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Psicomotricidade U1

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Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico 
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autora 
VIVIANA GONDIM DE CARVALHO
Desenvolvedor 
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Autora 
VIVIANA GONDIM DE CARVALHO
Olá. Meu nome é Viviana Gondim de Carvalho. Sou Doutoranda em 
Humanidades, Culturas e Artes, Mestre em Letras e Ciências Humanas, 
Pós-Graduada em Psicopedagogia e Docência do Ensino Superior. Sou 
Especialista em Informática Educativa e Graduada em Pedagogia pela 
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Autora de artigos e 
livros didáticos. Atuo na área Educacional, com ênfase em Educação 
à Distância, Psicopedagogia, Comunicação, Recursos Humanos e 
Neuroeducação. Atuei em grandes empresas Nacionais e Multinacionais 
consolidando a educação virtual, desenvolvendo materiais didáticos, 
preparando ambientes multimidiáticos. Coordenei Fábricas de 
Conteúdos, desenvolvendo produtos para educação a distância como 
apostilas, games, simuladores, vídeos etc. Atualmente atuo na Educação 
à Distância e desenvolvo pesquisas sobre a utilização de tecnologia a 
fim de melhorar o desempenho dos alunos através das ferramentas 
tecnológicas. 
INTRODUÇÃO: 
para o início do 
desenvolvimen-
to de uma nova 
competência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de se apresentar 
um novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações 
escritas tiveram 
que ser prioriza-
das para você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado 
ou detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e 
links para aprofun-
damento do seu 
conhecimento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma ativi-
dade de autoapren-
dizagem for aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
Iconográficos
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo 
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha 
de aprendizagem toda vez que:
SUMÁRIO
Psicomotricidade ...................................................................................... 12
Psicomotricidade, história e conceituação .............................................12
Elementos base da psicomotricidade e as especificidades 
das abordagens psicomotoras.......................................................... 15
Esquema e imagem corporal ............................................................................16
Coordenação Global ...................................................................................................17
Equilíbrio ............................................................................................................................... 18
Lateralidade ...................................................................................................................... 19
Dominância Lateral ......................................................................................... 19
Desvio da lateralidade ................................................................................. 20
Orientação espacial, latero- espacial e temporal .............................21
Tônus .......................................................................................................................................22
Tônus muscular e tônus motor ...........................................................23
Ritmo .......................................................................................................................................24
Movimento e gesto ........................................................................................ 26
Coordenação dinâmica das mãos ............................................................... 26
Diferentes abordagens psicomotoras, teoria e prática .......27
Psicomotricidade relacional ................................................................................28
Psicomotricidade instrumental ........................................................................ 31
O papel dos hemisférios cerebrais na psicomotricidade ...33
Sistema psicomotor humano (SPMH) ....................................................... 36
Divisão funcional do córtex cerebral ...........................................................37
Lobo frontal ............................................................................................................37
Lobos occipitais ................................................................................................ 38
Lobos temporais ............................................................................................... 38
Lobos parietais ................................................................................................... 39
Psicomotricidade 9
UNIDADE
01
Psicomotricidade10
Você já observou como seu corpo se movimenta? A ciência que 
estuda o ser humano através do seu movimento nas diversas relações 
chama-se Psicomotricidade. O objeto de estudo dela é o corpo e a 
sua expressão dinâmica e possui três princípios básicos: movimento 
ou motricidade, intelectivo/cognição/pensamento e o afeto/emoção/
sentimento. A psicomotricidade é baseada na concepção unificada da 
pessoa, ou seja, a inclusão das áreas cognitivas, sensório motoras e 
psíquicas para que seja possível compreender todos os movimentos 
e interações dos seres humanos. Ela é constituída por uma gama de 
conhecimentos antropológicos, fisiológicos, psicológicos e inter-
relacionais no qual o corpo é utilizado como mediador. Entendeu? Ao 
longo desta unidade letiva você irá mergulhar neste universo!
INTRODUÇÃO
Psicomotricidade 11
Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 1, e o nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos:
 • Compreender a Psicomotricidade e a sua importância;
 • Conhecer os aspectos históricos da Psicomotricidade;
 • Compreender os aspectos conceituais da psicomotricidade 
que caracterizam o desenvolvimento psicomotor;
 • Reconhecer a importância da psicomotricidade, suas abordagens 
e aplicação ao ciclo vital.
Vamos, então, rumo ao conhecimento. Bons estudos!
OBJETIVOS
Psicomotricidade12
Psicomotricidade
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
como funciona a Psicomotricidade. Isto será fundamental 
para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
Psicomotricidade, história e conceituação
Compreender a abordagem da Psicomotricidade implica buscar 
na França suas fontes históricas. No início do séc. XX o pensamento 
da Psiquiatria Infantil estava ligado às correspondências anátomo-
neurofisiológicas do psiquismo. Neste quadro de predomínio do 
neurologismo surgiu a noção de “paralelismo psicomotor” de 
Dupré, desenvolvida por Heuyer: “ Há uma estreita ligação entre o 
desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade”. 
Figura 1: Gestos e a psicomotricidade
Fonte: https://bit.ly/2TUKM2E
https://bit.ly/2TUKM2E
Psicomotricidade 13
VOCÊ SABIA?
