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BERENICE, RF. Terapia Ocupacional. Campinas, SP: Papirus, 2008. 1. Terapia Ocupacional: Uma questão de conhecimento p.15-22 · Considerações acerca dos mal entendidos: Estudo das raízes das palavras (Terapia Ocupacional/ Ocupação). Etimologia. “Ora, o que caracteriza a Terapia Ocupacional é precisamente o meio que se propõe para tratar.” · ( I – É necessário que a atividade humana seja entendida como um espaço para cria, recriar, produzir um mundo humano (inundada de simbolismo). )Requisitos para que o uso da atividade possa ser conceituado como Terapia Ocupacional: ( III – Não existem atividades mágicas, nem técnicas específicas que garantam que estamos realmente resolvendo o problema. ) ( II – O fazer deve acontecer através do processo de identificação das necessidades, problematização e superação do conflito . ) Para a Terapia Ocupacional, a promoção humana, se dá por meio do desenvolvimento da personalidade e das potencialidades ou capacidades humanas. · Terapia Ocupacional: Profissão nova? 1 Historicamente a ocupação como meio de tratamento remonta as civilizações clássicas. 2 Séc. XVIII/XIX (humanismo): A ocupação se torna largamente aceita para o tratamento do doente mental. . 2. Atividade Humana x Recurso Terapêutico p.25-49 · Considerações gerais 1 Diferenças encontradas na prática profissional: métodos. 2 O que ocorre, frequentemente, é que cada músico é surdo para os que os outros estão tocando.(Alves 1981). [Fragmentação da ciência]. · Primeiro princípios 1 Busca do significado da ocupação humana. Esses princípios podem ser resumidos em três considerações (cf. Kielhofner 1982): 1- O homem possui uma natureza ocupacional; 2- A doença possui um potencial para interromper / rompera ocupação; 3- A ocupação foi reconhecida como um organizador natural do comportamento humano. Mayer (psiquiatra americano), + influente em fornecer tais perspectivas para a Terapia Ocupacional, apoiado no entendimento de homem-organismo, que possui uma necessidade fundamental de ocupar-se, de trabalhar. · Atividade = Exercício Reducionismo (corrente científica), anos 40/50. Nesse período há a imposição do alcance da eficiência e racionalidade como os objetivos a serem alcançados pela prática da Terapia Ocupacional. Adaptação (garantia da sobrevivência da profissão): Assunção de um modelo mecânico e progressivo linear. 1 O valor da Terapia Ocupacional está na obtenção do exercício pela atividade. “O objetivo da Terapia Ocupacional consiste no restabelecimento do movimento e em uma articulação por meio do uso da atividade construtiva, que distende as contraturas, elimina as aderências, fortalece os músculos debilitados e diminui o edema”. (Williard e Spackman 1977) 2 O primeiro procedimento, básico para configurar cientificamente o uso da atividade, é a sua análise. a) Análise da atividade “Procedimento que tem como objetivo possibilitar o conhecimento da atividade em seus por menores, observando-se assim as suas propriedades específicas. A análise tem como pressuposto que a atividade tem uma única estratégia para a sua realização, e esta é que lhe possibilita as propriedades”. 1 Propriedades: exigências físicas e mentais próprias da atividade. Ao realizar uma análise, a atividade passa, então, a ser uma série de ações deixando de lado o todo, a atividade em si. Exigências: consciência da aplicação + observação. b) Adaptação da atividade Uma atividade adapta-se ao tratamento quando possibilita que o paciente exercite a função lesada. Critérios para adaptação: ação (movimento+) + graduação + séries + fragmentação da atividade (tarefas). c) Seleção e graduação da atividade Objetivo primordial: possibilitar a restauração das ações perdidas ou prejudicadas, juntamente com a tolerância ao trabalho e as destrezas especiais. 