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1 Módulo 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA CONSUMIDORES CURSO 01 - planejar para realizar sonhosCURSO 01 - planejar para realizar sonhos MÓDULO 1 Curso desenvolvido no âmbito do Termo de Execução Descentralizada nº 1/2015 celebrado entre a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e a Fundação Universidade de Brasília, por intermédio do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (FUB/CDT). 2019 © Secretaria Nacional do Consumidor Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio, salvo com autorização por escrito da Secretaria Nacional do Consumidor. Esplanada dos Ministérios, Bloco “T”, Palácio da Justiça Raymundo Faoro, Edifício Sede, 5º andar, Sala 542 – Brasília, DF, CEP 70.964-900. Programa de Educação Financeira para Consumidores - Curso 1 - Planejar para realizar sonhos Edição Ministério da Justiça e Segurança Pública Secretaria Nacional do Consumidor Escola Nacional de Defesa do Consumidor O conteúdo deste curso foi adaptado a partir da obra produzida pela Consultora Cristiana Menezes Santos, Curso de Educação Financeira para Consumidores – PROJETO UNESCO 914BRZ5005 – Desenvolvimento de Mecanismos de Gestão da Informação do Conhecimento para as Políticas de Defesa do Consumidor, Brasília: Secretaria Nacional do Consumidor, Ministério da Justiça e Segurança Pública, 2014. Ministério da Justiça e Segurança Pública - MJ Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública Sérgio Fernando Moro Secretário Nacional do Consumidor Luciano Benetti Timm Diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor Fernando Boarato Meneguin Supervisão Andiara Maria Braga Maranhão Apoio Técnico Ana Cláudia Sant’Ana Menezes Conteudista Cristiana Menezes Santos Coordenação Prof. Dr. Rafael Timóteo de Sousa Júnior Prof. Dr. Ugo Silva Dias Coordenação Pedagógica Janaína Angelina Teixeira Design Instrucional Andréia Santiago de Oliveira Apoio ao Núcleo Pedagógico Josiane do Carmo da Silva Meirirene Moslaves Meira Nayara Gomes Lima Suzane Lais de Freitas Revisão Renatha Choairy Ilustração Philippe Lepletier Cristiano Silva Gomes Diagramação Sanny Saraiva Patrícia Faria Equipe Técnica da Fundação Universidade de Brasília - FUB Sumário 1 Apresentação ........................................................................................................................ 5 2. Como Antônia entrou no vermelho ........................................................................................... 8 3. O começo da virada ................................................................................................................... 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 33 5 Módulo 1 1 Apresentação Olá, pessoal, sou a professora Adriana! Sejam bem-vindos ao Curso 1 do nosso Programa de Educação Financeira para Consumidores. Acompanharemos vocês nessa caminhada! Olá, pessoal, sou o João! Sejam bem-vindos! Nesse curso aprenderemos a administrar as nossas �nanças. Conheçam a seguir um pouco sobre a vida e a família de Antônia, a nossa principal personagem. O Programa de Educação Financeira para Consumidores tem como objetivo geral ampliar o conhecimento dos consumidores relacionado a produtos e serviços financeiros, orçamento do- méstico e planejamento financeiro, com foco em exemplos concretos e na compreensão sobre seus direitos. Ele está organizado conforme exposto a seguir, mas lembre-se que você está fazendo o Curso 1!: 6 Escola Nacional de Defesa do Consumidor Curso 1 Módulo 1 1. Apresentação do curso. 2. Como Antônia entrou no vermelho. 3. O começo da virada. Módulo 2 1. Sabendo quanto ganho e quanto gasto. 