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D I A B E T E S M E L L I T U S N A G E S T A Ç Ã O CONCEITOS DIABETES TIPO 1: causado pela deficiência de secreção de insulina por processo patológico autoimune ocorrido nas ilhotas pancreáticas. DIABETES TIPO 2: causado pela combinação da resistência à ação da insulina e a inadequada resposta compensatória na secreção de insulina. DMG (diabetes mellitus gestacional): hiperglicemia detectada pela 1a vez na gestação, sendo assim, desenvolveu a doença na gravidez. DM DIAGNOSTICADO NA GESTAÇÃO: paciente sem diagnóstico prévio com valores glicêmicos compatíveis com diabetes mellitus em não gestantes. DM PRÉVIO: paciente com diagnóstico para diabetes antes da gestação, que persiste quando a gestação termina, em uso de medicações. PRÉ-DIABETES: indivíduos em um grupo intermediário que tem níveis glicêmicos elevados, pode ser marcada por glicemia de jejum alterada e tolerância à glicose alterada, que indicam alto risco de desenvolvimento da doença. LAYANE SILVA O diabetes melito é um distúrbio do metabolismo dos carboidratos, composto por doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia por defeitos na secreção e/ou ação da insulina. Na forma crônica, cursa com complicações vasculares, incluindo retinopatia, nefropatia, neuropatia e doença cardiovascular. FATORES DE RISCO Idade avançada Sobrepeso/Obesidade (IMC > 25 kg/m2) Antecedentes familiares de DM Antecedentes pessoais de alterações metabólicas Antecedentes obstétricos: > 2 abortos Diabetes mellitus gestacional Polidramnia ou macrossomia Óbito fetal sem causa Malformação fetal No Brasil, estima-se que 18% das mulheres grávidas, assistidas no SUS, atinjam os critérios diagnósticos atuais de DMG, entre fatores de risco, destacam-se: obesidade, idade materna superior a 25 anos, história familiar e/ou pessoal positiva, gemelidade, hipertensão arterial, dislipidemia, tabagismo, sedentarismo, macrossomia pregressa, óbito fetal sem causa aparente, entre outros. 1. 2. 3. 4. 5. a. b. c. d. e. Grupo de alto risco para DMG: história de macrossomia (>4,5 kg), história familiar de DM (parente de primeiro grau), história de DMG, IMC ≥ 30 kg/m2 e origem étnica de alta prevalência de DM. na F, nefropatia com proteinúria e redução da depuração da creatinina; na R, retinopatia maligna (proliferativa); na H, doença cardíaca isquêmica; na T, a paciente sofreu transplante renal. CLASSIFICAÇÃO A classificação é dividida em classes A-H a fim de estabelecer o prognóstico materno e fetal e instituir terapêutica efetiva. A: DMG, há intolerância à glicose anormal na gestação, que retorna à normalidade no fim da gravidez - 10-20% necessitam de insulina. B/C: diabetes pré-gestacional recente e sem complicação vascular, a B ocorre aos 20 anos e dura < 10 anos, já, a C inicia entre 10-19 anos ou duram entre 10-19 anos. D-T: diabéticas com complicação vascular, na D dura > 20 anos, inicia com < 10 anos ou há retinopatia benigna ou hipertensão; O A1 difere do A2, pois, apesar de pertencerem à mesma classe do “diabetes gestacional”, o tratamento no 1o baseia-se na dieta e no 2o no uso de insulina. O B (<10 anos) e C (10-19 anos) são analisados nos pacientes que possuem DM prévio, mas, sem vasculopatia - eles variam na idade de início e tempo de duração. Os tipos D até o T são marcados por doenças microvasculares. FISIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA O corpo da gestante funciona para disponibilizar para o bebê os nutrientes necessários, logo, ela tem difusão facilitada de glicose pela placenta para fornecer maior disponibilidade de glicose para o feto. Se jejum prolongado, ocorre hipoglicemia e aumento da resistência à insulina, que dificulta a utilização da glicose pela mãe, a qual cursa com hiperglicemia pós prandial. Esse quadro tende a ocorrer a partir das 20-24 semanas, visto que há aumento dos hormônios