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Aulas_Didier_Novo-CPC

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Aula 1 Fredie Didier Júnior Normas Fundamentais Novo Curso sobre o Novo CPC
É um curso que vamos analisar todas as mudanças trazidas pelo novo CPC. Será
dado uma visão completa do novo CPC. É muito diferente do sistema atual.
Estamos diante de uma lei que não só reformou o CPC de 1973, mas é um novo
sistema. Normas novas, sistema novo. Não adianta olhar para o NOVO CPC com
base no repertório que tínhamos em 1973. É claro que não se apaga a história e
também o conhecimento não surge do zero. O acúmulo histórico do CPC/73 é
levado como conhecimento histórico e como acúmulo de conhecimento. 
Verão no curso todas as mudanças relevantes do NOVO CPC do início ao até o fim.
Não será falado o que não mudou. Ex: petição inicial, jurisdição. Será explicado o
que mudou nas coisas.
Será visto as mudanças ao tempo que não existe doutrina suficiente sobre o novo
CPC. Porém, há um repertório doutrinário interessante sobre o novo CPC dos
encunciados produzidos pelo Fórum Permanente dos Processualistas Civis. É um
encontro dos Processualistas Civis que se realiza semestralmente. Nos TRÊS
primeiro encontros, eles produziram mais de 300 enunciados sobre o novo CPC.
Isso acaba sendo uma primeira doutrina sobre o novo CPC. São aprovados por
unanimidade. Isso funciona como uma pauta para compreender o novo CPC. À
medida que os livros forem saindo, vou divulgando. 
1º Assunto: Normas Fundamentais do Processo Civil tal como regulado pelo novo
CPC:
Cria-se uma norma nova: as normais fundamentais do Processo Civil. Esse
capítulo 1 tem 12 artigos. Esses 12 artigos não exaurem as normas
fundamentais. Esse rol não é exaustivo. Há normas fundamentais que não estão
no 12 primeiros artigos, porém estão na Constituição Federal, como por exemplo
devido processo legal e proibição da prova ilícita. Há exemplos de normas
fundamentais espalhadas pelo novo CPC, que não estão nos 12 primeiros artigos
do novo CPC. Esse rol normas fundamentais não exaustivo. Os 12 primeiros
artigos consagram normas e princípios. As normas fundamentais processuais
têm esse rótulo, porque os 12 primeiros artigos consagram regras ou princípios.
Há uma tendência de achar que toda norma fundamental é um princípio. Porém,
há normas fundamentais que são regras. Ex: as decisões hão de ser motivadas.
Isso é uma regra, mas não é um princípio. Por isso, o nome normas fundamentais
do processo civil e não princípios fundamentais do processo civil. 
Fredie Irá analisar os artigos que são novidades:
Art. 1º O processo civil sera órdenado, disciplinado e interpretado conforme os
valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituica̧õ da Repub́lica
Federativa do Brasil, observando-se as disposico̧ẽs deste Cod́igo.
Esse artigo 1º faz de uma maneira simbólica: Não é Possível compreender o
Processo Civil sem antes analisar a Constituição Federal. As disposições do novo
CPC devem ser interpretadas à luz da Constituição Federal. Percebam que é
artigo 1º não por acaso. Deixa claro que um CPC produzido atualmente não pode
se desvencilhar e não pode ser interpretado de maneira incompatível com a
Constituição Federal. O problema do artigo 1º é o seguinte: Do ponto de vista
simbólico, o novo CPC é muito bom. Agora, do ponto de vista normativo, ele diz
um obviedade: as normas infraconstitucionais devem ser interpretadas à luz da
Constituição. 
Pergunta: Vem um artigo infraconstitucional para dizer que todas as normas
processuais devem ser interpretadas à luz da Constituição. E se, por ventura, o
juiz aplicar o CPC contrariamente à Constituição? Caberá RESP por ter violado
uma norma infraconstitucional ou caberá RE por violar norma constitucional?
Para Fredie, a violação é da Constituição. O artigo 1º apenas enuncia uma norma
constitucional. O artigo 1º é um clone de um a norma constitucional. É como se a
lei repetisse o texto constitucional. Uma lei que repete um texto constitucional
continua repetindo uma norma que é constitucional. Esse artigo 1º tem um
caráter simbólico muito forte. Uma vez violada a norma que decorre do artigo 1º,
essa violação não impugnável por Recurso Especial, mas é impugnável por
Recurso Extraordinário. 
Art. 3º Naõ se excluira ́da apreciaca̧õ jurisdicional ameaca̧ ou lesaõ a direito. 
Não é nenhuma novidade. É uma repetição do que a Constituição diz. Se alguém
violar o princípio da inafastabilidade, viola a Constituição, porque esse artigo 3º
é uma simples repetição da Constituição. Quando a lei é o clone da Constituição,
o recurso que cabe é o Recurso Extraordinário.
Artigo 3º, § 2º: “ O Estado promovera,́ sempre que possiv́el, a soluca̧õ consensual
dos conflitos”. Estabelece uma norma nova. É o princípio de promoção pelo
Estado da solução por autocomposição. O Estado promoverá, sempre que
Possível, a solução consensual dos conflitos. O Estado deve atuar para promover
que as partes promovam seus conflitos consensualmente. É uma verdadeira
política pública de solução dos conflitos. É uma nova norma fundamental
processual. Ele consagra a resolução 125/10 do CNJ, que regulamentava isso. Só
que era uma resolução do CNJ. Agora, essa disposição do CNJ tem respaldo de um
dispositivo de lei que consagra a solução amigável dos conflitos. 
§ 3º A conciliaca̧õ, a mediaca̧õ e outros met́odos de soluca̧õ consensual de
conflitos deveraõ ser estimulados por juiźes, advogados, defensores pub́licos e
membros do Ministeŕio Pub́lico, inclusive no curso do processo judicial.
O estímulo por autocomposição deve ser promovido não só pelo Estado, mas
também por advogados, juízes, defensores públicos e membros do MP. Todo o
novo CPC é estruturado nesse sentido. No sentido de estimular a
autocomposição. Pela primeira vez, temos uma lei que disciplina com exaustão a
mediação e a conciliação. Mediação e conciliação estão exaustivamente regradas
pelo novo CPC. O primeiro ato do processo, após da petição de inicial, é marcar
uma audiência de conciliação. O novo CPC estimula que as partes se
autocomponham, dispensando o pagamento de custas, se houver transação. Pode
incluir no acordo outras lides e outras pessoas. É um princípio novo. 
Art. 4º As partes tem̂ direito de obter em prazo razoav́el a soluca̧õ integral do
meŕito, incluid́a a atividade satisfativa.
Dele, você extrai normas conhecidas, outras nem tanto. O artigo 4º tem 3
pedaços:
1ª) As partes têm direito de obter em prazo razoável: consagração da duração
razoável do processo. O novo CPC apenas ratifica isso.
2ª) A solução integral do mérito: as partes têm direito à solução de mérito. Ora,
um direito à solução de mérito decorre de um princípio novo, que você têm que
desenvolver: princípio da primazia da decisão de mérito. Está consagrado nessa
parte do artigo 4º do novo CPC. Em que consiste esse princípio? O objetivo desse
princípio é deixar claro que a solução de mérito é prioritário em relação a
solução que não é de mérito. Basta ver o artigo 139, IX, do novo CPC:
Art. 139. O juiz dirigira ó processo conforme as disposico̧ẽs deste Cod́igo,
incumbindo-lhe:
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de
outros vićios processuais;
É dever do juiz determinar a correção dos vícios processual. Com isso, impede
que o processo seja extinto sem resolução do mérito.
Outro exemplo expresso no novo CPC disso é o artigo que cuida dos poderes do
relator de um recurso: O relator, se verificar algum defeito sanável, deverá pedir
a emenda do recurso, pois vigora, no novo sistema, o princípio do julgamento do
mérito. 
Outro exemplo: O juiz não pode indeferir a petição inicial sem antes que o autor
emende a petição inicial. Isso está expresso no novo CPC.
Outro exemplo muito importante: Agora, a apelação contra qualquer sentença
que extinga o processo sem exame do mérito tem juízo de retratação. Por quê?
Exatamente por permitir que o juiz possa reconsiderar e possa julgar o mérito.
Se o juiz extinguiu sem exame do mérito, permite a retratação, para que ele
possa analisarse pode julgar o mérito. 
Esse princípio do artigo 4º vai se concretizando no novo CPC ao longo de diversas
manifestações.
Artigo 1028, §3º, do novo CPC: “O Supremo Tribunal Federal ou o Superior
Tribunal de Justica̧ podera d́esconsiderar vićio formal de recurso tempestivo ou
determinar sua correca̧õ, desde que naõ o repute grave”.
O STF e o STJ poderão desconsiderar um defeito dos recursos, exceto a
tempestividade. Esse dispositivo é um marco na concretização do princípio da
primazia do mérito. Esse princípio é tão importante que foi reproduzido na Lei
13015/14, que cuida dos recursos repetitivos no âmbito trabalhista. É uma lei
importantíssima, porque cuida dos recursos repetitivos no âmbito trabalhista.
Ela foi produzida com base no novo CPC. Grande parte dos textos dessa nova Lei
são importados do novo CPC. 
3º) Incluindo a atividade satisfativa: consagra-se o princípio da efetividade do
processo. Qual a novidade disso? Pela primeira vez na nossa história, temos um
artigo que expressamente diz isso. Nunca houve na nossa história um dispositivo
normativo que consagrasse expressamente o princípio da efetividade. Quem
quer desenvolver o princípio da efetividade poderá fazer com base no artigo 4º.
Fredie particularmente sempre defendeu esse princípio da primazia do mérito.
No curso dele, ele dizia que era um princípio expresso no âmbito coletivo. No
processo individual, ele já defendida há muito tempo também. Agora, a redação é
muito clara e concretização dele ao longo do novo CPC é mais clara ainda.
Art. 7º E ássegurada as̀ partes paridade de tratamento em relaca̧õ ao exercićio de
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos on̂us, aos deveres e à
aplicaca̧õ de sanco̧ẽs processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo
contraditoŕio.