1.1 Organizando as próprias contas. 1.2 Quanto ganho. 1.3 Quanto gasto. 1.4 Falta ou sobra dinheiro? Módulo 3 1. A mágica dos juros. Curso 2 Módulo 1 1. As emoções passam, as dívidas ficam. Módulo 2 1. Novos hábitos, novas atitudes. Curso 3 Módulo 1 1. Conta Corrente e Cheque Especial. Módulo 2 1. Cartão de Crédito e Crédito Direto ao Consumidor. Módulo 3 1. Empréstimo consignado e Equacionando dívidas. 7 Módulo 1 Ao final do curso 1, espera-se que você seja capaz de: 1. Apresentar orientações básicas de como “sair do vermelho”. 2. Apresentar um planejamento do seu orçamento calculando receitas, despesas e saldo. 3. Classificar as receitas e as despesas em: fixas, variáveis e eventuais. 4. Calcular percentagens. 5. Explicar o que são juros. 6. Relacionar capital, juros e tempo. 7. Dar exemplos de juros simples e compostos. 8. Usar a calculadora do cidadão para simular os juros compostos em contratos de financiamento e cartões de crédito, por exemplo. 8 Escola Nacional de Defesa do Consumidor 2. Como Antônia entrou no vermelho Olá! Sou Antônia da Silva Almeida. Tenho 35 anos, sou casada e tenho dois filhos. Trabalho como auxiliar administrativa da empresa ABC Papelaria Ltda. Olá! Sou Carlos Almeida, marido da Antônia e motorista de táxi. 9 Módulo 1 Vou falar um pouco sobre a história deste casal, começando pelos seus filhos: Fernando é o filho mais velho, tem 14 anos. Excelente rapaz, estudioso e educado, ele é o orgulho da mãe. Júlia, a caçula, fez 6 anos recentemente. A distância dela para Fernando é grande porque Antônia teve dificuldade para engravidar novamente. Então, ela foi muito desejada. É uma menina bonita e muito esperta. Meiga e carinhosa, consegue tudo o que quer. E não gosta de ser contrariada. Como todo adolescente, Fernando gosta muito de sair com os amigos. E, para isso, todo mês pede à mãe que compre roupas novas. De vez em quando, Antônia reclama um pouco, mas acaba cedendo. Carlos sempre diz que ela mima demais o menino. E ela argumenta que ele cumpre suas obrigações de filho e tira boas notas na escola. Então, nada mais justo que também curta a vida. Júlia tem várias bonecas. É bem verdade que a menina não se apega muito a brinquedo algum. Leva para a escola, mostra aos colegas, brinca um pouco e, dias depois, deixa de lado. No fim de semana seguinte já quer outro. Mas não dá para negar nada a ela. Antônia não consegue. Fica de coração partido. O pai então... faz tudo para ver a filha sorrindo. 10 Escola Nacional de Defesa do Consumidor E ainda tem mais: aos sábados, a família vai ao shopping. Como as crianças adoram os jogos eletrônicos, eles passam uma parte da tarde lá. Depois, fazem um lanche. E sempre acabam comprando um presentinho para cada filho. Em julho do ano passado, Carlos sofreu um acidente... 11 Módulo 1 Sr. Carlos, você deverá ficar afastado por 2 meses do trabalho. O seguro do carro está vencido. Então terei que usar todo o dinheiro que juntei para pagar o conserto. Ele tinha ido pegar um passageiro... ...quando o motorista de outro carro bateu no seu táxi e fugiu. O conserto do automóvel custou caro. 12 Escola Nacional de Defesa do Consumidor As contas de agosto começaram a chegar. Sem poder contar com o dinheiro de Carlos, a receita da família reduziu bastante. recebeu a fatura do cartão de crédito. Como estavam apertados, o casal decidiu fazer o pagamento mínimo. O que eles não imaginavam era que, ao agirem assim, estavam começando a se enrolar, pois os juros que seriam cobrados na próxima fatura eram altíssimos. Antônia começou a se sentir sufocada com tanta dívida. E foi pedir ajuda ao gerente do Banco, que aumentou o limite do seu cheque especial e ofereceu outro cartão de crédito. No mês seguinte, a situação só fez piorar. As contas de água, luz, telefone, internet e TV a cabo foram vencendo. E ainda havia as despesas com mercado, feira, transporte das crianças para a escola e os passeios de fim de semana. 