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Manual-Professor-11

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
Instituto de Ciências Biológicas 
Departamento de Microbiologia 
Laboratório de Ensino em Microbiologia 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL DO PROFESSOR 
 
 
 
 
Utilizando a prática em microbiologia para introduzir conceitos 
 
 
MANUAL DO PROFESSOR 
 
 
 
 
Marina Walker; Mariana Dias; Samir Elian;
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Considerações importantes  |  2 
 
 
 
Considerações  importantes para uma boa  realização 
das práticas propostas nesta apostila 
 
Caros professor e professora, 
 
  Muitas vezes é difícil prender a atenção dos alunos apenas com giz e quadro negro. Bem como, 
muitas vezes é difícil para eles entenderem algo tão pequeno e complexo como microbiologia. É mais fácil 
falar de animais e plantas, pois eles convivem com isso diariamente, mas quantos já viram uma bactéria? 
  Por  isso as aulas práticas são tão  importantes. Através das aulas propostas nessa apostila o aluno 
poderá entender como os microorganismos estão em todos os lugares, como funciona um produto de ação 
antibiótica e muito mais. 
Sabemos que nem toda escola possui uma estrutura de laboratório, bem como não tem condições 
de adquirir equipamentos e vidraria. Sabemos, também, quão  importante é para os alunos que a prática 
ocorra  de  forma  adequada.  E  isso  é  possível  com  um  pouco  de  boa  vontade,  ainda  que  com  poucos 
recursos.  Por  isso  listamos  aqui  alguns  procedimentos  padrões  e  sugestões  de  alternativas  para  que  as 
práticas possam ser realizadas de uma maneira muito proveitosa. 
  Esperamos que esse material ajude a  tornar a microbiologia mais  interessante para  seus alunos. 
Portanto, mãos a obra e divirta‐se!! 
 
 
Marina, Mariana e Samir 
 
 
 
Contato dos autores: 
Marina Walker     marinawff@gmail.com 
Mariana Dias     mariana_odbio@yahoo.com.br 
Samir Elian     elian.samir@gmail.com   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Considerações importantes  |  3 
 
 
Índice 
 
Professor, 
  Essa  apostila  difere  da Apostila  do Aluno  em  diversos  aspectos.  Ela  é mais  completa,  possui  as 
respostas de todas as questões propostas para os alunos, textos adicionais, entre outras coisas. 
  Porém,  ela    é  um  apostila  prática,  sem  foco  em  explicações  teóricas.  Para  embasar  suas  aulas 
teóricas, sugerimos os seguintes materiais: 
 
• Madigan MT, Martinko JM, Parker J. 2004. Microbiologia de Brock. 10 ed. São Paulo: Prentice Hall.  
• Pelczar MJ, Chan ECS, Krieg NR. 1996. Microbiologia: conceitos e aplicações. 2.ed. 2v. São Paulo: 
Makron Books. 
• Tortora GJ, Funke BR, Case CL. 2005. Microbiologia. 8 ed. Porto Alegre: Artmed. 
 
Como  a  aquisição de  tais  livros é dificultada pelo preço, uma outra  sugestão é o  site da professora 
Cyntia Maria  Kiaw,  da  Universidade  de  Brasília.  Esta  professora  foi  a  responsável  por  traduzir  o  livro 
“Microbiologia  de  Bock”  e  seu  site  possui  todo  o  conteúdo  de microbiologia  de  forma  sintética  e  bem 
aprofundada: http://www.unb.br/ib/cel/microbiologia 
Lembramos ainda que esses são  livros de ensino superior, muito mais completos e complexos do que 
uma aula para alunos do ensino médio deve ser. 
 
 
   
Quem são os Microorganismos?  Pág 4 
• A vida no Laboratório  Pág 6 
• Meios de Cultura  Pág 10 
• Prática: Meios de cultura alternativos  Pág 10 
Eixo temático I: Ubiquidade microbiana  Pág 12 
• Prática: Onde os micróbios estão escondidos?  Pág 12 
• Prática: Os microorganismos são transmitidos de uma pessoa para outra?  Pág 15 
• Outras sugestões  Pág 17 
• Questões importantes para o professor  Pág 18 
• Texto  complementar  I:  Microbiota  e  Probióticos:  como  as  bactérias  ajudam  na 
manutenção da nossa saúde 
Pág 20 
• Texto complementar II: A disseminação das infecções 
Eixo temático II: Controle do crescimento microbiano 
Pág 23 
Pág 25 
• Prática: estão os desinfetantes livres de micróbios?  Pág 25 
• Prática: Ação de desinfetantes sobre superfícies inertes  Pág 27 
• Informações importantes para o professor  Pág 29 
Eixo Temático III: Microbiologia aplicada  Pág 31 
• Prática: Fermentação  Pág 32 
• Prática: Antagonismo in vitro entre fungos endofíticos e fungos fitopatogenicos  Pág 33 
• Informações importantes ao professor  Pág 36 
   
 
 
 
 
 
 
 
 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Considerações importantes  |  4 
 
 
Quem são os microorganismos? 
 
 
Microrganismos  compõem  um  vasto  e  diverso  grupo  de  organismos  unicelulares  de  dimensões 
reduzidas  (microscópicas)  que  podem  ser  encontrados  como  células  únicas,  cadeias  ou  massas. 
Diferentemente  dos  organismos  macroscópicos  –  animais,  plantas  –  os  microrganismos  são  em  geral 
capazes de realizar seus processos vitais de crescimento, geração de energia e reprodução, sem depender 
de outras células, sejam estas do mesmo tipo ou de tipos diferentes. 
 
Observe o quadro  abaixo. Nele  estão  relacionadas  as principais  características dos  seres  vivos  e 
como elas se aplicam aos microrganismos, mostrando que eles também são dotados de vida! 
 
Metabolismo – captação de compostos químicos a 
partir  do  meio  ambiente,  sua  transformação  no 
interior  da  célula  e  eliminação  de  produtos  de 
excreção  no meio.  Assim,  a  célula  corresponde  a 
um sistema aberto. 
Comunicação  –  As  células  se  comunicam  ou 
interagem primariamente por meio  de  compostos 
químicos, liberados ou captados. 
 
Diferenciação  –  Formação  de  uma  nova  estrutura 
celular  tal  qual  um  esporo,  normalmente  como 
parte do ciclo celular. 
 
Reprodução  (crescimento)  –  os  compostos 
químicos  captados  são  transformados  em  novas 
células;  o  processo  é  dirigido  pelas  células 
preexistentes. 
 
 
Movimentação  –  frequentemente,  os  organismos 
vivos são capazes de realizar autopropulsão. 
 
 
Evolução – As células evoluem apresentando novas 
propriedades  biológicas  e  formando  novas 
espécies. 
 
A  microbiologia  envolve  o  estudo  de  organismos  procariotos  (bactérias,  archaeas),  alguns 
eucariotos (algas, protozoários, fungos) e também os vírus.  
Os microrganismos encontram‐se em praticamente todos os lugares da natureza. São encontrados 
em  sedimentos  no  fundo  do mar,  em  grandes  profundidades.  São  transportados  por  correntes  aéreas 
desde a superfície da terra até as camadas superiores da atmosfera. Eles estão na cozinha da sua casa, e 
até mesmo  no  seu  corpo. Os microrganismos  ocorrem mais  abundantemente  onde  puderem  encontrar 
alimentos, umidade e temperatura adequada para seu crescimento e multiplicação.  
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Considerações importantes  |  5 
 
 
No  meio  ambiente  os  microrganismos  (fungos  e  bactérias)  apresentam  um  papel  essencial:  a 
decomposição.  Decompõem  resíduos  complexos  de  plantas  e  animais,  transformando‐os  em  formas 
químicas mais simples, que retornam ao solo, contribuindo para sua  fertilidade e evitando o acumulo de 
matéria orgânica. 
Mas  eles  não  são  sempre  bonzinhos.  Muitos  causam  contaminações,  perda  de  produção  de 
vegetais, e doenças. Essas doenças podem atacar plantas e animais, e na gente, podem causar desde uma 
diarréia ou uma carie até uma pneumonia. Alguns vírus estão  inclusive relacionados com alguns tipos de 
câncer! 
A  imagem  abaixo mostra  algumas  das  aplicações  dos microrganismos,  e  essas  são  só  algumas, 
dentre as diversas possibilidades! Veja só! 
 
 
        
 
 
 
Observe a  tabela abaixo, com as características dos dois grupos de microrganismos com os quais 
trabalharemos nas práticas propostas nesta apostila. 
 
  Fungos  Bactérias 
Organização nuclear  Eucariótico  Procariótico 
Parede celular  Quitina  Peptideoglicanos 
Esporos  De  caráter  reprodutivo,  sejam 
assexuais ou sexuais 
Endósporos (sem fim reprodutivo)Metabolismo   Heterotróficos 
Aeróbios ou anaeróbios facultativos 
Heterotróficos ou autotróficos 
Aeróbios, microaerófilos ou anaeróbios 
(facultativos ou não) 
 
 
 
 
 
 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Considerações importantes  |  6 
 
 
A vida no laboratório: 
 
Com essas práticas, seus alunos estarão, provavelmente, entrando em contado pela primeira vez 
com  microrganismos  para  experiências.  Apesar  de  utilizarmos  basicamente  microrganismos  do  meio 
ambiente,  é  importante  ressaltar  que  após  o  crescimento  em  placa  eles  estão  em  grande  quantidade, 
muitas vezes  inclusive com grande  taxa de  formação de esporos. Portanto é  importante  ressaltar a seus 
alunos para que eles não abram as placas. 
Exija o uso de jalecos, sapatos fechados e calças compridas nos dias de prática. Instrua‐os para que 
retirem o  jaleco ao sair da sala. Se possível, divida a  turma, para  ter maior controle dos alunos. Peça às 
meninas que prendam o cabelo e retirem brincos e colares longos. Como muitas vezes usamos uma chama 
para esterilizar a área de trabalho, o risco de queimaduras é alto. 
Não se esqueça do mais importante: Dê o exemplo!!! 
 
MATERIAL PARA USO EM LABORATÓRIO 
 
Vidraria: 
 
 
1‐ Tubo de ensaio: Empregado para fazer reações em pequena escala, principalmente em testes de reação 
em geral. Usado para guardar soluções salinas, fazer diluição de materiais, entre outros. Deve ser tampado 
com uma “boneca” (rolha feita com algodão e/ou gaze). Ao utilizá‐lo, flambe a boca em bico de bunsen e 
mantenha‐o em pé. 
 
