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1 Lembretes - Hemoglobina: proteína presente no interior das hemácias cuja principal função é transportar oxigênio; - VCM (Volume Corpuscular Médio) → HT/Hm: mede o tamanho das hemácias, classificando como macro, normo e microcítica. Na anemia ferropriva, esse índice é menor do que 75; - HCM (hemoglobina corpuscular média) → Hb/Hm: mede a concentração média da hemoglobina por hemácia, classificando como NORMO ou HIPOCRÔMICA. Anemia ferropriva é menor que 25; - CHCM (concentração da Hb corpuscular média) → Hb/Ht: avalia a quantidade de hemoglobina dentro das hemácias; - RDW (amplitude de distribuição das hemácias): avalia a variação de tamanho das hemácias (anisocitose); - Reticulócitos: avalia velocidade de reposição das hemácias; - Ferritina: proteína de reserva de ferro. Pode também ser um marcador inflamatório; - Transferrina: proteína que transporta o ferro - Capacidade de ligação do ferro (CTL): total de ferro que pode ser ligado às proteínas do sangue - Saturação de transferrina: razão entre o ferro sérico e a CTL - Eletroforese de hemoglobina: exame para medir e identificar os diferentes tipos de hemoglobina que podem ser encontradas no sangue. (Exames solicitados para o caso discutido) Anemia Ferropriva na infância ➢ É uma anemia hipocrômica (HCM diminuído) e microcítica (VCM diminuído) ➢ Reavaliando o hemograma da criança (1 ano e 2 meses) do caso clínico: - Eritrócitos 3,5 milhões (3,7 à 5,3) - Hemoglobina 5,6 (10,5 à 13,5) - Hematócrito 16,1 (33 à 39) - VCM 61 (70 à 86) HCM 20 (23 à 34) CHCM ........30 (30 à 36) - RDW 16 (11,5 – 15,5) - Plaq 708.000 (150.000 à 450.000) Conduta ➢ Ferro 5mg/kg/d por 3 meses a 6 meses; ➢ Rreavaliar em 30 dias com exames de controle. Conceito de anemia ➢ Situação na qual a massa eritrocitária é insuficiente para efetuar o transporte de oxigênio para os tecidos, o que pode ocorrer por redução de hemoglobina (HB), de hematócrito ou do número de eritrócitos. O valor normal desses índices na população varia de acordo com a idade e o sexo do paciente. São considerados anêmicos ➢ Lactentes de 6m – 60m: HB menor do que 11g/dl ➢ Crianças de 5 a 11 anos: HB menor que 11,5 g/dl Causas da anemia ➢ Baixa produção: a) carência nutricional (ferro, ácido fólico, vitamina B12; Anemia ferropriva na infância @juju_medresumos 2 b) depressão ou disfunção medular (aplasia, displasia, invasão, baixo estímulo); ➢ Hemorragias internas ou externas, agudas ou crônicas; ➢ Hemólise: hemoblobinopatias, autoimunidade, infecção, etc; A anemia ferropriva é a anemia causada pela deficiência de ferro no organismo → causas fisiológicas e patológicas. - Grave problema de saúde pública no mundo, em especial nos países em desenvolvimento, onde a carência alimentar é a maior causa dessa doença na faixa etária pediátrica! - Maior incidência → entre 6 e 24 meses: • Os estoques de ferro formados durante a fase intra-útero se esgotam nos primeiros 6 meses de vida; • Grande estirão de crescimento associado a uma reposição inadequada = ANEMIA FERROPRIVA No Brasil: - Existe uma grande variação nos dados estatísticos sobre essa patologia, por conta de estudos isolados. - As taxas variam de 40 a 50% das crianças estudadas, sendo maior a incidência em menores de 3 anos de idade e gestantes e nas regiões norte e nordeste do país. Fatores de risco para anemia ferropriva ➢ Prematuridade ➢ Baixo peso a nascer ➢ Desmame precoce ➢ Introdução precoce de LV (antes de 1 ano de idade / LV = Fe em pequena quantidade com baixa biodisponibilidade) ➢ Dieta pobre em ferro ➢ Erro alimentar (início tardio de alimentos sólidos) ➢ Falta do uso de Ferro profilático ➢ Baixo nível sócio econômico Causas patológicas ➢ Perdas excessivas de sangue - geralmente de origem gastrointestinal, como úlceras pépticas, carcinomas de estômago e cólon, hemorróidas e parasistoses principalmente a ancilostomíase; ➢ Doenças inflamatórias intestinais como Doença de Crhon e Doença Celíaca, que podem acometer o duodeno e o jejuno proximal, prejudicando a absorção de ferro, associada geralmente à perda de sangue nas fezes; ➢ APLV (Alergia à Proteína do Leite de Vaca); Manifestações Clínicas ➢ Costumam aparecer com Hb < 8g/dl. A intensidade dos sintomas dependerá de sua velocidade de instalação e da capacidade dI=o sistema cardiovascular de cada paciente se adaptar. ➢ Palidez cutâneo mucosa: sinal mais evidente! ➢ Apesar de clássica, a palidez na conjuntiva não é mais sensível nem específica ➢ “A palidez pode ser avaliada nas palmas das mãos, plantas