A primeira parte do artigo 7º fala do princípio da igualdade processual. É um
princípio velho, embora tenha sido dissecado pelo artigo 7º. O problema é o
trecho final, que diz: “compete ao juiz zelar pelo efetivo contraditório”. Surge aí
uma norma fundamental nova, que impõe ao juiz o dever de zelar pelo efetivo
contraditório. O que significa isso? É um dos mistérios do novo CPC. É um
dispositivo muito aberto. Fredie dará dois exemplos:
1º) É Possível fazer com essa previsão: Fredie acha que é Possível que o juiz
nomeie um curador especial para os casos atípicos em que ele se revele
necessário. Ex: A parte foi à audiência, mas o advogado não foi. Daí, o juiz poderá
nomear um defensor público para ser curador especial, a fim de que o
contraditório não seja violado. É a nomeação de curador especial para hipóteses
atípicas.
2º) Não é Possível fazer: O juiz não pode destituir um advogado que ele repute
fraco. Daí, o juiz não poderia, sob pretexto de zelar pelo efetivo contraditório,
nomear outro advogado.
O juiz, para garantir o contraditório, pode dilatar os prazos processuais. Há
previsão no artigo 139, VI, do Novo CPC:
“O juiz dirigira ó processo conforme as disposico̧ẽs deste Cod́igo,
incumbindo-lhe:
VI dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produca̧õ dos meios de
prova, adequando-os as̀ necessidades do conflito de modo a conferir maior
efetividade a ̀tutela do direito”
Há previsão expressa e inédita do juiz dilatar os prazos processuais, a fim de
respeitar efetivamente o contraditório. Pensem que o autor tenha juntado
10.000 documentos. Daí, o prazo de 15 dias para o réu se defender é
absolutamente insignificante. Assim, o juiz poderá dilatar os prazos processuais,
dizendo: Réu, você poderá contestar em 45 dias. 
Vocês se lembram do acórdão do mensalão. Tinham milhares de páginas. Não
tinha sentido entrar com embargos em 5 dias. Daí, o STF concedeu o prazo de 10
dias, em função dessa interpretação de respeito ao contraditório. 
Essa dilatação de prazo não pode ser feita depois que o prazo acabou. O juiz tem
de dilatar os prazos, antes do prazo começar a correr. Essa foi a conclusão dos
processualistas no Fórum permanente de processualistas civis, que é a conclusão
129:
“ (art. 139, parágrafo único) A autorização legal para ampliação de prazos pelo
juiz não se presta a afastar preclusão temporal já consumada.(Grupo: Negócios
Processuais)”.
Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se
de acordo com a boa- fe.́
O artigo 5º consagra o princípio da boa-fé processual, como um dos pilares do
novo CPC. Ora, antes desse artigo 5º, a doutrina tinha que extrair o princípio da
boa-fé do do devido processo legal. Antes, não tinha no CPC um enunciado que
deixasse claro esse princípio. Ele, que já era um consequência do devido
processo legal, passa a ter previsão expressa no novo CPC.
Aquele que de qualquer forma participa do processo: a redação é assim,
exatamente para deixar claro que o princípio da boa-fé se dirige a todos os
sujeitos do processo, inclusive o juiz, perito, advogado, testemunha etc. Essa
redação é cópia da redação do CPC suiço, traduzido para o português. O princípio
da boa-fé se dirige a toda e qualquer sujeito processual.
Vamos dissecar esse princípio. A primeira coisa para compreender esse princípio
é a seguinte: Não se pode confundir boa-fé objetiva e boa-fé subjetiva. Boa-fé
subjetiva é um fato da vida. O fato de alguém acreditar que está agindo
licitamente. É ter a crença de que seu comportamento é lícito. É um fato que
muitas vezes é levado em consideração pelo legislador. Na posse de boa-fé, o
possuidor tem direito aos frutos. A boa-fé é um fato apto a gerar consequências
jurídicas. 
O que é a boa-fé objetiva? Não é um fato. É uma norma, mais precisamente um
princípio. É o princípio, segundo o qual os comportamentos humanos devem
estar pautados de acordo com um padrão ético de conduta. Não tem nada a ver
com a crença do sujeito. Pouco importa se o sujeito está de boa-fé íntima. A boa
fé objetiva é o princípio da boa-fé. Não se pode falar em princípio da boa-fé
subjetiva. O artigo 5º consagra a boa-fé objetiva processual incidente sobre
qualquer sujeito do processo, como por exemplo juiz, partes e advogado. Esse
artigo 5º é o exemplo de uma cláusula geral processual. O que significa isso?
Significa que se trata de um dispositivo normativo construído de maneira
indeterminada tanto em relação à sua hipótese normativa, como em relação à
sua consequência normativa. Quando a gente lê o artigo 5º, a gente não sabe ao
certo a qual comportamento ele se refere. Ele também não diz o que acontece se
por ventura se o comportamento não for conforme a boa-fé. Por isso, é uma
cláusula geral, necessitando de ser concretizado na prática. Os tribunais vão ter
que definir o que são os comportamentos de acordo com a boa-fé. Ao longo da
história, se pegarmos os últimos 100 anos de consagração do princípio da boa-fé
no direito estrangeiro. Veremos que o princípio da boa-fé já foi concretizado em,
no mínimo, 4 grupos de situações:
1ª) O princípio da boa-fé torna ilícita qualquer conduta de má-fé. Qualquer
conduta dolosa é considerada ilícita pela incidência do princípio da boa-fé. É
como se houvesse uma previsão geral de ilicitude em razão do dolo. Qualquer
conduta processual dolosa é considerada ilícita, tendo em vista o princípio da
boa-fé. Ex: Um amigo de Fredie advogando num processo trabalhista chegou à
conclusão de que o acordo seria o melhor caminho. Daí, fizeram um acordo com
o email. Acabou o processo e transitou em julgado. Daí, a outra parte desiste do
acordo. Assim, Fredie orientou que esse comportamento da outra parte é doloso,
ferindo o princípio da boa-fé, devendo requerer a devolução do prazo recursal.
2ª) Abuso do direito no Processo é considerado ilícito, por violar a boa-fé.
Qualquer abuso do direito no processo passará a ser considerado de forma muito
clara como um comportamento ilícito. Daí, por ser ilícito, não pode ser aceito. É
como se houvesse uma proibição geral para o abuso do direito no processo.
Exemplo: Imaginem que o autor tem o direito de negar a sucessãoréu pelo
adquirente de coisa litigiosa. Se um terceiro adquire coisa litigiosa, pode entrar
no lugar do réu. Para que o terceiro entre no lugar do réu, é preciso de que o
autor consinta. Imaginem que, porém, que ele negue esse consentimento de
maneira irrazoável, de maneira não fundamentada. Isso é intolerável. Não pode
ser exercido de maneira abusiva, porque viola o princípio da boa-fé.
3ª) Comportamento contraditório: se eu pratico um ato e esse meu ato gera em
outra pessoa a expectativa de que eu manterei uma coerência na minha
atuação.Se eu vier a frustrar isso, eu estarei comportando contraditoriamente,
porque contrário à boa-fé. É aquilo que, no direito civil, se chama de proibição do
venire contra factum proprium. Proibição de comportamento contraditório às
próprias atitudes. Exemplo: executado oferece um bem para ser penhorado.
Depois, alega a impenhorabilidade do bem.
4º) Supressio processual: Supressio é a perda de um direito pelo fato de não ter
exercido esse direito por um tempo tal que gerou na outra parte a expectativa de
que eu não mais o exerceria. Ocorre a surpressio desse direito. É Possível falar de
supressio no processo. Exemplo: O processo tramitou durante 10 anos e o juiz
nada disse. Pelo silêncio do juiz, gerou em todos a expectativa de que o processo
estava regular. Como juiz se submete ao princípio da boa-fé, ele sofreu a
supressio. É um comportamento ilícito do juiz se decide anular o processo.
O princípio da boa-fé exerce um papel hermenêutico muito grande. Orienta a
interpretação da postulação e da decisão. 
O direito ao contraditório garante às partes o poder de se manifestar sobre
qualquer questão que seja relevante para resolver sobre a causa, mesmo que
seja uma questão que o juízo conheça sem provocação (ex officio). Ex:
inconstitucionalidade da lei, incompetência absoluta, inconstitucionalidade da
lei, decadência legal.
Qualquer questão levada a juízo deve ser submetida ao diálogo do processo. Essa
exigência evita decisões surpresas. Fala-se que essa exigência decorre do dever
de consulta. O juiz tem o dever de consultar as partes sobre questão sobre a qual
elas não se manifestarem. Se eu sou juiz e estou para julgar uma causa, eu
percebo que a lei é inconstitucional e ninguém havia suscitado isso. Diante disso,
eu tenho de intimar as partes para que manifestem sobre um suposta
inconstitucionalidade. Isso não é prejulgamento. 
Exemplo: Mulher de fredie viu que a apelação era intempestiva e ninguém tinha
suscitado. Fredie sugeriu que ouvisse as partes antes. Não deu outra: as partes
foram ouvidas. Ambas disseram que o recurso era tempestiva. Naquela
localidade, havia um feriado local e ninguém tinha ficado sabendo disso.
Estabelece o diálogo, para evitar decisões surpresa. Essa exigência foi
consagrada na Lei de Execução Fiscal, que expressamente diz que o juiz da
execução fiscal pode conhecer de ofício da prescrição. Mas, antes de decidir com
base nela, tem que ouvir a Fazenda Pública no particular. É a concretização do
dever de consulta, o direito de não ter uma decisão surpresa. 
Art. 10. O juiz naõ pode decidir, em grau algum de jurisdica̧õ, com base em
fundamento a respeito do qual naõ se tenha dado as̀ partes oportunidade de se
manifestar, ainda que se trate de mateŕia sobre a qual deva decidir de ofićio.
Estamos diante da consagração do dever de consulta. Consagração da proibição
de decisão surpresa. O artigo 10 não é um artigo que enuncia o princípio do
contraditório. Esse artigo enuncia uma regra que o juiz deve ouvir as partes. Essa
regra concretiza o princípio do contraditório. Essa regra é tão importante, que foi
repetida em alguns dispositivos do novo CPC. Vejam o artigo 491, do novo CPC:
“Se, depois da propositura da aca̧õ, algum fato constitutivo, modificativo ou
extintivo do direito influir no julgamento do meŕito, cabera áo juiz toma-́ lo em
consideraca̧õ, de ofićio ou a requerimento da parte, no momento de proferir a
decisaõ.