Os franceses se conscientizavam sobre a importância do 
gesto e pesquisavam profundamente os temas corporais. 
Tanto que foram eles que cunharam as primeiras palavras-
chave da Psicomotricidade.
A Psicomotricidade surgiu, portanto, no âmbito da Neuropsiquiatria 
e da Educação. Suas primeiras teorizações ocorreram no início deste 
século. Neste primeiro momento o conceito de Psicomotricidadeprivilegiou o funcionamento corporal e utilizaram-se técnicas de 
reeducação instrumentais que “desenvolviam” aspectos específicos 
como o tônus, a coordenação, o ritmo, a organização espacial e a noção 
de esquema corporal. Criaram-se instrumentos de avaliação e aferição 
das capacidades e exercícios curativos que visavam à coordenação, à 
tonicidade, ao esquema corporal, à orientação espacial, à afirmação 
da lateralidade e ao ritmo etc. A ênfase maior era dada à performance, 
sobretudo escolar. 
ACESSE:
Saiba mais sobre o surgimento da Psicomotricidade 
acessando o site: https://bit.ly/2TUB685.
Um conhecido teórico da Psicomotricidade, Ajuriaguerrac, junto 
com Diatkine, acabaram por romper com o “imperialismo neurológico” 
durante suas práticas no Hospital Henri Rousselle. Ajuriaguerrac deu 
ênfase à Psicologia Genética e sintetizou as teorias de Piaget e Wallon 
com as da Psicanálise de Freud e seus seguidores. Teve início aí uma 
nova classificação de distúrbio psicomotor que ia além da perturbação do 
paralelismo psicomotor.
https://bit.ly/2TUB685
Psicomotricidade14
Jolivet continuou o trabalho iniciado no Hospital Henri Rousselle 
e em 1970 definiu a Psicomotricidade como a “motricidade em relação”.
A partir desse momento duas tendências no tratamento 
psicomotor passaram a coexistir. De um lado, a reeducação psicomotora, 
mantendo-se próxima do instrumental e do cognitivo, visando promover 
o desenvolvimento tônico- motor e espaço-temporal com exercícios 
estruturados, a organização do esquema corporal e a afirmação da 
lateralidade. De outro, a terapia psicomotora, através de atividades 
psicomotoras livres dando-se mais ênfase à expressão corporal, à 
relação afetiva, como meio de atingir as fantasias e conflitos da criança, 
e proporcionando a afirmação de seu desejo e a busca de conhecimento 
e pesquisa da realidade, de um jeito mais espontâneo.
Alguns psicomotricistas começaram a difundir sua prática e 
fizeram publicações de seus métodos e técnicas. André Lapierre foi um 
deles e era considerado o psicomotricista de maior peso sendo o criador 
da Psicomotricidade Relacional.
Lapierre foi professor de Educação Física, cinesioterapeuta, 
psicoeducador, e foi presidente da Sociedade Francesa de Educação 
e Reeducação Psicomotora. Começou a se afastar da Fisioterapia em 
1977, pois, entendia que essa profissão junto com a Educação Física, 
teria herdado da medicina um modelo mecânico do corpo, sobretudo a 
psicoafetiva, na qual observa os fantasmas corporais.
Segundo Lapierre (2002, p.39) na Psicomotricidade existe a 
mesma regra de associação livre psicanalítica: “substituindo o dizer pelo 
fazer, o discurso pela a ação. É o que chamamos espontaneidade”.
Psicomotricidade 15
Figura 2: André Lapierre - psicomotricista
Fonte: https://bit.ly/3aZxhUP
Elementos base da psicomotricidade e as 
especificidades das abordagens psicomotoras
A psicomotricidade é caracterizada pelos seguintes elementos: 
a. Esquema e imagem corporal;
b. Coordenação global;
c. Equilíbrio;
d. Lateralidade; 
e. Orientação espacial, latero-espacial e temporal;
f. Tônus;
g. Ritmo;
h. Coordenação dinâmica das mãos. 
Todos esses elementos são considerados base para o 
desenvolvimento do indivíduo e são pré-requisitos para a aquisição e 
desenvolvimento da leitura e escrita, conhecimento do corpo em relação 
aos objetos bem como o controle e organização do espaço e do tempo. 
O homem é antes de tudo um ser falante e, ao denominar-se, fala de 
seu corpo: eis o que o caracteriza. Em contrapartida, seu corpo fala por ele e 
até, por vezes, à sua revelia. O sentir é vital, tudo que é vivido, sentido, passado 
na vida fica marcado no corpo. É a partir do sensório-motor é que passamos 
dar sentido ao nosso viver.
https://bit.ly/2TUKM2E
https://bit.ly/3aZxhUP
Psicomotricidade16
A partir das experiências Sensoriais (os 5 sentidos) visão, audição, 
paladar, tato e olfato e dos estímulos recebidos no dia a dia desde a vida 
intrauterina é que nos constituímos e nossa percepção de tudo partirá 
das sensações que sentiremos ao sermos expostos a esses estímulos 
sensoriais.
Vejamos a seguir especificidades de cada um desses elementos.