2 – Becker: É de uso geral em  laboratório. Serve para fazer reações entre soluções, dissolver substâncias 
sólidas, efetuar reações de precipitação, aquecer  líquidos, fazer soluções. Pode ser substituído por vidros 
de boca larga, do tipo usado para guardar conservas 
 
3‐ Erlenmeyer: Utilizado em aquecimento de líquidos e para dissolver substâncias e proceder reações entre 
soluções. Serve ainda como recipiente para guardar meios de cultura e outras soluções. Pode ser tampado 
com uma “boneca” também. Pode ser substituídos por vidros de boca estreita, do tipo usado para sucos 
 
 
4‐ Estante para tubos de ensaio: Serve para guardar tubos de ensaio, mantendo‐os em pé. 
 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Considerações importantes  |  7 
 
 
5‐ Placa de Petri: Em microbiologia, usado como recipiente para meios de cultura. Possui tampa e deve ser 
guardado de cabeça para baixo, 
 
6‐ Pipeta  volumétrica: Usada para medir  e  transferir medios  volumes de  líquidos.  Evite  aquecê‐la, pois 
possui grande precisão de medida. 
 
7‐  Pipeta  graduada:  Utilizada  para  medir  pequenos  volumes.  Mede  volumes  variáveis  com  relativa 
precisão. Não deve ser aquecida.  
8 – Proveta: Serve para medir e transferir volumes de líquidos. Não deve ser aquecida. É o instrumento 
usado para fazer medições. Use‐a ao invez de beckers e erlenmeyers. 
9‐ Bico de Bunsen: É a fonte de aquecimento mais utilizada em laboratório. Pode ser substituída por uma 
lamparina. CUIDADO: RISCO DE QUIMADURAS! 
 
10‐ Zaragatoa: Usada na coleta de materiais biológicos. Pode ser substituída por cotonete ou algum tipo de 
palito longo com algodão na ponta, tudo devidamente esterilizado. 
 
11 ‐ Alça metálica (não ilustrada) : usada para fazer inoculações de bactérias. Pode ser feita com um arame 
fino e firme, com uma extremidade circular e outra com um suporte que não esquente. 
 
Todos esses utensílios podem  ser  substituídos por outros, muitas vezes encontrados  facilmente em uma 
cozinha. Use sua criatividade! 
EQUIPAMENTOS: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Balança de Precisão: Usada para medir de maneira precisa a MASSA 
de substâncias. Essa balança é tão sensível, que funciona dentro de 
um “armário” de vidro, para evitar que uma brisa possa alterar sua 
medição.  
Autoclave: Nada mais é que uma grande panela de pressão. Com o 
uso  da  água  a  grandes  temperaturas  e  pressão,  o  vapor  de  água 
chega a uma  temperatura altíssima, cerca de 120°C.  Isso, por meia 
hora mata os microorganismos, tornando seu material estéril. Dessa 
forma, seu experimento não é contaminado!! 
É comum encontrá‐las também em grandes restaurantes e hospitais. 
 
MUITO CUIDADO!! 
Evite  ficar  próximo  da  autoclave  quando  esta  estiver  em 
funcionamento. Nunca mexa nela sem a autorização e ajuda de sua 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Considerações importantes  |  8 
 
 
 
 
 
 
 
  Sempre  use  materiais  esterilizados  para  fazer  práticas  de  microbiologia.  Sempre  flambe  seu 
equipamento  (quando  ele  for  feito  de  um material  que  permita  isso,  é  claro)  e  evite manter  as  placas 
abertas por muito tempo. Quando for inocular algo na placa, faça‐o na proximidade do fogo. 
  Sempre  identifique suas placas. Escreva com uma caneta de retroprojetor no fundo da placa, pois 
as tampas podem ser trocadas. As placas devem ser incubadas de cabeça para baixo. 
 
COMO ESTERILIZAR SEM AUTOCLAVE: 
 Essa  técnica  de  esterilização,  bem  como  o meio  de  cultura  a  base  de  caldo  de  carne  são  sugestões 
encontradas no “CD de apoio didático de Amabis e Martho”, da editora moderna. 
 
Você vai precisar: 
Panela de pressão 
Tela de arame com malhas finas 
Papel pardo (de embrulho) 
Barbante 
Algodão (se possível hidrofóbico) 
Papel alumínio 
 
  Separe o material que pretende  esterilizar.  Todo o material deve  estar  lavado.  Embrulhe‐os  em 
papel pardo e prenda com barbante e/ou fita crepe. Nunca coloque recipientes tampados na autoclave ou 
panela de pressão. Caso tenha algum  liquido que precise ser esterilizado, tampe o  frasco com uma rolha 
feita com o algodão e/ou gaze. Esterilize  todo o material que  irá entrar em contato com o experimento, 
para evitar contaminação. 
Para  cultivar bactérias é necessário usar  vidros e meios de  cultura esterilizados, o que pode  ser 
feito  em  uma  panela  de  pressão,  que  funcionará  como  autoclave.  Prepare,  com  a  tela  de  arame,  um 
estrado de suporte para ser colocado no fundo da panela de pressão, de modo a evitar que os materiais 
entrem em contato direto com a água fervente, durante a esterilização. Corte um círculo da tela de arame 
cerca de 10 cm maior que o diâmetro da panela. Dobre as bordas da tela de modo a formar um estrado que 
encaixe no fundo da panela e tenha cerca de 5 cm de altura. Coloque água na panela até mais ou menos 1 
cm abaixo do estrado, e ponha sobre ele o material a ser esterilizado. Feche a panela e coloque‐a no fogo, 
até liberar vapor pela válvula. 
Deixe  ferver  por mais  20 minutos  e  apague o  fogo, deixando  esfriar. No mercado  especializado 
podem‐se encontrar placas de Petri de plásticas  já esterilizadas, que podem ser usadas novamente, após 
esterilização. Se usar placas de vidro, sempre as esterilize antes do uso. Se for comprar placas para serem 
reaproveitadas, dê preferência às de vidro. Apesar de mais caras, elas duram mais, pois não deformam na 
autoclave, o que acontece aos poucos com as de plástico. 
Estufa:  A  temperatura  ideal  para  o  crescimento  de 
bactérias é de mais ou menos 37°C. Esse equipamento 
mantém  essa  temperatura  pelo  tempo  desejado, 
fazendo com que esse crescimento seja mais eficiente. 
 
Fungos crescem a temperatura ambiente. 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Considerações importantes  |  9 
 
 
Os meios de cultura, com ou sem ágar, devem ser colocados em recipientes de boca estreita, não 
ultrapassando a metade do volume. Tampe os frascos com “rolhas” de algodão bem apertadas no gargalo. 
Cubra as rolhas de algodão com papel alumínio e coloque os  frascos em pé na panela de pressão, neste 
caso, diretamente em contato com a água. 
 
 
PREPARAÇÃO DE MEIOS DE CULTURA COM CALDO DE CARNE 
 
Ágar ou gelatina incolor 
Carne moída 
Açúcar (sacarose) 
Sal de cozinha (NaCl – cloreto de sódio) 
Água 
 
Prepare  um  caldo  de  carne misturando  200  gde  carne moída  com meio  litro  de  água  filtrada, 
deixando de molho até o dia seguinte. Filtre o  líquido, espremendo a carne em um pano. Ferva o  líquido 
obtido  por  15  minutos  e  filtre  em  algodão  ou  filtro  de  papel,  de  modo  a  obter  um  caldo  claro  e 
transparente (o caldo contém aminoácidos, vitaminas, açúcares e diversas outras substâncias que servirão 
de alimento para os microorganismos). Adicione, em 100 ml de caldo de carne, 1,5 g de ágar, fervendo a 
mistura até a dissolução completa. Coloque a solução ainda quente em um frasco de boca estreita, tampe 
com uma rolha de algodão e esterilize na panela de pressão. 
Retire o  frasco da panela  assim que  a pressão permitir  e,  antes que  a  solução do  frasco  esfrie, 
distribua‐a em placas de Petri esterilizadas. Para isso, desembrulhe a placa e levante a tampa sem removê‐
la totalmente, para evitar sua exposição ao ar. Despeje a solução até formar uma camada com cerca de 3 
mm de altura.  
Cubra  imediatamente  a  placa  e  deixe  que  esfrie  sobre  uma  superfície  plana.  O  meio  que 
eventualmente sobrar no frasco pode ser guardado na geladeira; se precisar preparar novas placas, derreta 
o meio em um forno de microondas ou em banho‐maria e reutilize‐o. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Eixo I: Ubiquidade microbiana  |  10 
 
 
Meios de Cultura 
 
Como  se  estuda  microbiologia?  As  bactérias  e  os  fungos  são  tão  pequenos,  como  podemos 
enxergá‐los? Para isso, usamos meios de cultura artificiais para cultivar colônias de bactérias ou fungos. 
Os  meios  de  cultura  fornecem  os  princípios  nutritivos  indispensáveis  ao  crescimento  dos 
microorganismos:  fontes  de  carbono  e  energia  como  os  açúcares,  fontes  de  nitrogênio,  fósforo  e  sais 
minerais. Outros componentes mais específicos podem ser encontrados em um meio especifico para um 
determinado organismo  (meio  seletivo),  como por exemplo vitaminas, aminoácidos, etc. Por outro  lado, 
podemos ter num meio agentes/constituintes que inibam o crescimento de determinados microrganismos, 
sendo estes também considerados meios seletivos.  
Um meio de cultura pode ser sólido, semi‐sólido ou liquido, quanto à consistência. O que garante a 
firmeza do meio é uma substancia extraída de algas, chamada ágar‐ágar ou simplesmente ágar. O ágar é 
muito usado em meios de cultura sólidos para bactérias e fungos, mas não para vírus. Alguns vírus podem, 
no  entanto,  ser  cultivados  em  bactérias  que  por  sua  vez  crescem  em  ágar. Menos  de  1%  de  todas  as 
bactérias  conhecidas  podem  ser  cultivadas  neste  tipo  de meios, mas  a  formulação  básica  do meio  de 
cultura com ágar é adequado para a maioria. 
A mistura de ágar e nutrientes, depois de esterilizada, é vertida enquanto  líquida para placas de 
Petri ou tubos. Por vezes é adicionado um suplemento após a esterilização, como por exemplo, antibióticos 
(o calor da esterilização destrói determinados suplementos, não permitindo a sua adição anterior). Após 
solidificação  do meio,  este  encontra‐se  apto  a  albergar  o  crescimento  de microorganismos.  Diferentes 
microorganismos possuem diferentes necessidades nutricionais, por isso o meio de cultura é adaptado para 
satisfazer essas necessidades. Por exemplo, um tipo de meio é o blood agar (literalmente, ágar de sangue), 
que  possui  como  suplemento  sangue  de  cavalo,  é  usado  para  detectar  a  presença  de  organismos 
hemorrágicos como a Escherichia coli. A detecção é feita através da digestão do sangue, que torna a placa 
mais clara. 
Os meios mais usados, e por  isso os que serão usados nas nossas práticas são o Ágar simples e o 
Ágar  Sabouraud.  Em  geral  esses dois meios  são usados para o  crescimento diferenciado de bactérias  e 
fungos. O primeiro, por ter pH mais neutro (7,0) e ser  incubado em estufa a 37ªC favoroce o crescimento 
de bactérias. Enquanto o segundo meio, por ter características mais ácidas  (pH ~ 6,0) e ser  incubado em 
temperatura ambiente favorecerá o crescimento de fungos filamentosos. 
 
