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Resumo Felídeos (fisiologia e reabilitação em cativeiro)

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· ANATOMIA E FISIOLOGIA
Os felídeos são um grupo bem diversificado que apresenta espécies com peso entre 1,5 e 300 kg, em geral sua anatomia é bastante similar à de um gato domestico. Eles são carnívoros especializados em captura de presas vivas e, com exceção do guepardo (Acinonyx jubatus). Sus olhos são dirigidos para frente, têm tendência à diminuição do número total de dentes, mas sempre com predominância dos carniceiros. Em geral sua fórmula dentária é representada por I3/3, C1/1, P2-3/2, M1/1, variando de 28 a 30 dentes; na jaguatirica: I3/3,C1/1, P2-3/2, M1/1 = 28 a 30; e na suçuarana I3/3, C1/1, P3/2, M1/1 = 30. A cor da dentição está relacionada com a idade dos animais, sendo que os jovens têm dentição esbranquiçada, enquanto os animais adultos e senis apresentam dentição amarelada. Os dentes incisivos não são especializados, enquanto os caninos são compridos, os pré-molares e molares são adaptados para segurar a presa de modo que não escape e rasga-la para facilitar a ingestão. 
Quanto à vocalização, os felídeos do gênero Panthera possui ossificação incompleta do aparato hioide, o que torna impossível que esses animais rujam ou esturrem, todavia, limitando seu ronronar. Já o gênero Leopardus possui ossificação completa do aparato hioide o que os impede de rugir. Poucos felídeos tem coloração uniforme, sendo que seus padrões de pelagem facilitam a mimetização dos animais no meio ambiente. Normalmente, tendem a possui manchas, no Brasil apenas o gato-mourisco e a suçuarana não são pintados, e o gato-palheiro possui listras nos membros. 
· NUTRIÇÃO
A alimentação dos pequenos felídeos se constitui basicamente de pequenos mamíferos, aves, répteis, insetos e peixes. Já os grandes felídeos preferem mamíferos de médio ou grande porte, devido a degradação ambiental há vários relatos de ataques a criações domésticas. Particularidades de cada espécie:
· Jaguatirica: Sua dieta é composta basicamente por roedores terrestres e noturnos, suas presas mais frequentes são as mais abundantes, como ratos, camundongos, gambás e tatus, dependendo da estação do ano. Podendo se alimentar até de veados, catetos, tamanduás-mirins, pacas, lebres, micos, morcegos, aves, jabutis, iguanas, crustáceos terrestres e insetos. 
· Gato-maracajá: Examinando 27 amostras de fezes para fazer análise de sua dieta, sendo que a maior abundância foi de uma espécie de pequeno mamífero arborícola. Outros itens foram esquilos, gambás, artrópodes, pequenos pássaros e frutos. Em outro estudo realizado em Belize foi descrito que essa espécie caça mais pássaros que animais terrestres, em comparação a jaguatiricas ou gatos-mouriscos. 
· Gato-do-mato-pequeno: Se alimentam, basicamente, de pequenos roedores e marsupiais, passeriformes e teídeos, existindo relatos de predação de insetos, outros répteis e pequenos primatas, como saguis e micos. Em um estudo na caartinga do Piauí, foi encontrado um total de 28 itens de vertebrados 68% de teídeos (Ameiva sp.) e iguanídeos (Tropidurus sp.), 25% de aves ou ovos de aves e 7% de pequenos roedores. Esses achados mostram um oportunismo desse animal, já que os itens achados são os mais abundantes na natureza, também foram encontradas gramíneas e insetos. 
· Gato-do-mato-grande: Um estudo realizado no Uruguai com análise do conteúdo estomacal desses animais identificou como presas peixes da família Characidae, além de anfíbios, répteis, pássaros e pequenos mamíferos. Outro estudo, com amostras de fezes, demonstrou que sua alimentação era composta basicamente por roedores e lebres europeias e que 93% estavam amontoados em forquilhas de árvores.
· Gato-palheiro: Naturalmente se alimentam de pequenos roedores, outros itens já encontrados em análises fecais são cuícas, pacas, preás, lebres, matéria vegetal, aves terrestres (como inhambus), ovos, insetos e répteis. Existem relatos de algumas predações de animais domésticos como frangos, a média de peso é de 629g.