Esquema e imagem corporal
A Imagem Corporal está ligada ao afeto, emoção e o Esquema Corporal 
é o conhecimento do corpo, o esquema é real. A Imagem Corporal só existe se 
o corpo for tocado ou falado. O que interessa para o ser humano é a diferença. 
“EU não sou o outro”.
O lactente é um corpo que sofre em sua prematuridade orgânica, 
e só sobrevive graças ao corpo do outro. Se encontra em total estado de 
simbiose com quem cuida dela, não distingui o eu do não eu. Depois a 
criança entra na fase do espelho e começa a perceber a diferença entre 
o eu e o outro, reconhecendo as partes do seu corpo e a se reconhecer 
diante do espelho formando assim sua Imagem Corporal.
 
IMPORTANTE:
O termo imagem corporal, com base na psicomotricidade, 
refere-se à imagem ou representação mental, que abrange 
aspectos afetivos, sociais e fisiológicos.
Figura 3: Esquemas corporais desenhados por indivíduos de várias idades
Fonte: https://bit.ly/2vqjbwN
https://bit.ly/2vqjbwN
Psicomotricidade 17
Schilder em seu livro A Imagem do Corpo (1994, pág.35) diz que:
“A Imagem do Corpo humano é a imagem do nosso próprio 
corpo que formamos em nosso espírito, por outras palavras, o 
modo como nosso corpo se apresenta à nós mesmos”.
Exemplo: A estimulação do Esquema Corporal torna o corpo 
da criança como um ponto de referência básico para a aprendizagem de 
todos os conceitos indispensáveis à alfabetização (noções de em cima, 
em baixo, na frente, atrás, esquerdo, direito). Algumas brincadeiras são 
essenciais para o desenvolvimento do esquema corporal, tais como:
 • Estátua;
 • Jogos de imitação;
 • Cantar músicas que falassem sobre as partes do corpo;
 • Apontar as partes do corpo em si mesmo e no corpo do colega;
 • Juntar as partes de um boneco desmontável (quebra-cabeça);
 • Desenhar uma figura humana no quadro, parte por parte;
 • Deitar no chão e desenhar o contorno do corpo de uma das 
crianças, depois completar suas partes;
 • Explorar o próprio corpo com as mãos, de olhos abertos e 
fechados, depois representá-lo utilizando vários materiais como: guache, 
espuma, gel, farinha;
 • Releituras de obras artísticas que privilegiassem o corpo 
humano;
 • Completar o desenho de uma figura humana com o que 
estiver faltando etc.
Coordenação Global
A coordenação global é caracterizada por um bom domínio do 
corpo. Quando há algum distúrbio no desenvolvimento da coordenação 
(tanto na global quanto na dinâmica das mãos) o indivíduo poderá 
apresentar dificuldades escolares como disgrafia, escrever ultrapassando 
as linhas e margens do caderno e dificuldade nos gestos. 
Psicomotricidade18
Figura 4: A habilidade manual ou destreza constitui um aspecto particular da coordenação global
Fonte: Freepik
IMPORTANTE:
A coordenação global é uma condição mínima necessária 
para uma boa aprendizagem, e constitui a estrutura 
da educação psicomotora. O desenvolvimento da 
psicomotricidade necessita do apoio constante através 
de estimulação. Deste modo, não é um trabalho exclusivo 
de um único profissional, e sim, de todos profissionais 
envolvidos no processo ensino-aprendizagem.
Através da coordenação motora global é possível ter controle dos 
movimentos amplos do corpo como andar, correr, rolar, saltar, rastejar, 
engatinhar, entre outros. 
Equilíbrio
O equilíbrio pode ser compreendido como a capacidade que 
o indivíduo possui em manter a postura bípede, tanto quando está 
parado quanto em movimento. Segundo Luria (1981, p.18) o equilíbrio 
é o responsável pelos ajustes posturais antigravitários, estabelecendo 
Psicomotricidade 19
autocontrole nas posturas estáticas e no desenvolvimento de padrões 
locomotores. O equilíbrio depende essencialmente dos sistemas 
labiríntico e plantar. 
O equilíbrioé dividido em dois: 
 • Equilíbrio dinâmico: Caminhar sobre uma prancha, equilibrar-
se sobre um pé só, inclinar-se verticalmente para frente e para trás. 
 • Equilíbrio estático: Manter-se sentado corretamente, andar 
na ponta dos pés, andar com um copo cheio de água na mão. Andar em 
cima de uma corda estendida no chão. 
Lateralidade
A Lateralidade é a capacidade motora de percepção dos dois 
lados do corpo, ou seja, direita e esquerda. A predominância de um 
dos lados do corpo nas atividades do indivíduo ocorre em função do 
hemisfério cerebral mais utilizado. Vejamos a seguir a determinação da 
dominância lateral.
Dominância Lateral
A dominância lateral é definida a partir da preferência neurológica 
que se tem por um lado do corpo, no que diz respeito à mão, pé, olho 
e ouvido. Tal preferência é muito importante para o desenvolvimento de 
diferentes atividades, incluindo a leitura.