 
 MEIOS DE CULTURA ALTERNATIVOS 
 
Objetivo da prática 
  Nessa prática, vamos preparar um meio de cultura alternativo com alimentos do dia‐a‐dia e testar 
sua viabilidade. 
 
Metodologia 
 
• Escolha  alimentos  na  sua  casa.  Pode  ser  qualquer  coisa!  Frutas,  biscoitos,  arroz,  balas,  pizza, 
feijoada... Escolha o que quiser! 
• Selecione alguns desses alimentos, entre os do seu grupo e dos seus colegas e prepare uma mistura 
com eles. Pese‐os e anote as quantidades de cada. 
• Triture os alimentos, de forma que se tornem bem líquidos. Filtre‐os. Prepare meio suficiente para 
preparar duas placas por grupo. 
• Acrescente ágar à mistura e coloque o meio na autoclave a 121°C por 15 minutos. 
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• Retirar da autoclave, esfriá‐lo a 50‐70°C e distribuir (cerca de 15 a 20 ml por cada placa) em placas 
de Petri  (15 x 100mm) estéreis.Tampe a placa e espere esfriar. Pronto! Seu meio de cultura está 
pronto para ser usado! 
 
Use essas placas na prática de ubiqüidade. Separe duas placas de cada grupo e, juntamente com uma placa 
de ágar simples e uma de Sabouraud. 
 
 
AO PROFESSOR: 
 
Professor, fizemos testes com diversos meios preparados com alimentos trazidos de casa e todos 
funcionaram  muito  bem.  Foram  utilizados  frango,  paçoca,  massa  de  pão,  frutas...  Alguns  meios 
favoreceram o crescimento de fungos, outros de bactérias, mas no geral, houve um crescimento dos dois 
grupos de microrganismos. Vale a pena, ainda, ressaltar que o uso de gelatina para solidificar o meio não 
funcionou. Porém, o teste foi feito utilizando‐se apenas a autoclave, sem o uso da esterilização com panela 
de pressão como sugerido no  item anterior. Neste caso,  foi utilizado ágar na concentração de 1,5 g para 
cada 100 mL de meio. Além disso, a massa máxima de alimento utilizado foi de 5% p/v, ou seja, para 100 
mL de meio, o máximo de alimento utilizado foi de 5 g. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Eixo temático I: Ubiquidade microbiana 
 
Você já parou alguma vez para pensar aonde podemos encontrar os microrganismos? Se pararmos 
para pensar, veremos que estão espalhados por todos os lugares: em casa, no solo, no ar, na água... Até em 
nós mesmos  encontramos  uma  enorme  quantidade  e  diversidade  de micróbios.  Temos  10  vezes mais 
células  bacterianas  em  nosso  corpo  do  que  células  humanas!!  Os  microrganismos  ocorrem  mais 
abundantemente  onde  puderem  encontrar  alimentos,  umidade  e  temperatura  adequada  para  seu 
crescimento e multiplicação.  
E é justamente essa diversidade e a presença geral dos microrganismos que faz com que a vida seja 
inevitável  sem eles. Sejam como PARASITAS, COMENSAIS ou MUTUALISTAS, estes  sempre  interferem na 
vida de qualquer outro ser vivo. Eles são tão versáteis que é possível isolá‐los até mesmo de fontes termais, 
ambientes  polares  e  meios  hipersalínicos  –  nesse  caso,  esses  microrganismos  são  denominados 
extremófilos. 
Como na grande maioria das vezes eles fazem parte do ecossistema, atuam no equilíbrio biológico, 
por  exemplo,  como  decompositores  de  matéria  orgânica,  transformando‐a  em  formas  químicas  mais 
simples, que retornam ao solo, contribuindo para fertilidade deste. 
Uma vez que estão dispersos na natureza, deve haver uma forma de demonstrar esse fato. Isso é 
possível  devido  à  possibilidade  de  criar  esses  organismos  em  placas  de  Petri  com  meio  de  cultura 
adequado. Assim pode‐se fazer um levantamento das espécies e suas funções no ambiente onde vivem.   
No  meio  ambiente  os  microrganismos,  fungos  e  bactérias,  apresentam  um  papel  essencial:  adecomposição. Eles decompõem  resíduos complexos de plantas e animais,  transformando‐os em  formas 
químicas mais simples, que retornam ao solo, contribuindo, assim, para fertilidade do solo. 
 
AO PROFESSOR: 
 
Aqui  vamos  trabalhar  alguns  conceitos  sobre  a  ubiqüidade  dos  microrganismos,  ou  seja,  a 
capacidade deles de  serem encontrados nos mais diversos ambientes,  inclusive em nós mesmos. Assim, 
além dos conceitos básicos que serão inseridos com as “Perguntas de aplicação de novos conhecimentos”, 
no  item  “Informações  importantes para o professor” estão  textos  complementares. O primeiro,  sobre a 
microbiota  intestinal  humana  e  probióticos  reforça‐nos  o  conceito  de  ubiqüidade microbiana,  além  das 
propriedades  benéficas  que  esses  organismos  possuem  nos  protegendo  de  outros microrganismos  que 
tenham propriedades patogênicas. O segundo texto faz referência à princípios de epidemiologia, como as 
formas  de  contaminação  de  uma  pessoa  para  outra,  o  que  pode  ser  associado  à  segunda  prática,  por 
exemplo,  a  partir  de  uma  pergunta  como:  E  se  em  vez  de  uma  levedura,  o microrganismo  fosse  uma 
salmonela? 
Além  disso,  estão  fornecidas  nesta  parte  do  manual,  a  fórmula  dos  meios  Ágar  Simples  e 
Sabouraud, bem como suas principais propriedades. 
 
 ONDE OS MICRÓBIOS ESTÃO ESCONDIDOS? 
 
Objetivo da prática 
 
Nesta atividade vamos demonstrar a propriedade dos microrganismos de estarem dispersos nos mais 
variados ambientes, condição que denominamos: “ubiqüidade microbiana”. 
 
Metodologia 
 
 Cada grupo  receberá duas placas  contendo uma, Ágar  Sabouraud  (Sb) e outra, Ágar  Simples  (AS). 
Caso vocês também tenham preparado um meio alternativo, ele também será fornecido. 
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 Vocês  deverão,  então,  escolher  o  local  onde  farão  a  pesquisa  dos  microrganismos  (fungos  e 
bactérias). Pode ser no banheiro da escola, no jardim, na quadra, na sala de aula... Procure fazer em 
um lugar diferente dos escolhidos pelos outros grupos. 
 
 Identifique as suas placas: nome do grupo, data, local escolhido e o tipo de meio de cultura (AS, SB 
ou meio alternativo) 
 
 Vocês deverão  se dirigir para o  local escolhido, onde deverão deixar as placas abertas durante 10 
minutos. NÃO ABRAM AS PLACAS ANTES!! 
 
 Retorne à sala. As placas que contém ágar Simples serão  incubadas a 37 °C por 24 horas, e as que 
contem  Ágar  Sabouraud  serão  deixadas  em  temperatura  ambiente  por  uma  semana.  Coloque 
metade das placas com meio alternativo na estufa a 37ªC e a outra metade à temperatura ambiente. 
 
 Na próxima aula, anote os seus resultados na tabela do próximo item. 
 
Resultados 
 
ATENÇÃO: Não abra as placas! Para fazer suas observações olhe sempre pelo verso da placa! 
  
A  figura abaixo mostra uma placa de Petri após  incubação. Observe pequenas colônias de aspecto 
homogêneo – essas são colônias de bactérias. As colônias grandes, de aspecto filamentoso e irregular são 
as colônias de fungos filamentosos (F). Já as colônias de leveduras são colônias geralmente uniformes, um 
pouco maiores que as bacterianas e de aspecto opaco. 
 
 
 
Placas 
Crescimento 
Fungos e Leveduras  Bactérias  Total 
Ágar Simples (AS)       
Ágar Sabouraud (Sb)       
Meios alternativos       
 
 Como você explica os resultados encontrados? 
 
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 Questões para refletir 
 
 Houve diferença entre os tipos de colônia observados nos diferentes meios? 
 Qual  a  diferença  entre  as  suas  placas  e  a  dos  outros  grupos?  Qual  local  do  colégio  tem maior 
contaminação por fungos? E por bactérias? Você consegue explicar por quê? 
 Essa  técnica  permite  a  demonstração  de  todos  os  microrganismos  presentes  nos  ambientes 
estudados? Qual a sua conclusão sobre a prática? 
 Você esperaria encontrar algum microrganismo na atmosfera? Por quê? Se sim, você esperaria que 
ele estivesse completamente ativo ou com sua capacidade metabólica reduzida? Por quê? 
Qual o risco que corremos com a utilização de ar condicionado em ambientes movimentados e populosos?  
 
 AO PROFESSOR: Comentários sobre as “Questões para refletir” 
 
o Houve diferença entre os tipos de colônia observados nos diferentes meios pois  o ágar simples é um 
meio que favorece o crescimento de bactérias e o Sabouraud favorece o crescimento de fungos – a 
composição destes meios está relacionada no item “Informações importantes para o professor”. 
 
o Fungos filamentosos têm aspecto filamento, e bactérias e leveduras possuem aspecto cremoso. 
 
o Essa  técnica  não  permite  a  demonstração  de  todos  os microrganismos  presentes  nos  ambientes 
estudados, pois nem todos os microrganismos encontram no meio de cultura um ambiente favorável 
para seu desenvolvimento. Além disso, caso tenha sido feito coletas de solo ou água, surge a questão 
dos microaerófilos e dos anaeróbios restritos, que são impossibilitados de crescer em placas sem que 
haja condições articiais de ausência de oxigênio. 
 
o Encontrar um microrganismo na atmosfera é algo esperado, uma vez que eles são  leves os bastante 
para  serem  transportados  passivamente  pelo  ar.  Porém,  eles,  nestas  condições,  estão  com  sua 
capacidade metabólica reduzida, pois este seria um ambiente de estresse, sem nutrientes e umidade 
adequados. 
 
o Quanto mais movimentado e populoso é o ambiente, mais rico em microrganismos que podem ser 
disseminados pela movimentação do ar e pelas correntes aéreas. O ar condicionado  faz o papel de 
manter esses organismos – que podem ser potencialmente patogênicos –  em circulação. 
 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Eixo I: Ubiquidade microbiana  |  15 
 
 
OS  MICRORGANISMOS  SÃO  TRANSMITIDOS  DE  UMA  PESSOA  PARA 
OUTRA? 
Objetivo da prática 
  Observar a transmissão de um microorganismo de uma pessoa para outra através de um simples 
aperto de mão 
 
Metodologia 
 
 Material 
o 1 g de fermento biológico (levedura Saccharomyces cerevisiae); 
o Frasco contendo 10 ml água destilada estéril; 
o Zaragatoas estéreis; 
o Placas contendo ágar Sabouraud. 
o Pipetas de 1 ml estéreis 
 
 Acrescentar 1 g de fermento biológico em 10 ml de solução salina estéril. 
 