dos pés, polpa dos dedos, leitos ungueais, pavilhão auricular” ➢ SINTOMAS GERAIS: - Palidez, cansaço, adinamia, sonolência, tontura, cefaléia, dispnéia, alteração de crescimento e desenvolvimento intelectual. - Sintomas mais específicos: Glossite, atrofia papilar (“língua lisa”), coiloníquia (“unha em colher”), queilite angular, esplenomegalia (15%) - Alotriofagia (“Síndrome de PICA”) – consumo compulsivo de substâncias não comestíveis nem nutritivas como terra, cola, argila e gelo. Pode ocorre em graus variados em pacientes com anemia (gestantes e crianças) e em pessoas com distúrbios mentais. Diagnóstico ➢ Hemograma: apresenta hipocromia e microcitose (VCM e HCM baixos) – auxiliam no diagnóstico precoce. 3 ➢ Capacidade de ligação do ferro: aumentada; ➢ Situação de transferrina: baixa ➢ Ferritina (marcador de estoque de ferro): diminuída; Diferenciar ➢ FERROPENIA: depleção dos estoques de ferro tecidual, sem alteração do HT ou ferro sérico. É detectado pelos baixos valores de ferritina. ➢ ERITROPOESE DEFICIENTE DE FERRO: ocorre quando os estoques estão esgotados. Há diminuição dos níveis de ferro sérico, aumento na capacidade de ligação da transferrina, diminuição da concentração da HB nos reticulócitos, sem alteração do hematócrito. ➢ ANEMIA FERROPRIVA: quando ocorre a queda nos níveis de hematócrito e hemoglobina, com microcitose e hipocromia das hemácias. Diagnósticos diferenciais ➢ Talassemia – hipocromia e microcitose, com bioquímica de ferro normal. ➢ Anemia de doença crônica ➢ Anemia sideroblástica Profilaxia ➢ RNT + AIG EM AME / RNT + AIG EM USO DE MENOS DE 500 ML DE FÓRMULA/DIA = 1MG DE FE ELEMENTAR/KG/DIA A PARTIR DE 3 MESES ATÉ 24o MÊS DE VIDA. ➢ RNT + PESO NASC. MENOR QUE 2500g / RNPT + PESO ENTRE 2500g E 1500g = 2 MG/KG/D A PARTIR DE 30 DIAS DE VIDA, POR 1 ANO. Após este prazo, 1mg/kg/d até 2 anos. ➢ RNPT + PESO NASC 1500g e 1000g = 3 mg/kg/d a a partir de 30 dias de vida, durante 1 ano. Após este período, 1mg/kg/d até 2 anos. ➢ RNPT+ PESO NASC INFERIOR 1000g = 4 mg/kg/d a partir de 30 dias de vida, durante 1 ano. Após esse período, 1mg/kg/dia até 2 anos. Tratamento ➢ Identificar e eliminar a causa da anemia; ➢ Reposição de ferro - é eficiente na correção da anemia; ➢ Raramente é necessário suporte transfusional. ➢ Tratamento de escolha: Uso de sais de ferro V.O. (são baratos, seguros e biodisponíveis); - Dose: 3 a 5 mg de ferro elementar/kg/dia, fracionado ou em dose única, antes das refeições, por 3 a 6 meses; - Uso mantido até a recuperação dos estoques de ferro; - Efeitos colaterais: epigastralgia, náuseas, constipação intestinal. ➢ Tipos de ferro via oral: - Sulfato Ferroso: disponível nos postos de saúde. - Ferro polimaltose: NORIPURUM, DEXFER, ULTRAFER, ENDOFER - Ferro aminoácido quelato (glicinato férrico): FOLIFER, NEUTROFER, NOVOFER PED * Todos têm boa resposta terapêutica quando utilizados corretamente, porém o Sulfato Ferroso tende a dar mais efeitos colaterais (gosto metálico, escurecimento dos dentes e das fezes, constipação, diarreia,cólicas e náuseas). * Importante checar a técnica de administração e a aceitação pela criança nos casos em que não se observa resposta clínica e laboratorial adequada ao tratamento. ➢ Ferro parenteral: Pode ser útil em casos de intolerância ou não absorção por via oral, falta de adesão sobretudo se Hb menor do que 6 g/dl. A via é endovenosa e se usa Sacarato de Hidróxido de Ferro dividido de uma a três doses semanais. - Efeitos colaterais: anafilaxia, hipotensão, cefaléia, náuseas, urticárias, etc. ➢ Transfusão: Como a terapia com ferro aumenta a hemoglobina em 0,5g/l a cada dia, só se indica transfusão em caso de instabilidade hemodinâmica ou desconforto respiratório grave; - Tendo certeza de que a anemia é ferropriva e não há sinais de repercussões cardiorrespiratórias, só se justifica transfusão com HB abaixo de 4 g/dl; - 5 a 10 ml/kg de concentrado de hemácias lentamente (cada ml de concentrado de hemácias contém 1 mg de Ferro elementar; 4 Considerações finais ➢ Sempre estar atento para os fatores que predispõem ao desenvolvimento da anemia ferropriva, para intervir de maneira preventiva; ➢ Uma boa anamnese é sempre muito importante para investigar a causa; ➢ Lembrar que a ferritina é também um marcador inflamatório e pode estar falsamente aumentada na vigência de quadros inflamatórios e infecciosos, podendo mascarar o diagnóstico; ➢ O tratamento deve ser instituído com ferro via oral e mantido até a normalização dos estoques de ferro.
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