Alguns indivíduos são ambidestros, ou seja, utilizam ambas as partes 
do corpo com a mesma habilidade e destreza. Outros utilizam a parte direita 
do corpo, são chamados indivíduos destros. E, ainda há os que se utilizam da 
parte esquerda, que são os canhotos. O indivíduo que tem preferência pela 
mão de um lado do corpo e pelo olho e pé do lado oposto aplica-se o termo 
lateralidade cruzada. Lateralidade indefinida é usada para as crianças que 
ainda não estabeleceram sua preferência por um dos lados.
Psicomotricidade20
Figura 5: indivíduos ambidestros utilizam ambas as partes do corpo com a mesma 
habilidade e destreza
Fonte: https://bit.ly/38YU2qt
Algumas dificuldades de aprendizagem podem surgir em 
crianças que ainda não têm sua lateralidade definida e naquelas que 
são canhotas, mas foram obrigadas a escrever com a mão direita. Tais 
dificuldades podem ser referentes ao tipo de grafia que elas apresentam 
(disgrafia, letra ilegível), à orientação espacial na folha de papel e a 
posturas inadequadas no ato de escrever.
Desvio da lateralidade
A lateralidade só se estabelece por volta dos 5/6 anos. Quando 
ocorre algum fato que comprometa a compreensão da lateralidade 
dizemos que há um desvio da lateralidade. Tal desvio, pode ocorrer 
por alguns motivos, por exemplo, um acidente que provoque uma 
amputação ou uma paralisia no lado dominante faz com que a pessoa 
passe a usar o outro lado. 
Além disso, podem ocorrer, casos em que esta mudança de 
prevalência manual mude por motivo de identificação com alguém ou 
por imposição dos pais ou professores ou por motivo afetivo ou por 
qualquer outro. 
Vejamos outro exemplo de desvio de lateralidade:
Exemplo: Quando o indivíduo nasce canhoto, porém, é obrigado 
a escrever com a mão direita, pode haver desvio de lateralidade.
https://bit.ly/38YU2qt
Psicomotricidade 21
A criança destra, mesmo tendo sua mão direita ocupada, é 
capaz de abrir uma porta com a mão esquerda. Este fato é diferente da 
dominância lateral que é a maior habilidade desenvolvida num dos lados 
do corpo devido à dominância cerebral, ou seja, pessoas com dominância 
cerebral esquerda têm maior probabilidade de desenvolverem mais 
habilidades do lado direito do corpo e, por isso, são destros.
IMPORTANTE:
A lateralidade é importante na evolução da criança 
porque influência a ideia que a criança tem de si mesma, 
a percepção da simetria de seu corpo, a formação de seu 
esquema corporal, além de contribuir para determinar a 
estruturação espacial, porque percebendo o eixo de seu 
corpo, a criança percebe também seu meio ambiente em 
relação a esse eixo.
Orientação espacial, latero- espacial e temporal
A estruturação espacial é parte integrante da nossa vida. Ela não 
nasce com o indivíduo e é, na verdade, uma construção mental, uma 
elaboração que se inicia desde pequeno. A orientação latero-espacial 
ocorre naturalmente no indivíduo e desenvolve-se da seguinte maneira: 
por volta dos 6 anos, quando a criança já tem conhecimento do lado 
direito e esquerdo do seu corpo, aos 7 anos já é capaz de perceber 
a posição relativa entre dois objetos, aos 8 anos já reconhece o lado 
direito e esquerdo em outras pessoas e aos 9 anos consegue realizar 
movimentos realizados por outras pessoas com o mesmo lado do corpo 
no qual a pessoa que está realizando o movimento. Já a orientação 
espacial é a que permite que o indivíduo se localize em acontecimentos 
do passado e projetar-se no futuro. É através da orientação espacial que 
termos domínio das noções sociais do tempo (hora, mês, estações, etc.).
Para Fonseca (1995, apud CEZAR; PEREIRA; ESTEVES, 2008, p. 2), 
um objeto situado à determinada distância e direção é percebido porque 
as experiências anteriores da criança levam-na a analisar as percepções 
visuais que lhe permitem tocar o objeto. É dessas percepções que 
resultam as noções de distância e orientação de um objeto com relação 
Psicomotricidade22
a outro, a partir das quais as crianças começam a transpor as noções 
gerais a um plano mais reduzido, que será de extrema importância 
quando na fase do grafismo.
A reversibilidade é a possibilidade de reconhecer a mão direita 
ou a mão esquerda de uma pessoa à sua frente. Além disso, é a 
noção de reversibilidade que possibilita, pouco a pouco, às crianças a 
compreensão de igualdades como:
Exemplo: 8 + 5 = 3 + 10 7 X 3 = 3 X 7 10 – 3 = 7
Tônus
DEFINIÇÃO:
O tônus é o primeiro sistema funcional complexo que 
compreende a psicomotricidade e é considerado o estado 
de tensão ativa dos músculos. Se não há a organização tônica 
como suporte não é possível desenvolver a atividade motora 
e a estrutura psicomotora. É possível determinar o tipo de 
tônus muscular observando a amplitude dos movimentos, a 
resistência ao movimento passivo e a palpação da atividade 
flexora e extensora dos diferentes músculos.
