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Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. MÓDULO DE: LOGÍSTICA DE DISTRIBUIÇÃO AUTOR: THIAGO RANGEL DE AQUINO 2 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Módulo de: Logística de Distribuição Autor: Thiago Rangel de Aquino Primeira edição: 2008 Todos os direitos desta edição reservados à ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA http://www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 Bairro Itaparica – Vila Velha, ES CEP: 29102-040 3 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. APRESENTAÇÃO Em 1960 o professor E. Jerome McCarthy, em seu livro “Basic Marketing: a managerial approach” considerou as quatro variáveis: produto, preço, promoção e praça, ponto de venda (os famosos 4 P’s) como as ferramentas controláveis mais importantes a serem usadas pelos gerentes de Marketing das empresas. Até hoje elas têm resistido ao tempo e se mantido como as principais e básicas ferramentas do profissional de Marketing. O Marketing Mix ou Composto de Marketing (como ficaram conhecidos os 4 P’s) foi amplamente discutido e estudado pelos gestores e mestres da mercadologia, e cada um dos P’s tornou-se uma especialização dentro da gestão mercadológica da empresa. Surgiram os especialistas em Produto (que ficaram responsáveis pela marca, design, pesquisas de mercado, etc.); em Promoção (desenvolvendo campanhas de comunicação, embalagens, promoções de vendas, etc.); em Preço (determinando mark-up’s, aferindo impostos, definindo estratégias de preço) e em Praça, que acumula diversas funções, sendo que a principal é a determinação de estratégias de distribuição condizentes com as demais estratégias da empresa. Neste Módulo, será focado o estudo da Logística de distribuição; suas estratégias, os principais canais de distribuição – canais de marketing – e suas aplicações (teóricas e práticas) na gestão da empresa. 4 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. OBJETIVO Proporcionar ao gestor logístico uma visão global de todo o canal de Marketing que envolve a empresa, tornando-o apto a tomar decisões sobre a distribuição dos produtos; identificando o papel dos canais de marketing na gestão estratégica de distribuição, além perceber as novas tendências e tecnologias ligadas à distribuição das empresas. EMENTA Canais de Marketing, Distribuição, Logística, Canais Eletrônicos, Desenho de Canais, Distribuição Física, Transporte, Armazenagem, Processamento de Pedidos, Manuseio de Materiais, Sistemas Logísticos. Sobre o Autor Pós-Graduação:Logística e Comércio Internacional. Pós-Graduação:Gestão de Comércio Exterior e Negócios Internacionais. Graduação:Administração de Empresas. Graduação:Marketing. 5 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. SUMÁRIO UNIDADE 1 ......................................................................................................................... 8 Canais de Marketing ........................................................................................................ 8 UNIDADE 2 ....................................................................................................................... 15 Estrutura do Canal ......................................................................................................... 15 UNIDADE 3 ....................................................................................................................... 19 Os Participantes do Canal ............................................................................................. 19 UNIDADE 4 ....................................................................................................................... 32 Intermediários de Varejo e Agentes Facilitadores .......................................................... 32 UNIDADE 5 ....................................................................................................................... 40 Ambiente dos Canais de Marketing ............................................................................... 40 UNIDADE 6 ....................................................................................................................... 48 Ambientes Tecnológicos e Legais................................................................................. 48 UNIDADE 7 ....................................................................................................................... 56 Processos Comportamentais no Canal de Marketing I .................................................. 56 UNIDADE 8 ....................................................................................................................... 65 Processos Comportamentais no Canal de Marketing II ................................................. 65 UNIDADE 9 ....................................................................................................................... 69 Estratégia em Canais de Marketing ............................................................................... 69 UNIDADE 10 ..................................................................................................................... 77 Desenhando o Canal de Marketing I .............................................................................. 77 UNIDADE 11 ..................................................................................................................... 86 Desenhando o Canal de Marketing II ............................................................................. 86 UNIDADE 12 ..................................................................................................................... 97 Selecionando os Membros do Canal ............................................................................. 97 UNIDADE 13 ................................................................................................................... 106 Motivando os Membros do Canal ................................................................................ 106 UNIDADE 14 ................................................................................................................... 113 6 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Avaliação de Desempenho dos Membros do Canal .................................................... 113 UNIDADE 15 ................................................................................................................... 122 Logística e Gestão do Canal ........................................................................................ 122 UNIDADE 16 ................................................................................................................... 127 Sistemas, Custos e ComponentesLogísticos ............................................................... 127 UNIDADE 17 ................................................................................................................... 132 Manuseio de ,Materiais ................................................................................................ 132 UNIDADE 18 ................................................................................................................... 145 Processamento de Pedidos ......................................................................................... 145 UNIDADE 19 ................................................................................................................... 149 Picking ......................................................................................................................... 149 UNIDADE 20 ................................................................................................................... 160 Depósitos e Armazéns .................................................................................................160 UNIDADE 21 ................................................................................................................... 167 Transporte .................................................................................................................... 167 UNIDADE 22 ................................................................................................................... 172 Serviço ao Cliente ........................................................................................................ 172 UNIDADE 23 ................................................................................................................... 176 Áreas Chaves entre a Logística e a Gestão do Canal ................................................. 176 UNIDADE 24 ................................................................................................................... 182 Distribuição Física de Produtos ................................................................................... 182 UNIDADE 25 ................................................................................................................... 187 Coleta e Distribuição .................................................................................................... 187 UNIDADE 26 ................................................................................................................... 192 Roteirização de Veículos ............................................................................................. 192 UNIDADE 27 ................................................................................................................... 198 Canais de Marketing Eletrônicos ................................................................................. 