13 Módulo 1 Em outubro, Carlos voltou a rodar no táxi. Ainda sentia dores no braço, razão pela qual não conseguia dirigirpor muito tempo. Feliz por ver o marido trabalhando novamente, Antônia resolveu aproveitar a liquidação das Casas Compre Bem para dar um som novo ao �lho. A�nal, além de oferecer um desconto, eles estavam dividindo a compra em 6 parcelas de apenas R$ 80,00 por mês, sem juros, no cartão da loja. Não dava para perder essa excelente oportunidade! Cada vez que abria uma conta, Antônia ficava angustiada. Onde ia conseguir o dinheiro? O marido dizia que ela se preocupava demais, que eles iam dar um jeito, e que aquele momento ia passar. Em novembro, as faturas dos cartões chegaram e ela tomou um susto. Mais uma vez, o casal não tinha dinheiro para pagar todo o valor. 14 Escola Nacional de Defesa do Consumidor Carlos está bem, e isso já é motivo de comemoração. Além disso, ele trabalha tanto... Tem o direito de se divertir um pouco. Mas no �nal de semana, Carlos chamava os amigos para assistir ao jogo na TV a cabo e oferecia lanches e salgadinhos para todos, o que gerava mais despesa. Antônia não tinha coragem de reclamar. Antônia sempre foi uma pessoa alegre e comunicativa. Mas todos os amigos e colegas haviam notado que ela já não era mais a mesma. A preocupação com as dívidas tinha lhe transformado em uma pessoa tensa, ansiosa e pensativa. Certo dia, Norma, sua vizinha, passou em sua casa para tomar um cafezinho. Enquanto conversavam, ela perguntou: 15 Módulo 1 Soube que há um curso que ensina as pessoas a organizarem suas contas e resolvi participar. Amiga, estou passando por uma fase difícil, pois Edson, meu ex-companheiro, está desempregado e não tem condições de ajudar nas despesas das crianças. Com isso, precisei fazer algumas dívidas e não estou conseguindo pagá-las. Para piorar, fiquei com o nome “sujo na praça”. Antônia, estou achando você com uma cara de preocupada... O que está acontecendo? A notícia de que existia um curso que ensinava as pessoas a organizarem suas contas trouxe esperança ao coração de Antônia. Elas combinaram de irem juntas e de se ajudarem. Antônia fingiu que não ouviu e mudou de assunto. O que Norma iria pensar se soubesse que estava tão endividada? Não, ela não ia contar. Norma entendeu e resolveu mudar de assunto... Antônia ficou surpresa com o que tinha acabado de ouvir. De um lado, lamentava. De outro, ficou aliviada por saber que podia falar do seu problema, pois Norma iria compreender. Afinal, as duas estavam na mesma situação. 16 Escola Nacional de Defesa do Consumidor 3. O começo da virada Antônia e Norma haviam se inscrito na nova turma do curso de educação �nanceira. Ansiosas com tudo que iriam aprender, foram as primeiras a chegar. A sala de aula era um espaço simples, com algumas cadeiras arrumadas em semicírculo, uma mesa para a professora e um quadro negro. Aos poucos, os outros participantes foram chegando. Na hora marcada, uma pessoa pediu que todos sentassem e se apresentou: 17 Módulo 1 Olá pessoal! Meu nome é Adriana. Eu sou professora de História e, nas horas vagas, participo de algumas ações sociais promovidas pela Associação do Bairro das Flores. Eu comecei a me interessar pela educação �nanceira quando, há alguns anos atrás, passei um período desempregada e �quei endividada. Foi aí que percebi que não sabia cuidar bem do meu dinheiro. E tive que buscar uma forma de sair do vermelho. IMPORTANTE A verdade é que, durante muitos anos, o Brasil teve uma inflação muito alta. Como os preços mudavam mais de uma vez durante o mês, o consumidor não tinha como prever quanto ia gastar. Com isso, nós não criamos o hábito de acompanhar nossas despesas. Ocorre que, da falta de controle ao endividamento é um passo. Aos poucos, eu fui arrumando minha vida �nanceira e, de devedora, passei a ser poupadora. Mas nunca deixei de ler sobre o assunto. Quando soube que a ENDC ia organizar este curso, me ofereci para ser a professora. E aqui estou. 