· Gato-mourisco: É sugerido que tenham preferencia por aves terrestres, em vez de mamíferos. Um estudo realizado na Venezuela, com análise de 23 conteúdos estomacais, foi encontrado de 54 a 70% do conteúdo estomacal sendo aves; o restante foram encontrados de 40 a 51% de roedores, coelhos e répteis. Outro estudo em Belize demonstra apresentaram que 72% das amostras apresentaram artrópodes, 22% de aves e 95% de roedores. Também há relatos de consumo de peixes caracídeos. 
· Suçuarana: É um predador generalista, sua dieta, hábitos e territorialidade já foram amplamente estudados em vida livre, especialmente na América do Norte, e a extrapolação de dados para outras regiões deve ser feita com cuidado, dada a sua ampla distribuição da espécie e características muito distintas de habitats. Dentre suas presas estão: capivaras, paca, cotias, outros pequenos roedores, marsupiais, tatus, tamanduás-mirins, veados, queixadas, lebres nativas e exóticas, quatis e ouriços, além de teídeos, aves, como emas, peixes e insetos. Na América Latina as presas, em geral, são de menor porte, talvez devido a sua competição com a onça-pintada, já se foi que enquanto onças atacam o gado adulto, a suçuarana só se alimenta de bezerros ou ovelhas. 
· Onça-pintada: Mais de 85 itens têm sido registrados na dieta das onças-pintadas, parecendo ter preferencia por presas grandes, tais como catetos, queixadas, antas e veados. No entanto, já foi quantificada a importância de diferentes tamanhos na dieta desses animais, e não foram encontradas diferenças entre presas de médio e grande porte, quanto maior a distância da linha Equador maior a preferência por presas grandes. No Brasil, historicamente, seu habitat natural vêm sido transformado em pasto e, dessa forma os bovinos estão presentes em sua dieta no Brasil e na Venezuela. Porém, em outro estudo, realizado na Venezuela, a maior parte dos animais domésticos eram predados por suçuarana e não pelas onças, o estudo apresentou interessantes sugestões de manejo para minimizar prejuízo aos fazendeiros.
No cativeiro, o manejo nutricional é de importância vital, prevenindo inúmeros distúrbios metabólico e/ou carenciais. A dieta oferecida atualmente é constituída de carne bovina, pescoço de frango e pintainhos de um dia, considerado de baixo custo e boa aceitação pelos animais. Ao contrário do que é observado em zoológicos norte-americanos, rações comerciais não são oferecidas. Outro fator identificado em alguns zoológicos é o oferecimento de bovinos e equinos atropelados ou sacrificados por algum motivo, sendo esses animais enviados na maior parte das vezes pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), essas carcaças são cortadas e oferecidas aos animais, a sobra é congelada para oferecimento posterior. Em alguns locais há oferecimento de fetos e órgão de bovinos descartados por abatedouros. Alguns fatores devem ser avaliados para decisão sobre a alimentação: o transporte das carcaças, que muitas vezes não é resfriada, oferecimento de carne in natura que pode transportar e infectar os felídeos com Toxoplasma gondii por falta de inspeção sanitária. 
Uma dieta com manejo ideal para felídeos prescrita pelo Plano de Manejo para Pequenos Felinos Brasileiros, em 2001, incluiu presas vivas ou recém-abatidas, três vezes por semana, (ratos, camundongos, cobaias, galinhas, patos, codornas), pescoço de frango, peixe, ração comercia para gatos e carne bovina (músculo, coração, fígado, etc.), o restante deve ser combinado na dieta para os outros dias, devendo consumir de 4 a 6% do seu peso corporal. Recomendam-se, atualmente, carnes congeladas e com controle sanitário certificado, além de que presas vivas e recém-abatidas devem seguir protocolos de biossegurança para não infectar os felídeos. De acordo com a dieta adota alguns suplementos alimentícios disponíveis para controlar principalmente a relação cálcio fosforo (normalmente as carnes apresentam uma proporção maior de fosforo), vitamina A (deficiente em carnes), além de aminoácidos específicos como taurina. No que tange a frequência deve se lembrar de que o sobrepeso é causado pelo excesso denutrientes, e também é uma preocupação nutricional. 
