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Anemia ferropriva

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Anemia ferropriva 
 
Segue com alta prevalência, principalmente nas 
camadas socialmente menos favorecidas – 30 a 
40% das crianças no Brasil. 
 
Doença de alto impacto no crescimento e 
desenvolvimento na criança. 
 
EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA 
 
Diagnóstico precoce e tratamento correto são 
fundamentais. 
 
Definições 
 
Anemia: concentração de hemoglobina abaixo 
de 2 desvios-padrões para a idade. 
 
Anemia ferropriva: anemia causada por 
deficiência de ferro, 60% dos casos. 
o Atentar para anemias multifatorias e 
deficiências nutricionais combinadas – 
principalmente B12 e B9. 
 
Ferro 
 
Metal mais presente no corpo. 
 
Fisiologia: 
o Absorvido no duodeno e parte superior do 
jejuno – atentar para pacientes com 
problemas intestinais; 
o Transferido das células da mucosa 
intestinal pela transferrina (produzida no 
fígado) aos eritroblastos; 
o Ferro que “sobra” é armazenado na 
forma de ferritina. 
 
o A hepcidina regula a liberação de ferro. 
Na anemia, caem os níveis de hepcidina, 
aumentando a liberação de ferro pelos 
enterócitos e macrófagos. 
o Em infecções e inflamações, a hepcidina 
aumenta e diminui a liberação e absorção 
de ferro. 
 
Origem: 
1. Reciclagem das hemácias +++ 
2. Dieta + 
o Ferro heme: sem interferência de 
elementos dietéticos na absorção; 
o Ferro não-heme: com 
interferência de elementos 
dietéticos na absorção; 
o Importância da secreção gástrica 
para a absorção: HCl. 
 
 
 
Impacto 
 
Comprometimento do desenvolvimento cerebral 
– impacto grande mesmo após tto, por efeitos 
irreversíveis. 
o Habilidades cognitivas e 
comportamentais; 
o Linguagem; 
o Desenvolvimento motor. 
 
*Carências nutricionais na infância – QI mais 
baixo. 
 
Predisposição a cáries dentárias. 
 
Alterações de imunidade, aumento de infecções. 
 
Alterações de odor e paladar. 
 
Fatores de risco 
 
1. Baixa reserva materna: 
o Gestações múltiplas com pouco 
intervalo entre elas – preparo 
inadequado do corpo; 
o Dieta materna deficiente em 
ferro; 
o Perdas sanguíneas; 
o Não suplementação de ferro na 
gravidez e lactação. 
 
2. Aumento da demanda metabólica: 
o Prematuridade e baixo PN 
(<2.500g); 
o Lactentes em crescimento rápido 
(velocidade de crescimento > 
p90); 
o Meninas com grandes perdas 
menstruais; 
o Atletas de competição. 
 
3. Diminuição do fornecimento: 
o Clampeamento do cordão 
umbilical antes de 1 minuto de 
vida; 
o Aleitamento materno exclusivo 
prolongado (superior a 6 meses); 
o Alimentação complementar com 
alimentos pobres em ferro ou de 
baixa biodisponibilidade; 
o Consumo de leite de vaca antes 
de um ano de vida; 
o Consumo de fórmula infantil com 
baixo teor de ferro ou quantidade 
insuficiente; 
o Dietas vegetarianas sem 
orientação do médico/ nutri; 
o Ausência ou baixa adesão à 
suplementação profilática com 
ferro medicamentoso, quando 
recomendada. 
 
4. Perda sanguínea: 
o Traumática ou cirúrgica; 
o Hemorragia gastrointestinal – DII, 
polipose colônica, AINEs, infecção 
por H. pylori, verminoses 
(estrongiloides, necator, 
ancilostoma), enteropatias/ 
colites alérgicas, 
esquistossomose; 
o Hemorragia ginecológica – 
menorragia, DIUs; 
o Hemorragia urológica – 
esquistossomose, 
glomerulonefrite, trauma renal; 
o Hemorragia pulmonar – TB, má 
formação pulmonar, 
hemossiderose pulmonar 
idiopática, Sd. De Goodpasture; 
o Discrasias sanguíneas; 
o Malária. 
 
