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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências Biológicas Departamento de Microbiologia Laboratório de Ensino em Microbiologia MANUAL DO PROFESSOR Utilizando a prática em microbiologia para introduzir conceitos MANUAL DO PROFESSOR Marina Walker; Mariana Dias; Samir Elian; MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Considerações importantes | 2 Considerações importantes para uma boa realização das práticas propostas nesta apostila Caros professor e professora, Muitas vezes é difícil prender a atenção dos alunos apenas com giz e quadro negro. Bem como, muitas vezes é difícil para eles entenderem algo tão pequeno e complexo como microbiologia. É mais fácil falar de animais e plantas, pois eles convivem com isso diariamente, mas quantos já viram uma bactéria? Por isso as aulas práticas são tão importantes. Através das aulas propostas nessa apostila o aluno poderá entender como os microorganismos estão em todos os lugares, como funciona um produto de ação antibiótica e muito mais. Sabemos que nem toda escola possui uma estrutura de laboratório, bem como não tem condições de adquirir equipamentos e vidraria. Sabemos, também, quão importante é para os alunos que a prática ocorra de forma adequada. E isso é possível com um pouco de boa vontade, ainda que com poucos recursos. Por isso listamos aqui alguns procedimentos padrões e sugestões de alternativas para que as práticas possam ser realizadas de uma maneira muito proveitosa. Esperamos que esse material ajude a tornar a microbiologia mais interessante para seus alunos. Portanto, mãos a obra e divirta‐se!! Marina, Mariana e Samir Contato dos autores: Marina Walker marinawff@gmail.com Mariana Dias mariana_odbio@yahoo.com.br Samir Elian elian.samir@gmail.com MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Considerações importantes | 3 Índice Professor, Essa apostila difere da Apostila do Aluno em diversos aspectos. Ela é mais completa, possui as respostas de todas as questões propostas para os alunos, textos adicionais, entre outras coisas. Porém, ela é um apostila prática, sem foco em explicações teóricas. Para embasar suas aulas teóricas, sugerimos os seguintes materiais: • Madigan MT, Martinko JM, Parker J. 2004. Microbiologia de Brock. 10 ed. São Paulo: Prentice Hall. • Pelczar MJ, Chan ECS, Krieg NR. 1996. Microbiologia: conceitos e aplicações. 2.ed. 2v. São Paulo: Makron Books. • Tortora GJ, Funke BR, Case CL. 2005. Microbiologia. 8 ed. Porto Alegre: Artmed. Como a aquisição de tais livros é dificultada pelo preço, uma outra sugestão é o site da professora Cyntia Maria Kiaw, da Universidade de Brasília. Esta professora foi a responsável por traduzir o livro “Microbiologia de Bock” e seu site possui todo o conteúdo de microbiologia de forma sintética e bem aprofundada: http://www.unb.br/ib/cel/microbiologia Lembramos ainda que esses são livros de ensino superior, muito mais completos e complexos do que uma aula para alunos do ensino médio deve ser. Quem são os Microorganismos? Pág 4 • A vida no Laboratório Pág 6 • Meios de Cultura Pág 10 • Prática: Meios de cultura alternativos Pág 10 Eixo temático I: Ubiquidade microbiana Pág 12 • Prática: Onde os micróbios estão escondidos? Pág 12 • Prática: Os microorganismos são transmitidos de uma pessoa para outra? Pág 15 • Outras sugestões Pág 17 • Questões importantes para o professor Pág 18 • Texto complementar I: Microbiota e Probióticos: como as bactérias ajudam na manutenção da nossa saúde Pág 20 • Texto complementar II: A disseminação das infecções Eixo temático II: Controle do crescimento microbiano Pág 23 Pág 25 • Prática: estão os desinfetantes livres de micróbios? Pág 25 • Prática: Ação de desinfetantes sobre superfícies inertes Pág 27 • Informações importantes para o professor Pág 29 Eixo Temático III: Microbiologia aplicada Pág 31 • Prática: Fermentação Pág 32 • Prática: Antagonismo in vitro entre fungos endofíticos e fungos fitopatogenicos Pág 33 • Informações importantes ao professor Pág 36 MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Considerações importantes | 4 Quem são os microorganismos? Microrganismos compõem um vasto e diverso grupo de organismos unicelulares de dimensões reduzidas (microscópicas) que podem ser encontrados como células únicas, cadeias ou massas. Diferentemente dos organismos macroscópicos – animais, plantas – os microrganismos são em geral capazes de realizar seus processos vitais de crescimento, geração de energia e reprodução, sem depender de outras células, sejam estas do mesmo tipo ou de tipos diferentes. Observe o quadro abaixo. Nele estão relacionadas as principais características dos seres vivos e como elas se aplicam aos microrganismos, mostrando que eles também são dotados de vida! Metabolismo – captação de compostos químicos a partir do meio ambiente, sua transformação no interior da célula e eliminação de produtos de excreção no meio. Assim, a célula corresponde a um sistema aberto. Comunicação – As células se comunicam ou interagem primariamente por meio de compostos químicos, liberados ou captados. Diferenciação – Formação de uma nova estrutura celular tal qual um esporo, normalmente como parte do ciclo celular. Reprodução (crescimento) – os compostos químicos captados são transformados em novas células; o processo é dirigido pelas células preexistentes. Movimentação – frequentemente, os organismos vivos são capazes de realizar autopropulsão. Evolução – As células evoluem apresentando novas propriedades biológicas e formando novas espécies. A microbiologia envolve o estudo de organismos procariotos (bactérias, archaeas), alguns eucariotos (algas, protozoários, fungos) e também os vírus. Os microrganismos encontram‐se em praticamente todos os lugares da natureza. São encontrados em sedimentos no fundo do mar, em grandes profundidades. São transportados por correntes aéreas desde a superfície da terra até as camadas superiores da atmosfera. Eles estão na cozinha da sua casa, e até mesmo no seu corpo. Os microrganismos ocorrem mais abundantemente onde puderem encontrar alimentos, umidade e temperatura adequada para seu crescimento e multiplicação. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Considerações importantes | 5 No meio ambiente os microrganismos (fungos e bactérias) apresentam um papel essencial: a decomposição. Decompõem resíduos complexos de plantas e animais, transformando‐os em formas químicas mais simples, que retornam ao solo, contribuindo para sua fertilidade e evitando o acumulo de matéria orgânica. Mas eles não são sempre bonzinhos. Muitos causam contaminações, perda de produção de vegetais, e doenças. Essas doenças podem atacar plantas e animais, e na gente, podem causar desde uma diarréia ou uma carie até uma pneumonia. Alguns vírus estão inclusive relacionados com alguns tipos de câncer! A imagem abaixo mostra algumas das aplicações dos microrganismos, e essas são só algumas, dentre as diversas possibilidades! Veja só! Observe a tabela abaixo, com as características dos dois grupos de microrganismos com os quais trabalharemos nas práticas propostas nesta apostila. Fungos Bactérias Organização nuclear Eucariótico Procariótico Parede celular Quitina Peptideoglicanos Esporos De caráter reprodutivo, sejam assexuais ou sexuais Endósporos (sem fim reprodutivo)Metabolismo Heterotróficos Aeróbios ou anaeróbios facultativos Heterotróficos ou autotróficos Aeróbios, microaerófilos ou anaeróbios (facultativos ou não) MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Considerações importantes | 6 A vida no laboratório: Com essas práticas, seus alunos estarão, provavelmente, entrando em contado pela primeira vez com microrganismos para experiências. Apesar de utilizarmos basicamente microrganismos do meio ambiente, é importante ressaltar que após o crescimento em placa eles estão em grande quantidade, muitas vezes inclusive com grande taxa de formação de esporos. Portanto é importante ressaltar a seus alunos para que eles não abram as placas. Exija o uso de jalecos, sapatos fechados e calças compridas nos dias de prática. Instrua‐os para que retirem o jaleco ao sair da sala. Se possível, divida a turma, para ter maior controle dos alunos. Peça às meninas que prendam o cabelo e retirem brincos e colares longos. Como muitas vezes usamos uma chama para esterilizar a área de trabalho, o risco de queimaduras é alto. Não se esqueça do mais importante: Dê o exemplo!!! MATERIAL PARA USO EM LABORATÓRIO Vidraria: 1‐ Tubo de ensaio: Empregado para fazer reações em pequena escala, principalmente em testes de reação em geral. Usado para guardar soluções salinas, fazer diluição de materiais, entre outros. Deve ser tampado com uma “boneca” (rolha feita com algodão e/ou gaze). Ao utilizá‐lo, flambe a boca em bico de bunsen e mantenha‐o em pé. 2 – Becker: É de uso geral em laboratório. Serve para fazer reações entre soluções, dissolver substâncias sólidas, efetuar reações de precipitação, aquecer líquidos, fazer soluções. Pode ser substituído por vidros de boca larga, do tipo usado para guardar conservas 3‐ Erlenmeyer: Utilizado em aquecimento de líquidos e para dissolver substâncias e proceder reações entre soluções. Serve ainda como recipiente para guardar meios de cultura e outras soluções. Pode ser tampado com uma “boneca” também. Pode ser substituídos por vidros de boca estreita, do tipo usado para sucos 4‐ Estante para tubos de ensaio: Serve para guardar tubos de ensaio, mantendo‐os em pé. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Considerações importantes | 7 5‐ Placa de Petri: Em microbiologia, usado como recipiente para meios de cultura. Possui tampa e deve ser guardado de cabeça para baixo, 6‐ Pipeta volumétrica: Usada para medir e transferir medios volumes de líquidos. Evite aquecê‐la, pois possui grande precisão de medida. 7‐ Pipeta graduada: Utilizada para medir pequenos volumes. Mede volumes variáveis com relativa precisão. Não deve ser aquecida. 8 – Proveta: Serve para medir e transferir volumes de líquidos. Não deve ser aquecida. É o instrumento usado para fazer medições. Use‐a ao invez de beckers e erlenmeyers. 9‐ Bico de Bunsen: É a fonte de aquecimento mais utilizada em laboratório. Pode ser substituída por uma lamparina. CUIDADO: RISCO DE QUIMADURAS! 10‐ Zaragatoa: Usada na coleta de materiais biológicos. Pode ser substituída por cotonete ou algum tipo de palito longo com algodão na ponta, tudo devidamente esterilizado. 11 ‐ Alça metálica (não ilustrada) : usada para fazer inoculações de bactérias. Pode ser feita com um arame fino e firme, com uma extremidade circular e outra com um suporte que não esquente. Todos esses utensílios podem ser substituídos por outros, muitas vezes encontrados facilmente em uma cozinha. Use sua criatividade! EQUIPAMENTOS: Balança de Precisão: Usada para medir de maneira precisa a MASSA de substâncias. Essa balança é tão sensível, que funciona dentro de um “armário” de vidro, para evitar que uma brisa possa alterar sua medição. Autoclave: Nada mais é que uma grande panela de pressão. Com o uso da água a grandes temperaturas e pressão, o vapor de água chega a uma temperatura altíssima, cerca de 120°C. Isso, por meia hora mata os microorganismos, tornando seu material estéril. Dessa forma, seu experimento não é contaminado!! É comum encontrá‐las também em grandes restaurantes e hospitais. MUITO CUIDADO!! Evite ficar próximo da autoclave quando esta estiver em funcionamento. Nunca mexa nela sem a autorização e ajuda de sua MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Considerações importantes | 8 Sempre use materiais esterilizados para fazer práticas de microbiologia. Sempre flambe seu equipamento (quando ele for feito de um material que permita isso, é claro) e evite manter as placas abertas por muito tempo. Quando for inocular algo na placa, faça‐o na proximidade do fogo. Sempre identifique suas placas. Escreva com uma caneta de retroprojetor no fundo da placa, pois as tampas podem ser trocadas. As placas devem ser incubadas de cabeça para baixo. COMO ESTERILIZAR SEM AUTOCLAVE: Essa técnica de esterilização, bem como o meio de cultura a base de caldo de carne são sugestões encontradas no “CD de apoio didático de Amabis e Martho”, da editora moderna. Você vai precisar: Panela de pressão Tela de arame com malhas finas Papel pardo (de embrulho) Barbante Algodão (se possível hidrofóbico) Papel alumínio Separe o material que pretende esterilizar. Todo o material deve estar lavado. Embrulhe‐os em papel pardo e prenda com barbante e/ou fita crepe. Nunca coloque recipientes tampados na autoclave ou panela de pressão. Caso tenha algum liquido que precise ser esterilizado, tampe o frasco com uma rolha feita com o algodão e/ou gaze. Esterilize todo o material que irá entrar em contato com o experimento, para evitar contaminação. Para cultivar bactérias é necessário usar vidros e meios de cultura esterilizados, o que pode ser feito em uma panela de pressão, que funcionará como autoclave. Prepare, com a tela de arame, um estrado de suporte para ser colocado no fundo da panela de pressão, de modo a evitar que os materiais entrem em contato direto com a água fervente, durante a esterilização. Corte um círculo da tela de arame cerca de 10 cm maior que o diâmetro da panela. Dobre as bordas da tela de modo a formar um estrado que encaixe no fundo da panela e tenha cerca de 5 cm de altura. Coloque água na panela até mais ou menos 1 cm abaixo do estrado, e ponha sobre ele o material a ser esterilizado. Feche a panela e coloque‐a no fogo, até liberar vapor pela válvula. Deixe ferver por mais 20 minutos e apague o fogo, deixando esfriar. No mercado especializado podem‐se encontrar placas de Petri de plásticas já esterilizadas, que podem ser usadas novamente, após esterilização. Se usar placas de vidro, sempre as esterilize antes do uso. Se for comprar placas para serem reaproveitadas, dê preferência às de vidro. Apesar de mais caras, elas duram mais, pois não deformam na autoclave, o que acontece aos poucos com as de plástico. Estufa: A temperatura ideal para o crescimento de bactérias é de mais ou menos 37°C. Esse equipamento mantém essa temperatura pelo tempo desejado, fazendo com que esse crescimento seja mais eficiente. Fungos crescem a temperatura ambiente. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Considerações importantes | 9 Os meios de cultura, com ou sem ágar, devem ser colocados em recipientes de boca estreita, não ultrapassando a metade do volume. Tampe os frascos com “rolhas” de algodão bem apertadas no gargalo. Cubra as rolhas de algodão com papel alumínio e coloque os frascos em pé na panela de pressão, neste caso, diretamente em contato com a água. PREPARAÇÃO DE MEIOS DE CULTURA COM CALDO DE CARNE Ágar ou gelatina incolor Carne moída Açúcar (sacarose) Sal de cozinha (NaCl – cloreto de sódio) Água Prepare um caldo de carne misturando 200 gde carne moída com meio litro de água filtrada, deixando de molho até o dia seguinte. Filtre o líquido, espremendo a carne em um pano. Ferva o líquido obtido por 15 minutos e filtre em algodão ou filtro de papel, de modo a obter um caldo claro e transparente (o caldo contém aminoácidos, vitaminas, açúcares e diversas outras substâncias que servirão de alimento para os microorganismos). Adicione, em 100 ml de caldo de carne, 1,5 g de ágar, fervendo a mistura até a dissolução completa. Coloque a solução ainda quente em um frasco de boca estreita, tampe com uma rolha de algodão e esterilize na panela de pressão. Retire o frasco da panela assim que a pressão permitir e, antes que a solução do frasco esfrie, distribua‐a em placas de Petri esterilizadas. Para isso, desembrulhe a placa e levante a tampa sem removê‐ la totalmente, para evitar sua exposição ao ar. Despeje a solução até formar uma camada com cerca de 3 mm de altura. Cubra imediatamente a placa e deixe que esfrie sobre uma superfície plana. O meio que eventualmente sobrar no frasco pode ser guardado na geladeira; se precisar preparar novas placas, derreta o meio em um forno de microondas ou em banho‐maria e reutilize‐o. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo I: Ubiquidade microbiana | 10 Meios de Cultura Como se estuda microbiologia? As bactérias e os fungos são tão pequenos, como podemos enxergá‐los? Para isso, usamos meios de cultura artificiais para cultivar colônias de bactérias ou fungos. Os meios de cultura fornecem os princípios nutritivos indispensáveis ao crescimento dos microorganismos: fontes de carbono e energia como os açúcares, fontes de nitrogênio, fósforo e sais minerais. Outros componentes mais específicos podem ser encontrados em um meio especifico para um determinado organismo (meio seletivo), como por exemplo vitaminas, aminoácidos, etc. Por outro lado, podemos ter num meio agentes/constituintes que inibam o crescimento de determinados microrganismos, sendo estes também considerados meios seletivos. Um meio de cultura pode ser sólido, semi‐sólido ou liquido, quanto à consistência. O que garante a firmeza do meio é uma substancia extraída de algas, chamada ágar‐ágar ou simplesmente ágar. O ágar é muito usado em meios de cultura sólidos para bactérias e fungos, mas não para vírus. Alguns vírus podem, no entanto, ser cultivados em bactérias que por sua vez crescem em ágar. Menos de 1% de todas as bactérias conhecidas podem ser cultivadas neste tipo de meios, mas a formulação básica do meio de cultura com ágar é adequado para a maioria. A mistura de ágar e nutrientes, depois de esterilizada, é vertida enquanto líquida para placas de Petri ou tubos. Por vezes é adicionado um suplemento após a esterilização, como por exemplo, antibióticos (o calor da esterilização destrói determinados suplementos, não permitindo a sua adição anterior). Após solidificação do meio, este encontra‐se apto a albergar o crescimento de microorganismos. Diferentes microorganismos possuem diferentes necessidades nutricionais, por isso o meio de cultura é adaptado para satisfazer essas necessidades. Por exemplo, um tipo de meio é o blood agar (literalmente, ágar de sangue), que possui como suplemento sangue de cavalo, é usado para detectar a presença de organismos hemorrágicos como a Escherichia coli. A detecção é feita através da digestão do sangue, que torna a placa mais clara. Os meios mais usados, e por isso os que serão usados nas nossas práticas são o Ágar simples e o Ágar Sabouraud. Em geral esses dois meios são usados para o crescimento diferenciado de bactérias e fungos. O primeiro, por ter pH mais neutro (7,0) e ser incubado em estufa a 37ªC favoroce o crescimento de bactérias. Enquanto o segundo meio, por ter características mais ácidas (pH ~ 6,0) e ser incubado em temperatura ambiente favorecerá o crescimento de fungos filamentosos. MEIOS DE CULTURA ALTERNATIVOS Objetivo da prática Nessa prática, vamos preparar um meio de cultura alternativo com alimentos do dia‐a‐dia e testar sua viabilidade. Metodologia • Escolha alimentos na sua casa. Pode ser qualquer coisa! Frutas, biscoitos, arroz, balas, pizza, feijoada... Escolha o que quiser! • Selecione alguns desses alimentos, entre os do seu grupo e dos seus colegas e prepare uma mistura com eles. Pese‐os e anote as quantidades de cada. • Triture os alimentos, de forma que se tornem bem líquidos. Filtre‐os. Prepare meio suficiente para preparar duas placas por grupo. • Acrescente ágar à mistura e coloque o meio na autoclave a 121°C por 15 minutos. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo I: Ubiquidade microbiana | 11 • Retirar da autoclave, esfriá‐lo a 50‐70°C e distribuir (cerca de 15 a 20 ml por cada placa) em placas de Petri (15 x 100mm) estéreis.Tampe a placa e espere esfriar. Pronto! Seu meio de cultura está pronto para ser usado! Use essas placas na prática de ubiqüidade. Separe duas placas de cada grupo e, juntamente com uma placa de ágar simples e uma de Sabouraud. AO PROFESSOR: Professor, fizemos testes com diversos meios preparados com alimentos trazidos de casa e todos funcionaram muito bem. Foram utilizados frango, paçoca, massa de pão, frutas... Alguns meios favoreceram o crescimento de fungos, outros de bactérias, mas no geral, houve um crescimento dos dois grupos de microrganismos. Vale a pena, ainda, ressaltar que o uso de gelatina para solidificar o meio não funcionou. Porém, o teste foi feito utilizando‐se apenas a autoclave, sem o uso da esterilização com panela de pressão como sugerido no item anterior. Neste caso, foi utilizado ágar na concentração de 1,5 g para cada 100 mL de meio. Além disso, a massa máxima de alimento utilizado foi de 5% p/v, ou seja, para 100 mL de meio, o máximo de alimento utilizado foi de 5 g. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo I: Ubiquidade microbiana | 12 Eixo temático I: Ubiquidade microbiana Você já parou alguma vez para pensar aonde podemos encontrar os microrganismos? Se pararmos para pensar, veremos que estão espalhados por todos os lugares: em casa, no solo, no ar, na água... Até em nós mesmos encontramos uma enorme quantidade e diversidade de micróbios. Temos 10 vezes mais células bacterianas em nosso corpo do que células humanas!! Os microrganismos ocorrem mais abundantemente onde puderem encontrar alimentos, umidade e temperatura adequada para seu crescimento e multiplicação. E é justamente essa diversidade e a presença geral dos microrganismos que faz com que a vida seja inevitável sem eles. Sejam como PARASITAS, COMENSAIS ou MUTUALISTAS, estes sempre interferem na vida de qualquer outro ser vivo. Eles são tão versáteis que é possível isolá‐los até mesmo de fontes termais, ambientes polares e meios hipersalínicos – nesse caso, esses microrganismos são denominados extremófilos. Como na grande maioria das vezes eles fazem parte do ecossistema, atuam no equilíbrio biológico, por exemplo, como decompositores de matéria orgânica, transformando‐a em formas químicas mais simples, que retornam ao solo, contribuindo para fertilidade deste. Uma vez que estão dispersos na natureza, deve haver uma forma de demonstrar esse fato. Isso é possível devido à possibilidade de criar esses organismos em placas de Petri com meio de cultura adequado. Assim pode‐se fazer um levantamento das espécies e suas funções no ambiente onde vivem. No meio ambiente os microrganismos, fungos e bactérias, apresentam um papel essencial: adecomposição. Eles decompõem resíduos complexos de plantas e animais, transformando‐os em formas químicas mais simples, que retornam ao solo, contribuindo, assim, para fertilidade do solo. AO PROFESSOR: Aqui vamos trabalhar alguns conceitos sobre a ubiqüidade dos microrganismos, ou seja, a capacidade deles de serem encontrados nos mais diversos ambientes, inclusive em nós mesmos. Assim, além dos conceitos básicos que serão inseridos com as “Perguntas de aplicação de novos conhecimentos”, no item “Informações importantes para o professor” estão textos complementares. O primeiro, sobre a microbiota intestinal humana e probióticos reforça‐nos o conceito de ubiqüidade microbiana, além das propriedades benéficas que esses organismos possuem nos protegendo de outros microrganismos que tenham propriedades patogênicas. O segundo texto faz referência à princípios de epidemiologia, como as formas de contaminação de uma pessoa para outra, o que pode ser associado à segunda prática, por exemplo, a partir de uma pergunta como: E se em vez de uma levedura, o microrganismo fosse uma salmonela? Além disso, estão fornecidas nesta parte do manual, a fórmula dos meios Ágar Simples e Sabouraud, bem como suas principais propriedades. ONDE OS MICRÓBIOS ESTÃO ESCONDIDOS? Objetivo da prática Nesta atividade vamos demonstrar a propriedade dos microrganismos de estarem dispersos nos mais variados ambientes, condição que denominamos: “ubiqüidade microbiana”. Metodologia Cada grupo receberá duas placas contendo uma, Ágar Sabouraud (Sb) e outra, Ágar Simples (AS). Caso vocês também tenham preparado um meio alternativo, ele também será fornecido. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo I: Ubiquidade microbiana | 13 Vocês deverão, então, escolher o local onde farão a pesquisa dos microrganismos (fungos e bactérias). Pode ser no banheiro da escola, no jardim, na quadra, na sala de aula... Procure fazer em um lugar diferente dos escolhidos pelos outros grupos. Identifique as suas placas: nome do grupo, data, local escolhido e o tipo de meio de cultura (AS, SB ou meio alternativo) Vocês deverão se dirigir para o local escolhido, onde deverão deixar as placas abertas durante 10 minutos. NÃO ABRAM AS PLACAS ANTES!! Retorne à sala. As placas que contém ágar Simples serão incubadas a 37 °C por 24 horas, e as que contem Ágar Sabouraud serão deixadas em temperatura ambiente por uma semana. Coloque metade das placas com meio alternativo na estufa a 37ªC e a outra metade à temperatura ambiente. Na próxima aula, anote os seus resultados na tabela do próximo item. Resultados ATENÇÃO: Não abra as placas! Para fazer suas observações olhe sempre pelo verso da placa! A figura abaixo mostra uma placa de Petri após incubação. Observe pequenas colônias de aspecto homogêneo – essas são colônias de bactérias. As colônias grandes, de aspecto filamentoso e irregular são as colônias de fungos filamentosos (F). Já as colônias de leveduras são colônias geralmente uniformes, um pouco maiores que as bacterianas e de aspecto opaco. Placas Crescimento Fungos e Leveduras Bactérias Total Ágar Simples (AS) Ágar Sabouraud (Sb) Meios alternativos Como você explica os resultados encontrados? MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo I: Ubiquidade microbiana | 14 ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ Questões para refletir Houve diferença entre os tipos de colônia observados nos diferentes meios? Qual a diferença entre as suas placas e a dos outros grupos? Qual local do colégio tem maior contaminação por fungos? E por bactérias? Você consegue explicar por quê? Essa técnica permite a demonstração de todos os microrganismos presentes nos ambientes estudados? Qual a sua conclusão sobre a prática? Você esperaria encontrar algum microrganismo na atmosfera? Por quê? Se sim, você esperaria que ele estivesse completamente ativo ou com sua capacidade metabólica reduzida? Por quê? Qual o risco que corremos com a utilização de ar condicionado em ambientes movimentados e populosos? AO PROFESSOR: Comentários sobre as “Questões para refletir” o Houve diferença entre os tipos de colônia observados nos diferentes meios pois o ágar simples é um meio que favorece o crescimento de bactérias e o Sabouraud favorece o crescimento de fungos – a composição destes meios está relacionada no item “Informações importantes para o professor”. o Fungos filamentosos têm aspecto filamento, e bactérias e leveduras possuem aspecto cremoso. o Essa técnica não permite a demonstração de todos os microrganismos presentes nos ambientes estudados, pois nem todos os microrganismos encontram no meio de cultura um ambiente favorável para seu desenvolvimento. Além disso, caso tenha sido feito coletas de solo ou água, surge a questão dos microaerófilos e dos anaeróbios restritos, que são impossibilitados de crescer em placas sem que haja condições articiais de ausência de oxigênio. o Encontrar um microrganismo na atmosfera é algo esperado, uma vez que eles são leves os bastante para serem transportados passivamente pelo ar. Porém, eles, nestas condições, estão com sua capacidade metabólica reduzida, pois este seria um ambiente de estresse, sem nutrientes e umidade adequados. o Quanto mais movimentado e populoso é o ambiente, mais rico em microrganismos que podem ser disseminados pela movimentação do ar e pelas correntes aéreas. O ar condicionado faz o papel de manter esses organismos – que podem ser potencialmente patogênicos – em circulação. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo I: Ubiquidade microbiana | 15 OS MICRORGANISMOS SÃO TRANSMITIDOS DE UMA PESSOA PARA OUTRA? Objetivo da prática Observar a transmissão de um microorganismo de uma pessoa para outra através de um simples aperto de mão Metodologia Material o 1 g de fermento biológico (levedura Saccharomyces cerevisiae); o Frasco contendo 10 ml água destilada estéril; o Zaragatoas estéreis; o Placas contendo ágar Sabouraud. o Pipetas de 1 ml estéreis Acrescentar 1 g de fermento biológico em 10 ml de solução salina estéril. Derramar a suspensão de fermento nas mãos do aluno nº 1 (iniciador da cadeia epidemiológica). A seguir, o aluno deverá espalhar homogeneamente a suspensão entre as palmas das mãos. O aluno nº 1 deverá apertar a mão de outro colega (vizinho imediato) e assim sucessivamente até completar uma cadeia epidemiológica composta por no máximo oito componentes (oito "rounds" de apertos de mãos). Após finalizar os apertos de mãos, cada aluno deverá umedecer uma zaragatoa em solução salina estéril, esfregar na palma da mão contaminada e semear em placas contendo Agar Sabouraud em movimentos de zig‐zag, como indicado abaixo. Essa técnica em zig‐zag se chama esgotamento. Identificar as placas com número do aluno na cadeia de transmissão, bancada e turma, e incubá‐las a 25oC ou a temperatura ambiente. Resultados Em quais placas houve formação de colônias de Saccharomyces? Indivíduo 1 2 3 4 5 6 7 8 Colônias MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DOPROFESSOR | Eixo I: Ubiquidade microbiana | 16 Questões para refletir Quais são as características você observou no crescimento dos microrganismos nas placas de 1 a 8? Houve crescimento de levedura até a oitava placa? Se não tiver ocorrido, por que você acha que isso aconteceu? Houve alguma placa em que não houve o crescimento das leveduras, mas na placa seguinte, sim? Como você explicaria isso? Ocorreu o crescimento de outras colônias, que diferem do padrão das leveduras? Em quais placas elas apareceram? De onde vieram essas bactérias? O que isso significa na nossa vida? Quais cuidados devemos ter no nosso dia a dia? AO PROFESSOR: Comentários sobre as “Questões para refletir” o Ao analisar o crescimento das placas de 1 a 8, observa‐se uma diminuição constante do número de bactérias, como se fosse um processo de diluição seriada. o O crescimento pode prosseguir ou não até a oitava placa, isso depende de diversos fatores que vão desde a quantidade de microrganismos presentes no inoculo, até o tamanho da mão dos alunos, a forma como houve a troca de microrganismos e ainda a forma de coleta do material das mãos. o Caso tenha acontecido de não haver crescimento em uma placa, mas nas placas anterior e posterior a ela o crescimento tenha ocorrido, isso pode ter acontecido nas placas finais, onde a quantidade do inoculo já está bastante reduzida, e assim, mais espalhada na mão do aluno. Ao fazer a coleta do material o aluno pode não ter passado o sawb de forma correta, por toda a palma da mão, e assim, não coletado as leveduras. o Ao contrário do que teria ocorrido nas menores diluições (crescimento intenso sem colônias isoladas), na medida em que ocorrem as diluições aparecem a colônias isoladas. Acontece que na palma das mãos existe uma microbiota que é também transmitida para o swab no momento da coleta. Nas primeiras diluições o inóculo de levedura foi tão grande que não foi possível coletar a microbiota das mãos ou se possível, havia uma quantidade muito superior de levedura, que por competição inibiu o crescimento das bactérias. Já nas menores diluições a competição é menor, o que permite o crescimento destes microrganismos. RESPOSTAS DA “APLICAÇÃO DE NOVOS CONCEITOS” 1. “Os microrganismos estão restritos a ambientes com muita disponibilidade de alimento e temperaturas amenas de cerca de 30 °C.” A afirmativa é verdadeira ou falsa? Justifique. Os microrganismos não estão restritos a ambientes com muita disponibilidade de alimento e temperatura de cerca de 30°C. Na verdade, os microrganismos são encontrados nos mais diversos ambientes, desde águas quentes nas proximidades de vulcões a montanhas de neve – esses microrganismos são denominados extremófilos. Além disso, é freqüente que pessoas hospitalizadas e que utilizam cateteres sejam mais propícias às infecções. Isso ocorre devido à formação de biofilmes nesses equipamentos inertes. Biofilmes são formados por um acúmulo de bactérias em meio a uma matriz extracelular. Os microrganismos também podem ser encontrados na atmosfera, mas ali, por falta de nutrientes, encontram‐se vegetativamente. Temperaturas medianas e o excesso de alimento favorecem a diversidade, mas como dito, não são a única condição para a sobrevivência dos microrganismos. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo I: Ubiquidade microbiana | 17 2. Qual palavra melhor descreve a ocorrência dos microrganismos na natureza? A palavra que melhor descreve a ocorrência dos microrganismos na natureza é “ubiqüidade” – ou seja, eles estão presentes nos mais diversos ambientes. 3. Você esperaria conseguir isolar todos os microrganismos presentes em uma quantidade de solo que coubesse em uma colher de chá? Justifique. Não é possível isolar todos os microrganismos presentes em uma colher de chá de solo, uma vez que além da grande quantidade de espécies ali presentes cada uma apresenta uma especificidade metabólica própria. Assim, como não conhecemos todas as espécies ali presentes, não podemos garantir que os diferentes meios e condições fornecidas sejam suficientes para isolar todos os microrganismos ali presentes. 4. Animais possuem em sua superfície um conjunto próprio de microrganismos denominado _________, que atinge números cerca de ______ vezes maiores do que o número de células próprias do organismo. Animais possuem em sua superfície um conjunto próprio de microrganismos denominado MICROBIOTA INDÍGENA (NORMAL, COMENSAL), que atinge números cerca de DEZ vezes maiores do que o número de células próprias do organismo. 5. Como os microrganismos comensais ajudam na proteção do hospedeiro? A microbiota comensal tem basicamente duas funções importantes para saúde do hospedeiro: a resistência à colonização (inibe a multiplicação de microrganismos exógenos no local) e a imunomodulação (permite uma resposta imune mais rápida e adequada durante uma agressão infecciosa). Isso é possível devido a algumas propriedades da microbiota como a resistência à colonização (a primeira linha de defesa contra a invasão por patógenos), a produção de bacteriocinas, peróxido de hidrogênio e ácidos orgânicos, a competição por nutrientes e por sítios de adesão. Outras sugestões Professor, você pode ainda observar com seus alunos o transporte de microrganismos por meio de insetos. Para isso você pode pegar uma formiga e deixá‐la andar pela placa de ágar Sabouraud. Após a incubação, espera‐se que o caminho por onde a formiga andou esteja marcado pela presença principalmente de fungos. Para plaquear solo, pegue 0,2 gramas de solo e coloque em 2 mL de salina. Faça diluições decimais, transferindo 100 μL da solução inicial para outro tubo contendo 900 μL de salina (a concentração neste tubo será de 10‐1). Repita o procedimento sucessivamente, chegando até a diluição 10‐5. Plaqueie 100 μL das soluções 10‐3 e 10‐5 em aguar simples e ou Sabouraud. Após incubação conte quantas colônias cresceram. Para saber quantas colônias haviam na amostra inicial multiplique a quantidade de colônias (UFC) X o fator de diluição (FD) (103 ou 105). UFC x FD = fornecerá a quantidade de colônias por grama/mL, como haviam 2 g em 2 mL, basta multiplicar por 2 o resultado! MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo I: Ubiquidade microbiana | 18 INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA O PROFESSOR MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo I: Ubiquidade microbiana | 19 MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo I: Ubiquidade microbiana | 20 TEXTO COMPLEMENTAR I Microbiota e Probióticos: como as bactérias ajudam na manutenção da nossa saúde Adaptado por S.D.A.Elian, a partir da tese de doutorado defendida por F.S.Martins na Faculdade de Medicina da UFMG em 2008, entitulada “Efeito de dois probióticos, Saccharomyces boulardii e Saccharomyces cerevisiae linhagem UFMG 905, na resposta inflamatória induzida por Salmonella enterica subsp. enterica sorovar. Typhimurium” Os organismos possuem diversas bactérias abrigadas em suas mucosas. Quando vamos nos referir a essa coleção de microrganismos comensais utilizamos o termo microbiota normal ou indígena. O trato gastrintestinal dos mamíferos abriga uma comunidade microbiana que é extremamente densa e diversa, composta por 1014 unidades formadoras de colônias (UFC) e cerca de 300 a 400 espécies. Essa quantidade é tão grande que o número de bactérias é dez vezes maior que o de células do hospedeiro (1013), atingindo cerca de 1,2 Kg. Além disso, possui uma atividade metabólicatão alta como a do fígado. O estabelecimento e a manutenção da microbiota constituem um processo complexo, que pode ser influenciado por vários fatores, como dieta, idade, utilização de antibióticos, utilização de probióticos e prebióticos, ambiente, microbiota materna, via do