 Derramar a suspensão de fermento nas mãos do aluno nº 1 (iniciador da cadeia epidemiológica). A 
seguir, o aluno deverá espalhar homogeneamente a suspensão entre as palmas das mãos. 
 
 O aluno nº 1 deverá apertar a mão de outro colega  (vizinho  imediato) e assim sucessivamente até 
completar uma cadeia epidemiológica composta por no máximo oito componentes (oito "rounds" de 
apertos de mãos). 
 
 Após  finalizar os apertos de mãos, cada aluno deverá umedecer uma  zaragatoa em  solução  salina 
estéril, esfregar na palma da mão contaminada e semear em placas contendo Agar Sabouraud em 
movimentos de zig‐zag, como indicado abaixo. Essa técnica em zig‐zag se chama esgotamento.  
 
 
 Identificar as placas com número do aluno na cadeia de transmissão, bancada e turma, e incubá‐las a  
25oC ou a temperatura ambiente.  
 
 
Resultados 
 
  Em quais placas houve formação de colônias de Saccharomyces? 
 
Indivíduo  1  2  3  4  5  6  7  8 
Colônias   
 
 
           
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 Questões para refletir 
 
 Quais são as características você observou no crescimento dos microrganismos nas placas de 1 a 8? 
 Houve crescimento de levedura até a oitava placa? Se não tiver ocorrido, por que você acha que isso 
aconteceu? 
 Houve alguma placa em que não houve o crescimento das  leveduras, mas na placa seguinte, sim? 
Como você explicaria isso? 
 Ocorreu o crescimento de outras colônias, que diferem do padrão das  leveduras? Em quais placas 
elas apareceram? De onde vieram essas bactérias? 
 O que isso significa na nossa vida? Quais cuidados devemos ter no nosso dia a dia? 
 
 AO PROFESSOR: Comentários sobre as “Questões para refletir” 
 
o Ao analisar o crescimento das placas de 1 a 8, observa‐se uma diminuição constante do número de 
bactérias, como se fosse um processo de diluição seriada. 
 
o O crescimento pode prosseguir ou não até a oitava placa,  isso depende de diversos fatores que vão 
desde a quantidade de microrganismos presentes no  inoculo, até o  tamanho da mão dos alunos, a 
forma como houve a troca de microrganismos e ainda a forma de coleta do material das mãos. 
  
o Caso tenha acontecido de não haver crescimento em uma placa, mas nas placas anterior e posterior a 
ela o crescimento tenha ocorrido,  isso pode ter acontecido nas placas  finais, onde a quantidade do 
inoculo  já está bastante  reduzida, e assim, mais espalhada na mão do aluno. Ao  fazer a  coleta do 
material o aluno pode não ter passado o sawb de forma correta, por toda a palma da mão, e assim, 
não coletado as leveduras. 
 
o Ao contrário do que teria ocorrido nas menores diluições (crescimento intenso sem colônias isoladas), 
na medida em que ocorrem as diluições aparecem a colônias  isoladas. Acontece que na palma das 
mãos  existe  uma microbiota que  é  também  transmitida para  o  swab no momento da  coleta. Nas 
primeiras diluições o inóculo de levedura foi tão grande que não foi possível coletar a microbiota das 
mãos ou se possível, havia uma quantidade muito superior de levedura, que por competição inibiu o 
crescimento  das  bactérias.  Já  nas  menores  diluições  a  competição  é  menor,  o  que  permite  o 
crescimento destes microrganismos. 
 
 
 RESPOSTAS DA “APLICAÇÃO DE NOVOS CONCEITOS” 
 
 1.  “Os  microrganismos  estão  restritos  a  ambientes  com  muita  disponibilidade  de  alimento  e 
temperaturas amenas de cerca de 30 °C.” A afirmativa é verdadeira ou falsa? Justifique. 
 
Os microrganismos não estão restritos a ambientes com muita disponibilidade de alimento e temperatura 
de  cerca de 30°C. Na  verdade, os microrganismos  são encontrados nos mais diversos  ambientes, desde 
águas  quentes  nas  proximidades  de  vulcões  a  montanhas  de  neve  –  esses  microrganismos  são 
denominados extremófilos. Além disso, é  freqüente que pessoas hospitalizadas e que utilizam  cateteres 
sejam  mais  propícias  às  infecções.  Isso  ocorre  devido  à  formação  de  biofilmes  nesses  equipamentos 
inertes.  Biofilmes  são  formados  por  um  acúmulo  de  bactérias  em meio  a  uma matriz  extracelular.  Os 
microrganismos  também  podem  ser  encontrados  na  atmosfera,  mas  ali,  por  falta  de  nutrientes, 
encontram‐se vegetativamente. Temperaturas medianas e o excesso de alimento favorecem a diversidade, 
mas como dito, não são a única condição para a sobrevivência dos microrganismos. 
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 2. Qual palavra melhor descreve a ocorrência dos microrganismos na natureza? 
 
A palavra que melhor descreve a ocorrência dos microrganismos na natureza é “ubiqüidade” – ou seja, eles 
estão presentes nos mais diversos ambientes. 
 
 3. Você esperaria conseguir  isolar todos os microrganismos presentes em uma quantidade de solo que 
coubesse em uma colher de chá? Justifique. 
 
Não é possível isolar todos os microrganismos presentes em uma colher de chá de solo, uma vez que além 
da  grande  quantidade  de  espécies  ali  presentes  cada  uma  apresenta  uma  especificidade  metabólica 
própria.  Assim,  como  não  conhecemos  todas  as  espécies  ali  presentes,  não  podemos  garantir  que  os 
diferentes  meios  e  condições  fornecidas  sejam  suficientes  para  isolar  todos  os  microrganismos  ali 
presentes. 
 
 4.    Animais  possuem  em  sua  superfície  um  conjunto  próprio  de  microrganismos  denominado 
_________, que atinge números cerca de ______ vezes maiores do que o número de células próprias do 
organismo. 
 
Animais possuem  em  sua  superfície  um  conjunto  próprio de microrganismos denominado MICROBIOTA 
INDÍGENA  (NORMAL, COMENSAL), que atinge números cerca de DEZ vezes maiores do que o número de 
células próprias do organismo. 
 
 5. Como os microrganismos comensais ajudam na proteção do hospedeiro? 
A microbiota comensal tem basicamente duas funções importantes para saúde do hospedeiro: a resistência 
à colonização (inibe a multiplicação de microrganismos exógenos no  local) e a  imunomodulação (permite 
uma  resposta  imune mais  rápida e adequada durante uma agressão  infecciosa).  Isso é possível devido a 
algumas propriedades da microbiota como a resistência à colonização (a primeira linha de defesa contra a 
invasão  por  patógenos),  a  produção  de  bacteriocinas,  peróxido  de  hidrogênio  e  ácidos  orgânicos,  a 
competição por nutrientes e por sítios de adesão. 
 
 
   Outras sugestões 
 
Professor, você pode ainda observar com seus alunos o transporte de microrganismos por meio de 
insetos. Para  isso você pode pegar uma  formiga e deixá‐la andar pela placa de ágar  Sabouraud. Após a 
incubação,  espera‐se  que  o  caminho  por  onde  a  formiga  andou  esteja  marcado  pela  presença 
principalmente de fungos. 
 
Para plaquear solo, pegue 0,2 gramas de solo e coloque em 2 mL de salina. Faça diluições decimais, 
transferindo 100 μL da  solução  inicial para outro  tubo contendo 900 μL de  salina  (a concentração neste 
tubo será de 10‐1). Repita o procedimento sucessivamente, chegando até a diluição 10‐5. Plaqueie 100 μL 
das  soluções  10‐3  e  10‐5  em  aguar  simples  e  ou  Sabouraud.  Após  incubação  conte  quantas  colônias 
cresceram. Para  saber quantas  colônias haviam na  amostra  inicial multiplique  a quantidade de  colônias 
(UFC) X o fator de diluição (FD) (103 ou 105). UFC x FD = fornecerá a quantidade de colônias por grama/mL, 
como haviam 2 g em 2 mL, basta multiplicar por 2 o resultado! 
 
 
 
 
 
 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Eixo I: Ubiquidade microbiana  |  18 
 
 
INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA O PROFESSOR 
  
 
 
 
 
 
 
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TEXTO COMPLEMENTAR I 
Microbiota e Probióticos:  
como as bactérias ajudam na manutenção da nossa saúde 
 
Adaptado por S.D.A.Elian, a partir da tese de doutorado defendida por F.S.Martins na Faculdade de Medicina da UFMG em 2008, 
entitulada  “Efeito de dois probióticos, Saccharomyces boulardii e Saccharomyces  cerevisiae  linhagem UFMG 905, na  resposta 
inflamatória induzida por Salmonella enterica subsp. enterica sorovar. Typhimurium” 
 