Figura 6: A tonicidade se desenvolve desde o nascimento até os 12 meses de vida
Fonte: Freepik
Psicomotricidade 23
DEFINIÇÃO:
Tônus Motor e Muscular Anormais: Em circunstâncias 
normais, o músculo possui flexibilidade funcional de passar 
de um estado para outro sem qualquer dificuldade ou 
problema residuais. Todavia, essa flexibilidade pode falhar, 
por exemplo, em consequência de atividade excessiva 
ou lesão do sistema motor. Haverá alterações tanto no 
tônus muscular como no tônus motor que se denominará 
“tônus anormal” que pode ser definido como tônus que não 
mantém o movimento funcional e que pode durar mais do 
que a atividade que o desencadeou.
Tônus muscular e tônus motor 
O tônus muscular refere-se a pessoa em estado passivo, sem 
movimento, em repouso, o músculo não possui atividade contrátil 
interna. Quando palpado, o músculo pode parecer retesado ou macio, e 
nesse estado passivo diz-se que o músculo tem tônus muscular.
No tônus motor, o estado ativo ocorre quando um músculo está 
se contraindo em resposta a um comando do sistema motor. Quando 
palpado, ele mostrará vários graus de retesamento, dependendo da 
força de contração. Esse estado do músculo é denominado tônus motor.
As diferenças criadas pelo tônus muscular e motor podem 
ser prontamente palpadas no músculo normal. O desenvolvimento 
psicomotor normal precisa do equilíbrio dos tônus muscular e motor.
VOCÊ SABIA?
Para saber mais sobre tonicidade e outros elementos 
da psicomotricidade leia o livro Psicomotricidade - 
Filogênese, Ontogênese e Retrogênese do autor - Vitor 
da Fonseca, Editora Wak.
Psicomotricidade24
O Tônus Motor e Muscular Anormal pode ser causado por: 
1. Lesão no sistema motor: observado em quadros neurológicos 
diversos como AVC, paralisia cerebral, doença de Parkinson, etc.
2. Tensão psicológica, tensão emocional, ansiedade e excitação: 
constituem alguns dos estados psicológicos que vão influenciar no tônus 
motor geral. Essa alteração no tônus não está associada com patologia 
do sistema motor.
3. Atividade muscular protetora após lesão: É comum constatar 
a existência de tônus motor sustentado após lesão musculoesquelética. 
Trata-sede um mecanismo protetor usado para imobilizar a lesão ou 
evitar o uso da área afetada.
4. Perda de tônus motor: existem várias condições graves em que 
o tônus motor para o músculo é reduzido ou quase totalmente abolido. 
Em caso de lesões do sistema nervoso central e do nervo periférico, o 
tônus motor pode ser reduzido, resultando num músculo flácido.
Ritmo
DEFINIÇÃO:
RITMO, s. m (poes.) Sucessão regular de sílabas acentuadas, 
de que resulta impressão agradável ao ouvido; (mús.) 
combinação simétrica de sons, sob o ponto de vista da 
intensidade e do tempo; cadência; movimento regular e 
medido; (med.) proporção de intensidade entre as pulsações 
arteriais; correlação harmoniosa entre as partes de uma 
composição literária ou artística. (Do gr. rhythmos). Dicionário 
Brasileiro da Língua Portuguesa O GLOBO p: 610).
Psicomotricidade 25
Figura 7: O exercício ritmo é importante para trabalhar a concentração e a atenção
Fonte: https://bit.ly/38RkHpf
O ritmo é marcado no ser humano desde a vida intrauterina, no 
contato direto do feto com o ritmo cardíaco da mãe. Conhecido como a 
primeira forma de comunicação humana. O bebê quando nasce já tem 
memória musical. E a última estrutura do sistema nervoso a ser atingido 
no Mal de Alzheimer é o arquecerebelo local onde se processam os 
ritmos e a musicalidade, por isso, é de suma importância o trabalho na 
psicomotricidade com os recursos musicais como o ritmo.
 • Nunca comece um trabalho com músicas sem conhecer a 
música nem os componentes do grupo.
 • Sempre que começar uma música vá com essa até o final para 
que a música não fique ecoando nos ouvidos.
 • Não conhecendo o grupo comece através de ritmos e sons de 
preferência produzidos pelas próprias pessoas do grupo.
 • Busque conhecer o ritmo da pessoa com quem irá trabalhar, 
para que caminharem no mesmo ritmo.
 • Trabalhe com música para reeducação da lateralidade.
IMPORTANTE:
As atividades rítmicas devem ser trabalhadas de forma a 
causar: descontração, prazer, calma e confiança.
https://bit.ly/38RkHpf
Psicomotricidade26
Movimento e gesto
O gesto diz algo e o motor é uma ação. Cada gesto é feito de um 
conjunto de ações que se complementam para atingir um objetivo final. 
Todos os nossos gestos são globais. Para Fonseca (1985 p:151 e 161) “O 
movimento humano reflete uma interligação dos processos emotivos, 
volitivos e intelectuais, dado que constitui em si uma conquista biológica 
da espécie humana. Conclusão, o movimento é fundamentalmente um 
meio de interação humana entre o mundo interno da pessoa e o mundo 
externo dos objetos e dos outros”.