parto, interações microbianas, interações microrganismo‐hospedeiro, presença de certos genes (ou produtos gênicos ou expressão de certos genes) e receptores, além de sua sucessão ecológica, demanda nutricional e tolerância oral. A microbiota residente consiste em tipos relativamente fixos de microrganismos encontrados com regularidade em determinada área e em determinada idade e que quando perturbada, recompõe‐se prontamente. A microbiota transitória consiste em microrganismos não‐patogênicos ou potencialmente patogênicos que colonizam a pele ou as mucosas somente por horas, dias ou semanas; esta microbiota provém do meio ambiente e não se estabelece de forma permanente na superfície. Em geral, os membros da microbiota transitória são de pouco significado enquanto a microbiota residente normal permanece intacta. Todavia, se a microbiota residente for perturbada, os microrganismos transitórios podem colonizar e proliferar, produzindo doença, se patogênicos. Todos os animais, em condições de saúde, nascem isentos de qualquer microrganismo. A colonização do trato digestório ocorre imediatamente após o nascimento. Inicialmente, quando o espaço e a disponibilidade de nutrientes são abundantes, as bactérias com altas taxas de multiplicação começam a dominar. A partir do momento em que o número bacteriano aumenta, esses dois fatores ‐ disponibilidade de nutrientes e espaço ‐ ficam escassos, os “habitats” ficam ocupados por microrganismos mais especializados e a complexidade da biota aumenta. As primeiras bactérias a colonizarem o trato gastrintestinal são derivadas da microbiota presente no canal do parto. Em geral, quanto mais numerosa é uma população de uma espécie bacteriana, mais estável ela é no seu nicho ecológico. Por isso, e em nível de gêneros, as microbiotas digestórias dominantes e subdominantes permanecem relativamente constantes e estáveis no tempo e de um indivíduo para outro. Ao contrário, a microbiota residual é bastante variável de um indivíduo para outro e flutua consideravelmente ao longo do tempo no mesmo indivíduo. Pelo seu tamanho, a microbiota indígena associada ao trato digestório é, muitas vezes, considerada como um órgão ou organismo atuando na superfície das mucosas do hospedeiro. É basicamente responsável por três funções importantes para saúde do hospedeiro: a resistência à colonização (inibe a multiplicação de microrganismos exógenos no local), a imunomodulação (permite uma resposta imune mais rápida e adequada durante uma agressão infecciosa) e contribuição nutricional (fornece vitaminas e substratos energéticos e reguladores). As bactérias comensais são responsáveis por um grande número de funções bioquímicas e digestivas que vão desde o metabolismo de colesterol à produção de vitamina K. Dentro outros fatores associados à microbiota estão a resistência à colonização (a primeira linha de defesa contra a invasão por patógenos), a produção de bacteriocinas, peróxido de hidrogênio e ácidos orgânicos, a competição por nutrientes e por sítios de adesão. A presença da microbiota também estimula o peristaltismo, o sistema imune e a maturação e renovação das células epiteliais do cólon. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo I: Ubiquidade microbiana | 21 A microbiota do trato digestório é extremamente potente nas suas funções, mas também frágil, podendo ser perturbada. Diversos fatores podem interferir no processo de instalação da microbiota normal em recém‐nascido (parto normal ou cesariana; isolamento em incubadora; amamentação no seio ou por fórmula) ou na sua manutenção em adultos (uso de antimicrobianos; mudanças alimentares drásticas; estresse), provocando, respectivamente, atraso na sua implantação ou falha de suas funções. No caso particular de antibioticoterapia, esses distúrbios dos equilíbrios populacionais e das funções protetoras da microbiota gastrointestinal são provavelmente responsáveis pela ocorrência de 15 a 40% dos episódios de diarréias associadas ao uso de antibióticos (DAA). Além disso, a utilização excessiva e inadequada de antibióticos é também associada com a ocorrência cada vez maior de multirresistência nos microrganismos patogênicos. A microbiota normal possui microrganismos com efeitos benéficos e microrganismos com efeitos deletérios para o hospedeiro. Nos últimos anos, vem aumentando o interesse no uso de microrganismos que exercem os efeitos benéficos com o propósito de beneficiar a saúde do hospedeiro e de prevenir ou tratar doenças. Esses organismos recebem o nome genérico de probióticos e vêm sendo propostos como medicamentos para prevenção e tratamento de um grande número de desordens gastrintestinais. Relatos dos efeitos benéficos das bactérias na alimentação datam desde a versão Persa do Velho Testamento (Gênesis 18:8), que relata que “Abraão atribuiu sua longevidade ao consumo de leite azedo”. Plínio, um historiador romano, em 76 a.C., recomendou o uso de leite fermentado para o tratamento de gastroenterites. O termo probiótico foi criado como um antônimo ao termo antibiótico e, originalmente, foi proposto significando aquele que favorece o crescimento de microrganismos. Mais de 20 anos depois, um pesquisador chamado Fuller definiu probiótico como “um suplemento microbiano vivo que afeta beneficamente o animal hospedeiro graças à melhoria no balanço microbiano intestinal”, embora, hoje, os probióticos já tenham, também, aplicações em outros ecossistemas. Esta definição pode ser estendida ao hospedeiro humano como “microrganismos não‐patogênicos que, quando ingeridos, exercem uma influência positiva na saúde ou fisiologia do hospedeiro” ou, como “uma preparação ou produto contendo microrganismos viáveis, em número suficiente, para alterar a microbiota em um compartimento do hospedeiro ou para exercer efeitos benéficos no hospedeiro”. Esta definição enfatiza que outros compartimentos do corpo podem ser alvos dos probióticos, além do intestino, onde uma alteração da microbiota pode exercer um efeito benéfico. Existem alguns trabalhos mostrando a eficácia dos probióticos nas infecções do trato urogenital, nas infecções causadas pelo Helicobacter pylori , infecções na boca e dentes, infecções do trato respiratório e outras. Atualmente, a definição mais aceita para probióticos é aquela estipulada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que diz que probiótico é “um microrganismo vivo que, quando ingerido em quantidades suficientes, confere um benefício à saúde do hospedeiro”. O conceito de probiótico foi desenvolvido por volta de 1900. O microbiologista russo laureado com o Prêmio Nobel de Medicina (1908), Elie Metchnikoff (1845‐1916), foi o primeiro a sugerir que o uso de bactérias poderia influenciar positivamente a microbiota do trato intestinal e prolongar a vida. Ele atribuiu a longa e saudável vida de camponeses na Bulgária ao consumo de produtos lácteos fermentados (coalhada). Mais tarde se convenceu que o iogurte e os alimentos fermentados continham os microrganismos necessários para proteger o intestino dos efeitos danosos das bactérias nocivas e passou a defender o seu uso. O conceito de probiótico implica que o microrganismo empregado esteja viável, ou tenha condições de ser reativado, para que possa exercer seu efeito benéfico. Esta exigência reduz o número de microrganismosque podem atuar como medicamento, já que o intestino humano apresenta uma microbiota extremamente competitiva, que funciona como uma barreira física e química, conhecida como “barreira intestinal”, possuindo mecanismos poderosos de combate a microrganismos não autóctones. Embora não sejam mencionados números específicos na definição de probióticos, considera‐se que, pelo menos, 109 UFC/dia de microrganismos devam ser ingeridos para chegar ao intestino em níveis iguais aos da microbiota dominante. Os probióticos têm sido referidos, também, como agentes bioterapêuticos e alimentos funcionais; porém, alguns autores preferem se referir a eles com termos distintos, definindo probióticos como “um suplemento microbiano vivo, que afeta beneficamente o animal hospedeiro graças à melhoria no balanço microbiano intestinal”, e alimentos funcionais como “agentes (vivos ou não) que possuem outras funções MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo I: Ubiquidade microbiana | 22 além de seu papel nutricional”, e reservam o termo “agentes bioterapêuticos” para “microrganismos vivos que possuem eficácia comprovada na prevenção ou tratamento de alguma doença pela interação com a microecologia natural do hospedeiro”. Além dos probióticos, também são estudados os prebióticos e os simbióticos. Os prebióticos são ingredientes alimentares não‐digeríveis, que promovem a saúde do hospedeiro ao estimular a multiplicação ou a ação de uma espécie bacteriana benéfica ‐ ou um grupo delas ‐ no trato digestivo. A lactulose, os frutooligossacarídeos (FOS) e a inulina são os prebióticos mais estudados e comercializados. O primeiro aumenta a atividade lactofermentativa de populações de Lactobacillus, e os FOS estimulam o crescimento de Bifidobacterium. É interessante salientar que o desenvolvimento dos prebióticos veio da descoberta dos fatores “bifidus”, grupo de oligossacarídeos presentes em maior quantidade no leite humano e que favorecem a multiplicação de bifidobactérias de recém‐nascidos amamentados no seio. Alimentos como alcachofra, cebola, banana, aspargo e chicória contêm, naturalmente, componentes com propriedades prebióticas. Já os simbióticos são combinações de probióticos e prebióticos. Entre os probióticos mais estudados, tanto experimentalmente quanto clinicamente, estão as bactérias e as leveduras. Alguns já são comercializados sob a forma de suplemento alimentar ou preparações farmacêuticas, contendo um ou vários microrganismos. Entre os principais probióticos estão as bactérias do ácido láctico (BAL), que incluem os lactobacilos, os enterococos, dentre outros. Além das BAL, temos também as bifidobactérias, Escherichia coli (EMO e Nissle) e as leveduras Saccharomyces boulardii e S. cerevisiae. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo I: Ubiquidade microbiana | 23 TEXTO COMPLEMENTAR II A disseminação das infecções Adaptado de Tortora GJ, Funke BR, Case CL. 2005. Microbiologia. 8 ed. Porto Alegre: Artmed. Para que uma doença se dissemine por uma população dois fatores são muito importantes: o primeiro é a existência de uma fonte contínua de organismos da doença – o que podemos denominar reservatórios de infecção; o segundo é a capacidade de transmissão dos agentes etiológicos do reservatório de infecção para um hospedeiro. RESERVATÓRIOS DE INFECÇÃO Um reservatório de infecção pode ser um organismo vivo ou mesmo um objeto inanimado, mas deve garantir ao patógeno condições de sobrevivência e multiplicação, além de oportunidade de se transmitir. Esses reservatórios podem ser humanos, animais ou inanimados. Reservatórios humanos O corpo humano é o principal reservatório vivo de doenças humanas. Muitas pessoas possuem abrigam patógenos e os transmitem direta ou indiretamente a outros indivíduos. Em alguns casos, algumas podem abrigar microrganismos patogênicos e transmiti‐los a outras pessoas sem exibir qualquer sinal de doença, são os chamados indivíduos portadores. Isso pode ocorrer por dois principais motivos: 1) O hospedeiro tem infecções inaparentes – sinais ou sintomas nunca são exibidos; 2) O portador está com uma doença em fase de latência, durante o período de incubação (antes do surgimento de sintomas) ou no período de convalescença (recuparação). Exemplos clássicos de doenças disseminadas por portadores são: AIDS (HIV), febre tifóide (um tipo de Salmonella); hepatite (vírus) e disenteria amebiana (Entamoeba). Reservatórios animais Diversos animais domésticos ou selvagem são reservatórios de microrganismo de doenças que podem ser transmitidas também para humanos, as chamadas zoonoses. Um exemplo clássico dede zoonose é a raiva (causada por um vírus). A transmissão das zoonoses aos humanos por contato direto com animais infectados; por contado com detritos de animais domésticos (limpeza de gaiolas ou caixa de areia); pelo consumo de produtos animais contaminados ou por insetos vetores. Reservatórios inanimados Os principais reservatórios inanimados são o solo e a água. O solo abriga principalmente fungos causadores de micoses; as bactérias que causam o botulismo e o tétano. A água contaminada, principalmente por fezes, é fonte de diversos microrganismos relacionados a infecções gastrintestinais como as bactérias do cólera e da febre tifóide. Alimentos armazenados ou preparados inadequadamente também são fontes de doenças como a salmonelose. TRANSMISSÃO DE DOENÇAS A transmissão de doenças pode ocorrer por três vias principais: contato, veículo ou vetor. A transmissão por cantato, por sua vez pode ocorrer de três formas. 1) Transmissão por contato direto (de pessoa para pessoa), na qual ocorre a passagem do microrganismo da fonte para um novo hospedeiro, sem o envolvimento de qualquer objeto intermediário. As formas mais comuns deste tipo de transmissão são: toque, beijo, relações sexuais. E as doenças transmitidas por contato direto podem ser: resfriado comum, influenza, hepatite A, sarampo, DSTs. Zooneses como a raiva e o antraz também são transmitidas por contato direto. A utilização de luvas, máscaras e outros equipamentos pelo profissionais da saúde é feita com o objetivo de proteger contra esse tipo de infecção, principalmente. 2) Na transmissão por contato indireto há a participação de um ojeto inanimado (fômite) como intermediário, como toalhas, roupas de cama, copos, brinquedos, dinheiro e termômetros. Exemplos de doenças são: AIDS, tétano e hepatite B. 3) Na transmissão por gotículas os micróbios são transmitidos no interior de gotículas (gotas de muco) que percorrem distancia curtas, ao serem liberadas no ar durante tosses, espirros, risadas ou pela conversa. Exemplos de doenças são> influenza, pneumonia e a coqueluxe. A transmissão por veículos envolve um meio como a água, os alimentos ou o ar, além do sangue e os líquidos corporais, drogas e os fluidos intravenosos. Nesses casos a água está contaminada, geralmente, por esgoto não tratado ou tratado de forma inadequada, e pode transmitir o cólera e a leptospirose. Na transmissão por alimentos, eles estão mal cozidos, mal refrigerados ou preparados em condições não‐ MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo I: Ubiquidade microbiana | 24 higiênicas, sendo fonte de intoxicações alimentares ou teníase. As doenças transmitidas pelo ar por núcleos de gotículas no pó, que são capazes de percorrer distâncias maiores do que um metro. Exemplos de microrganismos são o vírus do sarampo,bactéria da tuberculose, além de esporos de fungos. Na transmissão por vetores estão envolvidos principalmente os artrópodes. Estes transmitem as doenças de forma mecânica (nas patas ou outras partes do corpo) ao entrar em contato com o alimento de um hospeidero, como as moscas domesticas o faz, podendo causar doenças como a febre tifóide ou disenteria bacilar; ou fazem a transmissão biológica, no qual o vetor pica um indivíduo infectado, ingerindo assim também o microrganismo, que irá multiplica‐se no vetor e ser transmitido para um novo hospedeiro através das fezes ou vômito do vetor ou mesmo durante o momento da picada, se o microrganismo estiver alojado nas glândulas salivares do vetor. Geralmente estão envolvidas doenças causadas por protozoários ou vermes. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo II: Controle microbiano | 25 Eixo temático II: Controle do crescimento microbiano Como vimos na prática anterior (“Onde os micróbios estão escondidos?), os microrganismos estão presentes nos mais diversos locais. Se eles se reproduzissem aleatoriamente, em pouco tempo dominariam a Terra de tal forma que a vida seria inviável. No meio ambiente podemos contar com diversos mecanismos ecológicos que controlam as populações microbianas: desde disponibilidade de alimento à predação. Porém, no nosso dia a dia precisamos controlar os microrganismos, inclusive para manter a higiene. E onde fazemos isto? Ao tomarmos banho, ao lavarmos as vasilhas na cozinha, ao escovarmos os dentes, ao passarmos pano no chão. E como isso é possível? Observe com atenção como praticamos essas ações: utilizamos sabão, pasta de dentes, detergentes, desinfetantes. Veja como em todas as situações descritas nós usamos alguma substância que tenha ação antimicrobiana. Mas isso significa que todos os microrganismos morrem? Existem substâncias que apenas reduzem a quantidade de microrganismos, outras deixam apenas os esporos, algumas ainda são capazes de eliminar completamente toda a forma de vida microbiana. Mas não são apenas por meio de substâncias – o chamado controle químico – que os micróbios são eliminados. Existem ainda os métodos físicos, que incluem o calor e a desidratação, por exemplo. Outro ponto que surge quando chegamos a este tópico é o uso de antibióticos. Estes nada mais são do que métodos de controle químico extremamente potentes e que são utilizados no tratamento de doenças específicas. Um problema muito comum nos dias de hoje é a emergência de microrganismos resistentes a antibióticos. Isso está ocorrendo porque o uso inconsciente destes quimioterápicos seleciona bactérias resistes, e estas acabam disseminando‐se. Como esse é um processo cíclico, as bactérias acabam por tolerar concentrações cada vez mais altas de medicamento. Outro problema disso é a capacidade de transmissão de genes de uma espécie para outra, e com isso, ocorre a transmissão horizontal da resistência microbiana. Dentre as bactérias que vêm ganhando grande destaque estão os chamados MRSA (Staphylococcus aureus meticilina‐resistente) e VRE (Enterococcus faecalis vancomicina‐resistente). Nunca tome antibióticos sem consultar um médico. Cada tipo de antibiótico ataca um tipo de bactéria, e somente um profissional pode reconhecer o AGENTE CAUSADOR da doença e indicar o melhor tratamento. Uma vez receitado, tome o remédio assim como indicado pelo médico e no caso de antibióticos, continue o tratamento mesmo desaparecendo os sintomas. AO PROFESSOR: Professor, como foi dito na introdução da apostila, este eixo é de relevante importância. Por isso, introduza em sala de aula conceitos como: esterilização, agentes “–cida” e “–stático”, pasteurização. Esses conceitos estão listados ao final deste manual, em “Informações importantes para o professor” e podem ser introduzidos com o auxílio da seção “Aplicação de novos conhecimentos”. Aproveite e explique para os alunos que os materiais utilizados em aula prática devem estar estéreis, e os mecanismos que você utiliza para esterilizar esses materiais. Lembre‐se de reforçar aos alunos a importância de se consultar um médico antes de tomar antibióticos. Mais informações sobre resistência bacteriana também podem ser encontradas nas “Informações importantes para o professor” ESTÃO OS DESINFETANTES LIVRES DE MICRÓBIOS? Objetivo da prática Nesta atividade vamos controlar a qualidade microbiológica de desinfetantes. Ou, em outras palavras: existem microrganismos vivendo nesses produtos? Isso é o que podemos chamar de “Controlar o controlador”. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo II: Controle microbiano | 26 Metodologia Material o Alça metálica; o 1 placa de Agar simples; o 1 placa de Agar Sabouraud; o Desinfetante ou produto de ação antimicrobiana de escolha do aluno (procure manter o produto em sua embalagem original). Com o auxílio de uma alça metálica esterilizada ao rubro (coloque‐a na parte azul da chama e espere até que ela fique vermelha. Espere ela esfriar próximo a chama antes de coletar sua amostra) ou um swab estéril, colete uma amostra do desinfetante. Espalhe na superfície das placas contendo ágar simples (AS) ou ágar Sabouraud (Sb), fazendo movimentos de zig‐zag (veja na figura abaixo como fazer). Esta técnica é denominada “semeadura por esgotamento” e objetiva a obtenção de colônias isoladas. Incube as placas: ágar simples (AS) a 37 °C e ágar Sabouraud (Sb) em temperatura ambiente. Resultados Placas Crescimento Fungos e Leveduras Bactérias Total Ágar Simples (AS) Ágar Sabouraud (Sb) Questões para refletir Houve crescimento de microrganismos? Caso SIM, observe se o crescimento ocorreu na linha da semeadura ou fora da linha. Agora discuta: o que significaria cada uma dessas duas situações? Os desinfetantes dos quais foram isoladas colônias estavam em seus frascos originais? Como você relaciona esse fato ao resultado encontrado? Comentários sobre as “Questões para refletir” o Caso tenha havido crescimento microbiano e o crescimento tenha ocorrido na linha de semeadura, isso indica que a colônia é proveniente da amostra, ou seja: o desinfetante estava contaminado. Caso o crescimento fosse fora da linha de semeadura, isso indica contaminação da placa durante o manuseio. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo II: Controle microbiano | 27 o Essa questão é bastante delicada. Inicialmente, vamos considerar que o aluno trocou o frasco de desinfetante, com isso o crescimento pode ter decorrido da contaminação deste novo frasco. Por outro lado, se o desinfetante está em seu frasco original, deve‐se considerar ainda algumas questões como: tempo que o frasco está aberto, local e outras condições de armazenamento e, inclusive, o manuseio do aluno. Lembre‐se que os resultados obtidos aqui não foram obtidos sob condições ideais para esse tipo de teste. Logo, não há motivo para que os alunos se desesperem achando que o desinfetante é ruim. O crescimento ainda pode ter sido ocasionado por resistência microbiana – esse assunto é discutido no tópico “Informações importantes para o professor”. AÇÃO DE DESINFETANTES SOBRE SUPERFICIES INERTES Objetivo da prática Nesta atividade vamos visualizar como os desinfetantes atuam em superfícies, comparando as populações microbianas antes e após a utilização destes agentes controladores do crescimento microbiano. Metodologia Material o Zaragatoas estéreis; o 1 placa de Agar simples; o 1 placa deAgar Sabouraud; o Desinfetante de escolha do aluno. Procure escolher um desinfetante diferente dos escolhidos pelos seus colegas o Gabaritos. Divida as placas em dois semicírculos, identificando‐as (área suja, área desinfetada), bancada e turma. Escolha uma superfície e passar a zaragatoa estéril em uma pequena extensão deste local delimitada por um gabarito, com o objetivo de colher material. Escolha um local onde você acha que existem muitos microorganismos. Repicar por esgotamento o material colhido com a zaragatoa em um dos semicírculos das duas placas. Tratar a mesma área com o desinfetante escolhido, utilizando outra zaragatoa embebida no desinfetante. Esperar secar, colher material do local desinfetado com uma terceira zaragatoa e repicar por esgotamento no outro semicírculo (identificado como desinfetado) das duas placas. A seguir, incube as placas de Agar simples a 37oC e as de Agar Sabouraud a temperatura ambiente. Resultados Placas Crescimento Fungos e Leveduras Bactérias Total Ágar Simples (AS) Ágar Sabouraud (Sb) Meio alternativo MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo II: Controle microbiano | 28 Questões para refletir O local onde você coletou o material estava livre de bactérias? Você associaria a quantidade e a diversidade de microorganismos com o local? Por quê? Como foi a ação do desinfetante? Você acha preocupante o aparecimento desses micróbios? Qual o melhor desinfetante entre os testados? Comentários sobre as “Questões para refletir” 1‐ Os locais onde as coletas foram feitas não estão livres de microorganismos, já que eles estão presentes em todos os ambientes, como água, ar, solo, fontes termais, etc (ubiqüidade). Pode‐se associar a diversidade e quantidade de microorganismos com o local e as características desse (ensolação, umidade, luminosidade, etc.) 2‐ A ação dos desinfetantes é muito variável, mas espera‐se que ele diminua a quantidade e diversidade de microorganismos. O aparecimento de algumas colônias não é preocupante, pois o desinfetante não tem o objetivo de esterilizar o local, que é aberto e está em constante exposição a novas contaminações. Além disso, o próprio desinfetante pode estar contaminado, como pode ter sido observado na pratica anterior. É importante ainda ressaltar que os desinfetantes usados foram de uso caseiro, e não os usados em Hospitais, por exemplo. RESPOSTAS DA “APLICAÇÃO DE NOVOS CONCEITOS” 1. Em microbiologia o conceito de morte é baseado em apenas um critério: a CAPACIDADE DE SE REPRODUZIR. Para os organismos superiores utiliza‐se diversos outros critérios como: ausência de respiração, batimentos cardíacos, pressão sanguínea; e principalmente o não funcionamento cerebral. 2. ESTERILIZAÇÃO é um processo que matada todas as formas de vida microbiana. 3. Uma substância que é usualmente aplicada no corpo humano e se opõe à sépsis, isto é, que destrói microrganismos ou inibe seu crescimento, é chamada de ANTI‐SÉPTICO. 4. O conceito de esterilização é um conceito absoluto, ou seja, ou o objeto está estéril ou não está. Logo NÃO pode‐se dizer que o objeto é meio estéril. Isso ocorre pois esterilização é definida como a ausência total de qualquer forma microbiana viva. 5. A pasteurização foi um processo criado por Louis Pasteur em 1860. A Pasteurização não é sinônimo de esterilização uma vez que nem todos os microrganismos são mortos. A pasteurização rápida do leite, por exemplo, ocorre da seguinte maneira: O leite tem sua temperatura elevada a 71°C por 15 segundos, em seguida é resfriado rapidamente. Já a pasteurização lenta os processos de aquecimento e resfriamento são lentos, o que promove maiores alterações no aspecto do leite. 6. O termo que mais se aproxima do termo “microbicida” é d) GERMICIDA 7. Em geral, um agente químico possui um AMPLO espectro de atividade. 8. Observe os desenhos abaixo: MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo II: Controle microbiano | 29 9. Os principais tipos de antibiótico bem como seus sítios alvos estão citados no item “Informações importantes para o professor”. INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA O PROFESSOR FORMAS FÍSICAS DE CONTROLE DO CRESCIMENTO MICROBIANO CALOR = processo físico de uso amplo e altamente eficaz. Pode ser utilizado de duas formas distintas: calor seco ou calor úmido; e possui apenas duas variáveis a serem controladas: tempo e temperatura. A morte se dá pela oxidação de constituintes celulares e desnaturação de proteínas e ácidos nucléicos. Como o ar é um condutor de calor pior do que a água, o calor úmido (autoclave, ebulição, pasteurização) é mais eficaz do que o calor seco (incineração, ao rubro, flambagem, esterilização em estufa). FILTRAÇÃO = Utilizado nas esterilização de materiais que são alterados pelo calor. São utilizados filtros especiais com poros de 0,2 μm que removem os microrganismos (exceto os vírus) de líquidos e gases. RADIAÇÃO = A forma mais comum de radiação utilizada é a ultravioleta (260 nm) pois é bastante letal; apesar disso, ela exibe baixa penetrabilidade (não atravessando vidros, filmes sujos e outros materiais) sendo útil na eliminação de microrganismos presentes em superfícies. A radiação UV atua na molécula de DNA formando dímeros de pirimidina (timinas adjacentes são unidas, alterando a conformação normal da molécula de DNA). Existem ainda as radiações ionizantes, como a radiação gama e os raios X. Estas produzem a ionização de átomos (perda de elétrons), gerando radicais livres extremamente reativos. Estes radicais podem destruir inclusive ligações duplas e pontes de hidrogênio. As radiações ionizantes tem sido utilizadas em produtos como plásticos – que são sensíveis à temperatura – e em alimentos, onde atuam também na inativação de enzimas, permitindo maior