contrainsulínicos produzidos pela placenta (hPL) e aumento da resistência à insulina, causando hiperinsulinemia. Assim, na gravidez normal, há modificações na produção de energia e acúmulo de gordura, esse depósito se faz nos ⅔ iniciais da gestação e no ⅓ final há aumento do gasto metabólico, a fim de suprir as demandas para crescimento do feto. Essas alterações incluem: hipoglicemia de jejum, catabolismo exagerado dos lipídios com formação de corpos cetônicos e progressiva resistência à insulina pela ação dos hormônios placentários. FISIOLOGIA METABÓLICA NA GRAVIDEZ LAYANE SILVA difusão facilitada de glicose pela placenta fornece maior disponibilidade para o feto e provoca hipoglicemia em jejum. aumento da resistência a insulina provoca dificuldade de utilização da glicose pela mãe, desencadeando na genitora, após se alimentar, hiperglicemia pós-prandial. aumento dos hormônios contrainsulínicos (hPL) causa aumento da resistência a insulina que provoca hiperinsulinemia. consumo contínuo de glicose pelo concepto e seu rápido transporte pela placenta influenciam o metabolismo dos carboidratos na gestante. no 2o trimestre, há aumento na resistência à insulina, associado à níveis altos de hPL, hormônio do crescimento placentário (hPGH) e adipocinas (leptina, adiponectina, TNF-alfa, IL-6). Metabolismo glicídico: há demanda permanente de glicose em função do concepto (consumidor de glicose), pois, no jejum, ele continua a extrair glicose e aminoácidos (parasitismo verdadeiro). Esse suprimento ininterrupto necessita de alterações como: redução do consumo da glicose e de sua utilização periférica, além da elaboração de hormônios contrainsulares. De forma resumida, quando a mulher engravida, tudo o que ela faz é para a proteção fetal, sendo assim, a comida que ela come, vira glicose e faz difusão facilitada com a placenta para ter maior disponibilidade para o feto. Logo, o feto aumenta o aporte de glicose, e a mãe, se passar muito tempo sem comer, fica com hipoglicemia, visto que o seu aporte vai para o feto. Para que a glicose vá para o feto, há aumento da resistência à insulina na mãe, dificultando o uso da glicose, provocando hiperglicemia pós-prandial. MECANISMO FISIOPATOLÓGICO Feto: excesso de glicose e hiperinsulinismo (o próprio pâncreas) compensatório. Mãe: resistência à insulina com risco elevado de diabetes gestacional - contudo, se a paciente já possuir maus hábitos antes da gestação, ocorre mais rapidamente. (1) O feto fica com muita glicose e hiperinsulinismo compensatório. (2) A mãe fica com a resistência alta à insulina, o que aumenta o risco de diabetes gestacional. REPERCUSSÕES 1o trimestre: tendência à hipoglicemia materna com redução da necessidade de insulina. 2o e 3o trimestre: aumento da resistência à insulina (24 semanas), com maior necessidade da medicação, visto que os hormônios placentários começam a subir. A resistência à insulina na gravidez normal está presente já a partir do 2o trimestre e aumenta progressivamente até o fim da gestação a fim de atender às necessidade metabólicas do feto (maior disponibilidade de glicose) em função dos hormônios contrainsulínicos. Nas mulheres com DMG, há incapacidade de secretar insulina em níveis para atender à demanda que é máxima no 3o trimestre, o que aumenta a concentração da glicose pós- prandial, que determina efeitos adversos no feto (macrossomia e hipoglicemia neonatal) pelo excessivo transporte transplacentário de glicose. Resistência à insulina: ocorre a partir do 2o trimestre como adaptação fisiológica que visa transferir o metabolismo energético materno da oxidação dos carboidratos para o de lipídios, preservando a glicose que será fornecida ao feto. Há aumento compensatório na resposta das células β e hiperinsulinismo, por isso, a resistência à insulina progride durante a gestação, sendo impulsionada pelos hormônios placentários