Paraǵrafo uńico. Se constatar de ofićio o fato novo, o juiz ouvira ás partes sobre
ele antes de decidir.”
É a consagração do dever de consulta. 
Art. 932. Se o relator constatar a ocorren̂cia de fato superveniente a d̀ecisaõ
recorrida, ou a existen̂cia de questaõ apreciav́el de ofićio ainda naõ examinada,
que devam ser considerados no julgamento do recurso, intimara ás partes para
que se manifestem no prazo de cinco dias.
§ 1º Se a constataca̧õ ocorrer durante a sessaõ de julgamento, este será
imediatamente suspenso a fim de que as partes se manifestem especificamente.
§ 2º Se a constataca̧õ se der em vista dos autos, devera ó juiz que a solicitou
encaminha-́los ao relator, que tomara ás providen̂cias previstas no caput e, em
seguida, solicitara á inclusaõ do feito em pauta para prosseguimento do
julgamento, com submissaõ integral da nova questaõ aos julgadores.
O artigo 932 do novo CPC é consagração do artigo 10 nos Tribunais. É uma
disciplina de como concretizar o dever de consulta no âmbito dos Tribunais. 
Se essa regra for descumprida, gera nulidade da decisão por violação do
contraditório. 
Art. 926. Os juiźes e os tribunais observaraõ:
I as decisoẽs do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade;
II os enunciados de suḿula vinculante;
III os acoŕdaõs em incidente de assunca̧õ de competen̂cia ou de resoluca̧õ de
demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinaŕio e especial
repetitivos;
IV os enunciados das suḿulas do Supremo Tribunal Federal em mateŕia
constitucional e do Superior Tribunal de Justica̧ em mateŕia infraconstitucional;
V a orientaca̧õ do plenaŕio ou do oŕgaõ especial aos quais estiverem vinculados.
§ 1º Os juiźes e os tribunais observaraõ o disposto no art. 10 e no art. 487, § 1o,
quando decidirem com fundamento neste artigo.
O artigo 10 deve ser aplicado não só quando o juiz decide, mas no momento da
formação do precedente. O novo CPC exige que a formação do precedente seja
muito cuidadosa. Todos os fundamentos do precedente devem ser submetidos ao
contraditório. Esse artigo 10 é um ícone do novo CPC. 
Art. 9º Naõ se proferira d́ecisaõ contra uma das partes sem que esta seja
previamente ouvida. 
Paraǵrafo uńico. O disposto no caput naõ se aplica:
I a ̀tutela provisoŕia de urgen̂cia;
II as̀ hipot́eses de tutela da eviden̂cia previstas no art. 309, incisos II e III;
III a ̀decisaõ prevista no art. 700.
Consagra o princípio do contraditório. Se a decisão for a favor de uma das partes,
sem que ela tenha sido ouvida. O que não é Possível é decisão contra. É por isso
que o novo CPC admite uma improcedência liminar. É uma rejeição da petição
inicial liminar. Vai julgar a favor do réu sem ouvi-lo. A apelação contra sentença
que julga liminarmente o pedido permite retratação. 
Sucede que o Parágrafo único, do artigo 9º, do novo CPC traz exceções à essa
regra. Não precisa de ouvir a parte antes se a decisão é provisória. Se a decisão é
provisória, não há necessidade de ouvir a parte contrária. Exemplos: tutela de
provisória; tutela de evidência; ação monitória. São casos em que o juiz pode
decidir contra o réu sem ouvi-lo antes. O Parágrafo único, do artigo 9º, não é o
único exemplo disso. Ex: liminar possessória é uma clássico caso de tutela
provisória liminar; liminar de despejo; liminar em MS. 
Artigo 7º, parte final (zela pelo efetivo contraditório); artigo 9º, artigo 10: esses
TRÊS pedaços formam um núcleo sobre o contraditório. 
Art. 7º E ássegurada as̀ partes paridade de tratamento em relaca̧õ ao exercićio de
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos on̂us, aos deveres e à
aplicaca̧õ de sanco̧ẽs processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo
contraditoŕio.
Consagra a primeira parte a igualdade processual. O novo CPC vai além. Ele
disciplina a igualdade. Generaliza o princípio da igualdade no processo. O
princípio da igualdade no processo exige a observância dequatro aspectos:
1º) Imparcialidade do juiz: é um dever que decorre do princípio da igualdade.
2º) Igualdade no acesso à justiça: Não pode haver discriminação por crença,
orientação sexual ao acesso à justiça.
3º) Igualdade nos momentos em se reduz as dificuldades do acesso à justiça:
Dificuldade financeira você reduz com gratuidade de justiça. O sistema de
gratuidade de justiça é outra. Mudou substancialmente alterada no novo CPC.
Outro exemplo importante de redução da desigualdade: Poderá sustentar
oralmente no STJ via videoconferência sem ter que ir a Brasília. 
4º) Dificuldade de comunicação: Os murdos ou sudos têm dificuldade de
comunicar que pode repercutir no processo. Pela primeira vez, o novo CPC prevê
a utilização da língua brasileira de sinais para pessoas surdas e mudas, sendo
uma forma de tratar essas pessoas no processo.
A igualdade se revela no seguinte: as partes devem receber o mesmo tratamento.
O novo CPC não cria só o artigo 7º, como ele traz várias concretizações da
igualdade:
- Regra da tramitação prioritária: Art. 1047, do novo CPC:
Art. 1047. Teraõ prioridade de tramitaca̧õ em qualquer juiźo ou tribunal os
procedimentos judiciais:
I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior
a sessenta anos ou portadora de doenca̧ grave, assim compreendida qualquer
das enumeradas no art. 6º, inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de
1988;
II regulados pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990.
§ 1º A pessoa interessada na obtenca̧õ do benefićio, juntando prova de sua
condica̧õ, devera ŕequere-̂lo a àutoridade judiciaŕia competente para decidir o
feito, que determinara ́ao cartoŕio do juiźo as providen̂cias a serem cumpridas.
§ 2º Deferida a prioridade, os autos receberaõ identificaca̧õ proṕria que
evidencie o regime de tramitaca̧õ prioritaŕia.
§ 3º Concedida a prioridade, essa naõ cessara ćom a morte do beneficiado,
estendendo-se em favor do con̂juge supeŕstite ou companheiro em uniaõ estav́el.
§ 4º A tramitaca̧õ prioritaŕia independe de deferimento pelo oŕgaõ jurisdicional
e devera śer imediatamente concedida diante da prova da condica̧õ de
beneficiaŕio.
O tempo do processo de uma pessoa com doença grave é bem diferente do tempo
de uma pessoa sadia. Os casos de levantamento de FGTS (lei 7713/88) para
doenças graves são utilizados aqui para definir doença grave. Esse rol também
abrange as pessoas abrangidas pelo ECA. Os Parágrafos trazem o procedimento
para concessão da prioridade. O juiz, preenchidos os pressupostos, não tem como
negar a prioridade. O juiz só pode negar a prioridade se não encaixar nas
hipótese de prioridade.
O artigo 7º consagra um cláusula geral de igualdade, que tem diversos artigos
que têm influência dele.
Durante a tramitação, a bancada parlamentar que tem com objetivo de proteger
as pessoas com deficiência. Eles atuaram diretamente no novo CPC. Várias
demonstrações de cuidado com as pessoas pessoas deficiência, desde o linguajar,
como regras singelas. Na interdição, havia um dispositivo que dizia: O juiz
interrogará o inteditando. Porém, foi mudado para o seguinte: O juiz entrevistará
o interditando. Isso demonstra o tratamento das pessoas com deficiência com
dignidade.
Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurid́ico, o juiz atendera áos fins sociais e as̀
exigen̂cias do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa
humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a
publicidade e a eficien̂cia.
 
Para Fredie, esse dispositivo é uma verdadeira mixórdia. Daí, Fredie sugere
dividi-lo em 3 partes:
1ª) Ao aplicar o ordenamento jurid́ico, o juiz atendera áos fins sociais e as̀
exigen̂cias do bem comum: Essa primeira parte é a reprodução quase literal de
um dispositivo da LINDB (Lei de introdução às regras do Direito Brasileiro). Foi
um dispositivo pensando para uma época ditatorial. É um dispositivo muito
antigo, que foi trazido pelo novo CPC.
2ª) É o legislador do novo CPC dizendo que está atualizado. Dignidade da pessoa
humana pode ter uma dimensão processual. Porém, a dimensão processual dela
se confunde com o devido processo legal. É inegável que a experiência da
dignidade da pessoa humana fez com que uma série de dispositivos ao longo do
novo CPC fossem pensados como forma de tutelar a dignidade da pessoa
humana. Aparece aqui para iluminar a interpretação do novo CPC. O novo CPC
traz uma série de regras tendente a concretizar a dignidade da pessoa humana:
- Língua brasileira de sinais é uma regra.
- Regra grande de bens impenhoráveis: O executado tem direito a um patrimônio
mínimo.
- Regra de prioritária de processos para pessoas com doenças graves
- Humanização da interdição. Terá uma aula só para ela, porque a interdição foi
muito mudada.
É um dos únicos que se refira expressamente à dignidade da pessoa humana,
proporcionalidade e razoabilidade. A lei de processo administrativo só se refere
à proporcionalidade.
3ª) Todos se lembram do artigo 37, da Constituição Federal. É o artigo que cuida
dos princípios do Direito Administrativo. O que isso tem a ver com o processo?
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
O legislador se inspirou no artigo 37, da Constituição Federal para colocar na
parte final do artigo 8º do novo CPC. No novo CPC, não menciona a moralidade e
a impessoalidade. A impessoalidade no âmbito do processo já é o juiz natural.
Moralidade, no âmbito do direito administrativo, confunde-se com boa-fé. Por
isso, não foi mencionado no dispositivo a impessoalidade e a moralidade. 
A legalidade no novo CPC tem uma sutileza. A LINDB fala em: ao aplicar a lei e,
novo CPC, fala em ordenamento jurídico. Isso porque a lei não é a única fonte de
direito, havendo outras fontes normativas. Daí, pegou o texto da LINDB e trocou.