Os organismos possuem diversas bactérias abrigadas em suas mucosas. Quando vamos nos referir a 
essa  coleção  de microrganismos  comensais  utilizamos  o  termo microbiota  normal  ou  indígena. O  trato 
gastrintestinal dos mamíferos abriga uma comunidade microbiana que é extremamente densa e diversa, 
composta por 1014 unidades formadoras de colônias (UFC) e cerca de 300 a 400 espécies. Essa quantidade é 
tão grande que o número de bactérias é dez vezes maior que o de células do hospedeiro (1013), atingindo 
cerca de 1,2 Kg. Além disso, possui uma atividade metabólicatão alta como a do fígado. 
O estabelecimento e a manutenção da microbiota constituem um processo complexo, que pode ser 
influenciado por  vários  fatores,  como dieta,  idade, utilização de  antibióticos, utilização de probióticos  e 
prebióticos,  ambiente,  microbiota  materna,  via  do  parto,  interações  microbianas,  interações 
microrganismo‐hospedeiro, presença de certos genes (ou produtos gênicos ou expressão de certos genes) e 
receptores, além de sua sucessão ecológica, demanda nutricional e tolerância oral.  
A microbiota residente consiste em tipos relativamente fixos de microrganismos encontrados com 
regularidade  em  determinada  área  e  em  determinada  idade  e  que  quando  perturbada,  recompõe‐se 
prontamente. A microbiota  transitória  consiste  em microrganismos  não‐patogênicos  ou  potencialmente 
patogênicos que  colonizam a pele ou as mucosas  somente por horas, dias ou  semanas; esta microbiota 
provém do meio ambiente e não se estabelece de forma permanente na superfície. Em geral, os membros 
da microbiota  transitória  são  de  pouco  significado  enquanto  a microbiota  residente  normal  permanece 
intacta. Todavia, se a microbiota residente for perturbada, os microrganismos transitórios podem colonizar 
e proliferar, produzindo doença, se patogênicos.  
Todos  os  animais,  em  condições  de  saúde,  nascem  isentos  de  qualquer  microrganismo.  A 
colonização do trato digestório ocorre imediatamente após o nascimento. Inicialmente, quando o espaço e 
a disponibilidade de nutrientes são abundantes, as bactérias com altas taxas de multiplicação começam a 
dominar. A partir do momento em que o número bacteriano aumenta, esses dois fatores ‐ disponibilidade 
de  nutrientes  e  espaço  ‐  ficam  escassos,  os  “habitats”  ficam  ocupados  por  microrganismos  mais 
especializados  e  a  complexidade  da  biota  aumenta.  As  primeiras  bactérias  a  colonizarem  o  trato 
gastrintestinal são derivadas da microbiota presente no canal do parto.  
Em geral, quanto mais numerosa é uma população de uma espécie bacteriana, mais estável ela é 
no  seu  nicho  ecológico.  Por  isso,  e  em  nível  de  gêneros,  as  microbiotas  digestórias  dominantes  e 
subdominantes permanecem relativamente constantes e estáveis no tempo e de um indivíduo para outro. 
Ao  contrário,  a  microbiota  residual  é  bastante  variável  de  um  indivíduo  para  outro  e  flutua 
consideravelmente ao longo do tempo no mesmo indivíduo.  
Pelo seu tamanho, a microbiota indígena associada ao trato digestório é, muitas vezes, considerada 
como  um  órgão  ou  organismo  atuando  na  superfície  das  mucosas  do  hospedeiro.  É  basicamente 
responsável por  três  funções  importantes para saúde do hospedeiro: a  resistência à colonização  (inibe a 
multiplicação  de microrganismos  exógenos  no  local),  a  imunomodulação  (permite  uma  resposta  imune 
mais rápida e adequada durante uma agressão  infecciosa) e contribuição nutricional (fornece vitaminas e 
substratos energéticos e reguladores). 
As  bactérias  comensais  são  responsáveis  por  um  grande  número  de  funções  bioquímicas  e 
digestivas que vão desde o metabolismo de  colesterol à produção de vitamina K. Dentro outros  fatores 
associados à microbiota estão a resistência à colonização (a primeira  linha de defesa contra a  invasão por 
patógenos),  a produção  de bacteriocinas, peróxido de hidrogênio  e  ácidos  orgânicos,  a  competição  por 
nutrientes e por sítios de adesão. A presença da microbiota  também estimula o peristaltismo, o sistema 
imune e a maturação e renovação das células epiteliais do cólon. 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Eixo I: Ubiquidade microbiana  |  21 
 
 
A microbiota do  trato digestório é extremamente potente nas  suas  funções, mas  também  frágil, 
podendo  ser  perturbada.    Diversos  fatores  podem  interferir  no  processo  de  instalação  da microbiota 
normal em recém‐nascido  (parto normal ou cesariana;  isolamento em  incubadora; amamentação no seio 
ou  por  fórmula)  ou  na  sua  manutenção  em  adultos  (uso  de  antimicrobianos;  mudanças  alimentares 
drásticas; estresse), provocando, respectivamente, atraso na sua implantação ou falha de suas funções. No 
caso  particular  de  antibioticoterapia,  esses  distúrbios  dos  equilíbrios  populacionais  e  das  funções 
protetoras da microbiota gastrointestinal são provavelmente responsáveis pela ocorrência de 15 a 40% dos 
episódios  de  diarréias  associadas  ao  uso  de  antibióticos  (DAA).  Além  disso,  a  utilização  excessiva  e 
inadequada de antibióticos é também associada com a ocorrência cada vez maior de multirresistência nos 
microrganismos patogênicos.  
A microbiota normal possui microrganismos com efeitos benéficos e microrganismos com efeitos 
deletérios para o hospedeiro. Nos últimos anos, vem aumentando o  interesse no uso de microrganismos 
que exercem os efeitos benéficos com o propósito de beneficiar a saúde do hospedeiro e de prevenir ou 
tratar doenças. Esses organismos recebem o nome genérico de probióticos e vêm sendo propostos como 
medicamentos para prevenção e tratamento de um grande número de desordens gastrintestinais. 
Relatos dos efeitos benéficos das bactérias na alimentação datam desde a versão Persa do Velho 
Testamento (Gênesis 18:8), que relata que “Abraão atribuiu sua  longevidade ao consumo de  leite azedo”. 
Plínio, um historiador romano, em 76 a.C., recomendou o uso de  leite  fermentado para o tratamento de 
gastroenterites. O termo probiótico foi criado como um antônimo ao termo antibiótico e, originalmente, foi 
proposto significando aquele que favorece o crescimento de microrganismos. Mais de 20 anos depois, um 
pesquisador  chamado  Fuller  definiu  probiótico  como  “um  suplemento  microbiano  vivo  que  afeta 
beneficamente o animal hospedeiro graças à melhoria no balanço microbiano intestinal”, embora, hoje, os 
probióticos  já tenham, também, aplicações em outros ecossistemas. Esta definição pode ser estendida ao 
hospedeiro  humano  como  “microrganismos  não‐patogênicos  que,  quando  ingeridos,  exercem  uma 
influência positiva na saúde ou fisiologia do hospedeiro” ou, como “uma preparação ou produto contendo 
microrganismos  viáveis,  em  número  suficiente,  para  alterar  a  microbiota  em  um  compartimento  do 
hospedeiro  ou  para  exercer  efeitos  benéficos  no  hospedeiro”.  Esta  definição  enfatiza  que  outros 
compartimentos  do  corpo  podem  ser  alvos  dos  probióticos,  além  do  intestino,  onde  uma  alteração  da 
microbiota pode exercer um efeito benéfico.  
Existem alguns  trabalhos mostrando a eficácia dos probióticos nas  infecções do  trato urogenital, 
nas infecções causadas pelo Helicobacter pylori , infecções na boca e dentes, infecções do trato respiratório  
e  outras.  Atualmente,  a  definição  mais  aceita  para  probióticos  é  aquela  estipulada  pela  Organização 
Mundial  da  Saúde  (OMS),  que  diz  que  probiótico  é  “um microrganismo  vivo  que,  quando  ingerido  em 
quantidades suficientes, confere um benefício à saúde do hospedeiro”. 
O conceito de probiótico foi desenvolvido por volta de 1900. O microbiologista russo laureado com 
o Prêmio Nobel de Medicina  (1908), Elie Metchnikoff  (1845‐1916),  foi o primeiro a sugerir que o uso de 
bactérias poderia influenciar positivamente a microbiota do trato intestinal e prolongar a vida. Ele atribuiu 
a  longa  e  saudável  vida  de  camponeses  na  Bulgária  ao  consumo  de  produtos  lácteos  fermentados 
(coalhada).  Mais  tarde  se  convenceu  que  o  iogurte  e  os  alimentos  fermentados  continham  os 
microrganismos necessários para proteger o intestino dos efeitos danosos das bactérias nocivas e passou a 
defender o seu uso. 
O conceito de probiótico implica que o microrganismo empregado esteja viável, ou tenha condições 
de  ser  reativado,  para  que  possa  exercer  seu  efeito  benéfico.  Esta  exigência  reduz  o  número  de 
microrganismosque  podem  atuar  como  medicamento,  já  que  o  intestino  humano  apresenta  uma 
microbiota extremamente competitiva, que funciona como uma barreira física e química, conhecida como 
“barreira  intestinal”,  possuindo mecanismos  poderosos  de  combate  a microrganismos  não  autóctones. 
Embora não sejam mencionados números específicos na definição de probióticos, considera‐se que, pelo 
menos, 109 UFC/dia de microrganismos devam ser  ingeridos para chegar ao  intestino em níveis  iguais aos 
da microbiota dominante. 
Os probióticos têm sido referidos, também, como agentes bioterapêuticos e alimentos funcionais; 
porém, alguns autores preferem  se  referir a eles com  termos distintos, definindo probióticos como “um 
suplemento microbiano vivo, que afeta beneficamente o animal hospedeiro graças à melhoria no balanço 
microbiano  intestinal”, e alimentos funcionais como “agentes (vivos ou não) que possuem outras funções 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Eixo I: Ubiquidade microbiana  |  22 
 
 
além de seu papel nutricional”, e reservam o termo “agentes bioterapêuticos” para “microrganismos vivos 
que possuem eficácia comprovada na prevenção ou  tratamento de alguma doença pela  interação com a 
microecologia natural do hospedeiro”.  
Além dos probióticos,  também são estudados os prebióticos e os simbióticos. Os prebióticos são 
ingredientes  alimentares  não‐digeríveis,  que  promovem  a  saúde  do  hospedeiro  ao  estimular  a 
multiplicação ou a ação de uma espécie bacteriana benéfica  ‐ ou um grupo delas  ‐ no  trato digestivo. A 
lactulose, os frutooligossacarídeos (FOS) e a inulina são os prebióticos mais estudados e comercializados. O 
primeiro  aumenta  a  atividade  lactofermentativa  de  populações  de  Lactobacillus,  e  os  FOS  estimulam  o 
crescimento de Bifidobacterium. É  interessante  salientar que o desenvolvimento dos prebióticos veio da 
descoberta  dos  fatores  “bifidus”,  grupo  de  oligossacarídeos  presentes  em  maior  quantidade  no  leite 
humano  e  que  favorecem  a multiplicação  de  bifidobactérias  de  recém‐nascidos  amamentados  no  seio. 
Alimentos como alcachofra, cebola, banana, aspargo e chicória contêm, naturalmente, componentes com 
propriedades prebióticas. Já os simbióticos são combinações de probióticos e prebióticos. 
Entre  os  probióticos  mais  estudados,  tanto  experimentalmente  quanto  clinicamente,  estão  as 
bactérias  e  as  leveduras.  Alguns  já  são  comercializados  sob  a  forma  de  suplemento  alimentar  ou 
preparações  farmacêuticas, contendo um ou vários microrganismos. Entre os principais probióticos estão 
as bactérias do ácido  láctico  (BAL), que  incluem os  lactobacilos, os enterococos, dentre outros. Além das 
BAL,  temos  também  as  bifidobactérias,  Escherichia  coli  (EMO  e  Nissle)  e  as  leveduras  Saccharomyces 
boulardii e S. cerevisiae. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Eixo I: Ubiquidade microbiana  |  23 
 
 
TEXTO COMPLEMENTAR II 
A disseminação das infecções 
 
Adaptado de Tortora GJ, Funke BR, Case CL. 2005. Microbiologia. 8 ed. Porto Alegre: Artmed. 
 