contrainsulínicos. FISIOLOGIA METABÓLICA NA GRAVIDEZ No final da gestação (37/38 semanas) pode ocorrer insuficiência placentária, queda da produção hormonal e redução da necessidade de insulina. Puerpério: redução brusca da necessidadede insulina, visto que a placenta foi removida, assim, a paciente que desenvolveu diabetes na gravidez, retorna ao valor basal, deixando de ter o diagnóstico de diabetes. LAYANE SILVA DM prévio à gestação com vasculopatia (classe D): insuficiência placentária e restrição de crescimento fetal. DM prévio a gestação pode ter vasculopatia: feto restrito + oligodramnia (devido a diminuição da oxigenação, com isso, o bebê redistribui a oxigenação para os “órgãos nobres”, de modo que há diminuição da produção de urina - sinal de gravidade). DMG sem vasculopatia (classe A a C): Macrossomia fetal: peso > 4kg. Hiperglicemia fetal: aumento da produção de insulina e estímulo ao crescimento fetal (efeito GH-like). - Distúrbios do crescimento: O bebê com mãe diabética pode ter um quadro de macrossomia fetal pois a insulina tem efeito GH like, simulando o crescimento do bebê, que além de crescer muito, urina muito. O bebê de mãe com DM prévia pode ter um quadro de microssomia, pois há desenvolvimento de vasculopatia por alteração da placenta que promove hipóxia no bebê, logo, o bebê cresce pouco e urina pouco (feto restrito + oligodramnia). A oligodramnia ocorre porque o bebê está em hipóxia e, consequentemente, há redução da oferta de O2 que será redistribuída através do fluxo de sangue para áreas nobres (coração e cérebro), o que reduz a quantidade de sangue liberada para o rim, e, consequentemente, reduz a urina. 1. 2. - Distocia de ombros: deposição maior de gorduras nos ombros, que é característico em bebês de mães diabéticas, e ocorre devido à dificuldade de liberação durante o parto vaginal. - Prematuridade: secundário à hiperdistensão uterina - indicação materna por descompensação da doença. O aporte de nutrientes ao feto é garantido pela secreção placentária de hormônios e mediadores metabólicos diabetogênicos, assim, a gestação normal é caracterizada por aumento da secreção de insulina materna e queda nos valores de glicose no jejum. O aumento na resistência à insulina evolui com o passar da gestação e está bem definido na 24a semana; se o pâncreas materno não consegue responder às demandas na produção de insulina, instala- se a hiperglicemia materna. - Malformação fetal: causa de mortalidade perinatal em gestações complicadas com DM, tem incidência de 10%, ocorre pelo mau controle glicêmico no período crítico da organogênese (SNC) nas primeiras 6-8 semanas da gestação, sendo fortemente associada aos níveis de HbA1c no 1o trimestre da gestação. As anomalias mais comuns são defeitos cardíacos complexos e anomalias do SNC (anencefalia, espinha bífida, anomalias craniofaciais e esqueléticas, regressão caudal/agenesia do sacro). - Anomalias congênitas: diretamente relacionado ao valor da hemoglobina glicada, ou seja, DM prévio à gestação. - Hiperglicemia na organogênese (6-8 semanas): causa excesso de radicais livres, pode levar a malformações (cardiovasculares, sistema urinário e tubo neural), as principais malformações seriam no (1) sistema cardiovascular, (2) sistema urinário e (3) tubo neural. COMPLICAÇÕES FETAIS COMPLICAÇÕES Pacientes com DMG tem risco elevado de HAS, pré-eclâmpsia e parto cesáreo e suas morbidades, já o feto da mãe com DMG tem risco elevado de macrossomia, distocia de ombros, tocotraumatismo, hipoglicemia e hiperbilirrubinemia neonatal. - Alto risco de abortamento: está relacionado com Hb1ac > 12, visto que há aumento da produção de radicais livres, com isso há estresse oxidativo e o bebê morre. COMPLICAÇÕES GESTACIONAIS Idealmente, a mulher deve ter Hb glicada < 6,5% para engravidar. - Morte fetal tardia: o bebê sofre acidose metabólica fetal devido à produção