Cada espécie necessita de uma quantidade específica de energia em sua dieta e para manter seu metabolismo, temperatura corporal. Normalmente é determinado pela relação entre superfície corporal e volume do animal, dessa forma calcula-se a “taxa metabólica basal (TMB)”, eleva-se a 0,75 a massa do animal e multiplicar pela constante 70, para mamíferos, podem ser acrescentados a esse valor até 30% para que o animal não entre em sobrepeso. Sobre o tipo de alimento (carne vermelha, frango, vísceras) os valores devem ser obtidos pelas tabelas de referência ou multiplicando-se o percentual de proteína e de carboidratos por 4 e o de gordura por 9, exemplo:
-Pescoço de frango para uma jaguatirica de 10kg:
TMB = 70 (10)^0,75=393,7 + 20% = 472,47 kcal
*O pescoço de frango com pele oferece cerca de 200 kcal, portanto cerca de 250g diárias.
*É necessário sempre avaliar as condições dos animais para concluir se há necessidades de ajustes.
A ração comercial Premium para gatos pode ser oferecida, sendo bem aceita pelos pequenos felídeos quando acrescida com carne, pode ser utilizado apenas ração, porém deve se levar em conta os aspectos de bem-estar animal uma vez que suprimi comportamentos naturais. Para corrigir esse problema se oferta presas como enriquecimento ambiental. É importante o fornecimento de algum tipo de capim, como Poa annua, Brachiara plantaginea ou Pennisetum purpureum, foi observado que os animais apresentam êmese após ingerirem o que pode significar uma limpeza do TGI pois muitos deles apresentavam grandes quantidades de pelo, porém é necessário haver vegetação não tóxica em grandes quantidades nos recintos. Em alguns locais é comum deixar suçuaranas e onças em jejum um dia por semana para avaliação da condição física e comportamento do animal, porém pequenos felídeos têm metabolismo alto e pequena capacidade gástrica e tal prática não é recomendada para eles. Sugere-se oferecimento da alimentação ao entardecer. 
· Fórmulas básicas para sucedâneos para filhotes: fornecer alimento líquido substitutivo do leite na alimentação animal, como Pet Milk, alimentos líquidos de uso humano podem ser usados como NAN (ler o rótulo para quantidade), por meio do cálculo da TMB, porém é importante observar qual grupo de nutriente oferece a energia. Se forem as gorduras podem ter mamadas mais espaçadas, e se forem carboidratos (a maioria de uso humano), as mamadas devem ser mais próximas. Deve se estimular a defecação e a micção com estimulação no períneo com algodão aquecido, pesar o filhote e em seguida alimentá-lo. Para que assim construa uma curva de crescimento para ajuste da dieta, onde se espera um aumento de peso do filhote entre as mamadas.
· REPRODUÇÃO
A maior parte das informações sobre esses animais provém do cativeiro, que oferece subsídios para estudos em vida livre. Espécies raras em cativeiro como o gato-palheiro, gato-andino (Leopardus jacobitus) e o gato kodkod (Leopardus guigna) possuem informações limitadas. As populações de felídeos não possui bom desempenho reprodutivo no Brasil para garantir um banco genético viável. As espécies de grandes felídeos apresentam mais animais cativos, com maiores taxas de natalidade e menor natimortalidade. Porém, poucas dessas onças e suçuaranas possuem histórico conhecido sobre procedência geográfica, apenas 50 indivíduos de suçuarana e 30 de onças-pintadas. Outro ponto é o grande risco de se perder a linhagem de animais de procedência conhecida devido à falta de orientação quanto aos cruzamentos. A maior parte dos zoológicos tem grande interesse em grandes felinos pois atraem o público e pouco interesse em pequenos pois são pouco conhecidos e a grande maioria de atividade noturna, mesmo existindo cada vez mais interesse em programas de reprodução de espécies ameaçadas.