18 Escola Nacional de Defesa do Consumidor Primeira questão: Não existe uma fórmula pronta e padronizada para sair do vermelho. To- dos nós temos sonhos, necessidades, salários e despesas diferentes. E perfis de dívida também. Uns devem mais no cartão de crédito, outros, no empréstimo consignado. Alguns têm despesas com filhos. Outros não sustentam ninguém. Para cada qual haverá um caminho, uma solução diferente. Segunda questão: Como não existe uma solução única e igual para todos, os objetivos principais do curso são: apresentar orientações sobre como vocês podem organizar melhor seu orçamento doméstico; explicar quais os direitos do consumidor nos contratos de empréstimos e financiamento mais comuns; dar dicas de como economizar e sair do vermelho. Terceira questão: Talvez seja a mais importante. Para que cada um de vocês possa vir a organizar sua vida financeira, não basta assistir às aulas. É preciso estar disposto a criar novos há- bitos, novas atitudes. E isso não é fácil. Não adianta a gente dizer que quem está devendo precisa economizar e dar várias dicas de como poupar água, luz e telefone, se vocês não estiverem dispos- tos a incorporar essas mudanças em suas vidas. Quarta questão: Sugiro que vocês envolvam toda a família neste processo. Nós sabemos que, para uma pessoa sair do vermelho, ela precisa organizar as suas contas de maneira a econo- mizar um pouco e, com esse dinheiro, pagar as dívidas. Mas, não há como fazer isso ser feito sem contar com a compreensão, o incentivo e a colaboração de todos os que moram na casa. Construímos um curso prático e cheio de exemplos de situações que enfrentamos todos os dias. Logo de início, eu quero esclarecer algumas coisas. Não existe uma fórmula pronta e padronizada para sair do vermelho Não existe solução única e igual para todos Esteja disposto a criar novos hábitos �nanceiros Envolva toda a família no processo de educação �nanceira 19 Módulo 1 Agora eu queria saber um pouco sobre cada um de vocês. Então, vou pedir que se apresentem, digam o que fazem e o que esperam do programa de educação �nanceira? . A primeira pessoa a falar foi Laura. Antônia observou que ela devia ter perto de 40 anos, estava muito bem vestida, era elegante e muito comunicativa. Sou advogada e trabalho em um grande escritório. Procurei o programa porque tenho cinco cartões de crédito e não estou conseguindo pagar as faturas. Então, �co fazendo o pagamento mínimo. Mas não aguento mais pagar juros. Meu nome é Laura. Eu sou casada e tenho um �lho de 8 anos. 20 Escola Nacional de Defesa do Consumidor Ao lado dela, estava sentada uma senhora simpática, que devia ter mais de 65 anos e se apresentou da seguinte forma: Olá! Meu nome é Daniela. Eu sou casada há 45 anos e sou dona de casa. Meu marido, Francisco, é servidor público aposentado. Ele é um companheiro maravilhoso, e nós somos muito felizes. Não tivemos �lhos. Quando casei, era comum as mulheres não trabalharem fora. Então, eu cuidava da casa e ele era o responsável por pagar as nossas despesas. Mas, há dois anos, Francisco adoeceu, e eu tive que começar a ajudá-lo, inclusive com as questões �nanceiras de casa. Não temos dívidas. Mas procurei o programa para aprender a cuidar melhor do nosso dinheiro. 