Antes, na década de 40, a lei era a única fonte do direito e substituiu isso por
ordenamento jurídico. Para deixar claro que O juiz aplica o direito como um todo
e não apenas a lei. O legislador menciona princípio da legalidade como se a lei
fosse a única fonte do direito. Esse novo CPC ajuda na reconstrução do que seja
princípio da legalidade. Princípio da legalidade é a Administração Brasileira
observar o Direito Brasileiro. O direito brasileiro não é só legalidade, mas é
composto pela Constituição, pelas resoluções do CNJ, CNMP, precedentes
judiciais. Os precedentes judiciais no novo CPC têm força obrigatória, compondo
o direito, ao lado da lei, da CF/88, das normas administrativas, contratos. O
princípio da legalidade tem que ser repensado. É princípio de respeito ao direito
e não apenas respeito à lei. 
O princípio da eficiência será tratado em outra aula. 
Princípio da eficiência do processo: Em que ele consiste o princípio da eficiência
aplicado ao processo? O princípio da eficiência pode ser uma norma de direito
administrativo. Repercute no Poder Judiciário como entidade administrativa. O
princípio da eficiência como norma de direito processual recai sobre o juiz
enquanto administrador de um processo. Não é o Poder Judiciário como ente
administrativo. É uma atividade administrativa relacionada a uma processo.
Recai na figura do juiz como administrador de um determinado processo,
observando a eficiência. De um lado, obter o máximo de finalidade com o
mínimo de recursos. Da mesma forma, é preciso de atingir essa finalidade com o
mínimo de recursos possíveis. Percebe uma relação entre o princípio da
eficiência e o velho e bom princípio da economia processual. Em que medida eles
se distinguem? O princípio da eficiência é o velho princípio da economia
processual com outro nome e remodelado. Muda-se o nome de um princípio tão
antigo por duas razões:
1ª)Mudança de nome por opção legislativa.
2ª) Mudando o nome para eficiência traz junto toda carga que já existe no direito
administrativo no sentido de impor ao juiz um dever de gerir o processo, de
acordo com as boas práticas da administração. Eficiência é a nova modelagem do
princípio da economia processual. Isso faz com que os juízes apliquem as
melhores técnicas de administração. Não é por acaso que os magistrados
recebem curso de gestão. O Brasil tem um problema sério de gestão de causas
repetitivas. 
Como eu aplico isso na prática? Em primeiro lugar, o princípio da eficiência vai
servir como princípio de interpretação das leis processuais. Vai entrar como
balanceamento dos diversos princípios. O valor eficiência será colocado no bolo,
a ser ponderado. A partir do princípio da eficiência, é Possível o juiz fazer
adequações atípicas no processo. Promover ajustes no processo, sem previsão
legal. Parece muito claro a possibilidade de reunir processos, mesmo que não
sejam conexos, se por acaso eles precisarem de uma mesma prova pericial. O
princípio da eficiência serve para esse tipo de interpretação. 
Qual é a diferença entre eficiência e efetividade? Eficiência tem a ver com gestão,
com administração de recursos humanos e financeiros. Efetividade tem a ver
com resultado. O processo pode ter sido efetivo, sem ter sido eficiente. O
processo entregou o resultado, mas foi muito caro. Não há como dizer que o
processo foi eficiente sem efetividade. Um processo inefetivo não pode ser
considerado eficiente.
Art. 12. Os juiźes e os tribunais deveraõ obedecer a òrdem cronoloǵica de
conclusaõ para proferir sentenca̧ ou acoŕdaõ.
§ 1º A lista de processos aptos a julgamento devera éstar permanentemente à
disposica̧õ para consulta pub́lica em cartoŕio e na rede mundial de
computadores.
§ 2º Estaõ excluid́os da regra do caput:
I as sentenca̧s proferidas em audien̂cia, homologatoŕias de acordo ou de
improceden̂cia liminar do pedido;
II o julgamento de processos em bloco para aplicaca̧õ de tese jurid́ica firmada
em julgamento de casos repetitivos;
III o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resoluca̧õ de
demandas repetitivas;
IV as decisoẽs proferidas com base nos arts. 483 e 931; V o julgamento de
embargos de declaraca̧õ;
VI o julgamento de agravo interno;
VII as preferen̂cias legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de
Justica̧;
VIII os processos criminais, nos oŕgaõs jurisdicionais que tenham competen̂cia
penal;
IX a causa que exija urgen̂cia no julgamento, assim reconhecida por decisaõ
fundamentada.
§ 3º Apoś elaboraca̧õ de lista proṕria, respeitar-se-a á ordem cronoloǵica das
conclusoẽs entre as preferen̂cias legais.
§ 4º Apoś a inclusaõ do processo na lista de que trata o § 1º, o requerimento
formulado pela parte naõ altera a ordem cronoloǵica para a decisaõ, exceto
quando implicar a reabertura da instruca̧õ ou a conversaõ do julgamento em
diligen̂cia.
§ 5º Decidido o requerimento previsto no § 4o, o processo retornara á m̀esma
posica̧õ em que anteriormente se encontrava na lista.
§ 6º Ocupara ó primeiro lugar na lista prevista no § 1º ou, conforme o caso, no §
3º, o processo:
I que tiver sua sentenca̧ ou acordaõ anulado, salvo quando houver necessidade
de realizaca̧õ de diligen̂cia ou de complementaca̧õ da instruca̧õ;
II quando ocorrer a hipot́ese do art. 1.039, inciso II.
Cria a regra de respeito à ordem cronológica de conclusão. Agora, juízes e
tribunais deverão julgar de acordo com a conclusão da cronologia do processo. A
conclusão será pública, para permitir a fiscalização. Vem prestigiar o princípio da
igualdade. Impedir favorecimentos. De outro lado, prestigiar a duração razoável
do processo. Se o processo está concluso há muito tempo, devem ser julgados
primeiro.
Essa regra somente se aplica às sentenças ou decisões finais. Ou seja, para
decisões interlocutórias e acórdãos interlocutórios, não há que respeitar a
ordem cronológica dos processos. Ainda, têm que lembrar o seguinte: Há
algumas exceções à essa regra. Há casos em que se permite que o juiz decida fora
da ordem cronológica de conclusão:
I as sentenca̧s proferidas em audien̂cia, homologatoŕias de acordo ou de
improceden̂cia liminar do pedido;
II o julgamento de processos em bloco para aplicaca̧õ de tese jurid́ica firmada
em julgamento de casos repetitivos;
O juiz não precisa respeitar a ordem cronológica se ele aplicar a tese firmada em
julgamento de causas repetitivas.
III o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resoluca̧õ de
demandas repetitivas; O incidente de resolução de demandas repetitivas e o
julgamento de recursos repetitivos devem ser julgados independentemente de
ordem de conclusão. Passam na frente de tudo, mesmo que ele não seja o
primeiro na ordem de conclusão. É dar preferência ao julgamento dos casos
repetitivos.
IV as decisoẽs proferidas com base nos arts. 483 e 931; Os casos de extinção do
processo sem exame de mérito e casos de julgamento monocrático de relator.
V o julgamento de embargos de declaraca̧õ; Se o juiz sentenciou e houve
embargos, não há de respeitar a ordem cronológica.
VI o julgamento de agravo interno;
VII as preferen̂cias legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de
Justica̧; O propósito aqui é prestigiar as metas do CNJ.
VIII os processos criminais, nos oŕgaõs jurisdicionais que tenham competen̂cia
penal; Caso o juiz tenha competência mista, os processos criminais não precisam
de observar a ordem cronológica.
IX a causa que exija urgen̂cia no julgamento, assim reconhecida por decisaõ
fundamentada. 
É uma forma de encerrar o artigo. Sempre que o caso concreto há urgência, pode
quebrar a fila da ordem de conclusão. Mal aplicado esse inciso, pode acabar com
a cronologia.
§ 3º Apoś elaboraca̧õ de lista proṕria, respeitar-se-a á ordem cronoloǵica das
conclusoẽs entre as preferen̂cias legais.
É preciso de estabelecer uma lista própria de cronologia. 
§ 4º Apoś a inclusaõ do processo na lista de que trata o § 1º, o requerimento
formulado pela parte naõ altera a ordem cronoloǵica para a decisaõ, exceto
quando implicar a reabertura da instruca̧õ ou a conversaõ do julgamento em
diligen̂cia.
O processo está concluso. Uma parte entra com um requerimento para tirar da
conclusão. Porém, isso não tira o processo da lista.
§ 5º Decidido o requerimento previsto no § 4o, o processo retornara á m̀esma
posica̧õ em que anteriormente se encontrava na lista.
§ 6º Ocupara ó primeiro lugar na lista prevista no § 1º ou, conforme o caso, no §
3º, o processo:
I que tiver sua sentenca̧ ou acordaõ anulado, salvo quando houver necessidade
de realizaca̧õ de diligen̂cia ou de complementaca̧õ da instruca̧õ;
II quando ocorrer a hipot́ese do art. 1.039, inciso II (cuida da aplicação da tese
firmada em recurso repetitivo).
Art. 153. O escrivaõ ou chefe de secretaria devera óbedecer a òrdem cronoloǵica
de recebimento para publicaca̧õ e efetivaca̧õ dos pronunciamentos judiciais.
§ 1º A lista de processos recebidos devera śer disponibilizada, de forma
permanente, para consulta pub́lica.
§ 2º Estaõ excluid́os da regra do caput:
I os atos urgentes, assim reconhecidos pelo juiz no pronunciamento judicial a
ser efetivado;
II as preferen̂cias legais.
§ 3º Apoś elaboraca̧õ de lista proṕria, respeitar-se-a á ordem cronoloǵica de
recebimento entre os atos urgentes e as preferen̂cias legais.
§ 4º A parte que se considerar preterida na ordem cronoloǵica podera ŕeclamar,
nos proṕrios autos, ao juiz da causa, que requisitara ínformaco̧ẽs ao servidor, a
serem prestadas no prazo de dois dias.
§ 5º Constatada a preterica̧õ, o juiz determinara ó imediato cumprimento do ato
e a instauraca̧õ de processo administrativo disciplinar contra o servidor.