198 UNIDADE 28 ................................................................................................................... 206 Fatos eTendências nos Canais de Marketing Eletrônicos ........................................... 206 UNIDADE 29 ................................................................................................................... 219 Vantagens e Desvantagens dos Canais de Marketing Eletrônicos .............................. 219 7 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. UNIDADE 30 ................................................................................................................... 225 Implicações para a Estratégia e a Gestão de Canais de Marketing Eletrônicos. ......... 225 GLOSSÁRIO .................................................................................................................. 230 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 231 8 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. UNIDADE 1 Objetivo: Conhecer os canais de marketing e como eles podem ser usados para conseguir uma vantagem competitiva sustentável. Canais de Marketing Canal de marketing, por definição, é a organização contratual externa que administra e opera para alcançar seus objetivos de distribuição. O primeiro termo externa significa que o canal de marketing existe fora da empresa. Em outras palavras, não é parte da estrutura organizacional interna da empresa. Já o termo organização contratual, o segundo, refere-se às empresas ou partes envolvidas em funções de negociação à medida que um produto ou serviço move-se do produtor para seu usuário final. As funções de negociação consistem em comprar, vender e transferir a propriedade de bens ou serviços. Em consequência, apenas as empresas ou partes que se engajam nessas funções são consideradas membros do canal de marketing. Outras empresas (geralmente referidas como agências facilitadoras, como companhias de transporte, armazéns públicos, bancos, companhias de seguros ou agências de publicidade), que desempenham funções outras, que não as de negociação, estão excluídas. O terceiro termo sugere envolvimento da administração nos negócios do canal. Esse envolvimento pode variar desde todo o desenvolvimento inicial da estrutura do canal até o seu gerenciamento no dia a dia, pelo Gerente do Canal. Se a administração opera a organização contratual externa, ela tomou a decisão de não deixar tal organização funcionar simplesmente por conta própria. Isso não implica que a administração deva ter controle total ou mesmo substancial do canal. 9 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. O último termo utilizado na definição de canal de marketing é: Objetivo de distribuição, que significa que a administração tem em mente certas metas de distribuição e o canal de marketing existe como meio para alcançá-las. A estrutura e a gestão do canal de marketing devem ser concebidas em função dos objetivos de distribuição de uma empresa. Os canais de marketing e as pessoas que dele participam envolvem sistemas complexos e dinâmicos. No entanto, muito do que fazem não é visto pelos consumidores finais. Eles veem apenas o resultado final de um conjunto de estratégias, planos e ações que criam novos tipos de lojas, centros de distribuição, serviços e tecnologias, e determinam a estrutura e a operação dos canais de marketing. Os canais, por sua vez, afetam a vida de milhões de clientes que dependem dele para deixar os produtos e serviços, de todo o mundo, disponíveis para eles. Por muitos anos, o campo dos canais de marketing recebeu pouca atenção em comparação com as outras três áreas estratégicas do composto mercadológico: produto, preço e promoção. Muitas empresas tratavam a estratégia de canal de marketing como algo secundário, perante as estratégias mais “importantes” de produto, preço e promoção. Nos últimos anos, porém, essa negligência relativa dos canais de marketing vem mudando – em muitos casos para um intenso interesse na área. Pelo menos cinco tendências conduziram a tal mudança de ênfase: Maior dificuldade em conquistar uma vantagem competitiva sustentável; Poder crescente dos distribuidores, especialmente os varejistas, nos canais de marketing; Necessidade de reduzir custos de distribuição; Revalorização do crescimento; 10 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Crescente papel da tecnologia. Maior dificuldade em conquistar vantagem competitiva sustentável Vantagem competitiva sustentável é um diferencial competitivo que não pode ser facilmente copiado pela concorrência, o que vem ficando cada vez mais difícil de alcançar mediante estratégias de produto, preço e promoção. Sobre a estratégia de produto, a rápida transferência de tecnologias entre as empresas e a competição global tornou muito mais fácil para as empresas, acompanhar seus concorrentes em projeto, atributos e qualidade dos produtos. Com isso, a habilidade da empresa em competir em longo prazo, confiando em produtos diferentes ou melhores que os dos outros, se tornou difícil de sustentar. Na atual economia globalizada, ganhar vantagem competitiva sustentável via estratégia de preços, é menos viável que via estratégia de produto. A habilidade de mais e mais empresas em operar instalações de produção em todo o mundo gerou uma competição acirrada em muitas categorias de produtos e até mesmo serviços. Consequentemente, uma empresa cuja estratégia enfatize preços mais baixos que os da concorrência não se mantêm como uma vantagem por muito tempo; outra empresa doméstica ou estrangeira, fabricando seus produtos em algum lugar do mundo, provavelmente, conseguirá vender a preços iguais ou menores. A terceira área do composto mercadológico, a promoção, também se tornou uma estratégia precária para ganhar vantagem competitiva sustentável. O grande volume de publicidade e outras formas de promoção às quais os consumidores são expostos diariamente criam tanta confusãoque reduzem drasticamente o impacto das mensagens promocionais. Dessa forma, mesmo as mensagens mais inteligentes e cuidadosamente concebidas têm efeito efêmero quando milhares de mensagens disputam a mente do público alvo. Portanto, prender-se a uma vantagem competitiva, ganha por meio de promoção, tornou-se quase impossível hoje. 11 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. O Ponto de Distribuição - ou canal de marketing – de fato oferece maior potencial para obter vantagem competitiva, porque é mais difícil de ser copiada pelos concorrentes em curto prazo. Há três razões para esse fato: A estratégia de canal é de longo prazo: Configurar e manter canais de marketing superiores em tornar produtos e serviços disponíveis aos clientes geralmente envolve um período relativamente longo para planejar e implementar. A maioria dos concorrentes não está disposta a assumir o comprometimento em longo prazo; necessário para acompanhar a estratégia de canal, e dessa forma, a empresa adquire uma vantagem competitiva sustentável. A estratégia de canal geralmente exige uma estrutura: Por sua própria natureza, a estratégia de canal geralmente requer uma estrutura que consiste em organizações e pessoas para implementá-la. O esforço e o investimento investidos na formação dessa estrutura levam os concorrentes a refletir muito antes de aceitar o comprometimento necessário ao desenvolvimento de uma estrutura de canal rival. A estratégia de canal é baseada em relacionamentos e pessoas: O canal de marketing não é um objeto inanimado como um chip de silicone, mas um conjunto de pessoas interagindo em diferentes organizações. De fato, o sucesso da estratégia de canal e da estrutura que a apóia é diretamente dependente do quanto às pessoas, nas várias organizações, relacionam-se umas com as outras, no desempenho de suas atividades. Ao perceber que, por envolverem pessoas esses relacionamentos de canal não são fáceis de estabelecer e manter. Assim, os concorrentes preferem voltar sua atenção às estratégias de produto, preço e promoção. Poder crescente dos distribuidores Nas duas últimas décadas, observou-se uma mudança na força de influência dos produtores de bens para distribuidores. Essa transferência de poder econômico é especialmente notável em nível de varejo, dos canais de marketing, onde hipermercados 12 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. gigantes como o Wal-Mart e o Carrefour estão tornando-se protagonistas. Esses poderosos varejistas respondem por grandes parcelas das linhas de commodities das quais participam e, dessa forma, controlam o acesso ao mercado. Sob a perspectiva do fabricante, esses varejistas atuam como gatekeepers (literalmente “porteiros”, ou seja, exercem grande poder de controle sobre o acesso dos fabricantes aos consumidores finais) nos mercados de consumo, trabalhando mais do que agentes de venda para os fornecedores. Operando com margens e preços baixos, a maioria posiciona-se como mercados sofisticados que fazem duras exigências aos fabricantes que os abastecem. Como resultado desse desenvolvimento, a elaboração de estratégias efetivas de canais de marketing para lidar com esses grandes varejistas é, agora, mais importante do que nunca para produtores e fabricantes. Necessidade de reduzir custos de distribuição Os custos de distribuição muitas vezes respondem por uma parcela significativa do preço final dos produtos. De fato, os custos de distribuição são às vezes mais altos que os custos de fabricação ou os custos das matérias-primas e componentes. Na década passada, as empresas empreenderam grande esforço para reduzir os custos de fabricação e de operações internas. Programas de reestruturação, reengenharia e horizontalização das organizações sempre foram guiados pelo desafio de reduzir custos. Esse grande esforço para espremer os custos está sendo estendido para os canais de marketing; usado pelas empresas para alcançarem os clientes. No entanto, para conseguir reduzir os custos de distribuição mantendo disponibilidade igual ou superior aos clientes, as empresas precisarão dedicar mais atenção à estrutura e à gestão do canal de marketing. 