21 Módulo 1 Oi, sou Marcelo e eu tenho 23 anos. Meus pais moram em outra cidade. Eu vim para cá para estudar. Acontece que a faculdade é cara e eu tenho muitas despesas. Quero muito me formar, mas estou com mensalidade. Meu pai vive reclamando dos meus gastos. Diz que vai tomar meu carro se eu não me organizar melhor. Então, resolvi participar do programa. O próximo a falar foi um rapaz jovem, vestido com roupas de grife e que não largava o celular. Em seguida, foi a vez de um senhor grisalho, elegante e educado que apenas disse: 22 Escola Nacional de Defesa do Consumidor Olá! Meu nome é Alfredo. Eu sou viúvo e não tenho �lhos. Souaposentado. Antônia notou que ele não tinha falado nada sobre a sua situação. Era o primeiro encontro, e ele devia estar constrangido diante de pessoas estranhas. A�nal, esse era um assunto delicado. E ela? O que faria quando chegasse a sua vez de se apresentar? Nesse momento, Adriana, a professora, tomou a palavra: 23 Módulo 1 Eu queria dizer a todos que sei, por experiência própria, como é difícil a gente tratar das diante de pessoas que não conhecemos. Seu Alfredo, eu percebi que o senhor não comentou qual o seu objetivo com o programa. Não tem problema. Fique confortável para falar apenas quando quiser. E uma das formas de fazer isso é falando no assunto, conversando com pessoas que já passaram por isso, e buscando ajuda. É claro que cada pessoa tem seu tempo, e a gente deve respeitar isso. Como eu contei, durante uma fase de minha vida estive muito endividada. Mas aprendi que a gente só resolve um problema enfrentando-o. Quando fugimos, ele aumenta. 24 Escola Nacional de Defesa do Consumidor O que vou fazer quando chegar a minha vez? Direi que estou devendo? Antônia ouviu os comentários da professora e pensou: Meu nome é Norma, eu sou manicure e tenho dois �lhos. Edson, meu ex-companheiro, �cou desempregado e não estava podendo ajudar nas despesas das crianças. Então, eu tive que assumí-las. Para isso, �z algumas dívidas que não consegui pagar e acabei �cando com o nome negativado. Resolvi participar do programa para aprender o que devo fazer para sair do vermelho. Chegou o momento de Norma, a amiga de Antônia, falar: 25 Módulo 1 Antônia havia observado cada um deles enquanto se apresentavam. que ali estavam pessoas de diferentes idades, ocupações e salários. Tinha manicure, aposentado, dona de casa, advogada e estudante. Gente jovem e outros com mais que pessoas tão diferentes estão com o mesmo problema? O que todas têm em comum?”. Era a vez dela: Eu me chamo Antônia. Meu marido é motorista de táxi. Sou casada e tenho dois �lhos. Ano passado, ele sofreu um acidente de carro e passou dois meses sem poder dirigir. Foi um período difícil. Nós tivemos muitos gastos com o carro e o tratamento dele. Para piorar, como Carlos não podia dirigir, não ganhou dinheiro. Eu tive que assumir as nossas despesas sozinha. Acabamos �cando endividados. Há alguns meses eu não consigo pagar toda a fatura dos meus cartões e meu saldo no banco está sempre negativo. Isso me deixa chateada, pois nunca �quei devendo. Tem dias que não consigo dormir direito. Eu quero muito aprender o que devo fazer para pagar as minhas dívidas. 26 Escola Nacional de Defesa do Consumidor Como todos tinham se apresentado, Adriana entendeu que era hora de falar um pouco sobre o programa: Foi muito importante ouvi-los e conhecer quais as suas expectativas. O que há de comum na fala de todos? Por razões diferentes, durante algum tempo, vocês não conseguiram ou não souberam como organizar suas próprias despesas. Como isso está afetando negativamente as suas vidas, decidiram tomar uma atitude. E vieram participar desse programa para entender o que podem fazer para mudar isso. Muitos estão endividados, e querem sair do vermelho o mais rápido possível. 