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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA CAROLINNA ROCHA MIRANDA, brasileira, divorciada, médica, portadora do RG nº xxx, inscrita no CPF/MF sob o nº xxx, residente e domiciliada à xxx,, por seu advogado que esta subscreve, com procuração e endereço em anexo, para onde devem ser remetidas as intimações, respeitosamente, perante Vossa Excelência, nos termos do artigo 5º, LXXII, da CRFB/88, e na Lei nº 9.507/97, e artigo 319 e ss. do CPC, impetrar o presente HABEAS DATA Em face de ato do MINISTRO DA SEGURANÇA NACIONAL, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. I. DA RESISTÊNCIA EM PRESTAR INFORMAÇÕES Segundo o inciso I do artigo 7º da Lei 9.507/97: conceder-se-á habeas data para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público. No caso, a impetrante buscou pela via administrativa acesso aos seus próprios dados constantes em banco de dados de caráter público, direito este que foi negado conforme comprovado em documentação anexa. II. DOS FATOS A impetrante participou de movimentos políticos que faziam oposição ao governo instituído na década de 1970. Tendo, por força de tais atividades, sido vigiada por agentes estatais e, em algumas ocasiões, foi presa para averiguações. Seus movimentos eram monitorados pelo órgão de inteligência vinculado aos órgãos de segurança do Estado Brasileiro, organizados por agentes federais. Todavia, somente após longos anos, em 2010, a impetrante veio a requerer sua ficha de informações pessoais, sendo facilmente comprovado com toda a documentação anexa que seu pedido foi indeferido em todas as instâncias administrativas. Tendo sido o último ato de indeferimento proveniente do Ministro de Segurança Nacional, que lastreou seu ato decisório na necessidade de preservação do sigilo das atividades do Estado, uma vez que os arquivos públicos do período desejado (década de 70) estão indisponíveis a todos os cidadãos. III. DO DIREITO O acesso às informações tem previsão em nível constitucional pela Constituição de 1988, que previu, em seu artigo 5º, LXXll (conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo). Neste mesmo sentido o remédio constitucional Habeas Data busca tutelar o direito de informação e intimidade do indivíduo. Nas palavras de Alexandre de Moraes: Assim, pode-se definir o habeas data como o direito que assiste a todas as pessoas de solicitar judicialmente a exibição dos registros públicos ou privados, nos quais estejam incluídos seus dados pessoais, para que deles se tome conhecimento e, se necessário for, sejam retificados os dados inexatos ou obsoletos ou que impliquem discriminação. (MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. - São Paulo: Atlas, 2014, p. 148). Busca, nesse sentido, a obtenção de informações existentes na entidade governamental, o que a impetrante não conseguiu alcançar na via administrativa, sendo rechaçada com sequentes negativas. Num primeiro momento, parece estranho haver ações recentes contra atos cometidos durante o período autoritário, todavia demonstra que ainda hoje os indivíduos podem utilizar-se que instrumentos como o Habeas Data para lutarem pelos seus direitos e contra as injustiças cometidas, verificam-se então como uma medida democraticamente efetiva, defendida pela Constituição de 1988, que busca extinguir o período vivido anteriormente. IV. DOS PEDIDOS De acordo com o que foi acima exposto, requer: a) a notificação da autoridade coautora, sobre os fatos narrados, assim, se for de interesse prestar informações; b) oitiva do representante do Ministério Público no prazo legal; c) que julgue procedente o pedido, determinando ao impetrado o fornecimento das informações aqui pleiteadas; d) a condenação do impetrado nos ônus de sucumbência, notadamente no que se refere às custas processuais. Na oportunidade, requer a juntada dos documentos que instruem a petição inicial. Apesar de ser ação gratuita, nos moldes do art. 5º, LXXVII, da CRFB/88, atribui a causa por questões formais, o valor de R$ 1.000,00 (mil reais). Nestes termos, Pede deferimento Local e data Advogado OAB
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