13 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Revalorização do crescimento Durante a maior parte dos anos 90, o conceito da moda nas empresas brasileiras foi a reestruturação, que dominou as publicações de negócios ao lado de termos como downsizing, organizações horizontais e empresas enxutas. Essas ideias desafiavam a empresa a repensar-se e reconstituir-se em uma força mais eficiente para competir mais efetivamente no mercado global. Ao final da década de 90, um novo mantra, o crescimento, tornou-se o foco da atenção no lugar da reestruturação. Cada vez mais empresas acreditam ter chegado ao limite da redução de custos e downsizing como base para melhorar o lucro operacional. Seria necessário o crescimento, na forma de elevação mais rápida da receita, para ampliar os esforços da redução de custos. Em suma, é preciso o crescimento da receita de vendas para garantir o crescimento continuado do lucro operacional. Entretanto, não é fácil conseguir um crescimento rápido. O crescimento da economia brasileira é lento, portanto, o crescimento do mercado consumidor é lento. Como as empresas podem crescer rapidamente em economias de baixo crescimento? Conquistando o market share (fatia de mercado) dos concorrentes. Quais as consequências para os canais de marketing? A relação, na verdade, é direta: as estratégias de canal que concentram a atenção de distribuidores e revendedores nos produtos de uma empresa em particular são críticas para aumentar o market share e as vendas da empresa. Em suma, participação nas prateleiras = participação no mercado = crescimento. Crescente papel da tecnologia A tecnologia já impacta praticamente todas as áreas de negócios, entre elas a distribuição de bens e serviços nos canais de marketing. Contudo, há uma tecnologia em particular cujo efeito está apenas começando a ser sentido: a Internet. 14 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Literalmente, ligando o mundo inteiro, em uma gigantesca rede de informações, a Internet pode chegar a prover canais de marketing altamente eficientes. Por esses canais, virtualmente qualquer produtor de bens e serviços estaria conectado eletronicamente com centenas de milhões de clientes em potencial pelo mundo, os quais poderiam consumar transações comerciais com uns poucos toques no teclado. Tais canais de marketing eletrônico já existem em certo grau, mas muitos observadores acreditam que o nível atual é infinitesimal em comparação com o crescimento que eles esperam que ocorra em um futuro não muito distante. Talvez, no futuro, a distribuição eletrônica vai se tornar tão onipresente que muitos shoppings e superlojas, poderão ser fechados, pois a distribuição eletrônica vai desempenhar um papel muito mais limitado. O que já se pode afirmar com toda certeza é que a tecnologia com base na internet não pode ser ignorada na distribuição de bens e serviços. Para saber mais sobre a utilização dos componentes do marketing mix na formação de um diferencial competitivo sustentável. Acesse os sites abaixo: www.portaldaadministracao.org www.hsm.com.br http://www.isc.hbs.edu Alguns livros e artigos interessantes: Da vantagem competitiva à estratégia corporativa - de Michael Porter. Os benefícios estratégicos das Alianças Logísticas – Donald J. Bowersox. A vantagem competitiva das nações – Michael Porter. 15 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. UNIDADE 2 Objetivo: Analisar as estruturas de um canal de marketing; os níveis possíveis e os tipos de intermediários. Estrutura do Canal O conceito de estruturado canal muitas vezes não é explicitamente definido na literatura de marketing ou de logística. Alguns autores tendem a enfatizar uma dimensão em particular da estrutura do canal e proceder a uma discussão detalhada sem definir a própria estrutura do canal. Tipicamente, a dimensão que talvez seja mais discutida é a extensão – o número de níveis de intermediários no canal. Quando é discutida a estrutura do canal, são frequentemente vistos diagramas tais como o mostrado abaixo ou, algumas vezes, são usadas notações simbólicas como a seguinte: F C (dois níveis) F V C (três níveis) F At V C (quatro níveis) F Ag At V C (cinco níveis) Legenda: Ag = Agente At = Atacadista C = Consumidor F = Fabricante V = Varejista 16 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Enquanto essas abordagens transmitem uma ideia geral dos tipos de participantes no canal de marketing e dos níveis em que eles estão, elas não definem explicitamente a estrutura do canal. Além disso, elas falham em sugerir a relação entre a estrutura do canal e a gestão do canal. A definição de estrutura do canal, aqui proposta, usa uma perspectiva gerencial, por entender estrutura do canal como: O grupo de membros do canal para o qual foi alocado um conjunto de tarefas de distribuição. Essa definição sugere que: No desenvolvimento da estrutura do canal, o gerente de canal deve defrontar-se com uma decisão de alocação, isto é, dado um conjunto de tarefas de distribuição que devem ser desempenhadas para alcançar os objetivos de distribuição de uma empresa, o gerente deve decidir como alocar ou estruturar as tarefas. Dessa forma, a estrutura do canal vai refletir o modo como o gerente tiver alocado as tarefas entre os membros do canal. Por exemplo, se depois de tomar a decisão de alocação a estrutura Fabricante Fabricante Fabricante Fabricante Consumidor Consumidor Consumidor Consumidor Varejista Varejista Atacadista Varejista Atacadista Atacadista 2 níveis 3 níveis 4 níveis 5 níveis 17 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. do canal ficar dessa forma: F At V C, significa que o gerente do canal escolheu alocar as tarefas de distribuição tanto para a sua própria empresa quanto para atacadistas, varejistas e consumidores. Os diagramas de notações simbólicas da estrutura de canal não são nada além de um “plano” que mostra a localização das tarefas de distribuição. As bases para tomar as decisões de alocação são a especialização e divisão do trabalho e a eficiência contratual (nível de esforço de negociação entre vendedores e compradores para atingir um objetivo de distribuição). Idealmente o gerente do canal gostaria de ter controle total da alocação das tarefas de distribuição para poder designá-las às empresas particulares ou partes que fossem mais adequadas a desempenhá-las. Entretanto, como os membros do canal são empresas independentes, e porque o canal é alvo de restrições ambientais, o gerente do canal na maioria das vezes não detém o controle total da alocação das tarefas de distribuição. Estrutura Auxiliar Na definição que apresentada, o canal de marketing inclui somente os participantes que desempenham as funções de negociação de compra, venda e transferência de direitos. Portanto, os que não desempenham essas funções não são membros da estrutura do canal. Considerando esses participantes como não membros ou agentes facilitadores como pertencentes à estrutura auxiliar do canal de marketing. Mais especificamente, defini-se estrutura auxiliar como: O grupo de instituições (agentes facilitadores) que atende aos membros do canal ao desempenhar tarefas de distribuição. Durante a iniciativa de desenvolver uma estrutura auxiliar, o gerente do canal depara-se com a mesma decisão básica do desenvolvimento da estrutura do canal: ele deve tentar alocar as tarefas de distribuição às partes mais adequadas para desempenhá-las. Todavia, como os participantes do canal com os quais o gerente do canal está lidando não são membros, os problemas encontrados para desenvolver e administrar a estrutura 18 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. auxiliar tendem a ser menos complexos que os encontrados ao se desenvolver e administrar as estruturas do canal. Isso acontece porque as empresas facilitadoras não tomam parte nas decisões do canal que, em última instância, controlam a distribuição de bens e serviços e seus mercados alvo. Em vez disso, o papel dos agentes facilitadores pertencentes à estrutura auxiliar é o de fornecer serviços aos membros do canal depois que as decisões básicas do canal já foram tomadas. Ao desenvolver a estrutura auxiliar para desempenhar essas tarefas, o gerente do canal lida com agentes facilitadores que estão excluídos do processo de tomada de decisão do canal e que geralmente não têm tanto compromisso com o canal quanto seus membros. 19 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. UNIDADE 3 Objetivo: Conhecer os participantes do canal. Quem são eles, como se comportam e se fazem parte do canal ou são agentes facilitadores. Os Participantes do Canal A figura abaixo ilustra a dicotomia entre membros e não membros do canal com base no desempenho ou não de funções de negociação (compra, venda e transferência de direitos). 