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FISIOPATOLOGIA DA ESQUIZOFRENIA

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FISIOPATOLOGIA DA ESQUIZOFRENIA 
Como já vimos anteriormente, as experiências e características genéticas que herdamos são responsáveis 
pelo que somos; tudo que aprendemos e vivenciamos cria armazenamentos de memória e confere a cada 
pessoa padrões únicos de conexões neuronais; porém, em algumas situações esses padrões conectivos 
funcionam de maneira errada, como é o caso da esquizofrenia (SILVERTHORN, 2017). 
As hipóteses do porquê ela acontece são diversas, mas acredita-se que suas causas estejam relacionadas 
com a interação de inúmeros fatores genéticos e ambientais, a principal teoria considerada é a do 
funcionamento anormal de neurotransmissores, em especial o sistema dopaminérgico. Outros sistemas de 
neurotransmissores começaram a ser considerados à medida que estudos foram feitos, sendo os sistemas 
serotonérgico e glutamatérgico também associados as alterações relacionadas a esquizofrenia (AGUIAR et 
al, 2010). 
A hipótese dopaminérgica baseia-se no fato de que alterações nos níveis de dopamina seriam responsáveis 
pela principal sintomatologia observada na esquizofrenia; acredita-se que uma hipofunção de dopamina no 
córtex pré-frontal seria responsável pelos sintomas negativos em um primeiro momento; esse fato geraria 
uma hiperfunção dopaminérgica secundaria, causando os sintomas positivos. Essa teoria é fundamentada 
pelo fato de que medicações antipsicóticas que bloqueiam os receptores pós-sinápticos da dopamina D2 
geraria uma melhora da sintomatologia (PITTA, 2013). 
Porém, a partir da observação dos eventos, constatou-se que apenas a teoria dopaminérgica isolada não 
poderia explicar todos os eventos recorrentes na patologia, como por exemplo, o inicio dos sintomas no 
período da adolescência, ou a existência de alterações de estruturas cerebrais; nesse sentido surgiram 
outras teorias complementares a da dopamina que pudessem explicar efetivamente todos os aspectos da 
doença (ARARIPE NETO; BRESSAN; BUSATTO, 2007). 
A hipótese de relação com o neurotransmissor serotonina ficou evidente quando os antipsicóticos de 
segunda geração foram criados; essas medicações além de causarem o bloqueio de receptores de 
dopamina, consequentemente bloqueavam receptores de serotonina do tipo 2 (5-HT2), esse fato sugeria a 
possibilidade de participação desse neurotransmissor na fisiopatologia da esquizofrenia (PITTA, 2013). 
Já na teoria glutamatérgica, acredita-se que quantidades excessivas desse neurotransmissor tenham um 
efeito neurotóxico para o organismo; além disso, estudo identificaram que alterações na densidade de 
receptores grutamatérgicos causavam uma ativação diminuída de regiões como o córtex pré-frontal, 
tálamo e lobo temporal. Outro conceito importante é de que o glutamato tem papel fundamental na migração 
neuronal por meio de diversos subtipos de receptores glutamatérgicos, porém caso sua expressão seja 
alterada por fatores ambientais durante o desenvolvimento cerebral cria-se uma disfunção do glutamato, 
que pode estar associada a fatores de risco genéticos para o desenvolvimento de esquizofrenia (GOFF; COYLE, 
2001). 
Alterações anatômicas no encéfalo são associadas a ação do neurotransmissor adenosina, pois seu aumento 
nas fases iniciais do desenvolvimento cerebral pode causar alterações difusas da substancia cinzenta e 
branca, alargamentos ventriculares e redução do volume axonal. Intercorrências obstétricas são 
comumente associadas a essas alterações anatômicas, já que eventos como hipóxia, convulsões, infecções 
e traumas aumentam significativamente os níveis de adenosina. Outro fator que também passou a ser 
discutido é a hipótese neurodesenvolvimental; ações como a proliferação neuronal, proliferação das células 
da glia, diferenciação morfológica e a migração celular são todas questões influenciadas pela carga 
genética de cada indivíduo, porém também podem ser influenciadas e moduladas por fatores ambientais. A 
combinação de eventos tanto genéticos quanto ambientais podem desencadear e determinar um 
desenvolvimento cerebral alterado. É importante ressaltar que a carga genética observada isoladamente 
não é uma determinante da doença; essa patologia é tida como um modelo aditivo de complicações (ARARIPE 
NETO; BRESSAN; BUSATTO, 2007). 
Atualmente uma grande duvida é levantada a cerca dessa doença; alguns estudos de neuroimagens 
destacaram uma diminuição progressiva do volume de estruturas cerebrais relacionados com a evolução 
do quadro clinico, nesse sentido surge o questionamento se a esquizofrenia seria uma doença com processo 
neurodegenerativo ou decorrente de alterações neurodesenvolvimentais. A partir de pesquisas postula-se 
que ambos os processos seriam complementares, desenvolvendo uma relação quase direta, ou seja, 
predisposições genéticas determinariam uma maior influência ao desenvolvimento de fatores ambientais 
precoces, como por exemplo, complicações obstétricas. Em suma, alterações neurofisiológicas conferem 
maior vulnerabilidade para que indivíduos desenvolvam fatores ambientais relacionados a fisiopatologia da 
esquizofrenia (ARARIPE NETO; BRESSAN; BUSATTO, 2007). 
Mesmo com a evolução da ciência e de ramos da pesquisa, a compreensão fisiopatológica da esquizofrenia 
continua sendo considerada uma incógnita por muitos. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
AGUIAR, Carlos Clayton Torres et al. Esquizofrenia: uma doença inflamatória?. J. bras. psiquiatr., Rio de 
Janeiro, v. 59, n. 1, p. 52-57, 2010. 
 
ARARIPE NETO, Ary Gadelha de Alencar; BRESSAN, Rodrigo Affonseca; BUSATTO FILHO, Geraldo. Fisiopatologia 
da esquizofrenia: aspectos atuais. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 34, supl. 2, p. 198-203, 2007. 
 
GOFF, Donald; COYLE, Joseph. The emerging role of glutamate in the pathophysiology and treatment of 
schizophrenia. Am. J. Psychiathy, p. 1367-1377, 2001. 
 
PITTA, José Cássio do Nascimento. Fundamentação teórica – esquizofrenia. Una-SUS, São Paulo, 2013. 
 
SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Artmed, Porto Alegre, v. 7, p. 304, 
2017.

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