Há de ter a observância da cronologia no cartório judicial. O §4º, do artigo 139,
do novo CPC estabelece um procedimento da preterição.Suscita uma dúvida: E
se o juiz preterir? Para Fredie, não poderá ser invalidada essa sentença por isso.
O prejudicado é um terceiro. Daí, caberá conseqüência disciplinar para o juiz. O
desrespeito à ordem cronológica pode ser utilizado como fator de suspeição do
juiz. Constatada a suspeição, o ato poderá ser invalidado. 
Art. 1045. Ao entrar em vigor este Cod́igo, suas disposico̧ẽs se aplicaraõ desde
logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei no 5.869, de 11 de janeiro
de 1973.
§ 5º A primeira lista de processos para julgamento em ordem cronoloǵica
observara á antiguidade da distribuica̧õ entre os ja ćonclusos na data da entrada
em vigor deste Cod́igo.
Vai se pegar todos os processo conclusos e organizar pela ordem de distribuição.
Pegam-se todos os processo conclusos e organiza-se os processos pela ordem de
distribuição.
Norma fundamental que não está nos 12 primeiros artigos do novo CPC. Esse
novo CPC traz uma norma fundamental nova das mais importantes: é o princípio
do respeito ao autoregramento da vontade no processo. Esse princípio quer dizer
que o processo, para ser considerado devido, não pode ser um ambiente hostil ao
exercício da liberdade. O poder de autoregular-se é um poder inerente à
liberdade. O processo tem que ser um ambiente de exercício da autonomia
privada. O processo não pode conter restrições irrazoáveis ao exercício de
autoregramento. O processo tem que ser um local propício para exercício da
liberdade. 
É claro que a autonomia privada é exercida com mais limites do que é exercida
no âmbito extrajudicial. A regra é a liberdade, o autoregramento. É claro que há
restrições. Esse princípio está espalhado ao longo de todo o Código. 
Vai mostrar algumas demonstrações de que esse novo CPC é estruturado com
base no princípio:
1ª) O novo CPC prevê um estímulo a autocomposição. 
2ª) audiência de tentativa de conciliação logo no início.
3ª) permite-se homologação judicial de acordo de qualquer natureza.
4ª) no acordo processual, posso incluir outros sujeitos e outras lides.
5ª) o novo CPC consagra uma cláusula geral de negociação geral. Permite que as
partes formulem qualquer acordo sobre o processo. É uma das maiores
novidades do novo CPC. 
O novo CPC prevê um série de negócios processuais típicos: calendário
processual, convenção sobre ônus da prova, saneamento consensual, escolha
consensual de perito, mudança convencional de audiência, escolha convencional
do tipo de liquidação, o novo CPC dedica um capítulo inteiro sobre mediação e
conciliação, o novo CPC consagra a arbitragem como meio jurisdicional, princípio
da cooperação, que está intimamente relacionado à valorização da participação
das partes no processo. 
Não há como pensar no novo CPC sem partir da premissa de que ele é um Código
que prestigia a manifestação de vontade das partes. Um processo devido é um
ambiente propício de manifestação de vontade das partes. É um pilar do novo
CPC.
Vai tratar de uma regra velha, que precisa de ser reexaminada: artigo 2º, do novo
CPC.
Art. 2º O processo comeca̧ por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso
oficial, salvo as exceco̧ẽs previstas em lei.
Uma das Possíveis exceções ao impulso oficial é o acordo entre as partes para
modular isso. Daí, o impulso oficial tem que ser repensado em razão do princípio
do autoregramento da vontade das partes. Um caso clássico de exemplo de
exceção do artigo 2º: O inventário pode ser começado de ofício. Não existe mais.
Essa regra do impulso oficial não impede que a parte autora desista da causa
como sempre lhe foi permitido. Com isso, terminamos a parte sobre normas
fundamentais, sendo que será visto princípio da cooperação num bloco
separado.
Princípio da Cooperação:
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se
obtenha, em tempo razoav́el, decisaõ de meŕito justa e efetiva.
O princípio da cooperação tem por objetivo de transformar o processo em um
ambiente cooperativo. Significa transformar o processo em uma comunidade de
trabalho, em que vigore a lealdade e o equilíbrio entre os sujeitos do processo.
Os sujeitos do processo ficam na mesma posição, de forma equilibrada. Nessa
linha, está também o juiz e as partes. O objetivo do princípio da cooperação é
estabelecer um modelo de processo cooperativo. Ficam entre dois extremos: de
um lado, um modelo em que haja preponderância da figura do juiz, que é o
modelo publicista, que conduz o processo de forma ativa e também decide. É
aquela ideia do juiz ter muitos poderes, a despeito das partes. De outro extremo,
é o processo adversarial, em que a proeminência é das partes. A condução do
processo é tarefa das partes e o juiz cabe somente decidir. O princípio da
cooperação vem no meio termo. Impõe que os sujeitos do processo dialoguem.
Entre eles, haja equilíbrio durante a tramitação do processo. Essa tramitação do
processo se dê com lealdade. O princípio da cooperação é corolário do princípio
da boa-fé. O princípio da cooperação vem logo depois da boa-fé. Se a gente
quiser buscar a origem remota do princípio da cooperação, vai encontrar do
desenvolvimento na cláusula geral de boa-fé do direito alemão. A boa-fé gera
deveres de cooperação. Nos estudos de direito civil, são os deveres anexos da
boa-fé. O desenvolvimento do princípio da boa-fé processual gerou os deveres de
cooperação processual, que são deveres de todos os sujeitos do processos, das
partes e do juiz. Por isso, o novo CPC diz que os sujeitos do processo devem
cooperar entre si. Cooperar é agir em conformidade com os deveres decorrente
da boa-fé. São deveres objetivos. Deveres de não atrapalhar. São deveres de não
transformar o processo em um ambiente de guerra, hostil. Tem por objetivo
transformar o processo em um ambiente de diálogo e equilíbrio. Cada um tem
suas idéias, suas intenções. O palco da luta, que é o processo, tem que ser um
palco bom. Tem que ser um ambiente propício para que a briga se estabeleça de
acordo com ética, com regras que permitam que a solução final seja rápida e
justa. Tem por objetivo transformar o processo em um ambiente propício a um
diálogo profundo e equilibrado, além de leal. É exatamente que os deveres da
cooperação pretendem.
O princípio da cooperação geram para o juiz alguns deveres:
- Dever de consulta: é um dever inerente a um processo cooperativo. Transforma
o processo em um ambiente cooperativo, ambiente de diálogo, equilibrado. Vou
dialogar para que o processo seja o melhor ambiente Possível . Com isso,
melhora a qualidade do debate. Está expressamente previsto no novo CPC.
- Dever de prevenção: é um dever geral decorrente do princípio da cooperação. O
juiz tem o dever de apontar as falhas do processo. O juiz tem o dever de previnir
as partes de apontar o defeito processual, dizendo como deve ser corrigido. O
artigo 6º diz que o juiz tem o dever de que haja um decisão de mérito justa e
efetiva.
- Dever de esclarecimento: revela-se de duas formas:
1ª) dever de dar decisões claras.
2ª) dever de pedir esclarecimento da parte se ele não compreender a postulação.
Se a parte não esclarecer, ele indefere. Ele não pode, de plano, indeferir o pedido.
- Há quem defenda um quarto dever, que seria o dever de auxílio na remoção de
obstáculos formais ou de mérito: é um dever muito consagrado no direito
alemão e austríaco. Fredie entende que não há dever geral do juiz ser auxiliar
das partes. O máximo que o juiz pode fazer é zelar pelo contraditório. No Brasil, a
postulação é por advogado e por Defensor Público.
Já há muito coisa escrita sobre o princípio da cooperação, porque todos
defendiam o princípio da cooperação antes do artigo 6º. O artigo 6º define o
modelo de processo: não é publicista, nem liberal. Cooperação e autoregramento
estão intimamente ligados. 
 
Aula 2 Norma Processual Fredie Didier Júnior Curso do Novo CPC
Norma processual, Competência, Conexão e Continência, Pressupostos
Processuais
1. Vacatio: o novo CPC tem vacatiode 1 ano. 
2. O novo CPC se aplica, subsidiariamente, ao Processo do Trabalho, Processo
Administrativo e Processo Eleitoral. Muitas das novidades do novo CPC serão
incorporadas no Processo do Trabalho.
O novo CPC traz a possibilidade da distribuição dinâmica do ônus da prova. Daí,
seria Possível a distribuição dinâmica do ônus da prova no processo
administrativo. 
O novo CPC elimina o procedimento sumário, ficando somente o procedimento
comum. O fim do procedimento sumário gera um problema: e as causas de rito
sumário que estiverem em andamento? Continuam pelo rito sumário até a
sentença. Muitas leis extravagantes faziam referência ao procedimento sumário:
Lei de usucapião especial, Lei da Ação discriminatória. Remetiam a um
procedimento que não existe mais. Todas as remissões feitas ao procedimento
sumário feitas na legislação extravagante consideram-se como remissões feitas
ao procedimento comum. 
O novo CPC tem muitas novidades. Agora, o novo CPC tem muitas
pseudonovidades. São os textos novos que consagram normas já existentes. Texto
novo de norma velha não é norma nova. 
O artigo 10 estabelece o dever de consulta. Decorre do contraditório. O dever de
consulta vale hoje. Só que o novo CPC vai e coloca um texto novo para ele. É uma
pseudonovidade. Coloca em texto um norma que já existia. Pseudonovidades
continuam valendo. O dever de consulta já é aplicado hoje. Nem tudo que sai do
novo CPC é novo, podendo ser aplicado desde já.
Art. 14. A norma processual naõ retroagira é sera áplicav́el imediatamente aos
processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situaco̧ẽs
jurid́icas consolidadas sob a vigen̂cia da norma revogada.