1Uma atividade, portanto, só pode ser eleita quando possibilitar graduação. Atividade estruturada: possuem uma disposição e uma ordenação de partes para compor o todo (ex.: jardinagem). Atividade desestruturada: ex.:modelagens, brincadeiras, pinturas, desenhos, dramatizações, festas, passeios, esculturas etc. Cada sujeito imprime uma forma de fazer própria. · Atividade = Produção Base: concepção de maior e menor produtividade. O homem aqui é como a máquina. Suas engrenagens são “os componentes de desempenho e habilidades: motores, sensoriais, cognetores, de relacionamento intrapessoal e interpessoal”. Produto da máquina-homem: AVD, trabalho e lazer. · Atividade = Expressão O fazer humano é carregado de conteúdo simbólico. Psicodinâmica da ação em Terapia Ocupacional. Atividade + Terapeuta Ocupacional = Recursos terapêuticos. Atividade como meio de expressão: livre produção, material projetivo, criação livre, criação dirigida. · Atividade = Criação, transformação a) Visão Marxista do homem e da natureza: “A concepção marxista do homem e da natureza nos traz à luz o entendimento do homem como ser social e histórico, homem que produz, cria e transforma a natureza e a si mesmo, através do seu trabalho”. b) Atividade humana: A práxis “A finalidade dessa atividade é a transformação real, objetiva, do mundo natural ou social, para satisfazer determinada necessidade humana” (Vásquez). c) A importância da concepção marxista da atividade humana para a terapia ocupacional Levar o homem a lidar com sua realidade de vida, podendo assim promover a transformação de si mesmo e do meio social no qual está inserido. 3. Concepção “ingênua” e concepção crítica da terapia ocupacional (modelos do processo) · Modelo do processo de terapia ocupacional humanista Unicidade do homem. O processo é centrado na relação terapêutica (instrumento de trabalho). Visa o autoconhecimento. Nesse modelo, aconselham-se os atendimentos em grupo, pois essa a forma mais constante de estar no mundo. Grupo de atividades: cada pessoa desenvolve seu projeto. Objetivo: favorecer os processos de relacionamento interpessoal e de autoaprendizagem, como condição primeira para o crescimento pessoal. · Modelo do processo de terapia ocupacional positivista Essência: Tratar a doença. Estrutura rígida de procedimentos: encaminhamento + entrevista inicial + avaliação (inicial / completa) + planejamento de programa de tratamento + tratamento propriamente dito + reavaliações + alta. Atividades utilizadas: atividades = exercício e atividade= produção. · Modelo do processo de terapia ocupacional materialista histórico “O processo terapêutico tem por princípio ser o lugar onde, por meio do fazer (atos, ações, atividades), o paciente possa reconhecer-se como sujeito que cria, atua reconhece, organiza e gerencia o seu cotidiano concreto”. Cliente + terapeuta: trabalham juntos. Atendimentos primordialmente grupais. “Neste processo a Terapia Ocupacional possibilita estabelecer novas relações entre o homem e a sociedade para a transformação das estruturas opressoras, por meio de uma prática de saúde que transforma mediante o trabalho de classe”. Algumas reflexões acerca das atividades da vida diária (Apêndice) Contexto do treinamento funcional, que surge a preocupação com o cotidiano. Cotidiano: é o lugar onde buscamos exercer nossa atividade prática transformadora, é o social; é o contexto em que vivemos. · Saúde e política “A saúde sempre foi política” (Merhy) “Sendo a saúde uma instituição social, suas ações difundem, articuladamente, as ideais políticas e transmitem os modelos sociais”. A prática terapêutica ocupacional deve ser problematizadora, ou seja, condutora de transformação a partir da conscientização dos processos. Philippe Pinel (1791): Desacorrenta os loucos. Ocupação: parte principal de sua reforma. Séc. XX : Renascimento do Tratmento Moral + Primeira Guerra Mundial, foram responsáveis pelo início formal da Terapia Ocupacional Brasil (1957): Surgiram as primeiras escolas de formação profissional; USP/ Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação - RJ. Atividade Fazer Consequência do fazer Terapeuta Ocupacional