Para  que  uma  doença  se  dissemine  por  uma  população  dois  fatores  são muito  importantes:  o 
primeiro  é  a  existência  de  uma  fonte  contínua  de  organismos da  doença  –  o  que  podemos  denominar 
reservatórios de infecção; o segundo é a capacidade de transmissão dos agentes etiológicos do reservatório 
de infecção para um hospedeiro. 
 
RESERVATÓRIOS DE INFECÇÃO 
Um  reservatório de  infecção pode  ser um organismo vivo ou mesmo um objeto  inanimado, mas 
deve  garantir  ao  patógeno  condições  de  sobrevivência  e  multiplicação,  além  de  oportunidade  de  se 
transmitir. Esses reservatórios podem ser humanos, animais ou inanimados. 
Reservatórios humanos   O corpo humano é o principal  reservatório vivo de doenças humanas. 
Muitas pessoas possuem abrigam patógenos e os transmitem direta ou indiretamente a outros indivíduos. 
Em alguns casos, algumas podem abrigar microrganismos patogênicos e transmiti‐los a outras pessoas sem 
exibir  qualquer  sinal  de  doença,  são  os  chamados  indivíduos  portadores.  Isso  pode  ocorrer  por  dois 
principais motivos: 1) O hospedeiro tem infecções inaparentes – sinais ou sintomas nunca são exibidos; 2) 
O  portador  está  com  uma  doença  em  fase  de  latência,  durante  o  período  de  incubação  (antes  do 
surgimento de  sintomas) ou no período de  convalescença  (recuparação). Exemplos  clássicos de doenças 
disseminadas  por  portadores  são:  AIDS  (HIV),  febre  tifóide  (um  tipo  de  Salmonella);  hepatite  (vírus)  e 
disenteria amebiana (Entamoeba). 
Reservatórios  animais    Diversos  animais  domésticos  ou  selvagem  são  reservatórios  de 
microrganismo de doenças que podem  ser  transmitidas  também para humanos, as  chamadas  zoonoses. 
Um  exemplo  clássico  dede  zoonose  é  a  raiva  (causada  por  um  vírus).  A  transmissão  das  zoonoses  aos 
humanos  por  contato  direto  com  animais  infectados;  por  contado  com  detritos  de  animais  domésticos 
(limpeza de gaiolas ou  caixa de areia); pelo  consumo de produtos animais  contaminados ou por  insetos 
vetores. 
Reservatórios  inanimados   Os principais  reservatórios  inanimados  são o  solo e  a  água. O  solo 
abriga principalmente fungos causadores de micoses; as bactérias   que causam o botulismo e o tétano. 
A  água  contaminada,  principalmente  por  fezes,  é  fonte  de  diversos  microrganismos  relacionados  a 
infecções  gastrintestinais  como  as  bactérias  do  cólera  e  da  febre  tifóide.  Alimentos  armazenados  ou 
preparados inadequadamente também são fontes de doenças como a salmonelose. 
 
TRANSMISSÃO DE DOENÇAS 
A transmissão de doenças pode ocorrer por três vias principais: contato, veículo ou vetor. 
A  transmissão por cantato, por sua vez pode ocorrer de  três  formas. 1) Transmissão por contato 
direto  (de  pessoa  para  pessoa),  na  qual  ocorre  a  passagem  do microrganismo  da  fonte  para  um  novo 
hospedeiro, sem o envolvimento de qualquer objeto  intermediário. As formas mais comuns deste tipo de 
transmissão são: toque, beijo, relações sexuais. E as doenças  transmitidas por contato direto podem ser: 
resfriado  comum,  influenza, hepatite A,  sarampo, DSTs.  Zooneses  como  a  raiva  e o  antraz  também  são 
transmitidas por contato direto. A utilização de  luvas, máscaras e outros equipamentos pelo profissionais 
da  saúde  é  feita  com  o  objetivo  de  proteger  contra  esse  tipo  de  infecção,  principalmente.    2)  Na 
transmissão por contato  indireto há a participação de um ojeto  inanimado  (fômite) como  intermediário, 
como  toalhas,  roupas  de  cama,  copos,  brinquedos,  dinheiro  e  termômetros.  Exemplos  de  doenças  são: 
AIDS,  tétano e hepatite B. 3) Na  transmissão por gotículas os micróbios  são  transmitidos no  interior de 
gotículas  (gotas  de  muco)  que  percorrem  distancia  curtas,  ao  serem  liberadas  no  ar  durante  tosses, 
espirros, risadas ou pela conversa. Exemplos de doenças são> influenza, pneumonia e a coqueluxe. 
A transmissão por veículos envolve um meio como a água, os alimentos ou o ar, além do sangue e 
os líquidos corporais, drogas e os fluidos intravenosos. Nesses casos a água está contaminada, geralmente, 
por esgoto não tratado ou tratado de  forma  inadequada, e pode transmitir o cólera e a  leptospirose. Na 
transmissão  por  alimentos,  eles  estão mal  cozidos, mal  refrigerados  ou  preparados  em  condições  não‐
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Eixo I: Ubiquidade microbiana  |  24 
 
 
higiênicas, sendo fonte de intoxicações alimentares ou teníase. As doenças transmitidas pelo ar por núcleos 
de  gotículas  no  pó,  que  são  capazes  de  percorrer  distâncias maiores  do  que  um metro.  Exemplos  de 
microrganismos são o vírus do sarampo,bactéria da tuberculose, além de esporos de fungos. 
Na  transmissão por vetores estão envolvidos principalmente os artrópodes. Estes  transmitem as 
doenças de forma mecânica (nas patas ou outras partes do corpo) ao entrar em contato com o alimento de 
um  hospeidero,  como  as moscas  domesticas  o  faz,  podendo  causar  doenças  como  a  febre  tifóide  ou 
disenteria bacilar; ou fazem a transmissão biológica, no qual o vetor pica um indivíduo infectado, ingerindo 
assim também o microrganismo, que irá multiplica‐se no vetor e ser transmitido para um novo hospedeiro 
através das fezes ou vômito do vetor ou mesmo durante o momento da picada, se o microrganismo estiver 
alojado nas glândulas salivares do vetor. Geralmente estão envolvidas doenças causadas por protozoários  
ou vermes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Eixo II: Controle microbiano  |  25 
 
 
Eixo temático II: Controle do crescimento microbiano 
 
Como vimos na prática anterior (“Onde os micróbios estão escondidos?), os microrganismos estão 
presentes nos mais diversos locais. Se eles se reproduzissem aleatoriamente, em pouco tempo dominariam 
a Terra de tal forma que a vida seria inviável. No meio ambiente podemos contar com diversos mecanismos 
ecológicos  que  controlam  as  populações  microbianas:  desde  disponibilidade  de  alimento  à  predação. 
Porém, no nosso dia a dia precisamos controlar os microrganismos, inclusive para manter a higiene. E onde 
fazemos  isto?  Ao  tomarmos  banho,  ao  lavarmos  as  vasilhas  na  cozinha,  ao  escovarmos  os  dentes,  ao 
passarmos pano no  chão.  E  como  isso  é possível? Observe  com  atenção  como praticamos  essas  ações: 
utilizamos sabão, pasta de dentes, detergentes, desinfetantes. Veja como em todas as situações descritas 
nós  usamos  alguma  substância  que  tenha  ação  antimicrobiana.  Mas  isso  significa  que  todos  os 
microrganismos morrem?  
Existem substâncias que apenas reduzem a quantidade de microrganismos, outras deixam apenas 
os esporos, algumas ainda são capazes de eliminar completamente toda a forma de vida microbiana. Mas 
não são apenas por meio de substâncias – o chamado controle químico – que os micróbios são eliminados. 
Existem ainda os métodos físicos, que incluem o calor e a desidratação, por exemplo.  
Outro ponto que surge quando chegamos a este tópico é o uso de antibióticos. Estes nada mais são 
do  que métodos  de  controle  químico  extremamente  potentes  e  que  são  utilizados  no  tratamento  de 
doenças  específicas.  Um  problema muito  comum  nos  dias  de  hoje  é  a  emergência  de microrganismos 
resistentes a antibióticos. Isso está ocorrendo porque o uso inconsciente destes quimioterápicos seleciona 
bactérias resistes, e estas acabam disseminando‐se. Como esse é um processo cíclico, as bactérias acabam 
por tolerar concentrações cada vez mais altas de medicamento. Outro problema disso é a capacidade de 
transmissão de genes de uma espécie para outra, e com isso, ocorre a transmissão horizontal da resistência 
microbiana.  Dentre  as  bactérias  que  vêm  ganhando  grande  destaque  estão  os  chamados  MRSA 
(Staphylococcus aureus meticilina‐resistente) e VRE (Enterococcus faecalis vancomicina‐resistente).  
 
Nunca  tome  antibióticos  sem  consultar  um médico.  Cada  tipo  de  antibiótico  ataca  um  tipo  de 
bactéria, e somente um profissional pode reconhecer o AGENTE CAUSADOR da doença e indicar o melhor 
tratamento.  Uma  vez  receitado,  tome  o  remédio  assim  como  indicado  pelo  médico  e  no  caso  de 
antibióticos, continue o tratamento mesmo desaparecendo os sintomas.  
 