Todas as normas processuais vão se aplicar aos processos em andamentos. Como
o processo é um conjunto de atos, os atos a praticar serão afetados pela norma
nova. Os atos praticados naquele processo são atos jurídicos perfeitos e, como
tais, não são afetadas pela norma nova. Do mesmo modo, as situações jurídicas,
são os direitos. Direitos processuais já consolidados não podem ser afetados pela
lei nova. O Novo CPC reduz de quádruplo para o prazo em dobro para os entes
públicos. Se o novo CPC começa a viger durante o prazo em curso, o poder
público poderá contestar em quádruplo. Se já há direito a um recurso
consolidado, que foi extinto pelo novo CPC, o novo CPC não poderá afetar isso. 
Mudanças do novo CPC na parte de competência:
Art. 43. Determina-se a competen̂cia no momento do registro ou distribuica̧õ da
petica̧õ inicial, sendo irrelevantes as modificaco̧ẽs do estado de fato ou de direito
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem oŕgaõ judiciaŕio ou
alterarem a competen̂cia absoluta.
Mudança da perpetuação da jurisdição. Regra de perpetuação é aquela que diz o
seguinte: a causa deve se perpetuar naquele juízo. Fatos supervenientes não vão
alterar a competência onde a causa está. O artigo 43, do novo CPC, com duas
mudanças: 
1ª) Data do registro onde não houver mais de uma vara.
2ª) distribuição da petição inicial: onde houver mais de uma vara.
O sistema atual do CPC/73 a data de fixação da competência é a data da
propositura da Ação. A data da propositura da ação, no novo CPC, é a data da do
protocolo. A fixação da competência se dá pela data do registro ou pela data da
distribuição. Data do protocolo é a data em que a Ação é proposta. 
O CPC/73 falava na parte final dizia: alterarem competência em razão da matéria
ou da hierarquia. Matéria e hierarquia são competência absoluta. Qualquer
mudança de competência absoluta é fator de quebra da perpetuação da
jurisdição. O Novo CPC encampa essa mudança, que já era trazida pela doutrina.
Outra mudança é que novo CPC regulou o seguinte: na cumulação de pedidos, em
relação aos quais ele é incompetente.
Artigo 45, § 1º Os autos naõ seraõ remetidos se houver pedido cuja apreciaca̧õ
seja de competen̂cia do juiźo junto ao qual foi proposta a aca̧õ.
§ 2º Na hipot́ese do § 1º, o juiz, ao naõ admitir a cumulaca̧õ de pedidos em razaõ
da incompeten̂cia para apreciar qualquer deles, naõ apreciara ó meŕito daquele
em que exista interesse da Uniaõ, suas entidades autaŕquicas ou empresas
pub́licas.
Se há cumulação de pedidos, um pedido para o qual a JF é competente e outro
para o qual a JF não é competente. O juiz deve não admitir a cumulação e
processar apenas o pedido para o qual ele é competente. Ele não vai remeter os
autos. O sujeito que formule o pedido no juízo competente.
Outra mudança é que o novo CPC consagra a súmula 224 do STJ. Era uma súmula
antiga que regulava as relações entre Justiça Estadual e Federal. 
Artigo 45, § 3º O juiźo federal restituira ós autos ao juiźo estadual sem suscitar
conflito se o ente federal cuja presenca̧ ensejou a remessa for excluid́o do
processo.
Súmula 224, do STJ: “Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz
Estadual a declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não
suscitar conflito.”
Imaginem que um Juiz Estadual receba um pedido para o qual ele tenha
competência. Vem a União e pede para intervir no processo. O Juiz estadual não
pode fazer nada. Tem que remeter o processo para o JF. Se não for caso de
intervenção da União, o juiz federal deverá restituir o processo e não suscitar
conflito. 
Art. 48. O foro de domiciĺio do autor da heranca̧, no Brasil, e ó competente para o
inventaŕio, a partilha, a arrecadaca̧õ, o cumprimento de disposico̧ẽs de uĺtima
vontade, a impugnaca̧õ ou anulaca̧õ de partilha extrajudicial e para todas as
aco̧ẽs em que o espoĺio for reú, ainda que o ob́ito tenha ocorrido no estrangeiro.
Paraǵrafo uńico. Se o autor da heranca̧ naõ possuiá domiciĺio certo, e ćompetente
o foro de situaca̧õ dos bens imov́eis; havendo bens imov́eis em foros diferentes, é
competente qualquer destes; naõ havendo bens imov́eis, e ćompetente o foro do
local de qualquer dos bens do espoĺio.
Houve a menção da partilha extrajudicial que não existia no CPC/73. Há uma
gradação e esclarecimento que o CPC/73 não fazia, o que é feito no Parágrafo
único, do artigo 48. 
Art. 51. E ćompetente o foro de domiciĺio do reú para as causas em que seja
autora a Uniaõ; sendo esta a demandada, podera á aca̧õ ser proposta no foro de
domiciĺio do autor, no de ocorren̂cia do ato ou fato que originou a demanda, no
de situaca̧õ da coisa ou no Distrito Federal.
É a reprodução de um texto da Constituição.
Art. 52. As causas em que Estado ou o Distrito Federal for autor seraõ propostas
no foro de domiciĺio do reú; sendo reú o Estado ou o Distrito Federal, a aca̧õ
podera śer proposta no foro de domiciĺio do autor, no de ocorren̂cia do ato ou
fato que originou a demanda, no de situaca̧õ da coisa ou na capital do respectivo
ente federado.
Esse artigo é novidade. 
O artigo 100 do CPC atual traz diversas regras de competência territorial. É o
equivalente do artigo 53, do novo CPC. Ele atualiza o artigo 100, do CPC/73.
Art. 53. E ́competente o foro:
I - de domiciĺio do guardiaõ de filho incapaz, para a aca̧õ de divoŕcio, separaca̧õ,
anulaca̧õ de casamento, reconhecimento ou dissoluca̧õ de uniaõ estav́el; caso
naõ haja filho incapaz, a competen̂cia sera d́o foro de uĺtimo domiciĺio do casal;
se nenhuma das partes residir no antigo domiciĺio do casal, sera ćompetente o
foro de domiciĺio do reú; 
Antes, dizia que o foro era do domicílio da mulher, partindo do pressuposto que a
mulher estava no ponto de vista inferior em relação ao marido. Agora, a regra é
propor no domicílio do guardião. Se a guarda for compartilhada, a regra é no
domicílio do réu, porque ambos são guardiães. Agora, a guarda compartilhada é
a regra. Se não houver filho incapaz, a competência será no último domicílio do
casal. Se nenhum dos membros do casal residir no último domicílio, será no foro
do domicílio do réu. A preferência é a proteção do incapaz e não do cônjuge ou
do companheiro.
 
III dolugar:
e) de residen̂cia do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no
respectivo estatuto;
Se um idoso vai a juízo para garantir um direito exclusivo como idoso, garantido
como idoso, tem a garantia de propor a Ação onde ele mora. É uma regra de
competência relativa. É um benefício e não uma imposição. Só vale para as Ações
individuais. Ações coletivas seguem a regra do estatuto do idoso, que dizem que
a regra é do local ou do fato que causou a ação. Com essa regra, o artigo 80, do
Estatuto do IDOSO só se aplica às causas coletivas relativas aos idosos. Para as
causas individuais, aplica-se o artigo 53, III, e.
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a aca̧õ de reparaca̧õ de dano
por ato praticado em razaõ do ofićio;
O foro da sede onde está o cartório é competente para as Ações de reparação de
dano praticados pelo cartorários. Não existia regra semelhante.
Mudança da conexão e na continência:
Artigo 55 e 57 do novo CPC.
Art. 55. Reputam-se conexas duas ou mais aco̧ẽs quando lhes for comum o
pedido ou a causa de pedir.
§ 1º Os processos de aco̧ẽs conexas seraõ reunidos para decisaõ conjunta, salvo
se um deles ja ́houver sido sentenciado.
Houve uma mudança técnica, tirando objeto, colocando pedido. O trecho final do
§1º é a consagração da súmula 235 do STJ.
Súmual 235: “A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já
foi julgado.”
§ 2º Aplica-se o disposto no caput:
I a èxecuca̧õ de tit́ulo extrajudicial e a àca̧õ de conhecimento relativa ao mesmo
ato jurid́ico;
II as̀ execuco̧ẽs fundadas no mesmo tit́ulo executivo.
Se houver conexão entre Ação de conhecimento e Ação de execução, tem que ser
reunidas. 
§ 3º Seraõ reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar
risco de prolaca̧õ de decisoẽs conflitantes ou contraditoŕias caso decididas
separadamente, mesmo sem conexaõ entre eles.
Cria-se aqui um outro caso de conexão, que é a conexão por prejudicialidade. Já
era admitida pela jurisprudência e pela doutrina. O conceito de conexão do
CPC/73 era insuficiente. Era preciso de pensar outros casos de conexão. O
objetivo foi não ter discussão se tem ou não conexão. Encerra 40 anos de
discussão.
Art. 57. Quando houver continen̂cia e a aca̧õ continente tiver sido proposta
anteriormente, o processo relativo a àca̧õ contida sera éxtinto sem resoluca̧õ de
meŕito; caso contraŕio, as aco̧ẽs seraõ necessariamente reunidas.
Continência: mesmas partes, mesma causa de pedir, mas o pedido de um abrange
o da outra. Eu proponho a Ação maior primeiro. Proponho a Ação menor depois.
A menor se extingue. Se eu proponho uma Ação menor primeiro e a maior depois
ela se reúnem. Nem sempre a continência vai gerar reunião dos processos. A
continência só vai gerar reunião dos processos se a causa maior for ajuizada
depois. 
Prevenção:
As causas conexas devem ser reunidas no juízo prevento. No CPC/73, existem
dois critérios de prevenção: 1) Despacho inicial: na mesma competência
territorial; 2) citação válida: se as causas conexas estiverem em competências
territoriais distintas. 
O novo CPC unificou no artigo 59, do novo CPC, só havendo um critério de
determinação do juízo prevento: 
Art. 59. O registro (apena uma vara) ou distribuica̧õ (mais de uma vara) da
petica̧õ inicial torna prevento o juiźo.
O mesmo fato que gera a perpetuação gera a prevenção.
Foro de eleição:
Art. 25. Naõ compete a àutoridade judiciaŕia brasileira o processamento e o
julgamento da aca̧õ quando houver claúsula de eleica̧õ de foro exclusivo
estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo reú na contestaca̧õ.
