S) não produz efeito na velocidade. Essa condição ocorre quando (S) for alta o suficiente para que essencialmente toda a enzima livre se converta na forma ES. Após o rompimento do complexo ES, fornecendo produto (P), a enzima fica livre para catalisar a reação de mais uma molécula do substrato (e sob condições saturantes segue fazendo isso rapidamente); Equação de Michaelis-Menten - É derivada da hipótese básica desses pesquisadores de que, nas reações enzimáticas, uma 2ª etapa mais lenta de quebra do complexo ES é limitante da velocidade de formação do produto/velocidade da reação total. Sendo assim, a velocidade total deve ser proporcional à concentração das espécies (ES) que reagem na 2ª etapa; - A equação relaciona (S), V0 e Vmáx através da constante de Michaelis-Menten (Km). Essa constante expressa a relação entre as concentrações reais no estado estacionário (de equilíbrio), quando a taxa de formação do ES é semelhante à de liberação de produto e enzima livre. Equivale à concentração de substrato na qual a enzima atua com Vmáx/2 e é um indicador da afinidade entre enzima e substrato; - As enzimas que seguem a lógica da equação de Michaelis-Menten são chamadas de enzimas Michaelianas. Elas possuem apenas um sítio-ativo e sua cinética depende somente da presença ou não do substrato no meio. As enzimas que possuem mais de um sítio-ativo são chamadas de enzimas não-Michaelianas ou alostéricas. Elas não obedecem a equação de Michaelis- Menten. Os sítios adicionais são sítios reguladores, chamados de alostéricos. A cinética destas enzimas é modulada a partir da ligação de uma substância (um neurotransmissor, um hormônio, um mensageiro intracelular, etc.) ao sítio alostérico, atuando na dependência desta ligação, além da própria presença do substrato. Por conta disso,sua curva de cinética não segue o padrão da curva acima, assemelha-se a um S; Recordando o conceito de que o Km é a concentração do substrato necessária para que a enzima atinja a metade de sua Vmáx de reação, podemos observar num gráfico Velocidade x Substrato, que quanto menor o Km, menor a quantidade de substrato necessária para atingir esta velocidade, o que denota maior afinidade da enzima em questão com seu substrato. Ou seja, quanto menor o Km de uma enzima, maior é sua afinidade com seu substrato; - A grandeza Vmáx também varia muito entre enzimas diferentes. Se uma enzima reage pelo mecanismo de duas etapas de Michaelis-Menten, então Vmáx= k2(Et), onde k2 é a etapa limitante da velocidade. Entretanto, o número de etapas da reação e a identidade das etapas limitantes da velocidade podem variar de acordo com a enzima. Por exemplo, considere a situação bem comum na qual a liberação do produto, EP > E + P, é a etapa limitante da velocidade. No início da reação (quando P é baixo), a reação total pode ser descrita pelo esquema: - Nesse caso, na saturação, a maior parte da enzima está na forma EP e Vmáx = k3(Et). Isso é útil para definir uma constante de velocidade mais geral, Kcat, para descrever a etapa limitante de qualquer reação catalisada por enzimas na saturação. Se a reação tiver várias etapas e uma delas for claramente a etapa limitante da velocidade, Kcat equivale à constante de velocidade dessa etapa limitante; - A constante Kcat também é chamada de número de renovação ("turnover"), sendo, quando a enzima estiver saturada com o substrato, equivalente ao número de moléculas de substrato convertidas em produto por unidade de tempo por uma única molécula de enzima. Os parâmetros kcat e Km possibilitam que se avalie a eficiência cinética das enzimas, porém, duas enzimas que catalisam reações diferentes podem ter o mesmo Kcat, mas as velocidades das suas reações não catalisadas podem ser diferentes entre si e, portanto, o aumento de velocidade propiciado por cada enzima deve ser muito diferente. A melhor maneira de comparar as eficiências catalíticas de enzimas diferentes, ou o número de vezes que diferentes substratos são catalisados por uma mesma enzima, é comparar a relação kcat/Km para as duas reações. Esse parâmetro, algumas vezes denominado constante de especificidade, é a constante de velocidade para a conversão de E + S em E + P; Número máximo de reações por segundo (Kcat) de algumas enzimas. A anidrase carbônica atinge a “perfeição catalítica” (velocidade altíssima); Reações bissubstrato - Foi visto como (S) afeta a velocidade uma reação enzimática simples (S > P) com apenas uma molécula de substrato. Na maioria das reações enzimáticas, entretanto, duas ou mais moléculas de substratos diferentes ligam-se à enzima e participam da reação. Por exemplo, na reação catalisada pela hexocinase, os substratos são moléculas de ATP e glicose e os produtos são ADP e glicose-6-fosfato e a hexocinase tem um Km característico para cada um dos seus