20 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. As três divisões básicas do canal de marketing descritas na figura são (1) produtores, (2) intermediários e (3) usuários finais Os dois últimos são desdobrados em intermediários de varejo e atacado, e em consumidores e usuários industriais, respectivamente. Os usuários finais, embora tecnicamente membros do canal de marketing por estarem Todos os participantes do canal Organização Contratual (canais de Mkt) Executam funções de negociação? Agentes facilitadores Sim Não Pr od ut or es e fa br ic an te s In te rm ed iá rio s U su ár io s Fi na is Em pr es as d e Tr an sp or te Em pr es as d e ar m az en ag em A gê nc ia s Pu bl ic itá ria s In st itu iç õe s fin an ce ira s Se gu ra do ra s Em pr es as d e Pe sq ui sa d e M K T In te rm ed iá rio s de A ta ca do In te rm ed iá rio s de V ar ej o C on su m id or es In dú st ria s Participantes Membros Participantes Não-membros 21 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. envolvidos em funções de negociação, não serão tratados como tal, daqui em diante. No contexto da perspectiva gerencial aqui adotada, é mais adequado tratar os usuários finais como mercados alvo servidos pelo subsistema comercial do canal. O canal comercial exclui, por definição, os usuários finais. Assim, quando o termo canal de marketing for mencionado, estará subentendido que se refere ao canal comercial. Como os agentes facilitadores não desempenham funções de negociação, eles não são membros do canal. Entretanto, participam da operação do canal ao desempenhar outras funções. Produtores e Fabricantes Produtores e fabricantes consistem em empresas envolvidas na extração, cultivo ou criação dos produtos. Essa classificação inclui empresas como agrícolas, silvícolas, pesqueiras, mineradoras, de construção e industriais, além de alguns setores de serviços. O leque de empresas de produção e fabricação é enorme, tanto em termos da diversidade de bens e serviços produzidos quanto de portes de empresas. Estão incluídas, empresas que fazem de tudo; de alfinetes a aviões, e que variam em porte; desdeempresas individuais até gigantescas corporações multinacionais com milhares de empregados e bilhões de dólares em vendas. Todavia, mesmo com toda essa diversidade, um ponto comum une essas empresas: todas existem para oferecer produtos que satisfaçam às necessidades dos mercados. E para isso, é preciso tornar os produtos disponíveis aos mercados. Assim, as empresas de produção e fabricação precisam que, de alguma forma, seus produtos sejam distribuídos aos mercados pretendidos. Entretanto, a maioria dos produtores e fabricantes, sejam grandes ou pequenos, não está em uma posição favorável para distribuir seus produtos diretamente a seus usuários finais. Com frequência, eles não têm a expertise nem as economias de escala (e/ou escopo) para desempenhar todas as atividades necessárias à distribuição eficiente e eficaz de seus produtos ao usuário final. 22 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Sobre a expertise, muitos produtores e fabricantes não alcançam na distribuição o nível que atingem na produção ou fabricação. Um fabricante de produtos eletrônicos pode trabalhar com tecnologia de última geração e ao mesmo tempo saber muito pouco sobre a melhor forma de distribuir seus sofisticados produtos a seus mercados. Um fabricante de brocas pode fazer os melhores produtos usando as ligas mais avançadas e ainda ser completamente leigo quanto ao desempenho das atividades necessárias à distribuição desses produtos. Uma fazenda que colhe as melhores safras, utilizando as últimas novidades da tecnologia rural pode não fazer ideia de como disponibilizar essa safra, em boas condições e a baixo custo, aos consumidores. Em suma, expertise nos processos de produção não implica, automaticamente, expertise na distribuição. No entanto, mesmo para produtores e fabricantes que tenham (ou capazes de ter) expertise na distribuição, as economias de escala que tornam a sua produção eficiente podem não ser suficientes para tornar a sua distribuição eficiente. O investimento em instalações de processamento de pedidos, armazéns, etc. não compensa que a distribuição de produtos seja feita de forma individual, sem os outros membros do canal, principalmente em se tratando de produtos com menor valor agregado. Com frequência, empresas de produção e fabricação se deparam com elevados custos médios para as tarefas de distribuição, quando tentam executá-las sozinhas. Nem mesmo grandes empresas como a General Motors, a IBM ou a Procter & Gamble tentam distribuir seus produtos diretamente ao consumidor final. As economias de escala, que permitem aos produtores e fabricantes operar com baixo custo médio para os processos de produção, geralmente não se repetem nas tarefas de distribuição. Em consequência, empresas de produção ou fabricação devem, frequentemente, procurar membros do canal para lhes passar, ou ao menos executar em conjunto, tarefas de distribuição. Os intermediários nos níveis do atacado e do varejo são os dois níveis básicos de instituição que podem ser chamados para participar. 23 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Intermediários Intermediárias são empresas independentes que dão suporte aos produtores e fabricantes (e usuários finais) no desempenho de funções de negociação e outras tarefas de distribuição. Eles operam basicamente em dois níveis: atacado e varejo. Intermediários de Atacado Os atacadistas consistem em empresas engajadas na venda de bens para a revenda ou uso industrial. Seus clientes são empresas varejistas, industriais, comerciais, institucionais, profissionais ou agrícolas, bem como outros atacadistas. Também incluem empresas que atuam como agentes ou corretores na compra e venda de produtos. A classificação mais comum e abrangente dos atacadistas é publicada a cada cinco anos pelo U.S. Departament of Commerce que os divide em três grandes tipos: Atacadistas tradicionais: são empresas que, basicamente, se dedicam a comprar, assumir a propriedade, armazenar (em geral) e manusear produtos em quantidades relativamente grandes, para em seguida revender esses produtos em quantidades menores para varejistas, empresas industriais ou comerciais, instituições e outros atacadistas. Eles adotam diferentes nomes, como atacadista, atravessador, distribuidor, distribuidor industrial, casa de suprimentos, intermediário, importador, exportador e outros. Agentes corretores e representantes comissionados: também são intermediários independentes que, na maioria de suas transações, não assumem os direitos sobre os produtos que negociam, mas estão ativamente envolvidos em funções de negociação (compra e venda) enquanto agem em nome de seus clientes. São geralmente remunerados com comissões sobre as vendas ou compras. Alguns dos tipos mais comuns são conhecidos em suas áreas como agentes dos fabricantes, representantes comissionados, corretores, agentes de vendas e agentes de importação e exportação. 24 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Filiais e escritórios de vendas dos fabricantes: pertencem aos fabricantes e são por eles operados, mas são separados fisicamente das fábricas. São usados principalmente com o propósito de distribuir aos atacadistas os produtos próprios do fabricante. Alguns têm instalações de armazenagem nas quais são mantidos os estoques, enquanto outros são meros escritórios de vendas. Tarefas de distribuição executadas pelos atacadistas tradicionais Os atacadistas tradicionais atendem tanto aos fabricantes quanto aos varejistas e outros clientes. Eles vêm sobrevivendo como intermediários no canal de marketing porque, como especialistas no desempenho das tarefas de distribuição, podem operar em maiores níveis de eficiência e eficácia. Muitas vezes, o custo médio para as tarefas de distribuição é menor para os atacadistas. Em outras, eles conseguem se aproximar-se mais da otimização dos custos do que os fornecedores. Atacadistas modernos e bem administrados são especialmente adequados para desempenhar os seguintes tipos de tarefas de distribuição para os fabricantes: Fornecer cobertura de mercado. Fazer contatos de vendas. Manter estoques. Processar pedidos. Reunir informações de mercado. Oferecer suporte ao cliente. Os atacadistas tradicionais fornecem cobertura de mercado aos fabricantes porque os mercados para os produtos da maioria dos fabricantes consistem em muitos clientes espalhados por grandes áreas geográficas. Para que seus produtos possam estar 25 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. prontamente disponíveis aos clientes quando forem necessários, os fabricantes vêm dependendo cada vez mais dos atacadistas tradicionais, visando garantir a cobertura de mercado necessária a um custo razoável. O contato de vendas é um valioso serviço fornecido pelos atacadistas tradicionais. Para os fabricantes, o custo de manter uma força de vendas externa é bastante elevado. Se o produto de um fabricante é vendido a muitos clientes em uma grande área geográfica, o custo de cobrir o território com sua força de vendas pode ser proibitivo. Usando atacadistas para alcançar uma porção significativa de seus clientes, os fabricantes podem conseguir reduzir substancialmente os custos dos contatos eternos de vendas porque sua força de vendas entrará em contato apenas com um número relativamente pequeno de atacadistas em lugar do número muito maior de clientes. O valor dos atacadistas em fornecer contatos de vendas fica ainda mais evidente para os fabricantes que entram em mercados estrangeiros. Muitos estudos preveem que o papel do atacadista de fornecer contato de vendas para os fabricantes irá crescer ainda mais, à medida que o custo dessa tarefa elevar-se drasticamente para os fabricantes. Enquanto os atacadistas estarão tornando-se mais competentese eficientes em alcançar os clientes do fabricante usando sua força de trabalho tanto externa quanto interna. Um estudo faz as seguintes observações a