§ 1o Naõ se aplica o disposto no caput as̀ hipot́eses de competen̂cia internacional
exclusiva previstas neste Capit́ulo.
§ 2º Aplicam-se a ̀hipot́ese do caput o art. 63, §§ 1o a 4o.
Foro de eleição internacional não viola a legislação brasileira, exceto nas
hipóteses de competência internacional exclusiva.
Houve a disciplina do foro de eleição abusivo. Essa disciplina está nos §§3º e 4º
do artigo 63, do novo CPC.
§ 3o Antes da citaca̧õ, a claúsula de eleica̧õ de foro pode ser reputada ineficaz de
ofićio pelo juiz se abusiva, hipot́ese em que determinara á remessa dos autos ao
juiźo do foro de domiciĺio do reú.
§ 4o Citado, incumbe ao reú alegar a abusividade da claúsula de eleica̧õ de foro
na contestaca̧õ, sob pena de preclusaõ.
Fala de foro de eleição em qualquer contrato, diferente do CPC/73, que falava só
contrato de consumo. Antes da citação, o juiz pode considerar a cláusula de
eleição de foro. Se o réu foi citado e não alegou a abusividade, haverá preclusão e
nada mais se poderá fazer. 
A incompetência, qualquer que seja ela, vai ser alegada na contestação. Antes, no
CPC/73, a incompetência relativa era alegada na exceção de incompetência.
Agora, qualquer alegação de incompetência pode ser feita no domicílio do réu. 
O CPC/15 deixa claro que o MP fiscal da ordem jurídica vai poder alegar
incompetência relativa, nos casos em que ele intervier. 
A incompetência absoluta não implica nulidade automática do ato decisório.
Preserva-se a decisão do juiz absolutamente incompetente. Cabe ao juiz que
assumir o processo o que fazer com a decisão do juiz absolutamente
incompetente. 
O CPC/15 deixa claro que a decisão sobre competência deve ser feita
imediatamente pelo juiz. O juiz não pode esperar para decidir sobre
competência. A decisão do juiz sobre competência tende a ser uma decisão
interlocutória. Contra as decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento
nas hipóteses que ele lista e as decisões sobre competência não estão na lista.
Qual é o recurso cabível? Para Fredie, o rol das hipóteses de cabimento é
taxativo, mas nada impede a interpretação por analogia. A decisão sobre
competência é agravável, porque essa lista diz expressamente o seguinte: decisão
que rejeita alegação de convenção de arbitragem é agravável por agravo de
instrumento. É uma decisão essencialmente sobre competência. Daí, situação
que rejeita alegação de incompetência cabe agravo de instrumento. 
Mudanças em relação ao conflito de competência:
O MP não intervirá em qualquer conflito de competência. Só intervirá em
conflito 
se claro que o juiz que não aceitar deve suscitar o conflito. 
O novo CPC deixa claro que o relator do conflito de competência pode julgar
monocraticamente em algumas hipóteses:
Artigo 954, Paraǵrafo uńico. O relator podera j́ulgar de plano o conflito de
competen̂cia quando sua decisaõ se fundar em:
I suḿula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justica̧ ou do
proṕrio tribunal;
II tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunca̧õ
de competen̂cia.
Presssupostos Processuais:
Mudanças importantes. Em certo sentido, até mesmo revolucionárias. Veremos
apenas o que mudou. 
O artigo 13 do CPC/73 regula o que juiz deve fazer acerca de algum problema de
capacidade processual. Determina que o juiz mande suprir determinado
problema de representação processual. Foi bastante reformulado no novo CPC,
sobretudo para deixar mais clara a sua abrangência, a fim de deixar claro que ele
se aplica em qualquer instância do processo. Ele virou o artigo 76 do novo CPC.
Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da
representaca̧õ da parte, o juiz suspendera ó processo e designara ṕrazo razoav́el
para que seja sanado o vićio.
§ 1º Descumprida a determinaca̧õ, caso o processo esteja na instan̂cia originaŕia:
I o processo sera ́extinto, se a providen̂cia couber ao autor;
II o reú sera ́considerado revel, se a providen̂cia lhe couber;
III o terceiro sera ćonsiderado revel ou excluid́o do processo, dependendo do
polo em que se encontre. 
Exemplo: se o terceiro for denunciado a lide, não será excluído, mas será
considerado revel, prosseguindo o processo a sua revelia.
§ 2º Descumprida a determinaca̧õ, caso o processo esteja em grau de recurso
perante tribunalde justica̧, tribunal regional federal ou tribunal superior, o
relator:
I naõ conhecera ́do recurso, se a providen̂cia couber ao recorrente;
II determinara ó desentranhamento das contrarrazoẽs, se a providen̂cia couber
ao recorrido.
O dispositivo se aplica em instância originária (§1º) e também na instância
recursal (§2º).
A possibilidade de correção de um defeito relativo à representação processual,
mesmo em grau recursal, mesmo em tribunal superior. Isso serve para reforçar o
princípio da primazia do julgamento do mérito. É preciso de decidir o mérito.
Fala-se em pressupostos processuais e condições da ação. São requisitos para o
exame da causa. O termo condição foi um termo que o CPC/73 encampou. A
legitimidade ad causam, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido. Daí,
tivemos que estudar os pressupostos processuais, ao lado das condições da Ação.
Sempre houve muita crítica sobre isso. De um lado, se essas TRÊS figuras das
condições da Acão relativas à admissibilidade do mérito deveriam ser chamadas
de pressupostos processuais. Além disso, duas dessas figuras das condições da
Ação: possibilidade jurídica do pedido e legitimidade ad causam se relacionavam
ao mérito. 
O novo CPC aboliu o rótulo condição da Ação. Não há mais menção ao termo
condição da Ação. Assim como não existe o termo carência de ação. Para Fredie, a
opção foi muita clara: São expressões equívocas. Por isso, foram eliminadas.
Carência de Ação e condições da Ação foram eliminadas. E as TRÊS figuras das
condições da Ação? O novo CPC fala em interesse e legitimidade. Mas não diz que
são condições da Ação. Quanto à possibilidade jurídica do pedido, o novo CPC
nem trata mais. A possibilidade jurídica do pedido é um problema de mérito.
Quando o juiz entende que o pedido é juridicamente impossível, o juiz está
rejeitando o pedido. Daí, o novo CPC criou a figura da improcedência do pedido
liminar em um rol muito maior do que existe hoje. Hoje, há a improcedência
liminar nas causas repetitivas, nos casos de prescrição e decadência. O novo CPC
generaliza a improcedência do pedido liminar. Vai ser estudado a improcedência
liminar do pedido. 
Para Fredie, o novo CPC deixa claro que legitimidade de agir e interesse de agir
são pressupostos processuais e não mais condições da ação. São requisitos para o
exame da admissibilidade do processo. É preciso verificar a legitimidade e o
interesse de agir se o processo é admissível. Não é mais necessário estudá-los à
luz das condições da Ação. Caminhamos juntos com a doutrina européia, que
trabalha a legitimidade e interesse dentro da admissibilidade do processo. Para
Fredie, legitimidade ordinária é questão de mérito. Já a legitimidade
extraordinária seria questão de admissibilidade. Porém, tomar cuidado, pois essa
posição de Fredie é minoritária.
Art. 17. Para postular em juiźo e ́necessaŕio ter interesse e legitimidade.
Se você ler, você não percebe a mudança. 
Art. 3º, do CPC/73 Para propor ou contestar ação é necessário ter interesse e
legitimidade.
Só falava e interesse e legitimidade para propor ou contestar. Agora, fala para
postular. Razões: Ação e contestação não são as únicas postulações em juízo. O
interesse e a legitimidade devem ser aferidos em qualquer postulação, inclusive
no recurso. Não só na ação ou contestação há postulação, como também em
qualquer postulação devem ser aferidos, como por exemplo recurso,
reconvenção, alegação de impedimento, uma impugnação do perito. É uma
correção técnica. Porém, há um outro propósito: essa mudança de redação
encampa um entendimento doutrinário que me parece corretíssimo, segundo o
qual o processo é um conjunto de atos e de situações jurídicas, as relações
estabelecidas no processo são muito dinâmicas com o passar do tempo. Há uma
dinamicidade intrínseca ao processo. NO processo, você assumir posições
distintas, com interesses distintos. As partes não permanecem no processo na
mesma posição e com o mesmo interesse. 
Exemplo1: O juiz não é parte, mas o juiz, embora não seja parte, pode ser oposta
uma alegação de impedimento contra ele. Se eu oponho uma alegação de
impedimento contra o juiz, nessa relação de impedimento ele é parte. Aí, para
alegar o impedimento do juiz, tem que ter interesse e legitimidade. Para
responder à alegação de impedimento, tem que ter interesse e legitimidade.
Exemplo2: o sujeito é denunciado a lide. O sujeito que é denunciado a lide. O
cara, que é denunciado a lide, vem para assumir a condição de réu da
denunciação, mas também é assistente do denunciante contra o adversário. O
processo é essa rede de relações muito mais complexa do que você imagina,
muito mais complexa do que a redação do artigo 3º do CPC. Daí, a mudança do
artigo 17, aparentemente singela, mas profunda, ao menos do ponto de vista do
processo.
Exemplo 3: Pessoa Jurídica na Ação Popular e na Ação de Improbidade. A pessoa
jurídica ela escolhe para onde ela quer ir: pode querer ser autora, ré ou pode não
querer fazer nada. Os interesses podem variar, a depender do caso concreto.
Legitimidade Extraordinária:
Art. 18. Ningueḿ podera ṕleitear direito alheio em nome proṕrio, salvo quando
autorizado pelo ordenamento jurid́ico.
Paraǵrafo uńico. Havendo substituica̧õ processual, o substituid́o podera íntervir
como assistente litisconsorcial.
No CPC/73, o correspondente a esse artigo dizia que ninguém poderá pleitear
direito alheio em nome próprio, salvo autorizado por lei. 