de lactato e começa a ficar grande devido a produção de insulina, uma vez que recebe muita glicose da mãe, o pâncreas dele produz muita insulina que age como “GH like” e ele cresce. Assim, filho de mãe diabética gestacional cresce e fica macrossômico, quando isso acontece, a quantidade de hemoglobina fetal que ele tem não consegue distribuir O2 para o curso, cursando com hipoxemia relativa, e sua medula entende que precisa produzir mais HbF, mas ela tem alta afinidade pelo O2, o que piora o quadro, visto que há um bebê grande para pouco oxigênio, desse modo, o bebê cursa com policitemia fetal e pode vir a óbito. - Alteração do volume do LA (urina do bebê): polidramnia com líquido amniótico aumentado (25%). - Macrossomia fetal: possui risco elevado em função da hiperglicemia/hiperinsulinemia fetal pela difusão facilitada de glicose através da placenta, assim, a insulina determina excessivo crescimento fetal, especialmente do tecido adiposo nos ombros e tórax (aumenta o risco de distocia no parto). Assim, há um quadro de macrossomia fetal com o bebê > 4 kg independente da idade gestacional, que será classificado como GIG (grande para a idade gestacional) - de forma geral, bebês macrossômicos de mães diabéticas tem maior chance de complicações. Para evitar malformação no tubo neural, utiliza-se ácido fólico (400 mcg e mãe com diabetes prévia utiliza 4 mg). COMPLICAÇÕES NEONATAIS O bebê da mãe diabética tem grande risco de ser ictérico visto que a Hb fetal é produzida em altas quantidades, e depois sofre hemólise. DIAGNÓSTICO A hiperglicemia deve ser investigada no início e na metade da gestação, e o diagnóstico na gravidez, e consequente controle dos níveis glicêmicos, reduz as complicações para a mãe e seu filho, por isso, recomenda-se rastreio universal, mesmo sem um fator de risco. Idealmente, a glicemia de jejum deve ser realizada na 1a consulta pré-natal para identificar casos normais (< 92 mg/dL), DMG (92-125 mg/dL) e diabetes pré-gestacional (> 126 mg/dL) - este pode ser diagnosticado por HbA1c > 6,5% ou glicemia ao acaso > 200 mg/dL). LAYANE SILVA Em casos normais, solicitar TOTG de 75 g de 2 h entre 24-28 semanas, e valores anormais são jejum > 92 mg/dL, 1 h > 180 mg/dL e 2 h > 153 mg/dL - se o valor for > 126 mg/dL é DM pré-gestacional. O diagnóstico não tem relação com a IG e sim com nível de glicemia. GJ < 92 (normal). GJ entre 92 e 125 (DM gestacional). GJ maior igual a 126 ou HbA1c maior igual 6,5% (DM prévio diagnosticado na gestação). TOTG-75g: para o DMG, considerar os limites de 92 mg/dL, 180 mg/dL e 153 mg/dL, respectivamente, para GJ, 1 hora e 2 horas, e pelo menos 1 valor alterado; se GJ ≥126 mg/dL e/ou 2 horas ≥200 mg/dL: diabetes prévio, diagnosticado na gestação. Jejum: maior igual a 92 mg/dL 1a hora: maior igual a 180 mg/dL 2a hora: maior igual a 153 mg/dL - Iniciou pré natal no 1o trimestre ou < 24 semanas: solicitar glicemia de jejum, se: 1. 2. 3. Pacientes com glicemia de jejum <92 mg/dL no 1o trimestre: realizar TOTG 75 g, entre 24 e 28 semanas, com avaliação da GJ, G1h e G2h. - Iniciou pré-natal entre 24-28 semanas: solicitamos TOTG de 75 gramas, e com pelo menos 1 dos seguintes valores alterados fechamos o diagnóstico para diabetes gestacional. 1. 2. 3. Se na 2a hora o valor encontrado for maior ou igual a 200 mg/dL a paciente tem diagnóstico de DM prévio. - Iniciou pré natal > 28 semanas: realizar imediatamente TOTG 75g. Caso a paciente more em um lugar que o acesso ao TOTG seja inviável, podemos solicitar outra glicemia em jejum. Na impossibilidade de realização do TOTG-75g, frente a recursos escassos, pode-se repetir a glicemia de jejum entre 24 e 28 semanas, mantendo os mesmos valores de referência usados no 1o trimestre. TRATAMENTO O tratamento clínico deve ser instituído logo após o diagnóstico para alcançar e manter as metas glicêmicas, evitar cetose, garantir adequado ganho de peso materno e desenvolvimento fetal e prevenir os desfechos perinatais adversos. Glicemia de jejum e pré prandial: < 95 mg/dL 1 hora pós prandial: < 140 mg/dL 2 horas pós prandial: < 120 mg/dL HbA1c: < 6,0 para aquelas em uso de insulina, o controle deve ser diário. para pacientes com DM1 ou DM2, o controle glicêmico inclui medidas pré-prandiais. - Alvos glicêmicos:o controle da glicemia materna tem como meta alcançar e manter níveis de normoglicemia: 1. 