O Gesto pode ser a postura, a mímica, o sorriso etc. Todas essas, 
são reações corporais que traduzem mais ou menos, conscientemente 
nossos estados psicoafetivos. Segundo Lapierre (1984, pág. 58) essas 
mensagens são decodificadas pelo outro com referência as suas 
próprias reações psicotônicas. 
Coordenação dinâmica das mãos
DEFINIÇÃO:
A coordenação dinâmica das mãos é o domínio harmonioso 
e delicado dos gestos. O desenvolvimento da habilidade 
manual incluindo o movimento de pinça facilita a escrita 
(grafismo). Algumas atividades podem desenvolver a 
habilidade da coordenação dinâmica das mãos, como por 
exemplo, recorte, escrita e desenho. Tais exercícios tidos 
como óculo-manuais tem como objetivo o domínio do 
campo visual, associado a motricidade fina.
Psicomotricidade 27
Figura 8: A coordenação envolve concentração, organização dos movimentos e 
coordenação visuo-motora
Fonte: Freepik
A coordenação motora fina é a capacidade de controlar pequenos 
músculos para realização de habilidades finas. Os exercícios de 
coordenação dinâmica das mãos podem ser realizados com atividades 
como modelagem de massinhas e atividades de pesquisa e recorte 
de letras visando estimular a destreza, a velocidade e a precisão dos 
movimentos. 
Diferentes abordagens psicomotoras, teoria 
e prática
De acordo com Martins (2001, p. 18) os psicomotricistas consideram 
que as potencialidades mentais, emocionais e motoras de um paciente 
estão em frequente interação com o corpo, considerando-o o local de 
manifestação de todo o ser. Deste modo, a manifestação do ser humano 
está nas posturas, nas atitudes, nos gestos e mímicas transformando 
a consciência corporal condição e instrumento da consciência de si. A 
psicomotricidade está dividida em duas vertentes: a psicomotricidade 
relacional e a psicomotricidade instrumental. A seguir veremos cada 
uma delas.
Psicomotricidade28
Psicomotricidade relacional
DEFINIÇÃO:
A Psicomotricidade relacional é uma prática que permite à 
criança, ao jovem e ao adulto, a expressão e superação de 
conflitos relacionais, interferindo de forma clara, preventiva e 
terapêutica, sobre o processo de desenvolvimento cognitivo, 
psicomotor e sócio emocional, na medida em que estão 
diretamente vinculados a fatores psicoafetivos relacionais, 
de acordo com Lapierre, 2002, p.24.
A Psicomotricidade Relacional surgiu na década de 70, a partir 
de congressos da área da psicanálise que contribuíram com uma nova 
visão do corpo como um meio de vivência e espaço de prazer e desejo. 
As sessões de psicomotricidade relacional utilizam em especial de jogos 
espontâneos baseados na afetividade e no conteúdo emocional das 
vivências e no desenvolvimento sócio emocional. Na psicomotricidade 
relacional, o psicomotricista trabalha de forma mais permissiva e menos 
diretiva e atua criando uma segurança emocional permitindo uma 
evolução do sujeito. 
A intervenção relacional não leva em consideração uma avaliação 
comparativa a uma norma estabelecida, ao invés disso, observa o 
comportamento e parâmetros psicomotores em relação ao próprio 
corpo, espaço, o outro, o tempo, os objetos e a linguagem e realiza uma 
avaliação individualizada. 
Psicomotricidade 29
Tabela 1: Objetivos da Psicomotricidade Relacional 
Objetivos Gerais Objetivos específicos
Em relação com o corpo
Reconhecimento do próprio corpo 
e suas partes distintas incluindo 
o reconhecimento dos membros 
superiores e inferiores em si e 
no outro. Desenvolvimento da 
coordenação dinâmica global. 
Desenvolvimento do controle 
postural. Reconhecimento das 
próprias partes e limitações. 
Desenvolvimento do 
ajustamento tônico para a ação. 
Desenvolvimento da gestualidade 
facial e corporal.
Em relação com o espaço
Utilização e exploração de todo 
o espaço da sala. Utilização e 
exploração de alturas distintas. 
Situar-se adequadamente no 
espaço de acordo com a ação.
Em relação com o tempo
Ser capaz de permanecer sentado 
em roda ou um tempo em cada 
atividade. Ser capaz de cumprir 
e respeitar as regras. Ser capaz 
de escutar os companheiros. 
Ser capaz de se entregar na 
roda e expressar e partilhar as 
suas experiências. Situar-se 
adequadamente nos limites do 
tempo.
Psicomotricidade30
Em relação com os objetos
Utilização e exploração dos 
diferentes objetos da sala. 
Desenvolvimento do jogo 
sensório-motor, simbólico e de 
regras. Ser capaz de utilizar os 
diferentes objetos atribuindo 
diferentes significados.
Em relação com os outros
Estabelecer relação com os 
companheiros e psicomotricista. 
Assumir e desempenhar diferentes 
papéis e funções. Ser capaz de 
reconhecer e identificar sinais 
corporais no outro mediante a 
linguagem verbal ou não verbal. 
Ser capaz de expressar as suas 
necessidades e sentimentos 
através de linguagem verbal ou 
não verbal. Ser capaz de esperar 
e expressar o que sente no 
momento adequado para o efeito. 