Outro fator limitante é a disponibilidade de recintos adequados, dando falsa ideia de uma população de felídeos “excedentes”. A longevidade em cativeiro é bem maior do que em vida livre, variando de 7 a 10 anos para os pequenos e 11 a 12 para os grandes, animais que chegam com frequência de vida livre e sem possibilidade de realocação não tem espaço adequado para manter um papel no seu banco genético para conservação. Portanto, atualmente a maioria possui idade avançada e baixo potencial reprodutivo.
· Cuidados reprodutivos: apesar de seus hábitos solitários os felídeos são colocados nos recintos em pares, sendo separados para alimentação, são animais que se adaptam bem ao cativeiro, mas com baixo desempenho reprodutivo por falta de manejo adequado. O casal deve ser da mesma região geográfica e a aproximação deve ser cuidadosa, gradativa e monitorada por um longo período, inicialmente indica-se apenas contato olfatório e visual, observar-se reações agonísticas (confronto), de conforto ou até mesmo os machos cheirando regiões genitais das fêmeas. Se a fêmea estiver apresentando estro e esteja receptiva pode ser um momento propicio para se unir os animais. Animais jovens podem exibir interesse pelo sexo oposto, mas são inexperientes e sexualmente imaturos. Ao se juntar dois animais recomenda que os separe para dormir e permanecer assim durante a noite, não se juntar animais onde um é sexualmente imaturo, especialmente as fêmeas. Há diversos relatos de felinos que após muito tempo juntos ao separá-los durante a noite obtiveram êxito reprodutivo, assim como casos de animais que voltaram a serem grandes reprodutores quando o zoológico se atentou ao bem-estar físico e psicológico. A cópula pode, muitas vezes, ser identificada pela condição física dos animais como arranhaduras nos machos e fêmeas com alopecia bilateral e sinais de mordeduras no pescoço, a partir dai deve ser monitorado o estado clínico e comportamental da fêmea de forma atenciosa.
· Criação natural: Normalmente é necessário separar o macho da fêmea na época da parição, algumas exceções foram observadas em gato-do-mato-pequeno e gato-mourisco onde o casal pode ser mantido antes, durante e depois do parto. A separação durante a alimentação é sempre necessária. Foi observado em gato-mourisco, gato-do mato-pequeno e jaguatirica os seguintes sinais de parição: jejum voluntário antes, fêmea inquieta (andar de um lado para o outro), sinais de desconforto, respiração ofegante e boca aberta, a maioria não procurou abrigo e pariram no recinto (exceção de dois indivíduos de gato-mourisco). As fêmeas não possuíam experiência e os filhotes foram criados artificialmente, em uma fêmea de gato-do-mato-pequeno por 3 anos consecutivos ela predava os filhotes durante ou logo após o parto, diferente da jaguatiricas (houve casos de abandonos), essas procuraram abrigos logo nas primeiras contrações. Assim como os gatos domésticos observou as mães rompendo envoltórios placentários e o cordão e iniciando a amamentação, uma fêmea de gato-mourisco não se alimentou por dois dias consecutivos após o parto, provavelmente devido a sua alimentação com a placenta. A partir de então, elas se mantém para manter o conforto do filhote, especialmente aquecimento e amamentação. Observaram-se fêmeas que abandonavam os filhotes e iam se auto limpar e descansaram (7 a 9 horas), e depois resgatou os filhotes e davam abrigo para os mesmo, então pode se considerar um possível descanso da mãe após o parto antes de continuar os cuidados. Lembrando que os filhotes devem ser monitorados, nesse caso eles não apresentaram nenhuma vocalização ou comportamento agônico, é importante priorizar o cuidado maternal, e só interferir caso necessário.
