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Eduarda Miot Panazzolo 2 TRANSTORNOS DE ANSIEDADE O que é ansiedade? 1. Sensação subjetiva desagradável, inquietação interna, preocupações antecipatórias, “remoer o passado”. 1. Normalmente acompanhada de sintomas físicos. 1. Intrínseca relação com medo: autoproteção, sensação de luta e fuga, sinalização de perigo e comportamentos de esquiva. 1. As maneiras como esse sintoma se expressa varia muito com cultura, idade, grau de instrução, etc. 1. Ansiedade é algo normal. O problema é quando se torna duradoura e traz prejuízos. 1. Para diferenciar ansiedade normal de transtorno de ansiedade, é importante considerar: 1. Intensidade de sintomas. 2. Tempo. 3. Grau de prejuízo ou sofrimento. Epidemiologia/etiologia · Transtorno psiquiátrico mais prevalente ao longo da vida. · Até 10% das crianças e adolescentes sofrem de algum transtorno ansioso. · Idosos costumam ser menos ansiosos que jovens. Fisiopatologia · Afeta diversas regiões cerebrais, especialmente as relacionadas ao medo, autopreservação, processos de luta e fuga, estado de alerta e responsividade. · Lócus ceruleus, amigdala, sistema de inibição comportamental septo-hipocampal (SICS), áreas anterior e medial do hipotálamo, etc. · Todas essas vias neurológicas têm muitas vias serotoninérgicas. Quadro clínico TAG Pânico Fobia específica Fobia social · Ansiedade geral. · Envolve várias áreas da vida. · Associado à insônia e sintomas físicos. · Quadro crônico (pelo menos 6 meses de sintomas). · Crises agudas de ansiedade. · Autolimitada. · Sintomas físicos e psíquicos. · Quadro agudo. · Medo de algo específico. · Causa prejuízo de vida. · Medo de exposição e julgamento. · Medo em situações que se expõe socialmente. 1. Transtorno de Pânico · Ataque de pânico: crise abrupta de medo ou desconforto intensos. · Alcança pico em poucos minutos (1-15 minutos, pico em 5 minutos). · 4 ou mais dos seguintes sintomas: medo de perder o controle ou enlouquecer; sensação de falta de ar; palpitação, taquicardia; sudorese; tremores ou abalos; desrealização ou despersonalização; tontura, instabilidade, vertigem; dor ou desconforto torácico; náusea ou desconforto abdominal; calafrios ou ondas de calor; paresias; medo de morrer. · Muito relacionado à descarga adrenérgica. · Ataque de pânico não é manifestação exclusiva da síndrome do pânico; pode ocorrer no contexto de outras doenças psiquiátricas ou clínicas. · Síndrome do pânico: ataques de pânico recorrentes, sem fatores desencadeantes, seguidos de: a) Um mês de preocupações com a possibilidade de ter novos ataques; b) Comportamento evitativo, mudança desadaptativa por medos de novas crises; c) Medo intenso das consequências das crises. · Agorafobia: pode ser um especificador do transtorno de pânico OU uma doença a parte, caracterizada por medo intenso de transporte público, espaços abetos demais, locais fechados, ficar em fila no meio da multidão, sair de casa sozinho. 2. Fobia Social · Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a avaliação do outro. · Forma de timidez extrema, que causa prejuízo. · Relação íntima com interações sociais, ser observado, situações de desempenho. · Indivíduo teme agir de forma vergonhosa ou constrangedora. · Situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade. · Tais situações são ativamente evitadas ou suportadas com imenso sofrimento. · Medo é desproporcional a situação e persistente, e causa prejuízo e/ou sofrimento. 3. Fobia específica · Medo ou ansiedade intensos acerca de um objeto ou situação. · Tais objetos e situações causam resposta imediata de medo ou ansiedade intensa. · Situação ou objeto são ativamente evitados ou suportados com intenso sofrimento. · Medo é desproporcional, persistente (mais de 6 meses) e causa sofrimento ou prejuízo significativo. · Medos mais comuns: animais, ambientes naturais, sangue, injeções, ferimento, palhaços, etc. 4. Transtorno de Ansiedade Generalizada · Ansiedade e preocupações excessivas. · Relacionada a diversos eventos ou atividades. · Quadro crônico: maioria dos dias, por no mínimo 6 meses. · Indivíduo considera difícil controlar a ansiedade. · Causa prejuízo/sofrimento. · Associada a: inquietação, fatigabilidade, dificuldade de concentração ou de memória, irritabilidade, tensão muscular, alteração do sono, cefaleia. Diagnóstico · Excluir outras causas de ansiedade ou crises: uso de drogas e medicações, cafeína, tabagismo, comorbidades clínicas (arritmias, hipertireoidismo, crise de asma, hipoglicemia, etc.), outras causas psiquiátricas. Tratamento · Não é qualquer ansiedade que é considerada um transtorno. · Não é qualquer transtorno que requer tratamento medicamentoso. · Sempre começar com: psicoeducação, reasseguramento, acalmar paciente, oferecer suporte. · Primeira escolha: tratamento não medicamentoso. a) Exercício físico. b) Boa alimentação (evitar bebidas estimulantes e fumo). c) Terapias alternativas (yoga, mindfullness, acupuntura). d) Higiene do sono. e) Terapia psicológica. · Farmacoterapia: a) Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina: Sertralina, Paroxetina, Citalopram, Fluoxetina. b) Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina (duais): Venlafaxina. c) Antidepressivos tricíclicos: Clomipramina, Nortriptilina, Amitriptilina. · Uso de benzodiazepínicos: · Deve ser evitado pelo risco de dependência e efeitos colaterais. · Podem ser usados nas crises: Clonazepam (0,25mg, sublingual), Alprazolam e Clonazepam. · Pode ser usado como coadjuvante no início do tratamento (em média 4 semanas). · Outras medicações: antipsicóticos atípicos (Quetiapina), pregabalina e gabapentina, buspirona (antisec), ácido valpróico, mirtazapina. Ps: buspirona é derivado de benzodiazepínico e não causa dependência.
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