27 Módulo 1 Exatamente. Você disse tudo, professora! Eu quero pagar minhas contas atrasadas e parar de dever. E não quero passar por isso novamente. Excelente, Laura! Então, além de quitar as dívidas vencidas, você quer aprender a se organizar de modo a poder pagar todas as contas do mês em dia. E acredito que aqui todos também queiram poupar um pouco para realizar seus sonhos, sejam eles quais forem. Separar um dinheiro para aproveitar melhor a terceira idade, uma viagem em família, um carro novo, a casa própria... 28 Escola Nacional de Defesa do Consumidor Eu estou tão preocupada com minhas dívidas que, há muito tempo, não sonho com nada disso. Hoje, meu sonho é acordar sem dívidas. O meu também! A pessoa que está endividada tem sempre a impressão de que precisa fazer uma mágica, pois o dinheiro que ganha tem que dar para pagar as dívidas que já venceram e as despesas do mês. E, quando isso não é possível, acaba se enrolando mais ainda, pois novamente joga parte das dívidas vencidas para o mês seguinte. Por isso, logo nas primeiras aulas, vocês vão: A. Aprender a organizar suas contas. B. Em seguida, vamos entender como os juros fazem a dívida crescer a cada mês. Mas sonhar é sempre bom. E é melhor ainda quando transformamos nossos sonhos em realidade. Nós vamos voltar a falar nisso. Agora eu queria seguir explicando como será a fase inicial do Programa de Educação Financeira de que trata o livro Planejar para Realizar Sonhos. 29 Módulo 1 Para terminar, eu quero dizer que, a partir de hoje, vocês vão começar a virar o jogo. Para tanto, cada qual vai fazer um diagnóstico da sua situação �nanceira. Assim, vocês vão relacionar tudo o que ganham, o que gastam e o que devem. Neste caso, para as seguintes contas e dívidas: OBSERVAÇÃO 1. A última conta das despesas mensais e que têm um valor fixo, como por exemplo: • Aluguel. • Condomínio. • Mensalidade escolar. • Plano de saúde. • Internet. 2. As três últimas contas das despesas cujo valor muda a cada mês. Entre elas, estão as de: • Água e esgoto. • Luz. • Gás. • Telefone (celular e fixo). 3. Informações sobre as dívidas que vocês têm. Isso inclui empréstimos, financiamentos, cartões de crédito, cheque especial etc. Anotem: • quanto tomaram emprestado; • de quem; • qual foi o tipo de empréstimo ou financiamento; • quanto ainda devem; • qual o valor da prestação; • qual a taxa de juros cobrada. 30 Escola Nacional de Defesa do Consumidor Os bancos e �nanceiras são obrigados, por lei, a fornecer essas informações. Mas, se tiverem alguma di�culdade em conseguí-las não tem problema. O importante é colocar no papel o quanto ganham e as despesas que vocês realizaram para comerçarmos a re�etir sobre elas. LEGISLAÇÃO Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...) III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance. 31 Módulo 1 Finalizamos o Módulo 1! O Módulo 2 tem como tema “Sabendo quanto ganho e quanto gasto”. Nele vocês aprenderão como administrar as suas contas! Um ótimo curso a todos! 32 Escola Nacional de Defesa do Consumidor REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRÃO, Nelson. Direito Bancário. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011. ANTAS JR., Ricardo Mendes (org.). Desafios do consumo. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2007. BAUMAN, Zygmunt. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. ______. Vida a crédito: conversas com Citlali Rovirosa-Madrazo. Trad. Alexandre Werneck. Rio de Janeiro: Zahar, 2010. ______.Vida líquida.Trad. 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