substratos; - As velocidades dessas reações de bissubstrato também podem ser analisadas pela abordagem de Michaelis- Menten. As reações enzimáticas com dois substratos geralmente envolvem a transferência de um átomo de um grupo funcional de um substrato para o outro. Essas reações ocorrem por vários mecanismos diferentes. Em alguns casos, ambos os substratos se ligam à enzima simultaneamente em algum ponto do curso da reação, formando um complexo não covalente ternário. Os substratos ligam-se segundo uma sequência aleatória ou em uma sequência com ordem específica. Em outros casos, o primeiro substrato é convertido em um produto que se dissocia antes que o segundo substrato se ligue, de modo que não há formação de um complexo ternário. Um exemplo desse último caso é o mecanismo de pingue- pongue ou deslocamento duplo. A cinética de estado estacionário geralmente ajuda a distinguir entre essas possibilidades; Estado pré-estacionário - Logo que a enzima é misturada com um grande excesso de substrato, há um período inicial, o estado pré- estacionário, durante o qual a concentração de ES aumenta. Normalmente, esse período é muito curto para ser observado com facilidade, demora apenas microssegundos. A reação rapidamente atinge o estado estacionário no qual ES (e as concentrações de qualquer outro intermediário) permanece constante ao longo do tempo.A determinação de V0 geralmente reflete o estado estacionário. Isto é, a velocidade da formação de ES é igual à velocidade da quebra de ES. Isso é chamado de hipótese do estado estacionário; Mudanças na concentração de participantes em reação catalisada por enzima: substrato e enzima livre diminuem, produto e complexo enzima-substrato aumentam, até chegar ao estado estacionário; - A atividade enzimática pode ser diminuída pela ação de substâncias, genericamente chamadas de inibidores. Algumas delas são constituintes normais das células, outras são estranhas aos organismos. Os inibidores enzimáticos encontrados nas células que cumprem um papel regulador importante são designados alostéricos. Como estes inibidores são produzidos pelas próprias células, a variação de sua concentração é um recurso por elas largamente empregado no controle da velocidade das reações. Além disso, muitos remédios ou venenos atuam inibindo a ação de enzimas. Podem agir de forma reversível (competitivos e não-competitivos ou irreversível, dependendo da estabilidade de sua ligação com a molécula de enzima; - Inibidores reversíveis competitivos: têm forma semelhante ao substrato e ligam-se ao sítio ativo da enzima. Quando presentes no meio, irão competir com o substrato pela ligação com o sítio ativo enzimático para produzir um complexo enzimainibidor (EIC) que jamais gera produto, diminuindo assim a concentração do complexo ES no composto e a atividade enzimática proporcional à fração de enzima ligada ao inibidor. Atua diminuindo a afinidade da enzima com o seu substrato. Pode-se minimizar o efeito desses inibidores através da adição de substrato: a velocidade máxima da reação será idêntica à velocidade máxima da reação na ausência do inibidor, mas só será obtida com concentrações de substrato maiores do que as da reação não inibida; O metotrexato é um medicamento utilizado para o tratamento do câncer e que inibe a síntese da timina; - Inibidores reversíveis não-competitivos: não têm qualquer semelhança estrutural com o substrato da reação que inibem. Seu efeito é provocado por ligação a grupamentos que não pertencem ao centro ativo, como a cadeia lateral de um aminoácido. Essa ligação altera a estrutura enzimática a tal ponto que inviabiliza a catálise e inativa a enzima independentemente de o substrato estar presente. Com isso, existe a formação de complexos ES, EI e EIS (enzima-inibidor-substrato), incapaz de gerar produto. Assim, o aumento de substrato não é capaz de aumentar a velocidade, mas não afeta sua afinidade aparente com o substrato. A ação desses inibidores é bastante inespecífica, podendo o mesmo inibidor atuar sobre um grande número de enzimas (ao contrário do que ocorre com os inibidores competitivos); - Inibidores irreversíveis: agem combinando-se de modo estável com a molécula de enzima ou destruindo parte essencial para a sua atuação, levando a uma inativação praticamente definitiva. Por diminuir o número de moléculas disponíveis para a reação, gera redução da Vmáx e manutenção de Km; A diferença entre os inibidores reversíveis não competitivos e os inibidores irreversíveis é que, no caso dos irreversíveis, uma molécula enzimática ligada ao inibidor está definitivamente inativada, enquanto nos outros, uma molécula de enzima que em um instante está ligada ao inibidor (inativa) pode encontrar-se livre (ativa) em um momento seguinte;
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