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AULA TELINI – DMG DEFINIÇÃO. Alteração transitória dos níveis de glicemia detectados pela primeira vez durante a gestação com glicemia que não atinge valores para diagnostico com DM prévio. FISIOPATOLOGIA. Alguns hormônios vão facilitar para que a paciente tenha resistência insulínica, hiperinsulinemia e hiperglicemia materna como a prolactina, o cortisol e principalmente o hormônio lactogênico placentário. Esse último hormônio é produzido entre 20-24 SG e ele é um dos que mais desregula a glicemia, por conta disso que faz o TOTG entre 24-28 SG que é quando ocorre o pico desse hormônio. A hiperglicemia acaba sendo transferida pro compartimento fetal através da GLUT que são transportadores de membrana que fazem difusão facilitada de glicose, ou seja, não só a difusão por gradiente que ocorre, toda a glicemia é transmitida de forma facilitada ao compartimento fetal causando repercussões para o concepto. DIAGNÓSTICO. No primeiro trimestre faz-se o rastreio com a glicemia de jejum assim que a paciente descobre a gravidez se a glicemia for < 92 indica normalidade e faz-se o rastreio mais pra frente / se 92-125 é DMG / > 126 DM prévio. O próximo rastreio é com a curva glicemia entre 24-28 SG se esse exame estiver disponível. Para o diagnóstico de DMG: Jejum → 92-125 / 1ª hora ≥ 180 /2ª hora → 153 – 199 E para o diagnóstico de DM prévio os valores devem ser Jejum ≥ 126 / 2ª hora > 200 PREVALÊNCIA. 18-25% das mulheres brasileiras vão ter DMG. 4ª lugar no ranking mundial. FATORES DE RISCO. Obesidade, DMG prévio, feto macrossômico anterior (peso fetal 4,0 – 4,5Kg é macrossomia relativa / > 4,5Kg é macrossomia absoluta), SOP, antecedente de DM familiar, idade materna avançada já que com o avançar do metabolismo vai ocorrendo maior resistência insulínica e menor secreção pancreática de insulina, multiparidade, hipertensão, gestação múltipla por conta do maior numero de unidades placentárias e por consequência mais produção do lactogênico placentário, usuárias de corticoide crônico e sedentarismo. TRATAMENTO INICIAL. Mudança do estilo de vida com incentivo a atividade física e posterior monitoramento do perfil glicêmico. A dieta da paciente deve ter 1800 a 200kcal/ dia. Deve orientar a paciente a dividir o prato em 4 porções e cada porção deve ter carboidrato, proteína, salada/legumes e a unidade que sobrar fica para os alimentos funcionais ricos em cálcio, ômega 3. O objetivo dessa abordagem é reduzir a morbimortalidade perinatal e morbidade materna a curto e longo prazo. Sendo assim as recomendações alimentares são individualizadas, deve-se calcular o gasto energético basal da paciente (consulta com nutricionista), avaliar o padrão de alimentação da paciente. Essas pacientes necessitam em média 20-30kcal/kg/dia tendo em vista o peso pré gestacional tendo como mínimo 1800 kcal no dia sendo que essas calorias devem ser distribuídas em 6 refeições ao longo do dia. Deve orientar a paciente a realizar 150 min de exercícios na semana sendo que ela pode distribuir como quiser, deve haver um aumento da FC durante o exercício. Deve orientar a paciente a realizar exercício aeróbico em conjunto com exercício resistido já que esse aumenta o gasto energético basal e a melhora a sensibilidade a insulina. As mudanças do estilo de vida controlam 70% dos casos sendo que só 30% necessita de intervenção farmacológica. O ganho de peso deve ser orientado com base no peso pré gestacional. 