AO PROFESSOR: 
 
Professor, como foi dito na  introdução da apostila, este eixo é de relevante  importância. Por  isso, 
introduza em sala de aula conceitos como: esterilização, agentes “–cida” e “–stático”, pasteurização. Esses 
conceitos estão  listados ao  final deste manual, em “Informações  importantes para o professor” e podem 
ser introduzidos com o auxílio da seção “Aplicação de novos conhecimentos”. Aproveite e explique para os 
alunos que os materiais utilizados em aula prática devem estar estéreis, e os mecanismos que você utiliza 
para esterilizar esses materiais.  
Lembre‐se  de  reforçar  aos  alunos  a  importância  de  se  consultar  um  médico  antes  de  tomar 
antibióticos.  Mais  informações  sobre  resistência  bacteriana  também  podem  ser  encontradas  nas 
“Informações importantes para o professor” 
 
ESTÃO OS DESINFETANTES LIVRES DE MICRÓBIOS? 
Objetivo da prática 
 
Nesta  atividade  vamos  controlar  a  qualidade  microbiológica  de  desinfetantes.  Ou,  em  outras 
palavras: existem microrganismos vivendo nesses produtos? Isso é o que podemos chamar de “Controlar o 
controlador”. 
 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Eixo II: Controle microbiano  |  26 
 
 
Metodologia 
 
 Material 
o Alça metálica; 
o 1 placa de Agar simples; 
o 1 placa de Agar Sabouraud; 
o Desinfetante ou produto de ação antimicrobiana de escolha do aluno (procure manter o produto em 
sua embalagem original). 
 
 Com o auxílio de uma alça metálica esterilizada ao rubro (coloque‐a na parte azul da chama 
e  espere  até  que  ela  fique  vermelha.  Espere  ela  esfriar  próximo  a  chama  antes  de  coletar  sua 
amostra) ou um swab estéril, colete uma amostra do desinfetante. 
 
 Espalhe  na  superfície  das  placas  contendo  ágar  simples  (AS)  ou  ágar  Sabouraud  (Sb), 
fazendo movimentos  de  zig‐zag  (veja  na  figura  abaixo  como  fazer).  Esta  técnica  é  denominada 
“semeadura por esgotamento” e objetiva a obtenção de colônias isoladas. 
                         
 
 Incube as placas: ágar simples (AS) a 37 °C e ágar Sabouraud (Sb) em temperatura ambiente. 
 
Resultados 
Placas 
Crescimento 
Fungos e Leveduras  Bactérias  Total 
Ágar Simples (AS)       
Ágar Sabouraud (Sb)       
 
 Questões para refletir 
 
 Houve  crescimento  de microrganismos?  Caso  SIM,  observe  se  o  crescimento  ocorreu  na  linha  da 
semeadura ou fora da linha. Agora discuta: o que significaria cada uma dessas duas situações? 
 Os desinfetantes dos quais  foram  isoladas colônias estavam em seus  frascos originais? Como você 
relaciona esse fato ao resultado encontrado? 
 
 Comentários sobre as “Questões para refletir” 
 
o Caso tenha havido crescimento microbiano e o crescimento tenha ocorrido na  linha de semeadura, 
isso indica que a colônia é proveniente da amostra, ou seja: o desinfetante estava contaminado. Caso 
o  crescimento  fosse  fora  da  linha  de  semeadura,  isso  indica  contaminação  da  placa  durante  o 
manuseio. 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Eixo II: Controle microbiano  |  27 
 
 
o Essa questão é bastante delicada.  Inicialmente,  vamos  considerar que o  aluno  trocou o  frasco de 
desinfetante,  com  isso o  crescimento pode  ter decorrido da  contaminação deste novo  frasco. Por 
outro lado, se o desinfetante está em seu frasco original, deve‐se considerar ainda algumas questões 
como:  tempo que o  frasco está aberto,  local e outras condições de armazenamento e,  inclusive, o 
manuseio  do  aluno.  Lembre‐se  que  os  resultados  obtidos  aqui  não  foram  obtidos  sob  condições 
ideais para esse tipo de teste. Logo, não há motivo para que os alunos se desesperem achando que o 
desinfetante é ruim. O crescimento ainda pode ter sido ocasionado por resistência microbiana – esse 
assunto é discutido no tópico “Informações importantes para o professor”. 
 
AÇÃO DE DESINFETANTES SOBRE SUPERFICIES INERTES 
Objetivo da prática 
 
Nesta  atividade  vamos  visualizar  como  os  desinfetantes  atuam  em  superfícies,  comparando  as 
populações microbianas antes e após a utilização destes agentes controladores do crescimento microbiano. 
 
Metodologia 
 
 Material 
o Zaragatoas estéreis; 
o 1 placa de Agar simples; 
o 1 placa deAgar Sabouraud; 
o Desinfetante de escolha do aluno. Procure escolher um desinfetante diferente dos escolhidos pelos 
seus colegas 
o Gabaritos. 
 
 Divida  as  placas  em  dois  semicírculos,  identificando‐as  (área  suja,  área  desinfetada),  bancada  e 
turma. 
 
 Escolha uma superfície e passar a zaragatoa estéril em uma pequena extensão deste local delimitada 
por um  gabarito,  com o objetivo de  colher material.  Escolha um  local onde  você  acha que  existem muitos 
microorganismos.  
 
 Repicar  por  esgotamento  o material  colhido  com  a  zaragatoa  em  um  dos  semicírculos  das  duas 
placas. 
 
 Tratar  a  mesma  área  com  o  desinfetante  escolhido,  utilizando  outra  zaragatoa  embebida  no 
desinfetante.  
 
 Esperar  secar,  colher  material  do  local  desinfetado  com  uma  terceira  zaragatoa  e  repicar  por 
esgotamento no outro semicírculo (identificado como desinfetado) das duas placas. A seguir, incube as placas 
de Agar simples a 37oC e as de Agar Sabouraud a temperatura ambiente. 
Resultados 
 
Placas 
Crescimento 
Fungos e Leveduras  Bactérias  Total 
Ágar Simples (AS)       
Ágar Sabouraud (Sb)       
Meio alternativo       
 
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 Questões para refletir 
 
 O  local  onde  você  coletou  o material  estava  livre  de  bactérias?  Você  associaria  a  quantidade  e  a 
diversidade de microorganismos com o local? Por quê? 
 Como foi a ação do desinfetante? Você acha preocupante o aparecimento desses micróbios? 
 Qual o melhor desinfetante entre os testados? 
 
 
 Comentários sobre as “Questões para refletir” 
1‐ Os locais onde as coletas foram feitas não estão livres de microorganismos, já que eles estão presentes 
em  todos  os  ambientes,  como  água,  ar,  solo,  fontes  termais,  etc  (ubiqüidade).  Pode‐se  associar  a 
diversidade e quantidade de microorganismos com o  local e as características desse (ensolação, umidade, 
luminosidade, etc.) 
 
2‐ A ação dos desinfetantes é muito variável, mas espera‐se que ele diminua a quantidade e diversidade de 
microorganismos. O aparecimento de algumas colônias não é preocupante, pois o desinfetante não tem o 
objetivo de esterilizar o  local, que é aberto e está em constante exposição a novas contaminações. Além 
disso, o próprio desinfetante pode estar contaminado, como pode ter sido observado na pratica anterior. É 
importante  ainda  ressaltar  que  os  desinfetantes  usados  foram  de  uso  caseiro,  e  não  os  usados  em 
Hospitais, por exemplo. 
 
 
 
 RESPOSTAS DA “APLICAÇÃO DE NOVOS CONCEITOS” 
 
1.  Em  microbiologia  o  conceito  de  morte  é  baseado  em  apenas  um  critério:  a  CAPACIDADE  DE  SE 
REPRODUZIR.  Para  os  organismos  superiores  utiliza‐se  diversos  outros  critérios  como:  ausência  de 
respiração, batimentos cardíacos, pressão sanguínea; e principalmente o não funcionamento cerebral.  
 
2. ESTERILIZAÇÃO é um processo que matada todas as formas de vida microbiana. 
 
3. Uma  substância que é usualmente  aplicada no  corpo humano e  se opõe à  sépsis,  isto é, que destrói 
microrganismos ou inibe seu crescimento, é chamada de ANTI‐SÉPTICO. 
 
4. O conceito de esterilização é um conceito absoluto, ou seja, ou o objeto está estéril ou não está. Logo 
NÃO pode‐se dizer que o objeto é meio estéril.    Isso ocorre pois esterilização é definida como a ausência 
total de qualquer forma microbiana viva.  
 
5. A pasteurização foi um processo criado por Louis Pasteur em 1860. A Pasteurização não é sinônimo de 
esterilização uma vez que nem todos os microrganismos são mortos. A pasteurização rápida do  leite, por 
exemplo, ocorre da seguinte maneira: O  leite  tem sua  temperatura elevada a 71°C por 15 segundos, em 
seguida é resfriado rapidamente. Já a pasteurização lenta os processos de aquecimento e resfriamento são 
lentos, o que promove maiores alterações no aspecto do leite. 
 
6. O termo que mais se aproxima do termo “microbicida” é d) GERMICIDA 
 
7. Em geral, um agente químico possui um AMPLO espectro de atividade. 
 
8. Observe os desenhos abaixo:  
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Eixo II: Controle microbiano  |  29 
 
 
         
 
 9. Os principais tipos de antibiótico bem como seus sítios alvos estão citados no  item “Informações  importantes 
para o professor”. 
 
 
INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA O PROFESSOR 
 
FORMAS FÍSICAS DE CONTROLE DO CRESCIMENTO MICROBIANO 
 
 CALOR = processo físico de uso amplo e altamente eficaz. Pode ser utilizado de duas formas distintas: 
calor  seco  ou  calor  úmido;  e  possui  apenas  duas  variáveis  a  serem  controladas:  tempo  e 
temperatura. A morte se dá pela oxidação de constituintes celulares e desnaturação de proteínas e 
ácidos nucléicos. Como o ar é um condutor de calor pior do que a água, o calor úmido  (autoclave, 
ebulição,  pasteurização)  é  mais  eficaz  do  que  o  calor  seco  (incineração,  ao  rubro,  flambagem, 
esterilização em estufa). 
 
 FILTRAÇÃO  = Utilizado  nas  esterilização  de materiais  que  são  alterados  pelo  calor.  São  utilizados 
filtros especiais com poros de 0,2 μm que removem os microrganismos (exceto os vírus) de líquidos e 
gases. 
 
 RADIAÇÃO = A  forma mais comum de  radiação utilizada é a ultravioleta  (260 nm) pois é bastante 
letal; apesar disso, ela exibe baixa penetrabilidade  (não atravessando vidros,  filmes  sujos e outros 
materiais) sendo útil na eliminação de microrganismos presentes em superfícies. A radiação UV atua 
na molécula de DNA  formando dímeros de pirimidina  (timinas adjacentes  são unidas, alterando  a 
conformação normal da molécula de DNA). Existem ainda as radiações  ionizantes, como a radiação 
gama e os raios X. Estas produzem a ionização de átomos (perda de elétrons), gerando radicais livres 
extremamente  reativos.  Estes  radicais  podem  destruir  inclusive  ligações  duplas  e  pontes  de 
hidrogênio.  As  radiações  ionizantes  tem  sido  utilizadas  em  produtos  como  plásticos  –  que  são 
sensíveis  à  temperatura  –  e  em  alimentos,  onde  atuam  também  na  inativação  de  enzimas, 
permitindo maior durabilidade d vegetal. 
 