· Criação artificial: Durante as primeiras 12 horas oferece apenas solução glicosada aquecida, depois uma mistura de 50% de solução glicosada e 50% de alimento líquido e só a partir do terceiro dia oferecer somente alimento líquido. O tempo entre mamadas deve ser de duas a quatro horas, dependendo do alimento dos 10 primeiros dias (quanto maior o teor de gordura maior o espaço entre mamadas), elevando-se para um período maior com o tempo. Então as mamadas devem ser reduzidas para 16 horase quantidade varia de 20 e 40 ml por quilo de peso vivo. É normal que nessa criação os filhote percam 10% do peso vivo nos dois primeiros dias, é importante que haja crescimento proporcional a espécie depois disso, sendo que as jaguatiricas e os gato-do-mato-pequenos dobram de peso após 20 dias. É importante mantê-los em um ambiente ventilado, com temperatura em torno de 29,4 e 32°C nas primeiras 3 semanas, e depois entre 21,2 a 23,9°C. Durante a amamentação manter o filhote em estação. No terço final do primeiro mês é importante observar o desenvolvimento motor e a dentição para o início da dieta sólida que deve ser introduzida lentamente. Técnicas de reprodução assistida: trabalho de parceria entre a Associação Mata Ciliar e Cincinnatti Zoo & Botanic Garden com jaguatiricas.
· INSTALAÇÕES
Os felídeos são animais solitários e muito territorialistas, o que torna difícil protocolar a formação de seus recintos. É muito importante que o recinto seja bem ambientado, segundo Puglia um recinto pequeno é melhor do que um mal ambientado. São animais perigosos e deve se pensar na segurança do animal, público e tratador, muitos zoológicos trabalham com protocolos de fuga. O manejo também é bem complexo, eles devem ser alimentados isoladamente, separar o macho da fêmea para ela parir e criar os filhotes, logo após a confirmação da prenhez, recomenda-se separar os filhotes das mães aos poucos quando os animais estiverem prontos, utiliza-se recintos contíguos antes de isolá-los, animais que foram separados abruptamente tiveram comportamentos alterados, normalmente em felídeos ocorre uma série de comportamentos estereotipados em consequência do “vazio ocupacional” do cativeiro.
*Documentos sobre o assunto: Instrução normativa n°4 do IBAMA; Plano de Manejo para Pequenos Felídeos Brasileiros (1995-2002), as informações a seguir são de acordo com o último.
· Dimensões mínimas de área de exposição para dois indivíduos: 50 m² (onça pintada e suçuarana), 30m² (jaguatirica) e 20m² (outros pequenos felídeos);
· Altura mínima de 3 metros;
· Dois cambiamentos sendo um solário e um corredor de segurança que pode ser comum para vários recintos;
· Cada cambiamento com 3 m² para grandes felídeos e 2m² para pequenos;
· Os solários podem ter metade das dimensões do recinto e abrigam a fêmea e os filhotes e deve ser isolado do público;
· Todas as portas dos recintos, solários e cambiamentos devem ter acesso ao corredor de segurança que deve ter no mínimo 2m de largura para facilitar manejo de transporte, captura e soltura dos animais, em caso de fuga o animal estará preso no corredor de segurança;
· O tratador deve poder entrar direto no recinto e cambiamentos, com portas diretas;
· Passagens para os animais do recinto e cambiamentos ou mesmo entre dois cambiamentos, assim, apenas uma pessoa pode controlar todo o manejo, pode se utilizar de visores para facilitar;
· Recomendável que fechamento e abertura das passagens dos animais ser do tipo “guilhotina” e/ou “de correr”, podendo ser feito com portas de barra de ferro (3/8), em vez de telas;
· Para pequenos felídeos é necessária uma porta de chapa de aço para impedir a visualização entre animais;
· Pode se usar um contrapeso para facilitar a abertura das portas, que devem ser travadas posteriormente, inclusive com cadeados;
· O cambiamento deve ter 1,8 m de altura e iluminação artificial, as portas devem ter aproximadamente 0,4m X 0,6m a 0,6m X 0,8m e o ambiente deve ter iluminação artificial;
· Aproximadamente ¼ do recinto deve ser coberto e com paredes de concreto para proteção dos animais, o restante pode ser feito com tela de fio ou malha apropriados, ou barras de ferro com 10 cm de distância pelo menos (evita que grandes felídeos mordam as barras). 
· Para jaguatiricas utiliza-se fio 12 e malha 1,5 polegadas, para os demais pequenos felídeos o fio 12 e a malha de 1 polegada. 