1º trimestre o ideal é que ganho 3kg no máximo e posteriormente 0,5kg por semana e quando a paciente tem aumento do IMC o ideal é 0,3kg no máximo por semana. O carboidrato é importante mas seu consumo não deve ser exagerado e sim limitado. Os derivados do leite são importantes, deve dar preferencia aos queijos brancos, pois tem menos gordura. Evitar margarina frituras em imersão, banha, óleo de coco. ÍNDICE GLICÊMICO. É um alimento que faz um pico de insulina muito abrupto, quanto maior o índice glicêmico maior a capacidade desse alimento aumentar a glicemia rapidamente e por consequência fazer um pico de insulina posterior para controlar a glicemia. Os alimentos com altos índices glicêmicos são problemáticos se consumidos puros. Quando você consome um alimento de elevado índice glicêmico, mas junto a ele consume uma fibra e proteína junto o índice glicêmico fica corrigido. Eles devem ser evitados, mas não devem ser proibidos. Os alimentos de baixo índice devem ser mais prevalentes na dieta e devem ser estimulados. A necessidade calórica na gestação aumenta 300 a 450 kcal/dia. Sempre dar preferencia aos alimentos in natura que são minimamente processados, os processados consumir poucas vezes na semana e os ultra processados o ideal é não consumir. Os adoçantes podem ser usados mas evita-se por serem menos estudados ao adoçantes de sacarina e ciclamatos. O stevia e sucralose são os mais estudados e pode consumir 6 sachês por dia ou 15 gotas. De segunda linha tem o acessulfame e o aspartame. EXERCÍCIOS. A maioria das pacientes pode fazer a não ser que ela se enquadre em alguma das contraindicações absolutas que são cardiopatia grave, insuficiência ístimo cervical, cerclagem, gestação múltipla com risco de parto prematuro, bolsa rota, pré-eclmapsia e anemia muito grave. As contraindicações relativas são tabagismo muito intenso, pneumopatia descompensada, DM1 descompensado com hipoglicemia... As atividades mais seguras e recomendadas são caminhada, natação, ciclismo em bicicleta estacionária (ciclismo na rua tem maior chance de queda por mudança do centro de gravidade do corpo materno), aeróbico, ioga, pilates, corrida, esportes com raquete, treinamento de força, musculação HIIT, funciona, e ergométrico de MMSS. Esportes proibidos são mergulho pois o concepto não tem como descomprimir e pode fazer embolia em todo compartimento feto-placentário, paraquedismo e luta por chance de impacto no abdome. AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE TRATAMENTO. É feita com perfil glicêmico domiciliar e a paciente deve estar dentro das metas: Pacientes muito descontroladas faz a dosagem em jejum, pós-café, pré almoço, 1h pós almoço, pré jantar e 1h pós jantar. O pré refeição tem que ser antes de administrar insulina. Em alguns casos pode fazer as 23h e as 3h para ter certeza que a paciente não está fazendo hipoglicemia na madrugada já que valores < 70 estão relacionados a mais sofrimento fetal. Deve-se orientar os sinais de hipoglicemia para a paciente que são vertigem, sudorese, cefaleia, vista embaçada, desmaio, perda de consciência. Caso isso ocorra a paciente deve consumir um alimento de alto índice glicêmico como um copo de suco de laranja, 1 colher de açúcar em 1 copo de água, chupar uma bala... Nós seguimos a ADA. Quando a paciente vai ficando com a glicemia mais controlada pode ir espaçando a frequência das medidas, mas enquanto está muito descompensada são necessárias varias medidas glicêmicas. INSULINIZAÇÃO. É feita para pacientes com alteração de 20-30% do perfil glicêmico ou até menos se os valores forem muito fora da meta ou repercussões fetais progressivas. Pode-se iniciar com uma dose de 8 a 10 UI/dia com insulina basal com reavaliação da paciente em 2 semanas, pois muitas vezes esse valor já é o suficiente para controlar a glicemia da paciente. Conforme avaliação, se a paciente não apresentar controle vai aumentando a insulinização com dose de 0,3- 0,5UI/Kg/dia dividido em 2 a 3 aplicações diárias. O uso de metformina é feito em casos refratários pois está associado a um risco maior de prematuridade, porém não há estudos concretos sobre. COMPLICAÇÕES DA HIPERGLICEMIA PRECOCE. Pacientes com hemoglobina glicada muito elevada podem causar repercussões fetais como cardiopatias que incluemCIA, CIV. COMPLICAÇÕES