Ser capaz de resolver os conflitos 
que possam surgir na convivência 
com os pares. Ser capaz de se 
opor, colaborar ou compartilhar de 
acordo com a função da situação. 
Responder de forma adequada às 
provocações e agressões com os 
pares.
Em relação com a linguagem
Utilização de uma linguagem 
adequada à sua idade. Utilização 
de diferentes formas de expressão 
e representação.
Fonte: Adaptados de Àragon(2006)
Psicomotricidade 31
Psicomotricidade instrumental
A corrente mais tradicional da psicomotricidade enquanto 
reeducação é a psicomotricidade instrumental. Esta corrente aponta que 
o processo de desenvolvimento humano é decorrente dos processos 
de maturação, baseando-se em princípios biomédicos, cognitivistas e 
neuropsicológicos. Esta vertente da psicomotricidade, também conhecida 
como funcional ou normativa, baseia-se em aspetos motores e cognitivos, 
tendo com fundamentação uma concepção normativa do desenvolvimento 
humano, tendo como referência os comportamentos e competências 
esperados para cada etapa do desenvolvimento. A Psicomotricidade 
centrada na intervenção com componente instrumental contém uma 
base mais cognitiva e neuropsicológica iniciada privilegiando o uso de 
situações-problema, fazendo com que haja reflexão, invenção, expressão 
e transposição, promovendo a possibilidade das atividades propostas 
funcionarem como um escape criativo, libertador do imaginário do indivíduo. 
VOCÊ SABIA?
Corpo e Afeto: Reflexões em Ramain-Thiers é um livro 
que aborda questões sobre o ser da atualidade, suas 
ações, seus pensamentos e suas emoções. A Metodologia 
Ramain-Thiers, desenvolvida por Solange Thiers, tem 
como base a Psicomotricidade, a Psicanálise e a Filosofia. A 
visão total do ser integral, por meio do seu corpo, afetos e 
ação, propiciam o fazer, gerando uma sensação produtiva 
de inserção social e grupal.
Psicomotricidade32
Figura 9: Psicomotricidade Relacional
Fonte: https://bit.ly/2IRtIUJ e https://bit.ly/39W3pZy
Os objetivos da Psicomotricidade instrumental deverão ser 
definidos a depender do instrumento de avaliação escolhido, que pode 
ser padronizado e mais qualitativo ou quantitativo.
VOCÊ SABIA?
Para ver exemplos de alguns aspectos da psicomotricidade 
relacional, assista ao filme Patch Adams (1998) que trata 
de um médico que sai de uma instituição e entra em 
uma faculdade e seus métodos poucos convencionais 
que causam inicialmente espanto, mas aos poucos vai 
conquistando todos, com exceção do reitor, que quer 
arrumar um motivo para expulsá-lo, apesar de ele ser o 
primeiro da turma.
Em um contexto mais genérico, Arágon (2006, p.52) expõem os 
objetivos em que a Psicomotricidade instrumental pode ser utilizada, 
sendo organizados em 3 esquemas psicomotores que servem para 
orientar a intervenção: 
 • Esquema corporal: abrangendo objetivos específicos ao nível 
da percepção global do corpo, tônus e relaxação, equilíbrio, lateralidade 
e coordenação global e segmentária; 
https://bit.ly/2IRtIUJ
https://bit.ly/39W3pZy
Psicomotricidade 33
 • Esquema espacial: em específico a orientação espacial e as 
noções espaciais sobre o outro; 
 • Esquema temporal: englobando a aquisição de noções 
básicas de (velocidade, duração, continuidade, irreversibilidade 
e intervalo), bem como a tomada de consciência de relações de 
simultaneidade, sucessão, diferentes momentos do tempo, consciência 
da sucessão e a coordenação de diversos elementos.
O papel dos hemisférios cerebrais na 
psicomotricidade
Os hemisférios cerebrais possuem funções distintas e bem 
definidas no gerenciamento do corpo humano, capacidade esta, que 
de certa forma pré-definida por alicerceies genéticos que, além disto, 
os permitem funcionar parcialmente independentes mesmo quando 
isolados um do outro. O cérebro é formado por aproximadamente 100 
bilhões de células nervosas chamadas neurônios. Eles se comunicam 
através de transmissões de sinais eletroquímicos.
O cérebro realiza várias tarefas, por exemplo, ele controla os 
nossos movimentos físicos ao andarmos, falarmos, sentarmos ou 
ficarmos de pé. Além disso, controlar a temperatura corpórea, a pressão 
arterial, a frequência cardíaca, a respiração, nos deixa pensar, sonhar, 
raciocinar, sentir emoções, recebe milhares de informações vindas 
dos nossos sentidos (audição, visão, olfato, tato, paladar). O cérebro 
é dividido em dois hemisférios: o direito e o esquerdo que, apesar de 
parecerem espelhadas, possuem funções e competências diferentes. 
Por exemplo, o mecanismo de processamento do hemisfério 
direito tem superioridade sobre o esquerdo nas tarefas espaciais e as 
não-verbais. Além disso, esse mesmo hemisfério processa também um 
importante sistema de controle dos movimentos rítmicos, processando 
ritmo interno com o ritmo externo, possibilitando a harmonia da dança, 
do caminhar, do falar; de perceber automaticamente à diminuição ou o 
aumento de velocidade enquanto dirige, e fazer o reajuste automático 
na velocidade desejada (possibilitada pela perfeita harmonia da 
intercomunicação hemisférica), aonde a temporalidade e ritimicidade 
tem competência no hemisfério esquerdo. 