respeito do crescente papel dos atacadistas tradicionais em fornecer contato de vendas para os fabricantes: A força de vendas externa dos distribuidores se tornará mais orientada para o marketing. Em lugar de simplesmente contatar clientes e registrar pedidos, a força de vendas externa vai assumir maior responsabilidade por identificar clientes e determinar suas exigências, e por recomendar os tipos de produtos e serviços que o distribuidor deve oferecer. Considerando a força de vendas internas do distribuidor, os próximos anos lhe trarão maior status e profissionalismo. Além de lidar com contas pequenas e marginais, o vendedor interno se tornará o elo de comunicação regular e promocional da empresa com 26 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. os clientes, um coletor fundamental de inteligência de mercado e o fornecedor de pequenas assistências técnicas e de solução de problemas aos clientes. Outro estudo, da Mational Association os Wholesaler-Distributors, confirma a importância do contato de vendas ao destacar o que os atacadistas podem fazer para melhorar suas operações nessa área: Desenvolver um plano de marketing para a força de vendas; Redesenhar o plano de compensação da força de vendas; Desenvolver um efetivo programa de treinamento de carreira para força de vendas; Considerar o uso da tecnologia e de outras ferramentas afins para dar suporte ao trabalho e aumentar a produtividade da força de vendas. Manter estoques é outra atividade crucial prestada pelos atacadistas para os fabricantes. Os atacadistas tradicionais assumem os direitos sobre os produtos e, na maioria das vezes, também os estocam. Dessa forma, eles conseguem reduzir o fardo financeiro que pesa sobre os fabricantes, bem como alguns dos riscos associados à manutenção de grandes estoques. Além disso, os fabricantes podem planejar melhor seus cronogramas de produção quando os atacadistas já lhes fornecem um entreposto pronto para seus produtos. Como muitos clientes compram em pequenas quantidades, é bastante útil aos fabricantes o processamento de pedidos feito pelos atacadistas. Grandes ou pequenos, os fabricantes tendem a ser extremamente ineficientes quando tentam preencher vários pedidos pequenos de milhares de clientes. Os atacadistas, por sua vez, são especificamente adequados para isso. Ao trabalhar para muitos fabricantes, o atacadista tem seus custos de processamento absorvidos pela venda de uma gama mais ampla de produtos. A tarefa de reunir informações de mercado é de grande benefício para os fabricantes. Os atacadistas geralmente estão bastante próximos dos clientes, geograficamente, e em 27 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. muitos casos têm contínuo contato em razão de contatos de vendas frequentes. Portanto, eles estão bem posicionados para aprender acerca das exigências dos clientes quanto a produtos e serviços. Tais informações, se repassadas aos fabricantes, podem ser valiosas no planejamento de produtos, na determinação de preços e no desenvolvimento de uma estratégia de marketing competitiva. O suporte ao cliente é a tarefa final de distribuição que os atacadistas prestam para os fabricantes. Os produtos podem precisar ser trocados ou devolvidos, ou um cliente pode exigir ajustes, reparos ou assistência técnica. Pode ser muito dispendioso para os fabricantes fornecer esses serviços diretamente a um grande número de clientes. Em vez disso, eles podem usar atacadistas para ajudá-los a fornecer os serviços aos clientes. Esse suporte extra dos atacadistas, muitas vezes chamado de serviços de valor agregado, representa um papel crucial ao tornar os atacadistas membros vitais do canal de marketing, tanto do ponto de vista dos fabricantes que os abastecem quanto dos clientes para quem eles vendem. Além de desempenhar as seis tarefas de distribuição para os fabricantes, conforme citado, os atacadistas tradicionais são igualmente adequados para desempenhar as seguintes tarefas de distribuição para seus clientes: Garantir a disponibilidade dos produtos. Fornecer serviço ao cliente. Estender crédito e auxílio financeiro. Oferecer conveniência de sortimento. Fragmentar volumes. Ajudar os clientes com aconselhamento e suporte técnico. A disponibilidade dos produtos é provavelmente a mais básica das tarefas de distribuição desempenhadas pelos atacadistas para seus clientes. Devido à proximidade 28 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. com os clientes e/ou sua sensibilidade às necessidades destes, os atacadistas podem propiciar um grau de disponibilidade aos produtos que a maioria dos fabricantes dificilmente conseguiria. Outra valiosa tarefa de distribuição desempenhada pelos atacadistas é o serviço ao cliente. Os clientes, muitas vezes requerem serviços tais como: entrega; reparos ou revisões ligadas à garantia. Ao prestarem esses serviços a seus clientes os atacadistas poupam-lhes esforço e despesas. Os atacadistas fornecem crédito e auxílio financeiro de duas formas. Primeiro, ao fazer vendas a prazo, permitem aos clientes usar os produtos em seus negócios antes de ter de pagar por eles. Segundo, ao estocar e ao disponibilizar prontamente, muitos dos itens que os clientes necessitam, reduzem significativamente os gastos com armazenamento que os clientes teriam se eles mesmos mantivessem esses estoques. A conveniência de sortimento refere-se à habilidade do atacadista de reunir uma variedade de produtos de muitos fabricantes, simplificando as atividades de compras dos clientes. Em vez de ter de fazer pedidos separadamente para dezenas ou mesmo centenas de fabricantes, os clientes podem tratar com apenas um ou alguns poucos atacadistas especializados, que podem fornecer-lhes todos ou a maioria dos produtos que precisam. Outra importante tarefa de distribuição é fragmentar volumes. Muitos clientes não usam grandes quantidades dos produtos, ou podem preferir receber os produtos paulatinamente, um pouco de cada vez. Diversos fabricantes acham antieconômico preencher pequenos pedidos e estabelecem limites mínimos para desencorajá-los. Ao comprar grandes quantidades dos fabricantes e fragmentar esses volumosos lotes de produtos em quantidades menores, os atacadistas permitem que os clientes só comprem o que precisem. Finalmente, os atacadistas atendem aos clientes com aconselhamento e suporte técnico. Muitos produtos, mesmo que não sejam considerados técnicos, podem requerer 29 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. certo suporte técnico para serem usados adequadamente, além de aconselhamento sobre como devem ser vendidos. Os atacadistas, especialmente por meio de uma força de vendas externas bem treinadas, são capazes de fornecer esse tipo de assistência técnica e comercial aos clientes. Tarefas de distribuição executadas pelos Agentes Atacadistas. Conforme mencionado anteriormente, os agentes atacadistas não assumem os direitos sobre os produtos que vendem. Também é regra não executarem tantas tarefas de distribuição como um atacadista tradicional típico. Agente dos fabricantes (também denominados representantes dos fabricantes), por exemplo, especializam-se basicamente em executar para os fabricantes as tarefas de distribuição, de cobertura de mercado e contato de vendas. Com efeito, os agentes são muito importantes colocando- se no lugar da força de vendas externa de fabricantes que não podem manter uma equipe própria, ou suplementando os esforços de vendas dos fabricantes que têm vendedores próprios, mas acham antieconômico usá-los para certos territórios ou categorias de produtos. Os agentes geralmenterepresentam muitos fabricantes ao mesmo tempo e operam uma ampla faixa de categorias de produtos e serviços, tais como utilidades domésticas, ferragens, tintas, equipamentos de processamento, produtos químicos, componentes elétricos e eletrônicos, aço e embalagens. Serviços vendidos pelos agentes dos fabricantes incluem pintura, blindagem, reconstrução de maquinário, limpeza e uma variedade de serviços comerciais. Outro tipo de agente atacadista, o agente de vendas, geralmente executa mais tarefas de distribuição que o representante do fabricante. De fato, eles podem encarregar-se virtualmente de todo esforço de marketing e vendas para os fabricantes que representam. Assim, embora os agentes de vendas que não mantenham estoques fisicamente e nem assumam os direitos sobre os produtos, podem executar muitas, senão todas, das demais tarefas de distribuição, tais como proporcionar cobertura de mercado, contato de 30 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. vendas, processamento de pedidos, informações mercadológicas, disponibilidade dos produtos e serviços ao cliente. Os corretores oferecem outro exemplo de grande diferença entre as definições baseadas na execução das tarefas de distribuição apresentadas na literatura de marketing, o corretor é geralmente definido como um intermediário, ou uma parte que aproxima os compradores e vendedores para que a transação possa ser consumada. Segundo a definição mais rigorosa, portanto, um corretor só executaria uma tarefa de distribuição: fornecer informações de mercado. Ainda assim, na prática, alguns corretores podem executar muitas ou mesmo a maioria das tarefas de distribuição, de tal forma que, para todas as finalidades práticas, há pouco o que os distingue dos representantes dos fabricantes ou dos agentes de vendas. Finalmente o representante comissionado, que é importante principalmente nos mercados agrícolas. Os representantes comissionados executam de fato várias tarefas de distribuição, incluindo manutenção física de estoques (embora sem