2. 3. 4. * Hipoglicemia: HGT < 70 mg/dL A automonitorização da glicemia capilar, por glicosímetro, fita reagente e punção em ponta de dedo, é o método mais utilizado para avaliar os níveis glicêmicos na gestação, mais especificamente nos casos de DMG. As gestantes em tratamento não farmacológico devem fazer o perfil diariamente (ou pelo menos 3 vezes por semana), com 4 pontos (jejum, pós-café, pós-almoço e pós-jantar). ALVOS TERAPÊUTICOS A HbA1c não é o exame solicitado rotineiramente para acompanhar, sendo feito através da glicemia em jejum mesmo, que em caso de DM na gravidade deve ser reavaliada a cada 2 semanas. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO Padrão a ser feito: 03 refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) acompanhado de 2 lanches. não deve passar > 03 horas sem se alimentar devido à chance de cursar com hipoglicemia. não precisa evitar totalmente o carboidrato, pois ele é importante para o bebê. O tratamento dietético auxilia na manutenção de alvos glicêmicos para alcançar metas de peso e melhorar fatores de risco cardiovasculares (HAS e dislipidemia). A dieta da gestante deve incluir macro e micronutrientes, considerando o número de refeições, valor energético total e qualidade/tipos de alimentos ingeridos. A distribuição de macronutrientes deve considerar 40- 55% de carboidratos, 15-20% de proteínas e 30-40% de lipídios. DIETA ATIVIDADE FÍSICA Gestantes devem ser encorajadas a continuar ou iniciar a prática de exercício na gestação, recomenda-se caminhada orientada – de intensidade moderada, > 5 dias na semana, por 30-40 minutos. LAYANE SILVA atividade física de, no mínimo, 30 minutos por dia, de intensidade leve a moderada. atividade física vigorosa reduz ganho de peso gestacional. Se a gestante já praticava atividade física regular poderá manter a atividade, desde que haja conforto na prática, não cause risco de queda e impacto no abdome - o limite da FC deve ser < 140 bpm. MONITORIZAÇÃO GLICÊMICA Em jejum o valor de referência é 95 mg/dL, sendo assim, o que estiver > 95 em jejum está alterado. 1h após a alimentação o valor de referência é 140 mg/dL, sendo assim, o que estiver > 140 está alterado. 2h após a alimentação o valor de referência é 120 mg/dL, sendo assim, o que estiver > 120 está alterado. - Curva glicêmica em domicílio: mede a glicemia em jejum, 1h pós café, pré-almoço, 1h pós almoço, pré-jantar, 1h após jantar, 3h da manhã - no mínimo 3x por semana, até conseguir o tratamento adequado, deve-se realizar todas essas medidas. 1. 2. 3. Posteriormente, deve-se contar o valor total de glicemia na tabela, se tivermos > 30% dos valores alterados, tem-se indicação para modificar a terapia. Assim, depois de 2 semanas de mudanças no estilo de vida (dieta e atividade física), essa paciente retorna, se essa mudança não tiver resolvido o problema e não tiver atingido metas glicêmicas, optar por tratamento medicamentoso. O aparelho digital não é utilizado em gestantes, pois não foi testado para gravidez - além disso, o SUS não tem disponível. CONTROLE DE PESO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO MEDICAMENTO PADRÃO: INSULINA não atravessa a placenta em extensão mensurável, portanto, não há risco de que o bebê curse com hipoglicemia. A insulina se destaca como primeira escolha entre as medidas farmacológicas no controle da hiperglicemia na gestação, sua associação está indicada sempre