durabilidade d vegetal. OUTROS AGENTES FÍSICOS = A utilização de baixas temperaturas é um método bastante difundido na conservação de alimentos, isso é possível pois os microrganismos patogênicos para o homem, geralmente possuem temperatura ótima de metabolismo na faixa dos 37°C. Assim, ao abaixar a temperatura ambiente (por exemplo, com auxilio da geladeira) há a diminuição do metabolismo, ou até mesmo sua interrupção. Outra forma muito difundida é a pressão osmótica. O exemplo são os doces tipo compota ou cristalizados onde a concentração de açúcar é tão grande que impede a MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | Eixo II: Controle microbiano | 30 viabilidade do crescimento microbiano. O mesmo resultado pode ser observado se a conserva possuir altos teores de sal. CONTROLE DE MICRORGANISMOS POR AGENTES QUÍMICOS Conceitos importantes Esterilização: Processo que leva à destruição ou remoção de todas as formas de vida de um objeto. Desinfecção: Processo que promove a inibição, morte ou remoção de microrganismos, ainda que não elimine todas as formas de vida. Anti‐séptico: Produto que evita a infecção em tecidos, seja inibindo ou matando os microrganismos. Como são aplicados em tecidos vivos, os antisépticos são, geralmente, menos tóxicos que os desinfetantes (agentes aplicadas em materiais inanimados). Agente “cida”: Qualquer agente que promova a morte de microrganismos, mas não endósporos. Pode ser bactericida, fungicida, algicida... Agente “stático”: Qualquer agente que promova a inibição do crescimento e que, quando retirado, permite que o microrganismo volte a crescer. Pode ser bacteriostático, fungistático. Fatores que afetam a ação dos agentes microbianosQuanto maior a população microbiana, maior o tempo necessário para sua utilização. O tipo da população microbiana interfere no controle do crescimento se houver a formação de biofilmes ou endósporos. Geralmente, quanto maior a concentração do agente, maior a eficácia. O álcool é uma exceção. O tempo de exposição do microrganismo ao agente é diretamente proporcional à eficácia do produto. A recomendação da Organização Mundial para a Saúde (OMS) indica o tempo mínimo de exposição de 30 minutos. Condições do ambiente tais como pH, presença de matéria orgânica e consistência do material podem interferir aumentando ou diminuindo a eficácia dos agentes. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | EIXO III: Microbiologia aplicada | 31 Eixo temático III: Microbiologia aplicada Qual a importância dos microrganismos? Eles existem apenas para nos causar doenças? A microbiologia estuda a diversidade e a evolução dos microrganismos. Além disso, estuda qual a função deles no mundo e como eles se relacionam com o corpo humano, animais e plantas. Se os microorganismos interagem com todas as formas de vida, é de fundamental importância o estudo da microbiologia. Como ciência aplicada, a microbiologia se depara com problemas na saúde humana (doenças por exemplo), agricultura e indústria. Mas, os microrganismos também podem contribuir com características positivas. Vocês já devem ter ouvido falar que microrganismos ajudam na produção de queijos, iogurtes, pães, bebidas e até na produção de antibióticos! Além disso, sem os microrganismos a maior parte do oxigênio (O2) da terra não teria sido produzido, os nutrientes, como carbono, não teriam sido reciclados e muitas plantas não conseguiriam absorver sais e nutrientes. A fermentação é em exemplo aplicado da utilidade econômica dos microrganismos. Através dela, eles obtêm a energia necessária para sua sobrevivência e ainda produzem substâncias (gases, ácidos e álcool) usadas pelos humanos. Esse processo consiste na quebra de moléculas orgânicas (glicose, por exemplo) por meio de enzimas, com produção de compostos mais simples e energia. Dependendo do microrganismo presente, a fermentação pode ser de três jeitos: 1‐ Fermentação alcoólica, produzindo CO2 e álcool, muito usados na produção de pão e produção de bebidas alcoólicas, respectivamente; 2‐ Fermentação acética, produzindo o ácido acético e sendo usado na produção do vinagre e 3‐ Fermentação lática, gerando o ácido lático. Esse tipo de processo é largamente usado para a produção dos queijos e iogurtes. Além disso, um outro processo muito importante é a associação dos microrganismos com as plantas. Vocês devem ter ouvido falar que nas raízes do feijão (leguminosas) há uma grande quantidade de nódulos. Esses nódulos são formados pelas bactérias Rhizobium juntamente com as raízes. Com essa simbiose bactéria‐planta, as plantas obtêm o nitrogênio necessário para a produção de proteínas e ácidos nucléicos, já que Rhizobium reduz o N2 atmosférico a NH3 (nitrogênio capaz de ser usado pelas plantas). Em troca, as plantas fornecem nutrientes para essas bactérias. Ainda dentro dos exemplos de associações estão as micorrizas. Nesse caso, a relação se dá entre os fungos e a maioria das Gimnospermas e Angiospermas. Os fungos, ao se infiltrarem nas raízes dessas plantas, favorecem a absorção de água, sais, fosfatos e carbonatos pelos vegetais. Em troca, eles recebem compostos orgânicos (em geral sacarose) dessas plantas. Apesar de minúsculos, os microrganismos também são capazes de competir e realizar controle biológico. Dessa forma, um agente fitopatógeno, por exemplo, (causador de doença em plantas) teria seu efeito atenuado em presença de outro organismo. Ou seja, ao interferir nos processos vitais de outro microrganismo, ele estaria atuando como antagonista. Nessa prática iremos ver como os fungos endofíticos (colonizadores de partes vegetativas das plantas, causando infecção assintomática) interferem no desenvolvimento e crescimento de fungos patogênicos de plantas. AO PROFESSOR: Professor, agora nessa etapa é preciso falar de como a microbiologia é empregada no cotidiano. É importante ressaltar também, que deve‐se utilizar exemplos que estão dentro do contexto sócio‐cultural dos alunos! Primeiramente, fale das doenças provocadas pelos microrganismos (Dengue, AIDS, tuberculose, micoses etc). Depois já introduza a idéia que esses organismos também possuem importantes ações no meio ambiente e que eles podem até nos beneficiar. Fale da importância deles na indústria, em que há o proveito dos produtos metabólicos da fermentação para a obtenção de pães, queijo, iogurte e até mesmo de antibióticos como penicilina. Trabalhe o conceito de fermentação, para o que ela serve e quais são seus tipos (estarão mais detalhadas nas “Respostas da aplicação de novos conceitos”. Discuta também a importância da associação mutualística microrganismo‐planta. Enfatize a idéia de que muitas plantas dependem inteiramente dessas associações para sua própria sobrevivência. Explique o que são os nódulos nas raízes das leguminosas, para o que eles servem e qual a importância das bactérias MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | EIXO III: Microbiologia aplicada | 32 do gênero Rhizobium no ciclo do nitrogênio. Agora explique o que são as micorrizas e qual a importância delas (maiores detalhes nas sessões “Respostas da aplicação de novos conceitos” e “Informações úteis para o professor”). Por fim, introduza o conceito de antagonismo e controle biológico. Fale dessas relações entre os microrganismos e como que um pode interferir na sobrevivência do outro. Explique o que é um fungo fitopatogênico e um fungo endofítico. Depois estabeleça o tipo de interação entre esses organismos que possuem o mesmo nicho ecológico (maiores detalhes nas sessões “Respostas da aplicação de novos conceitos” “Informações úteis para o professor”) FERMENTAÇÃO Objetivo da prática Demonstrar a ocorrência de fermentação em suco de frutas por leveduras e comparar o rendimento da fermentação (liberação de CO2) no suco com e sem adição de sacarose. Metodologia Material o 2 frascos de vidro de 250 mL; o 1 pipeta volumétrica de 10 mL; o Utensílios para preparo do suco de fruta a escolha do aluno; o Liquidificador, espremedor de frutas ou mixer; o Peneira; o Balão de látex; o Barbante; o Açúcar (sacarose); o Fermento biológico; o Água destilada. Preparação do inoculo o Pré‐aqueçar em um Becker ou outra vidraria apropriada (utilizar o microondas) cerca de 170 mL de água destilada. Após adição de 30 g de fermento biológico desidratado, complete o volume para 200 mL. (Prepare o inoculo no início da aula, para promover a sua ativação enquanto o preparo dos sucos é realizado). Preparo do suco de frutas o Prepare cerca de 480 mL de suco de frutas de sua escolha e filtre para remover os sólidos. (Não se esqueça de anotar a constituição do suco). o Adicione 240 mL de suco em um dos frascos, com auxílio de um funil. o Adicione 2 colheres de sopa de açúcar no restante do suco, e adicione 240 mL com auxílio de um funil no segundo frasco. o Adicione 10 mL do inóculo em cada um dos frascos, e identifique‐os (tratamento, turma, bancada). o Prenda com o auxílio de um barbante um balão de látex vazio no gargalo de cada frasco (Use pelo menos duas voltas do barbante em torno do gargalo, para evitar a perda de gás). o Incube os frascos a temperatura de 37 oC até a observação de aumento do volume do balão. MICROBIOLOGIA NA SALA DE AULA | MANUAL DO PROFESSOR | EIXO
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