assumir a propriedade), cobertura de mercado, contato de vendas, fragmentação de volumes e processamento de pedidos. Essas tarefas de distribuição são executadas no decorrer da ação do representante comissionado em nome de seu contratante (produtores ou fabricantes). Essencialmente, ele recebe e armazena produtos, ajuda a localizar compradores, faz vendas, estende crédito pessoal, processa pedidos e pode organizar entregas. Depois de concluir a venda e cobrar o dinheiro dos compradores, remete-os aos contratantes (deduzida à comissão pelos serviços prestados) que, às vezes, permanecem anônimos aos compradores. Por fim, independentemente de o atacadista em questão ser um atacadista tradicional ou um agente, corretor ou representante comissionado, a participação do atacadista no canal de marketing está baseada na execução de tarefas de distribuição (serviços) que são necessárias aos fabricantes e clientes. Além disso, qualquer desses atacadistas deve ser capaz de executar essas tarefas de distribuição com mais eficiência do que os fabricantes e clientes. Com tantos fabricantes e clientes agressivamente buscando 31 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. formas de elevar sua produtividade e reduzir custos, eles estão prestando muita atenção ao papel do atacadista em seus canais de marketing. É provável que somente os fabricantes que fizerem um trabalho especialmente bom na execução das tarefas de distribuição, com um nível muito alto de eficiência, conseguirão talvez não melhorar, mas pelo menos manter suas posições como membros viáveis do canal de distribuição. 32 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. UNIDADE 4 Objetivo: Entender os conceitos de varejo e de agentes facilitadores e ainda, perceber o poder existente nas empresas de varejo. Intermediários de Varejo e Agentes Facilitadores Varejistas Os varejistas consistem em empresas engajadas basicamente na venda de mercadorias para consumo pessoal ou doméstico e na prestação de serviços ligados à venda de bens. Os varejistas envolvem uma aglomeração extremamente complexa e diversa. Eles variam desde a chamada loja familiar de vizinhança até as gigantescas cadeias de hipermercados como o Wal-Mart, cujo faturamento anual é de mais de 100 bilhões. Os métodos de operação vão, do serviço mínimo das lojas de desconto às elaboradas operações com magnífica arquitetura nos grandes shoppings Centers. A categoria inclui tanto o varejo com lojas quanto o varejo sem lojas, tais como empresas de pedidos pelo correio, varejistas de venda direta, vendas pela TV e comércio eletrônico pela Internet. Há lojas de especialidade, lojas de departamentos de linha ampla, supermercados gigantes, clubes de atacado e lojas de fábrica; há varejistas locais, regionais, nacionais e globais. A lista pode continuar indefinidamente. Do ponto de vista da concentração econômica, o varejo é cada vez mais dominado por grandes empresas. O poder e a influência dos varejistas nos canais de marketing são crescentes. Essa tendência envolve três grandes processos: Aumento no porte e poder de compra. Aplicação de avançadas tecnologias. Uso de modernos conceitos e técnicas de marketing. 33 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. O porte de muitos varejistas está aumentando devido tanto ao crescimento quanto às fusões, aquisição e buyouts que ocorreram durante a década de 90. Como porte se traduz em poder, à medida que os varejistas se tornam maiores, sua capacidade de influenciar as ações dos outros membros do canal (atacadistas e fabricantes) também se torna maior. A maioria dos fabricantes que abastecem o Wal-Mart, por exemplo, são consideravelmente menores que ele e não estão em posição de exercer uma influência significativa sobre as políticas operacionais do Wal-Mart. Pelo contrário, devido ao enorme porte e poder de compra do Wal-Mart, é ele que está em posição de exercer considerável influência sobre os seus fornecedores. De fato, em muitos casos o Wal-Mart e outros varejistas podem literalmente ditar os termos que quiserem aos fabricantes. Com seu enorme poder de compra, grandes fatias de mercado e sofisticadas administrações, esses varejistas gigantes têm sido chamados de poderosos varejistas e category Killers, termos que passam a ideia das posições dominantes que desfrutam. Conforme foi visto, o crescimento do porte e da concentração dos varejistas é a razão fundamental para o maior poder dos varejistas no canal de marketing. Contudo, dois outros fatores, também, são importantes. O primeiro é a progressiva aplicação de tecnologia avançada pelos varejistas, e o segundo é a crescente ênfase dos varejistas no uso do conceito de marketing. No que diz respeito à tecnologia, as muitas inovações tecnológicas dos últimos anos não passaram despercebidas pelos varejistas. De fato, os varejistas estão se tornando astutos seguidores e, o que é mais importante, ardentes usuários de muitas das novas tecnologias, as quais têm feito deles membros mais sofisticados e exigentes do canal. Talvez o exemplo mais óbvio do uso da tecnologia pelos varejistas na última década seja a leitura eletrônica. Esta tecnologia consiste em dispositivos de laser que “leem” preços e outras informações nos rótulos dos produtos e os registram com mais rapidez e precisão do que as pessoas conseguiriam manualmente. Quando combinadas com o código de barras nas embalagens dos produtos, a velocidade e eficiência das leitoras eletrônicas são formidáveis no processamento das transações com os consumidores. 34 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Todavia, as leitoras eletrônicas agora estão indo além da simples leitura dos rótulos dos produtos. Associadas a modernos sistemas computadorizadosde controle de estoque, elas podem ser usadas para repor estoques eletronicamente, acabando com a dependência de pedidos de compras produzidos manualmente. Usando os dados de venda dos caixas enviados pelas leitoras, o computador pode relatar os itens vendidos e então subtraí-los automaticamente dos volumes registrados no estoque. Uma lista gerada por computador de pedido dos itens que caírem abaixo dos níveis mínimos de estoque pode então ser transmitida para os atacadistas e fabricantes. As leitoras eletrônicas estão, dessa forma, permitindo que os varejistas melhorem sua produtividade ao tornar possível para eles processar volumes maiores de transações com uma mão de obra menor. Mesmo assim, isso é apenas a ponta do iceberg das potenciais aplicações da leitura eletrônica. Cada vez mais varejistas estão usando essa tecnologia para decisões de promoção e merchandising, determinação de preços, análise de lucratividade direta do produto, gerenciamento de gôndola, previsão de itens e estudos de viagens de compras. Um desenvolvimento tecnológico relacionado e que vai além das capacidades da leitura eletrônica é o electronic data interchange (EDI), ou troca eletrônica de dados. Essa tecnologia está exercendo profundos efeitos sobre o papel dos varejistas no canal de marketing. O EDI, que combina avançadas tecnologias de computação e telecomunicações, permite aos varejistas compartilhar dados com os fabricantes em tempo real. Os computadores do fabricante são ligados aos computadores do varejista de tal forma que o comportamento das vendas no varejo dita o leque de produtos e os planejamentos de produção do fabricante. Obviamente, isso é apenas uma amostra das muitas tecnologias que estão sendo usadas pelos varejistas, mas elas são indicativas do papel da tecnologia em elevar suas capacidades e em virar a seu favor a estrutura de poder no canal de marketing. Quanto à crescente ênfase dos varejistas no marketing, uma mudança fundamental foi a evolução no pensamento dos principais varejistas sobre a aplicação do conceito de 35 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. marketing no cenário do varejo. O conceito de marketing, destacando a orientação ao cliente, pela qual a empresa deve tentar adaptar suas ofertas para atender com mais precisão às necessidades dos clientes, já existe desde os anos 50. Contudo, foi somente nos anos 90 que o conceito de marketing realmente se tornou popular no varejo. Tradicionalmente, os varejistas sempre foram mais orientados para o fornecedor (vendedor) do que para o mercado. Ao longo da década de 90, cada vez mais varejistas em muitos ramos de negócios descobriram o conceito de marketing e o poder dos modernos métodos de marketing para sobreviver e prosperar nos mercados de competição acirrada do varejo. De fato, alguns varejistas já rivalizam com os principais fabricantes de bens de consumo na aplicação de estratégias de marketing. Alguns varejistas do tipo category killer têm usado o marketing de relacionamento ao enfatizar o amplo serviço ao cliente para construir relacionamentos de longo prazo. Os varejistas estão em sintonia com as necessidades dos clientes e têm a experiência em marketing para atender com sucesso a essas necessidades. Fornecedores que buscam vender seus produtos por meio desses varejistas orientados para o marketing só conseguirão fazê-lo se passarem pela aprovação dos varejistas. Sob a perspectiva dos fornecedores, tanto produtores quanto atacadistas, as implicações da nova posição dos varejistas são potencialmente ameaçadoras. Cada vez mais, suas estratégias básicas de marketing nas áreas de planejamento e desenvolvimento de produtos, determinação de preço e promoção estarão sob restrições, e poderão até mesmo ser moldadas pelas exigências consideráveis de um poderoso varejista. Para os fornecedores que não souberem ajustar-se a essa nova realidade, ganhar acesso