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SISTEMA DE TRANSPORTES
Evolução dos Transportes de Passageiros no Rio de Janeiro
As primeiras vias na região onde hoje está situada a Cidade do Rio de Janeiro foram abertas pelos Tamoios, com objetivos estratégico e de defesa. Eram veredas no interior da floresta e dirigiam-se ao interior em direção à Serra do Mar (Santos, 1934). Os rios e a Baía de Guanabara eram as outras vias naturais utilizadas por eles
Até os primeiros anos do século XIX o espaço urbano da Cidade do Rio de Janeiro limitava-se ao quadrilátero formado pelos Morros do Castelo, São Bento, Santo Antônio e da Conceição. De acordo com Abreu (1987), este chão fora "duramente conquistado à natureza" (pp35), aterrando-se brejos e mangues nos três primeiros séculos de existência da cidade. Considerando-se os limites da cidade de então como sendo ao norte o Campo de Santana, ao sul o Largo do Machado, e a região de Mata Cavalos (hoje Rua do Riachuelo), e que não existiam, até então, meios de transporte coletivo, pode-se afirmar que a maioria dos deslocamentos era realizado a pé, em carro de bois e/ou no lombo de animais. Só posteriormente, foram introduzidos as andas, as redes e os palanguins. Segundo Dunlop (1973), estes meios de transportes eram "como uma cama suspensa em longo varal, conduzida nos ombros por escravos, um à frente, outro à retaguarda" (pp12). As pessoas tinham que "viajar deitadas ou sentadas à maneira árabe" (idem, ibidem). 
Para as viagens de longa distância, neste período, aqueles que desejavam ir às Minas Gerais, São Paulo ou ao interior do país, tinham que realizar, por exemplo, viagens que envolviam animais, barcos e começavam realizando um percurso pela Baía de Guanabara.
Com a chegada da família real portuguesa, por volta de 1808, foram trazidas pela corte os coches, carruagens, seges e cabriolets. Todos veículos para o transporte privado.
Considerando-se os limites urbanos da cidade, bem como as características daquela sociedade colonial portuguesa nos trópicos, pode-se afirmar que somente as "pessoas de posse" ou que possuíam seus próprios meios de transportes, tinham condição e direito de deslocar-se às localidades mais afastadas do centro histórico da cidade ou empreenderem viagens mais longas.
O transporte público só foi introduzido na cidade por volta de 1817, com a adoção das Gôndolas e Diligências, veículos de transporte coletivo puxado à burros e/ou cavalos, muito utilizados por todos que necessitavam deslocar-se dentro do perímetro urbano. Estes veículos operavam o transporte de passageiros entre o centro da cidade e o Palácio da Boa Vista, em São Cristóvão e de Santa Cruz, na Fazenda Real, por concessão
.
Dunlop (1973) esclarece que "os primeiros ônibus, também puxados por quatro animais, começaram a trafegar no Rio em 1837 ou 1838, por iniciativa do francês Jean Lecoq. Eram carros compridos (...) com dois bancos longitudinais, semelhantes aos bondes fechados da Botanical Garden que aqui surgiram trinta anos mais tarde. Transportavam de vinte a vinte e quatro passageiros" (pp.27/28). A denominada "Companhia de Ônibus", ainda segundo Dunlop, oferecia serviços para os bairros de Botafogo, Laranjeiras, São Cristóvão, Andaraí Pequeno - hoje Tijuca - Rio Comprido e Engenho Velho. Estes serviços contribuíram muito para o desenvolvimento e crescimento destes bairros, oferecendo uma opção de moradia àqueles que desejavam sair do centro histórico, área já conturbada então. 
Destaca-se o papel exercido pelos trens à partir de 1858, com a construção da Estrada de Ferro D. Pedro II, posteriormente denominada E. F. Central do Brasil. Este novo meio de transporte ofereceu, pela primeira vez, uma maneira veloz e confiável, que alcançava longas distâncias e circulava em horários pré estabelecidos e regulares. Inicialmente usado somente para o transporte de cargas - para escoar a produção de café do Vale do Paraíba em direção ao Porto do Rio de Janeiro - e para o transporte de passageiros de longa distância. 
Outras ferrovias seguiram-se a esta primeira, tais como a The Leopoldina Railway Company (depois E. F. Leopoldina), E. F. Rio D'Ouro (hoje Linha 2 do Metrô), E. F. Melhoramentos do Brasil (depois Linha Auxiliar da Central do Brasil). Todas foram unificadas na Rede Ferroviária Federal S.A. (1957).
O trem favoreceu o surgimento dos bairros mais afastados do centro, na periferia, no que posteriormente veio a ser conhecido como os subúrbios ferroviários da Central do Brasil. Contribuiu muito, também, para o desenvolvimento dos municípios da Baixada Fluminense e da periferia distante do centro da Cidade do Rio de Janeiro (Abreu, 1987). 
O bonde, inicialmente em tração animal e posteriormente eletrificado, foi o meio de transporte que, juntamente com os ônibus, também em tração animal, favoreceu o crescimento e desenvolvimento da cidade. O trem chegava até as estações, mas era o bonde que circulava no interior do bairro.
Em 1859 circulou o primeiro bonde, puxado a burro, na cidade do Rio de Janeiro, ligando o Largo do Rocio ao Alto da Boa Vista. Esta linha era controlada pela Cia. Carris de Ferro, cuja exploração fora concedida ao empresário inglês Thomas Cochrane, em 1856. Outras empresas vieram em seguida, como a Botanical Garden Railroad Company, posteriormente Cia. Ferro Carril do Jardim Botânico, ou a Rio de Janeiro Street Railroad Company, posteriormente Cia. São Cristóvão. O Barão de Drumond, por sua vez, obteve uma concessão para explorar a Companhia Ferro Carril de Vila Isabel para atender aos bairros do Andarahy Grande (Andaraí, Vila Isabel, Grajaú e Maracanã), São Francisco Xavier e Engenho Novo. A criação desta empresa estava fortemente ligada a abertura do bairro de Vila Isabel nas terras da então Fazenda do Macaco, de propriedade da família imperial, caracterizando um empreendimento em que ligava-se transporte/loteaento (Abreu, 1987).
Os bondes foram substituídos na década de 1960 pelos ônibus elétricos, denominados de "troleibus" ou "chifrudos" - por causa da forma de captação de energia elétrica da rede aérea - pela população carioca. Após breve período operado pela CTC, foi extinto e substituído pelos ônibus à díesel da mesma companhia estadual.
O uso das barcas como meio de transporte e passageiros no contexto da RMRJ destaca-se pela existência de uma via natural, a Baía de Guanabara e a costa oceânica. Como afirmamos no início, já era utilizada pelos Tamoios, mas só estabeleceu-se de forma regular à partir do ano de 1853, com a implantação da Cia. de Navegação de Niterói. Ao longo dos anos transportou cargas, veículos e passageiros, e foi reconhecido como um meio eficiente na ligação entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói.
Após a construção da Ponte Rio-Niterói sua importância foi diminuindo ano a ano, apesar de toda sua potencialidade instalada.
Outras ligações, não só para a área central de Niterói, podem ser melhor exploradas, com impactos favoráveis no sistema de transporte, como um todo, e para o meio ambiente. Afinal todas as localidades, das cidades e/ou bairros, situadas às margens da baía ou na costa do estado são potencialmente habilitadas a serem servidas por barcas.

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