5. Má absorção de ferro: 
o Síndromes de má absorção – 
doença celíaca, DII; 
o Gastrite atrófica, cirurgia gástrica 
(bariátrica, ressecção gástrica); 
o Redução da acidez gástrica – 
antiácidos, bloqueadores H2, IBPs. 
 
Sintomas clínicos 
 
Irritabilidade. 
 
Diminuição da tolerância aos exercícios – 
cansaço fácil. 
 
Palidez de face, palmas e plantas. 
 
 
Palidez de mucosas. 
 
Respiração ofegante – associada a quadros mais 
agudos. 
 
Dores em MMII. 
 
Unhas quebradiças e rugosas. 
 
Estomatite angular. 
 
 
 
Pica. 
 
Estágios 
 
1. Depleção de ferro: 
o Diminuição dos depósitos de ferro 
no fígado, baço e MO; 
o Principal marcador: ferritina 
sérica < 12 (até 5 anos), ferritina 
< 15 (5-12 anos); 
o O ideal é rastrear as crianças 
com fatores de risco ainda nessa 
fase. 
 
2. Deficiência de ferro: 
o Redução de ferro sérico < 30; 
o Aumento da capacidade total de 
ligação de transferrina > 250-390; 
o Diminuição da saturação de 
transferrina < 16%. 
 
3. Anemia ferropriva: 
o Queda nos valores de Hg/Ht: <11 
(5 a 6 anos), <11,5 (5 a 12 anos). 
 
Diagnóstico 
 
Exames laboratoriais: 
o Hemograma completo – anemia com 
microcitose (VCM baixo) e hipocromia 
(CHCM baixo); 
o Reticulócitos – baixos (marcador 
precoce); 
o Ferro sérico – baixo; 
o Capacidade de ligação do ferro – elevado; 
o Ferritina – baixa; 
o Saturação de transferrina – baixa. 
 
Tratamento 
 
Orientações dietéticas – aumento do consumo de 
ferro diário. 
 
Reposição oral com sais de ferro – 3 a 6mg/kg/ 
dia por 6 meses (ou até a normalização de Hb, 
VCM, HCM, ferro sérico, ferritina e saturação de 
transferrina). 
 
Tomar 1 hora antes das refeições, em jejum ou 
antes de dormir. 
 
Sais ferrosos: sulfato ferroso, fumarato ferroso, 
gluconato ferroso – maior dificuldade de 
absorção e mais efeitos adversos. 
 
Sais férricos: ferro polimaltosado, ferro 
aminoquelado, ferro carbonila – menor 
interferência com a dieta. 
 
Efeitos adversos: náuseas, vômitos, pirose, 
dispepsia, diarreia, obstipação – sais férricos tem 
menos efeitos adversos. 
 
Alto índice de abandono do tratamento ou 
profilaxia devido aos efeitos adversos. 
 
Controle 
 
Hemograma e reticulócitos após 30 a 45 dias do 
início do tto, quando se espera que exista 
melhora dos níveis de reticulócitos e aumento da 
Hb em pelo menos 1,0g/dL. 
 
Dosagem de marcadores do estoque ferro-
ferritina com 30 e 90 dias. 
 
Manter tto até reposição de ferritina. 
 
Prevenção 
 
Alimentação adequada. 
 
Aleitamento materno exclusivo até 6 meses e 
prolongado. 
 
Contraindicação do leite de vaca in natura antes 
de 12 meses. 
 
Fortificação das farinhas de trigo e farinha de 
milho – já ocorre no Brasil. 
 
Fortificação de água potável. 
 
Oferta de sachês vitamínicos para crianças na 
escola pública. 
 
Suplementação de ferro profilática para 
crianças de 6 meses (SBP = 3 meses) até os 24 
meses, gestantes e lactantes até 3 meses pós-
parto. 
 
Assistência médica adequada. 
 
Profilaxia 
 
Reposição oral: 
 
 
 
Se fator de risco: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Questões 
 
 
 
o Letra C – ocorre a HIPOtrofia das papilas 
gustativas. 
 
 
 
o Letra B. 
 
 
 
o Letra A. 
 
 
 
o Letra C. 
o Cálculo da dose: 
250 mL – 10mL 
25mg – 1mL 
2,5mL = 62,5g 
62,5g/ 16kg = 3,9mg/kg/dia 
A dose recomendada para ele é de 3-6mg 
por dia, então ainda é possível aumentar 
a dose dentro da faixa.

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