aos mercados de consumo será uma tarefa difícil, senão impossível. Tarefas de distribuição executadas pelos varejistas O papel do varejista no canal de distribuição, independentemente de seu tipo e porte, é interpretar as demandas de seus clientes e encontrar os bens que esses clientes 36 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. quiserem, quando quiserem e da forma que eles quiserem. Some-se ainda a isso, ter a variedade certa na hora que os clientes estão prontos para comprar. É possível especificar as tarefas de distribuição para as quais os varejistas são especialmente adequados, da seguinte forma: Oferecer mão de obra e instalações físicas que permitam aos produtores/fabricantes e atacadistas ter muitos pontos de contato com os consumidores perto de suas residências. Fornecer venda pessoal, publicidade e mostruário para ajudar a vender os produtos do fornecedor. Interpretar a demanda do consumidor e repassar essa informação ao longo do canal. Dividir grandes quantidades em lotes do tamanho do consumidor, propiciando economias aos fornecedores (ao aceitar carregamentos relativamente grandes) e conveniência aos consumidores. Oferecer armazenamento, para que os fornecedores possam ter estoques amplamente dispersos de seus produtos, a baixo custo, e permitir aos consumidores ter acesso próximo aos produtos dos produtores/fabricantes e atacadistas. Remover um risco substancial do produtor/fabricante (ou atacadista) ao pedir e aceitar entrega antecipadamente. O nível que os varejistas executam essas tarefas de distribuição varia enormemente ao longo do espectro do varejo, desde um esforço irrestrito para fazer de tudo até um nível indolente de fazer muito pouco. Em essência, cada membro varejista do canal toma suas próprias decisões sobre como abordar a execução das tarefas de distribuição. Entretanto, para permanecer um membro 37 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. viável do canal de marketing, cada um deve oferecer algo de valor para seus clientes, bem como para seus fornecedores. Se fracassar, os concorrentes varejistas atuais, outros membros do canal, ou novas formas de instituições de canal ficarão muito felizes de tomar seu lugar no canal de marketing. O porte crescente dos varejistas, também, afeta a alocação das tarefas de distribuição entre os membros do canal. Especificamente, as tarefas de distribuição, que antes eram território do atacadista ou fabricante, estão sendo progressivamente tomadas pelos varejistas de grande escala. Por exemplo, a maioria das grandes cadeias de lojas de departamentos tem suas próprias instalações modernas de armazenamento, permitindo- lhes executar as tarefas de armazenagem e processamento de pedidos com muita eficiência. Isso, por sua vez, reduziu o uso de intermediários como atacadistas a um nível muito marginal. Associações voluntárias de varejistas – tais como cooperativas de varejistas, cadeias de voluntários iniciadas por atacadistas e sistemas de franquia – também estão crescendo, permitindo a muitas dessas organizações rivalizarem com as economias de escala das cadeias corporativas. Na média, mesmo lojas de varejo independentes com uma só unidade ficaram maiores, passaram a utilizar instalações e equipamentos modernos e a executar tarefas de distribuição com mais eficiência. Isso coloca um dilema para o produtor ou fabricante. Por um lado, o potencial de intermediários de varejo de executar tarefas de distribuição com eficiência e eficácia aumentou. Contudo, por outro lado, a maior escala dos varejistas aumentou seu poder e independência, e, portanto ficou mais difícil para o produtor ou fabricante influenciá-los. Isso significa que o gerente do canal na empresa produtora u fabricante encontrará tanto oportunidades maiores quanto dificuldades maiores quando for usar varejistas no canal de distribuição. Isso colocará um prêmio especialmentealto pela gestão eficaz do canal. 38 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Agentes Facilitadores Os agentes facilitadores são empresas que dão suporte a tarefas de distribuição que não sejam a compra, venda e transferência de direitos. Do ponto de vista do gerente do canal, eles podem ser tratados como subcontratados para quem muitas tarefas de distribuição podem ser terceirizadas, com base novamente no princípio da especialização e divisão do trabalho. Ao alocar adequadamente tarefas de distribuição a agentes facilitadores, o gerente do canal terá uma estrutura auxiliar que é um mecanismo eficiente para conduzir os objetivos de distribuição da empresa. Aqui estão alguns dos tipos mais comuns de agentes facilitadores: Agentes de Transporte: incluem todas as empresas que oferecem serviço de transporte aberto ao público em geral, como a United Parcel Service (UPS), a Federal Express (FEDEX) e os correios. Devido às grandes economias de escala e escopo, essas e outras transportadoras comuns são capazes de executar os serviços de transporte com muito mais eficiência e eficácia de custo que os fabricantes, atacadistas ou varejistas. Agentes de Armazenagem: consistem principalmente em armazéns públicos que se especializam na armazenagem de bens cobrando uma taxa. Muitas dessas empresas fornecem grande flexibilidade na execução das tarefas de distribuição. Por exemplo, em alguns casos, os bens de um membro do canal (produtores/fabricantes, atacadistas ou varejistas) não são mantidos fisicamente nas instalações da empresa de armazenagem, mas nas instalações do próprio membro do canal. Sob esse, assim chamado, arranjo de armazenagem de campo, o agente de armazenagem guarda os bens e emite um recibo, que muitas vezes serve como colateral para um empréstimo contraído pelo membro do canal. Agentes de Processamento de Pedidos: são empresas que se especializam nas tarefas de preenchimento de pedidos. Eles poupam os fabricantes, atacadistas e varejistas de algumas dessas tarefas ligadas ao despacho para os clientes, ou mesmo todas elas. 39 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Agências de Publicidade: oferecem ao membro do canal experiência no desenvolvimento da estratégia de promoção. Essa estratégia pode variar desde o fornecimento de um pequeno suporte na redação de um anúncio até todo o projeto e execução da campanha publicitária. Agentes Financeiros: consistem em empresas como bancos, financeiras e agentes comerciais, as quais se especializam na compensação de contas a receber. Comum a todas essas empresas é o fato de possuírem os recursos financeiros e a expertise que muitas vezes faltam ao gerente do canal. Companhias de Seguros: fornecem ao gerente do canal os meios de proteger contra alguns dos riscos inerentes a qualquer empreendimento, como incêndio ou roubo, danos às mercadorias em trânsito, e até mesmo o tempo inclemente em alguns casos. Empresas de Pesquisa de Marketing: cresceram substancialmente nos últimos 20 anos. Hoje, a maioria das grandes cidades tem várias empresas de pesquisa de marketing que oferecem inúmeros serviços. O gerente do canal pode contar com essas empresas para o fornecimento de informações quando sua própria empresa não possui as habilidades necessárias para obter as informações mercadológicas relevantes à distribuição. Com o poder concentrado nas mãos do varejo, muitos produtores optaram por somente produzir bens de consumo para o próprio varejista colocar sua marca nele. Por um lado o fabricante se livra dos custos de promoção da marca e garante um bom posicionamento do produto na gôndola. Por outro, perde total controle do produto e das ações estratégicas do mesmo, passando a competir apenas por preço. 40 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. UNIDADE 5 Objetivo: Compreender o ambiente que cerca o canal de marketing, principalmente os ambientes: econômico, competitivo e sociocultural. Ambiente dos canais de marketing No sentido mais amplo, o ambiente consiste em todos os fatores externos incontroláveis dentro do qual o canal de marketing existe. Assim, uma miríade de variáveis pode afetar o canal. Para dar alguma ordem a esse imenso conjunto de variáveis externas incontroláveis, elas devem ser classificadas em cinco categorias: Ambiente Econômico; Ambiente Competitivo; Ambiente Sociocultural; Ambiente Tecnológico; Ambiente Legal. Antes de discutir cada uma dessas categorias ambientais e sua influência sobre o canal de marketing, é preciso observar uma peculiaridade da influência do ambiente dentro do contexto de canais de marketing. Como o canal de marketing inclui empresas independentes, como varejistas e atacadistas, os gerentes de canal também devem se preocupar com o impacto do ambiente sobre esses membros do canal. Como a eficácia do canal também é influenciada pelo desempenho dos participantes não membros, tais como agentes facilitadores, os gerentes do canal devem igualmente levar em conta a maneira pela qual o ambiente afeta esses participantes não membros. Assim, os gerentes de canal precisam analisar o impacto do ambiente não apenas sobre suas próprias 41 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. empresas e seus mercadosalvos finais, mas também sobre todos os participantes do canal de marketing. A figura abaixo mostra o ambiente afetando todos os participantes e os mercadosalvos. A sede da gestão do canal (não necessariamente o controle) pode se situar em empresas de produção ou fabricação, ou em empresas intermediárias, como grandes organizações de atacado ou varejo capazes de administrar o canal. No entanto, a chave na parte de baixo da figura indica a análise que a gestão do canal faz dos efeitos ambientais precisa considerar todos os participantes do canal. Ambiente 1. Econômico 2. Sociocultural 3. Competitivo 4. Legal 5. Tecnológico Produtores e Fabricantes Intermediários Mercadosalvo Agentes Facilitadores Sede da Gestão do Canal A análise que o gerente do canal faz do impacto ambiental deve incluir todos os participantes do canal. 