MATERNO-FETAIS. Para o feto pode causar macrossomia fetal pela hiperinsulinemia crônica intrauterina, polidramnio, síndrome do desconforto respiratório com retardo da maturação pulmonar, hiperbilirrubinemia/icterícia neonatal, hipoglicemia, sofrimento fetal que pode evoluir para óbito fetal, risco de desenvolver obesidade e DM no futuro por modificações epigenéticas. Para a mãe pode causar repercussões do diabetes como nefropatia, retinopatia, maior risco de ITU materna na gestação, prematuridade, distócia de ombro e tocotraumatismo, maior risco de cesriana. MECANISMO DE COMPLICAÇÃO PARA O FETO. A hiperglicemia materna por conta das GLUT leva a uma hiperglicemia fetal → diurese osmótica rica em glicose → aumento do LA → distensão do útero pelo ↑ LA → risco de prematuridade. A insulina fica alta por conta da hiperglicemia → hiperinsulinemia → hipoglicemia neonatal → ↓ produção de surfactante → desconforto respiratório. Hiperinsulinemia → ↑ IMC → macrossomia → ↑ chance de tocotrauma, miopatia → demanda muito O2 → risco de hipóxia crônica e óbito fetal por asfixia perinatal. ↑ hemoglobina glicada fetal → ↑ avidez da hemoglobina fetal por O2 → ↓ oferta de O2 para os tecidos fetais → policitemia → sangue fica mais viscoso → contribui para icterícia neonatal. AVALIAÇÃO DO CRESCIEMNTO FETAL. O feto grande para a IG e com chance de macrossomia está acima do percentil 90. Clinicamente é possível avaliar pela altura uterina vendo se o útero não está com o crescimento muito acelerado por conta do polidramnio ou do crescimento fetal exagerado. AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETAL. é possível avaliar clinicamente através do mobilograma ou controle de movimentação fetal (CMF) a paciente deve perceber a movimentação do feto em todos os períodos do dia mas ela vai contar uma vez ao dia no horário em que o bebe mais costuma mexer, deve fazer 7 movimentos em 1h. se não mexer deve consumir uma fonte rápida de carboidrato como suco e conta novamente e se mesmo assim não mexer necessita de uma avaliação complementar. Cardiotocografia anteparto e intraparto para monitorizar o feto e ver se não está entrando em sofrimento fetal. o ultrassom obstétrico e o perfil biofísico também pode ser feito embora esse último não seja tão disponível. O PBF é um ultrassom que pode valer 10 ou 8 (se não tiver a cardiotoco). No ultrassom avalia movimentos respiratórios fetais, movimentos fetais ativos, avaliação do tônus em flexão predominante e a quantidade de LA avaliada pelo maior bolsão vertical ou pelo ILA. Se o resultado for < 6 é preocupante. PROGRAMAÇÃO DO PARTO. 40 SG se DMG controlada com dieta e exercícios, sem repercussão fetal 38-39 SG se DMG em uso de insulina Via obstétrica considerando-se apenas o DMG não tem indicação de cesárea → se > 4,0Kg deve-se considerar cesárea pelo risco maior de tocotrauma → > 4,5Kg é uma indicação importante de cesárea mas não absoluta Controle glicêmico intraparto é importante, geralmente reduz pela metade a dose se insulina usada e deixa uma infusão contínua de glicose caso a paciente esteja em jejum para não fazer hipoglicemia (SG 5% 60ml/h). A glicemia deve ser avaliada de 2/2h e os valores devem estar entre 70 e 120. CUIDADOS NO PÓS-PARTO. Avaliar se a mulher vai permanecer diabética. No pós parto imediato suspende a insulina podendo ou não monitorar a glicemia capilar por 72h, se for diabética prévia reajusta os valores que ela usava antes da gestação. Deve-se orientar um planejamento familiar eficaz com intervalo interpartal adequado. Deve estimular a amamentação que vai ajudar a controlar o peso. A paciente pode monitorar no pós parto com uma curva glicêmica 6 semanas pós parto ou glicemia de jejum e glicada anual. Os valores voltam a ser igual para os pacientes clínicos: Jejum < 100 o 100-126 → pré-diabetes o >126 DM 2ªh < 140 o >200 DM
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