que as medidas não farmacológicas não forem suficientes para atingir as metas do controle glicêmico materno (> 30% dos valores glicêmicos alterados). INSULINOTERAPIA Regular: pico de ação entre 2 a 4h. NPH: pico de ação entre 4 a 6h. A insulina disponível no serviço público é a NPH e a Regular - as demais insulinas possuem um acesso mais limitado. Para o DMG ou DMDG, as insulinas mais utilizadas são a protamina neutra Hagedorn (NPH), de origem humana e ação intermediária, e a regular, de origem humana e ação rápida. Análogos de insulina de ação ultrarrápida: Asparte e Lispro – são liberados para uso na gestação e têm indicações específicas, com potenciais vantagens sobre a insulina regular nos casos de hipoglicemia persistente, de difícil controle. Análogo de ação prolongada: Detemir é também seguro para utilização na gestação, tem indicação específica para mulheres com DM prévio tipo 1, mas seu uso ainda não foi avaliado no DMG. - Se for preciso que a glicemia esteja regulada após o café da manhã, utiliza-se a insulina regular antes do café da manhã, para ter efeito 2h após. - Se for preciso que a glicemia esteja regulada 1h após o jantar, utiliza-se a insulina regular. - Se for preciso que a glicemia esteja regulada no momento pós- prandial, utiliza-se a insulina regular. - Se for preciso que a glicemia esteja regulada no pré-almoço, utiliza- se a NPH pela manhã (07:00), para que às 11:00 ela esteja regulada. - Se for preciso que a glicemia esteja regulada no pré-almoço, utiliza- se a NPH na noite anterior. - Se for preciso que a glicemia esteja regulada no pré-jantar, utiliza- se a NPH após o almoço. - Se for preciso que a glicemia esteja regulada no momento pré- prandial, utiliza-se a NPH. - As demais insulinas possuem um acesso mais limitado. LAYANE SILVA INDICAÇÕES DA INSULINA Todas as gestantes que já faziam uso antes da gravidez. DM2 em uso de hipoglicemiantes orais antes da gestação. DMG que não tem controle com dieta e atividade física. 1. 2. 3. A dose inicial deve ser calculada pelo peso atual, é recomendada 0,5 UI/kg/dia, fracionada em 2-3 aplicações, com maior proporção no período da manhã (2/3 no jejum, 1/3 no pré-almoço e 1/3 à noite); ou pode-se utilizar a quantidade dividida em 4 doses, devendo-se fazer insulina rápida nas refeições (café, almoço e jantar) e NPH à noite. As avaliações do perfil glicêmico para ajuste das doses devem acontecer com intervalo mínimo de 15 dias até a 30a semana e, semanalmente, a partir dessa IG até o parto. MEDICAMENTOS ALTERNATIVOS: METFORMINA E GLIBENCLAMIDA Não são preconizados pelo Ministério da Saúde, pois, atravessam a barreira placentária e promovem aumento do risco de hipoglicemia neonatal (no caso da Glibenclamida) - apenas serão utilizados em situações específicas. INDICAÇÕES DA METFORMINA Níveis glicêmicos descompensados mesmo com o uso da insulina (doses > 100 UI/dia). Impossibilidade de acesso (zona rural), administração ou transporte seguro da insulina com baixa condição financeira. 1. 2. SEGUIMENTO NO PRÉ-NATAL crescimento fetal, mais comumente o excessivo. condições de oxigenação intrauterina, em que a hipoxia representa risco para o bem-estar fetal. momento do parto, lembrando que a via do parto tem indicação obstétrica e que DMG não justifica a indicação de cesárea. Nas gestações complicadas pelo DMG, merecem especial atenção: - Ácido fólico: 400mcg/dia se diabetes gestacional. Estudos apontam que altas de ácido fólico podem ter relação com autismo e problemas no fechamento do tubo neural, por isso houve diminuição na dose, no entanto, na paciente gestante e diabética prévia devemos prescrever 10x a dose preconizada (4mg/dia). ecocardiografia fetal com 28 semanas (DM pré-gestacional). consultas de pré-natal mensais até 28 semanas, quinzenais de 28 a 34 semanas e semanais após 34 semanas. portadoras de DM prévia à gestação devem fazer uso