42 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Essa visão do impacto do ambiente no contexto dos canais de marketing representa uma distinção chave entre a administração do canal e a administração das outras variáveis principais do composto mercadológico de uma empresa (produto, preço e promoção). Em suma, quando o gerente do canal considera as influências do ambiente sobre a estratégia do canal, ele tem muito no que pensar. Essa perspectiva ampliada da análise ambiental para incluir todos dos participantes do canal, deve estar sempre em mente ao longo desta unidade e sempre que se tratar deste assunto. A partir daqui, passa-se à discussão de cada uma das principais categorias ambientais. A discussão enfocará algumas das questões críticas para cada categoria e como elas influenciam o canal de marketing. Ambiente Econômico Provavelmente, a economia é a mais óbvia e influente categoria de variáveis ambientais que afetam todos os membros do canal de marketing. Não se passa um dia sem que o estado da economia atraia o interesse de consumidores e executivos de empresas de fabricação, atacado e varejo. Todos esses envolvidos devem prestar muita atenção ao que acontece na economia. Desde um fabricante que levanta capital para um investimento de longo prazo até um consumidor que compra café no supermercado, todos são afetados pelas variáveis econômicas. Em um contexto de gestão de canal, os fatores econômicos são determinantes críticos do comportamento e do desempenho dos membros do canal. O gerente do canal deve, portanto, estar ciente da influência das variáveis econômicas sobre os participantesdos canais de distribuição. Alguns fatores que afetam o ambiente econômico são: Recessão; 43 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Inflação; Deflação; Taxas de Juros; Política Cambial etc. Ambiente Competitivo A concorrência é sempre fator crítico a ser considerado por todos os membros do canal de marketing. Isso passou a ser ainda mais verdadeiro quando a concorrência tornou-se global em escopo. Já não é mais realista para as empresas domésticas preocupar-se somente com os rivais dentro das fronteiras de seu país. Além dessa preocupação, elas precisam prestar muita atenção aos concorrentes existentes e emergentes de todo o mundo. Os termos “mercado global”, “arena global” e “concorrência global” não são apenas parte de um jargão de negócios internacional, mas também descrições realistas do ambiente competitivo como ele é hoje, em um número cada vez maior. Tipos de Concorrência. Junto com o escopo de competição ampliado, os gerentes de canal também devem considerar os principais tipos de concorrência que podem afetar a estratégia de canal. Particularmente, eles devem observar os quatro tipos seguintes: Concorrência horizontal. Concorrência intertipos. Concorrência Vertical. Concorrência entre sistemas de canal. 44 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Concorrência horizontal: é a concorrência entre empresas de um mesmo tipo; por exemplo, um fabricante de automóveis versus outro fabricante de automóveis, um atacadista de material hidráulico versus outro atacadista de material hidráulico, ou um supermercado versus outro. Essa é a forma de concorrência mais visível e mais frequentemente discutida. Concorrência intertipos: é a concorrência entre diferentes tipos de empresas no mesmo nível do canal; por exemplo, a loja de descontos x a loja de departamentos ou o atacadista tradicional x os agentes corretores. Concorrência vertical: refere-se à concorrência entre membros, em diferentes níveis do canal como: entre varejista e atacadista, entre atacadista e fabricante, ou entre fabricante e varejista. Concorrência entre sistemas de canal: refere-se a canais inteiros competindo com outros canais inteiros. Para que um canal possa competir como se fosse uma só unidade, ele F F A A V V F A V F A V F A V F A V F A V Competição horizontal Competição intertipos Competição vertical Competição entre sistemas de canal Os mesmos tipos de empresas no mesmo nível do canal competindo umas com as outras Diferentes tipos de empresas no mesmo nível do canal competindo umas com as outras Membros com diferentes níveis do canal competindo uns com os outros Sistemas inteiros de canal competindo uns com os outros como se fossem unidades 45 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. precisa ser uma organização coesa e ordenada. Tais canais vêm sendo chamados de sistemas verticais de marketing e são classificados em três tipos: (1) corporativo (2) contratual e (3) administrado. Nos canais corporativos, as instalações de produção e comercialização pertencem à mesma empresa. No canal contratual, membros do canal independentes entre si – produtores ou fabricantes, atacadistas e varejistas – são ligados por um acordo contratual formal. Cadeias voluntárias promovidas pelo atacadista, cooperativas de varejistas e sistemas de franquias são as três principais formas de sistemas verticais de marketing. Sistemas de canal administrados resultam de forte domínio de um dos membros do canal (frequentemente, um fabricante) sobre os demais membros. Essa posição privilegiada é função da alavancagem que o membro dominante consegue alcançar a partir de um monopólio de oferta, expertise especial, forte aceitação de seus produtos pelos consumidores ou outros fatores. Embora existam poucos dados precisos, em geral se reconhece que os sistemas verticais de marketing cresceram drasticamente na última década, com o maior crescimento ocorrendo entre sistemas contratuais, particularmente franquias. Á medida que esses sistemas verticais de marketing vão conquistando parcelas cada vez maiores do sistema total de distribuição é de se esperar que também cresça o grau de concorrência entre sistemas de canal. Ambiente Sociocultural O ambiente sociocultural influencia virtualmente todos os aspectos de uma sociedade. As características da comercialização (e particularmente a estrutura dos canais de marketing) também são, portanto, influenciadas pelo ambiente sociocultural dentro dos quais eles existem. De fato, alguns analistas de canais argumentam que esta é a principal força que afeta a estrutura do canal. Nas últimas décadas, vários estudos em diferentes países dão suporte a essa visão. Esses estudos mostram uma grande variação na estrutura dos canais de país para país, 46 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. devido aos diferentes “climas sociais, psicológicos, culturais e antropológicos”. Pegue, por exemplo, o caso da África tropical. Em alguns países, não é raro encontrar em torno de 10 níveis na estrutura do canal para bens de consumo importados. A maioria dos minúsculos intermediários de varejo (muitas vezes ambulantes) lida com quantidades muito pequenas de produtos, tais como um punhado de sal, meia barra de sabão, ou dois ou três cigarros. Observadores ocidentais, bem como executivos dos governos dos países da África tropical, ficam com frequência, estarrecidos com isso, acreditando ser uma estrutura de canal altamente irracional e ineficiente. Esses observadores, entretanto, cometem o erro de não considerar o contexto sociocultural dentro do qual se situa essa estrutura de canal. Na realidade, os canais aparentemente arcaicos, com várias camadas de pequenos intermediários, são bastante racionais quando se faz um esforço em compreender os fatores socioculturais envolvidos. Na África tropical, tais fatores incluem uma ampla dispersão geográfica da população, consumidores de mobilidade extremamente limitada e uma tradição de compra imediatista e nada previdente. Dadas essas condições, é o supermercado moderno em estilo ocidental que seria na verdade altamente irracional e ineficiente. Claramente, portanto, o gerente de canal deve estar sensível ao ambiente sociocultural no qual o canal de marketing está inserido, quando se estende para culturas estrangeiras. Todavia, não é preciso que ele estenda o canal de marketing para outros países para encontrar ambientes “estranhos”. O ritmo acelerado da mudança nas variáveis socioculturais dentro de casa pode fazer com o que se supunha ser um ambiente doméstico bem conhecido parecer quase tão estranho quanto um estrangeiro. Principais fatores que influenciam no ambiente sociocultural: Padrões etários da população; Etnias; Tendências educacionais e comportamentais (tribos – ex: skatistas, punks, “patricinhas”, etc.). 47 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. Estrutura Familiar ou Domiciliar; Mudança no papel da mulher. 48 Copyright © 2007, ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil. UNIDADE 6 Objetivo: Compreender os ambientes, tecnológico e legal, que cercam o canal de marketing e analisar sua influência nos membros do canal. Ambientes tecnológico e legal. Ambiente Tecnológico. A tecnologia é o aspecto do ambiente que muda de forma mais rápida e contínua. Provavelmente, todas as pessoas poderiam recitar longas listas de avanços tecnológicos ocorridos ao longo de suas vidas ou mesmo apenas durante a última década. O amplo uso de computadores pessoais, CD’s, DVD’s, aparelhos de FAX, scanners, fibras óticas, telefones celulares e a Internet são alguns exemplos mais óbvios. Em vista dessa tecnologia em rápida mudança e em
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