 OUTROS AGENTES FÍSICOS = A utilização de baixas temperaturas é um método bastante difundido na 
conservação  de  alimentos,  isso  é  possível  pois  os  microrganismos  patogênicos  para  o  homem, 
geralmente  possuem  temperatura  ótima  de metabolismo  na  faixa  dos  37°C.  Assim,  ao  abaixar  a 
temperatura ambiente (por exemplo, com auxilio da geladeira) há a diminuição do metabolismo, ou 
até mesmo sua  interrupção. Outra  forma muito difundida é a pressão osmótica. O exemplo são os 
doces  tipo  compota  ou  cristalizados  onde  a  concentração  de  açúcar  é  tão  grande  que  impede  a 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  |  Eixo II: Controle microbiano  |  30 
 
 
viabilidade  do  crescimento  microbiano.  O  mesmo  resultado  pode  ser  observado  se  a  conserva 
possuir altos teores de sal. 
 
CONTROLE DE MICRORGANISMOS POR AGENTES QUÍMICOS 
 
Conceitos importantes 
 
 Esterilização: Processo que leva à destruição ou remoção de todas as formas de vida de um objeto. 
 
 Desinfecção: Processo que promove a inibição, morte ou remoção de microrganismos, ainda que não 
elimine todas as formas de vida. 
 
 Anti‐séptico: Produto que evita a infecção em tecidos, seja inibindo ou matando os microrganismos. 
Como  são  aplicados  em  tecidos  vivos,  os  antisépticos  são,  geralmente,  menos  tóxicos  que  os 
desinfetantes (agentes aplicadas em materiais inanimados). 
 Agente  “cida”: Qualquer  agente  que  promova  a morte  de microrganismos, mas  não  endósporos. 
Pode ser bactericida, fungicida, algicida... 
 
 Agente “stático”: Qualquer agente que promova a  inibição do crescimento e que, quando retirado, 
permite que o microrganismo volte a crescer. Pode ser bacteriostático, fungistático. 
 
Fatores que afetam a ação dos agentes microbianosQuanto maior a população microbiana, maior o tempo necessário para sua utilização. 
 
 O  tipo  da  população microbiana  interfere  no  controle  do  crescimento  se  houver  a  formação  de 
biofilmes ou endósporos. 
 
 Geralmente, quanto maior a concentração do agente, maior a eficácia. O álcool é uma exceção. 
 
 O  tempo  de  exposição  do  microrganismo  ao  agente  é  diretamente  proporcional  à  eficácia  do 
produto. A recomendação da Organização Mundial para a Saúde  (OMS)  indica o tempo mínimo de 
exposição de 30 minutos. 
 
 Condições  do  ambiente  tais  como  pH,  presença  de matéria  orgânica  e  consistência  do material 
podem interferir aumentando ou diminuindo a eficácia dos agentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  | EIXO III: Microbiologia aplicada  |  31 
 
 
Eixo temático III: Microbiologia aplicada 
 
Qual a importância dos microrganismos? Eles existem apenas para nos causar doenças? 
A microbiologia estuda a diversidade e a evolução dos microrganismos. Além disso, estuda qual a 
função  deles  no  mundo  e  como  eles  se  relacionam  com  o  corpo  humano,  animais  e  plantas.  Se  os 
microorganismos  interagem  com  todas  as  formas  de  vida,  é  de  fundamental  importância  o  estudo  da 
microbiologia. 
Como ciência aplicada, a microbiologia se depara com problemas na saúde humana (doenças por 
exemplo), agricultura e  indústria. Mas, os microrganismos  também podem contribuir com características 
positivas. Vocês  já devem ter ouvido  falar que microrganismos ajudam na produção de queijos,  iogurtes, 
pães, bebidas  e  até na produção de  antibióticos! Além disso,  sem os microrganismos  a maior parte do 
oxigênio (O2) da terra não teria sido produzido, os nutrientes, como carbono, não teriam sido reciclados e 
muitas plantas não conseguiriam absorver sais e nutrientes.  
A fermentação é em exemplo aplicado da utilidade econômica dos microrganismos. Através dela, 
eles  obtêm  a  energia  necessária  para  sua  sobrevivência  e  ainda  produzem  substâncias  (gases,  ácidos  e 
álcool)  usadas  pelos  humanos.  Esse  processo  consiste  na  quebra  de moléculas  orgânicas  (glicose,  por 
exemplo)  por meio  de  enzimas,  com  produção  de  compostos mais  simples  e  energia.  Dependendo  do 
microrganismo presente, a fermentação pode ser de três jeitos: 1‐ Fermentação alcoólica, produzindo CO2 
e  álcool,  muito  usados  na  produção  de  pão  e  produção  de  bebidas  alcoólicas,  respectivamente;  2‐ 
Fermentação acética, produzindo o ácido acético e sendo usado na produção do vinagre e 3‐ Fermentação 
lática, gerando o ácido  lático. Esse  tipo de processo é  largamente usado para a produção dos queijos e 
iogurtes.  
Além  disso,  um  outro  processo muito  importante  é  a  associação  dos microrganismos  com  as 
plantas.  Vocês devem ter ouvido falar que nas raízes do feijão (leguminosas) há uma grande quantidade de 
nódulos.  Esses  nódulos  são  formados  pelas  bactérias  Rhizobium  juntamente  com  as  raízes.  Com  essa 
simbiose bactéria‐planta, as plantas obtêm o nitrogênio necessário para a produção de proteínas e ácidos 
nucléicos, já que Rhizobium reduz o N2 atmosférico a NH3 (nitrogênio capaz de ser usado pelas plantas). Em 
troca, as plantas fornecem nutrientes para essas bactérias.   
Ainda dentro dos exemplos de associações estão as micorrizas. Nesse caso, a relação se dá entre os 
fungos  e  a maioria  das  Gimnospermas  e  Angiospermas. Os  fungos,  ao  se  infiltrarem  nas  raízes  dessas 
plantas, favorecem a absorção de água, sais, fosfatos e carbonatos pelos vegetais. Em troca, eles recebem 
compostos orgânicos (em geral sacarose) dessas plantas. 
Apesar  de minúsculos,  os microrganismos  também  são  capazes  de  competir  e  realizar  controle 
biológico. Dessa forma, um agente fitopatógeno, por exemplo, (causador de doença em plantas) teria seu 
efeito  atenuado  em  presença  de  outro  organismo. Ou  seja,  ao  interferir  nos  processos  vitais  de  outro 
microrganismo, ele estaria atuando como antagonista. Nessa prática iremos ver como os fungos endofíticos 
(colonizadores  de  partes  vegetativas  das  plantas,  causando  infecção  assintomática)  interferem  no 
desenvolvimento e crescimento de fungos patogênicos de plantas. 
 
AO PROFESSOR: 
 
Professor, agora nessa etapa é preciso falar de como a microbiologia é empregada no cotidiano. É 
importante ressaltar  também, que deve‐se utilizar exemplos que estão dentro do contexto sócio‐cultural 
dos  alunos!  Primeiramente,  fale  das  doenças  provocadas  pelos  microrganismos  (Dengue,  AIDS, 
tuberculose, micoses etc). Depois já introduza a idéia que esses organismos também possuem importantes 
ações no meio ambiente e que eles podem até nos beneficiar. Fale da  importância deles na  indústria, em 
que há o proveito dos produtos metabólicos da fermentação para a obtenção de pães, queijo, iogurte e até 
mesmo de antibióticos como penicilina. Trabalhe o conceito de fermentação, para o que ela serve e quais 
são seus tipos (estarão mais detalhadas nas “Respostas da aplicação de novos conceitos”. 
Discuta também a importância da associação mutualística microrganismo‐planta. Enfatize a idéia de 
que muitas plantas dependem inteiramente dessas associações para sua própria sobrevivência. Explique o 
que são os nódulos nas raízes das leguminosas, para o que eles servem e qual a importância das bactérias 
MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA  |  MANUAL DO PROFESSOR  | EIXO III: Microbiologia aplicada  |  32 
 
 
do gênero Rhizobium no ciclo do nitrogênio. Agora explique o que são as micorrizas e qual a  importância 
delas (maiores detalhes nas sessões “Respostas da aplicação de novos conceitos” e “Informações úteis para 
o professor”). 
Por  fim,  introduza o conceito de antagonismo e controle biológico. Fale dessas  relações entre os 
microrganismos e  como que um pode  interferir na  sobrevivência do outro.   Explique o que é um  fungo 
fitopatogênico e um  fungo endofítico. Depois estabeleça o  tipo de  interação entre esses organismos que 
possuem  o  mesmo  nicho  ecológico  (maiores  detalhes  nas  sessões  “Respostas  da  aplicação  de  novos 
conceitos”  “Informações úteis para o professor”) 
 
 
FERMENTAÇÃO 
 
Objetivo da prática 
 
Demonstrar a ocorrência de fermentação em suco de frutas por leveduras e comparar o rendimento 
da fermentação (liberação de CO2) no suco com e sem adição de sacarose. 
 
Metodologia 
 Material 
o 2 frascos de vidro de  250 mL; 
o 1 pipeta volumétrica de 10 mL; 
o Utensílios para preparo do suco de fruta a escolha do aluno; 
o Liquidificador, espremedor de frutas ou mixer; 
o Peneira; 
o Balão de látex;  
o Barbante; 
o Açúcar (sacarose); 
o Fermento biológico; 
o Água destilada. 
 
 Preparação do inoculo 
o Pré‐aqueçar em um Becker ou outra  vidraria apropriada  (utilizar o microondas)  cerca de 
170  mL  de  água  destilada.  Após  adição  de  30  g  de  fermento  biológico  desidratado, 
complete o volume para 200 mL. (Prepare o inoculo no início da aula, para promover a sua 
ativação enquanto o preparo dos sucos é realizado).  
 
 Preparo do suco de frutas 
o Prepare cerca de 480 mL de suco de frutas de sua escolha e filtre para remover os sólidos. 
(Não se esqueça de anotar a constituição do suco). 
o Adicione 240 mL de suco em um dos frascos, com auxílio de um funil.  
o Adicione 2 colheres de sopa de açúcar no restante do suco, e adicione 240 mL com auxílio 
de um funil no segundo frasco. 
o Adicione 10 mL do  inóculo em cada um dos  frascos, e  identifique‐os  (tratamento,  turma, 
bancada). 
o Prenda com o auxílio de um barbante um balão de  látex vazio no gargalo de cada  frasco 
(Use pelo menos duas voltas do barbante em torno do gargalo, para evitar a perda de gás). 
o Incube  os  frascos  a  temperatura  de  37  oC  até  a  observação  de  aumento  do  volume  do 
balão.  
 
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