A legitimidade extraordinária deve ser extraída do ordenamento jurídico e não
de um texto de lei. Também, compõe o ordenamento jurídico os negócios
jurídicos. Aí, vem a pergunta: Será que o novo CPC admite a legitimidade
extraordinária negocial? A resposta é positiva. É a possibilidade de atribuição de
legitimidade a alguém para defender direito de outrem. Não é a transferência do
direito, mas é a transferência da legitimidade. O artigo 18 fala em ordenamento
jurídico e não mais em lei. Um dos pilares do novo CPC é o respeito ao
autoregramento da vontade. Há no novo CPC uma cláusula geral de negociação
processual(Artigo 189). Por ser geral, permite a convenção sobre a legitimidade. 
Isso tem alguma utilidade ou aplicação? No início de 2014, a Google vendeu para
a Lenovo a Motorola. Só que o Google ficou com as patentes da Motorola. Só que
nesse negócio a Lenovo colocou uma cláusula: Tem legitimidade para defender
as patentes da Motorola. A lenovo tem legitimidade extraordinária para defender
as patentes da Motorola. 
Imaginem que coloque uma cláusula de cotista que todos têm legitimidade para
ser réus. Uma espécie de legitimidade passiva negociada. 
A legitimidade negociada abre um leque de possibilidades. 
Fredie propõe o seguinte: estudar a legitimidade negociada no pólo ativo ou no
pólo passivo.
No pólo ativo, é Possível pensar em uma transferência da legitimação e uma
ampliação da legitimação. Atribuo a outra pessoa essa legitimidade, uma espécie
de legitimidade concorrente. Ela variará de acordo com o tipo de direito. No que
a tutela dos direitos absolutos, que é aquele de sujeito passivo indeterminado,
como por exemplo direitos de personalidade, direitos de propriedade intelectual,
direitos reais. Quando se trata de transferência de legitimação de direito
absoluto, não se exige nenhum tipo de providência, podendo ser feito por uma
simples convenção. Agora, quando se trata de transferência de legitimação para
direitos relativos. Direitos relativos são aqueles que têm um sujeito passivo
determinado. É a obrigação, o crédito. Se vai ceder uma legitimidade de um
direito relativo, o sujeito passivo tem que ser notificado. Aplica-se, por analogia,
o regramento da cessão de crédito. Se eu quero ceder a legitimidade sem ceder o
crédito, aplica-se por analogia o regramento da cessão de crédito, devendo
notificar o devedor.
Já, quanto à legitimidade extraordinária passiva, não é Possível transferir, salvo se
o titular do direito (sujeito ativo) concordar.Se ele não concordar, não posso
transferir. A transferência da legitimidade extraordinária passiva necessita do
consentimento do sujeito ativo.
Recomendou a leitura de um artigo do Fredie: Fonte normativa para a
legitimação extraordinária (academia.edu).
Art. 18, Paraǵrafo uńico. Havendo substituica̧õ processual, o substituid́o poderá
intervir como assistente litisconsorcial.
Se há legitimação extraordinária ou substituição processual, o substituído, que é
o titular do direito, pode intervir para ser assistente litisconsorcial do substituto.
Esclarece isso: é direito do substituído intervir no processo para ser assistente
litisconsorcial e, para tanto, ser litisconsorte unitário. 
Recapitulando: Elimina-se o rótulo condições da Ação. Consagra-se a
dinamicidade da relação processual, em que há diversas posições a serem
ocupadas no processo. Consagra-se a legitimação extraordinária fundada em
negócio jurídico. Consagra-se expressamente o direito do substituído intervir
como litisconsorte unitário do substituído. 
Art. 72. O juiz nomeara ́curador especial ao:
I incapaz, se naõ tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem
com os daquele, enquanto durar a incapacidade;
II reú preso revel, bem como ao reú revel citado por edital ou com hora certa,
enquanto naõ for constituid́o advogado.
Paraǵrafo uńico. A curatela especial sera éxercida pela Defensoria Pub́lica, nos
termos da lei.
Nomeará curador especial ao réu preso revel. O curador especial somente se
justifica se o curatelado não tiver advogado. Se o curatelado tiver curador
advogado, não justifica a nomeação de curador especial. Isso no caso do inciso II,
do artigo 73.
O novo CPC consagra que a curadoria especial é atribuição exclusiva da
Defensoria Pública. 
O CPC/73 falava muito nas sociedades irregulares, quando falava da capacidade
processual. Além das sociedades irregulares, existem as associações irregulares.
A diferença entre sociedade e associação é muito grande. Sociedade tem fins
lucrativos, enquanto a associação não tem fins lucrativos.
Art. 75. Seraõ representados em juiźo, ativa e passivamente:
VIII a sociedade e a associaca̧õ irregulares e outros entes organizados sem
personalidade jurid́ica, pela pessoa a quem couber a administraca̧õ de seus
bens;
Pela primeira vez, o novo CPC cuida da sociedade e da associação irregular.
Preenche uma lacuna do sistema. 
§ 2º A sociedade ou associaca̧õ sem personalidade jurid́ica naõ podera ópor a
irregularidade de sua constituica̧õ quando demandada.
Art. 73. O con̂juge necessitara d́o consentimento do outro para propor aca̧õ que
verse sobre direito real imobiliaŕio, salvo quando casados sob o regime de
separaca̧õ absoluta de bens.
§ 1º Ambos os con̂juges seraõ necessariamente citados para a aca̧õ:
I que verse sobre direito real imobiliaŕio, salvo quando casados sob o regime de
separaca̧õ absoluta de bens;
II resultante de fato que diga respeito a ambos os con̂juges ou de ato praticado
por eles;
III fundada em div́ida contraid́a por um dos con̂juges a bem da famiĺia;
IV que tenha por objeto o reconhecimento, constituica̧õ ou extinca̧õ de on̂us
sobre imov́el de um ou de ambos os con̂juges.
§ 2º Nas aco̧ẽs possessoŕias, a participaca̧õ do con̂juge do autor ou do reú
somente e índispensav́el nas hipot́eses de composse ou de ato por ambos
praticado. § 3o Aplica-se o disposto neste artigo a ùniaõ estav́el comprovada nos
autos.
Art. 74. O consentimento previsto no art. 73 pode ser suprido judicialmente
quando for negado por um dos con̂juges sem justo motivo, ou quando lhe seja
impossiv́el concede-̂lo.
Paraǵrafo uńico. A falta de consentimento invalida o processo quando necessaŕio
e naõ suprido pelo juiz. 
Adequação do novo CPC ao Código Civil. Todo regramento das pessoas casadas,
que o CPC/73 tinha, era apenas o reflexo, um espelho do que o CC/16 dizia. Só
que o CC/02 mudou o CC/16 dizia , em relação à capacidade civil das pessoas
casadas. Houve a necessidade de adequação do novo CPC ao CC/02. O
consentimento do cônjuge para proposição de Ação imobiliária é exigidido,
exceto no caso do regime da separação absoluta. Essa ressalva se aplica a
separação absoluta legal ou convencional? Há quem diga que só se aplica na
separação convencional, permanecendo a exigência para separação legal. Para
Fredie, a exceção sem consentimento aplica-se a separação absoluta
convencional e legal.
Também, houve adequação dos incisos do §1º, do artigo 73.
Houve uma outra novidade em relação à capacidade processual:
Artigo 73, § 3º Aplica-se o disposto neste artigo a ùniaõ estav́el comprovada nos
autos.
Isso é um problema. A união estável caracteriza-se pela informalidade. É a
grande vantagem dela. O duro é a publicidade da união estável. Daí, faz crítica a
esse dispositivo, pois a União estável não precisa de registro. Não há como dizer
que é inconstitucional, mas há como dar uma interpretação razoável do
dispositivo: Tem que ser comprovada por documento. Tem que ser o documento
registrado no registro civil, tal como regulamentado pelo CNJ. Essa alteração vale
para terceiro, sendo por isso que o CNJ regulamentou esse procedimento, para
dar eficácia a terceiros, para que todos possam controlar, evitando-se fraude. Tal
interpretação pauta-se no respeito à segurança jurídica e nos direitos de
terceiros.
Capacidade processual do espólio quando se trata de inventariante dativo: O
CPC/73 era extremamente confuso no particular.
Art. 12, do CPC 73 Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
§ 1º Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do
falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte.
Se o inventariante é dativo, além do espólio ser partes, todos os herdeiros têm
que ser autores e réus. É como se houvesse listisconsórcio necessário ativo entre
herdeiros e espólio, passivo entre herdeiros e espólio. Isso não tinha o menor
sentido.
O novo CPC esclarece isso no artigo 75, §1º, do CPC:
§ 1º Quando o inventariante for dativo, os sucessores do falecido seraõ intimados
no processo no qual o espoĺio seja parte.
É só uma intimação, para comunicar os herdeiros. Intima-se os herdeiros para
que sejam comunicadas. A parte é o espólio. Daí, como o inventariante dativo é
estranho, intima-se os herdeiros. Simplifica-se a redação do CPC/73.
Artigo 75, § 4º Os Estados e o Distrito Federal poderaõ ajustar compromisso
reciṕroco para prat́ica de ato processual por seus procuradores em favor de
outro ente federado, mediante conven̂io firmado pelas respectivas procuradorias.
Admite-se convênio entre as procuradorias do Estado, para que um Estado possa
defender outra. Além disso, é Possível que uma procuradoria de autarquia possa
defender outra autarquia.
Art. 37. Parágrafo único, do CPC/73: Os atos, não ratificados no prazo, serão
havidos por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e
danos.
Se o advogado não apresentar procuração, os atos processuais serão tidos como
inexistente. Como ser existente um ato que pode ser ratificado. Esse dispositivo
inspirava a súmula 115, do STJ. Recurso sem procuração era tido como
inexistente. É uma súmula incorreta. Além disso, esse dispositivo estava em
dissonância com o CC/02. Vide artigo 662 do CC: “Art. 662. Os atos praticados por
quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em
relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar.
Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato inequívoco, e
retroagirá à data do ato.”
Ele já tinha revogado tacitamente o artigo 37, Parágrafo único, do CPC/73. E o
STJ mantinha essa a súmula 115 do STJ.
Para acabar com isso, foi incorporado ao CPC o que o CC já diz. Ver artigo 104,
§2º do novo CPC:
“§ 2º O ato naõ ratificado sera ćonsiderado ineficaz relativamente aq̀uele em cujo
nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e perdas e danos.”

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