de AAS em baixa dose, em 150 mg/dia até o parto, para diminuir os riscos para pré-eclâmpsia. avaliação de vitalidade fetal. USG obstétrica: entre 28-30 semanas para avaliar macrossomia. USG para perfil biofísico fetal: avalia 4 parâmetros: movimentos respiratórios do bebê, movimento fetal, tônus e LA, os quais dizem se o bebê está bem, em ambiente de acidose ou hipóxia. USG com doppler: avalia o O2 que está chegando para o bebê e deve ser solicitado, principalmente, se vasculopatia materna ou feto com restrição de crescimento. Cardiotocografia e mobilograma: considerarapós 28 semanas. Indicada no DMG tratado com insulina ou mal controlado, com início na 32a semana, frequência de 1-2 vezes por semana, associada à avaliação do crescimento fetal e da quantidade de LA. Cardiotocografia: amarra-se a barriga da gestante e avalia-se contração uterina e bcf por 20 minutos, avaliando sua vitalidade. Mobilograma (teste de movimentação fetal): permite avaliar o bem- estar fetal na gravidez, assim, a presença de, pelo menos, 6 movimentos fetais em 1 hora é uma situação tranquilizadora. Solicita-se que a paciente se alimente e, sentada ou deitada para o lado esquerdo (diminuir a compressão da veia cava), observar a barriga por 1 hora, nesse período, o bebê precisa mexer no mínimo 6x, caso não haja esses 6 movimentos naquela hora, deve-se avaliar ao longo do dia, se houver, pelo menos, 10 movimentos, está tudo bem, se não, a paciente deve buscar a emergência imediatamente. SEGUIMENTO NO PARTO A decisão do momento do parto deve ser contrabalançada pelos riscos do parto tardio (natimortos e tocotraumatismos pelo crescimento fetal excessivo) e da indução precoce (prematuridade e possível aumento das taxas de cesárea). nos casos de DMG bem controlado com tratamento não farmacológico, o parto não deve ser induzido antes de 39 semanas, e a conduta expectante até 40 6/7 semanas pode ser admitida, desde que monitorada adequadamente. no DMG em tratamento farmacológico, o parto deve acontecer entre 39 0/7 e 39 6/7. nos casos de DMG mal controlado, recomenda-se que o parto seja realizado na maturidade, a partir da 37a semana. Parto por via obstétrica PSAC se peso > 4,5kg - devemos SEMPRE avaliar a vitalidade fetal. nos casos em que o trabalho de parto tem início espontâneo e insulina já administrada, recomenda-se infusão continua de glicose a 5% (125 mg/h), por via intravenosa, e monitoramento da glicemia capilar a cada 1 ou 2 horas. na cesárea programada, recomenda-se: jejum mínimo de 8 horas, 1/2 a 1/3 da dose diária de insulina NPH na manhã do parto, controle da glicemia capilar de 2 em 2 horas e infusão contínua de glicose a 5%, na dose de 125 mg/h, por via IV. na indução do parto, recomenda-se fazer desjejum e administrar insulina no mesmo esquema da cesárea programada; quando for o caso, a insulina regular no jejum deve ser mantida. Recomenda-se manter níveis de glicose intraparto entre 100-120 mg/dL; reposição contínua de glicose intravenosa (5-10%), quando os níveis estiverem abaixo de 70 mg/dL, e administração de insulina regular de ação rápida, via subcutânea, quando os níveis glicêmicos forem ≥120 mg/dL. CONTROLE GLICÊMICO NO PARTO SEGUIMENTO NO PÓS-PARTO Recomenda-se nova avaliação glicêmica após 6-8 semanas, com TOTG 75 g, medidas de jejum e 2 horas. Os valores que definem DM são jejum ≥126 mg/dL ou 2 horas ≥200 mg/ dL. Pacientes com valores alterados devem receber tratamento específico, e as com resultado normal devem ser orientadas sobre o risco aumentado de DM2 e a manter um estilo de vida saudável. CONTROLE GLICÊMICO PÓS-PARTO Se iniciou o uso da insulina na gestação: (1) suspender insulina, (2) monitorizar o HGT por 24-72h após o parto, e (3) se normal: TOTG 75g com 6-12 semanas pós parto. Se usava medicação antes da gravidez, retornar para dose utilizada.
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