· A tela não deve ser chumbada no concreto e sim fixada em vergalhão para facilitar sua retirada, a cor da tela deve ser neutra (grafite ou preto fosco) para evitar reflexos. Um vidro reforçado pode ser usado como barreira e pode se afastar o animal com britas ou cursos de água.
Além desses padrões a ambientação do recinto é essencial, o distanciamento deve ser de no mínimo 2 m do público, pode se proporcional uma barreira física também. Sendo que os animais devem ter privacidades e grandes partes do recinto sem acessos, manutenção constante de telas e barras, além de um espaço vertical para que explorem seu hábito arborícola. Evitar o contato com pisos de cimento, pois pode causar abrasões nos coxins. Já foram observados recintos com mais de dois animais, como 11 jaguatiricas e algumas onças com seus filhotes, o recinto deve ser proporcional à quantidade de animais. 
Os recintos do quarentenário devem ser a uma distância de pelo menos 200m dos demais recintos, com bom isolamento, de preferência a uma distância da instituição. Esse recinto deve seguir normas de sombreamento e local tranquilo, estabelecendo barreiras para impossibilitar passagem de animais sinantrópicos (ratos, camundongos e pombos). Deve ser um recinto individual, com, pelo menos, um cambiamento, com as seguintes dimensões: 2 m X 3 m para pequenos e 3 m X 5 m para grandes felídeos. O piso deve ser de cimento queimado liso (fácil higienização), podem ser forrados com folhas, capins ou outros substratos que não comprometem a saúde dos animais. Utilização de um estrado de madeira vai dar mais conforto para o animal, fazer troca e higienização frequentemente, os cantos devem ser arredondados com um pequeno declive (3 a 5%) para facilitar drenagem de água. Deve ser feita desinfecção com produtos apropriados e vassoura de fofo. As paredes do fundo devem ser lisas e a da frente construída em tela não chumbada nas paredes, deve ser soldada em uma esquadria de metal para ser removida facilmente e evitar que enferruje.
· Enriquecimento ambiental: felídeos em cativeiro estressados podem reproduzir comportamentos estereotipados com andar em rotas fixas, arrancar os próprios pelos, fazer sucção na ponta do rabo ou pata, automutilação, lambedura excessiva em um mesmo local do corpo, e outros. Para melhorar esse cenário o enriquecimento ambiental é essencial, aqui uma lista de alguns que já possuem eficiência comprovada:
1) Picolé de carne ou presa;
2) Pimenta ou canela estimula o olfato (podem ser distribuídos no chão);
3) Trilhas com odores (ração ou carne);
4) Beterrabas, cenouras e outros alimentos com pêndulos ou corda amarrados como iscas em varas;
5) Injetar um odor forte em um maracujá que servirá como bola;
6) Flores;
7) Alimentos embrulhados em folhas de bananeira e amarrados;
8) Presas como ratos, codornas, camundongos, galinhas e peixes;
9) Caixas com surpresas (com conteúdo de odor forte e/ou alimento);
10) Cano PVC para esconder presas;
11) Pedras com odor de presas ou outros indivíduos, pegar em outros recintos;
12) Variação aleatória do horário de oferecimento da alimentação;
13) Balanços feitos com bambu ou magueiras;
14) Caixas d’água;
15) Cama de capim seco ou feno;
16) Montes de terra para o animal brincar de esconder. 
 
Cada indivíduo é único, portanto em cada caso deve se analisar o animal como indivíduo, pois alguns enriquecimentos podem funcionar perfeitamente bem para um animal e para outro da mesma espécie causar mais estresse, deve se observar se o indivíduo é diurno ou noturno, muitos felídeos em cativeiro assumem hábitos diurnos, deve se oferecer o enriquecimento em horários de maior atividade. Pode se elaborar um “etograma” para quantificar o comportamento de cada indivíduo e assim entender quais enriquecimentos ambientais e os melhores horários para fornecê-los. 
Felídeos apresentam alguns sinais de conforto quando o bem-estar animal é bem oferecido, como na imagem ao lado.
Fonte: Tratado de animais selvagens, Cuba e col., 2014.
Autora: Daniela Fonte Boa Melo.
Instagram: @daniela.f.b.m

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