Psicomotricidade34
Já o hemisfério esquerdo tem superioridade ao direito nos 
processamentos temporais, verbais e outros tais como: harmonia da 
motricidade processando o tempo da ação do movimento desejado, 
assim como organizando o programa sequencial do movimento e 
fazendo a transição de um movimento para outro, dando melhor 
desempenho com a contribuição da informação declarativa no processo 
que estiver desempenhando. 
Figura 10: Os hemisférios cerebrais e suas funcionalidades
Fonte: https://bit.ly/38VbMD6
Vejamos na tabela abaixo as competências de cada hemisfério cerebral:
Tabela 2: Competências dos hemisférios cerebrais
Competências do hemisfério 
direito
Competências do Hemisfério 
esquerdo
Percepção e processamento espacial;
Habilidades perceptivas visuo-
espaciais;
Melhor competência nos 
processamentos visuo-motores;
Responsável no processamento 
espacial dos aspectos motores;
Orientação espacial (profundidade 
e distancia);
Processamento da fala;
No pensamento intelectual, 
racional, verbal e analítico;
Processamento de construções 
gramaticais mais complicadas;
Melhor performance para identificar 
letras feitas na palma da mão direita 
(esteriognosia);
Percepção e processamento temporal;
https://bit.ly/38VbMD6
Psicomotricidade 35
Organização do esquema corporal;
Controle postural;
Processamento para as notas 
musicais, e sons de animais;
Habilidades musicais;
Processamento de movimentos 
rítmicos;
Processamento do ritmo interno 
e externo, que influenciam na 
qualidade do andar, dançar e falar;
Processamento simultâneo e 
holístico das informações;
Reconhecimento de faces, e 
expressões faciais;
Reconhecimento de figuras 
geométricas através do tato 
(esteriognosia) e da visão;
Melhor desempenho na realização 
de tarefas de natureza não-verbal 
relativa a espacialidade;
Processa informações visuais de 
baixas frequências espaciais;
Melhor competência para 
processamento perceptual em 
habilidades grosseiras;
Vê a figura como um todo (Gestalt);
Nas lesões desenvolvem quadros de 
agnosias e apraxias.
Superioridade em caracterizar o 
parâmetro temporal no comando motor;
Precisão e velocidade;
Participa no controle sequencial do 
programa motor;
Importante na sucessão de transição 
postural de um movimento para outro;
Participa no programa de 
movimentos sequenciais dos dois 
lados do corpo;
Reconhecimento de palavras;
Nomeia objetos colocados na mão direita;
Processamentos analíticos 
(em especial na produção e 
compreensão da linguagem);
Melhor habilidade para 
reconhecimento da fala humana;
Prontidão de ação no 
comportamento humano, devido 
maior concentração de dopamina no 
globo pálido esquerdo;
Organização e “timing” do 
movimento sequencial;
É mais adaptado para processar 
altas frequências audiovisuais;
É especializado em codificar 
informações finas;
Identifica a figura fundo (no jogo 
dos sete erros);
Nas lesões deste hemisfério 
apresentam quadros de afasia.
Fonte: Adaptação da autora
Psicomotricidade36
Sistema psicomotor humano (SPMH)
DEFINIÇÃO:
De acordo com Vayer & Toulouse (1982, p.35), o SPMH 
baseia-se em estruturas simétricas do sistema nervoso, 
compreendendo o tronco cerebral, o cerebelo, o 
mesencéfaloe o diencéfalo, que constituí a integração e a 
organização psicomotora da tonicidade, da equilibração e 
parte da lateralização e também de estruturas assimétricas 
compreendendo os dois hemisférios cerebrais, que 
asseguram a organização psicomotora da noção do corpo, 
da estruturação espaço-temporal e da praxia global e fina, 
exclusivas de espécie humana devido à sua complexidade 
organizativa e sistemática.
A dinâmica sistemática do SPMH prevê a participação conectada 
e dinâmica das três unidades funcionais do cérebro, que são: integração 
(Unidade I), elaboração (Unidade II) e expressão do movimento voluntário 
(Unidade III).
A primeira unidade abrange as funções psicológicas vitais da 
integração e da atenção e que é responsável pelos fatores psicomotores 
da tonicidade e do equilíbrio. A segunda unidade abrange as funções 
psicológicas de análise, síntese e armazenamento, que são responsáveis 
pela noção do corpo e da estruturação espaço-temporal. E a terceira 
unidade, abrange a planificação, programação e regulação responsáveis 
pela praxia global e da praxia fina.
As três unidades em permanente integração formam uma 
constelação de trabalho que processa a motricidade, organizando-a 
antecipadamente antes que se constitua em produto final. Tal constelação 
de trabalho, verdadeiro sistema harmonioso e auto generalizado, 
composto de subsistemas espalhados pelo todo cerebral, presidem 
à organização psicomotora humana, como conjunto de componentes 
ordenados e integrados.
Psicomotricidade 37
DEFINIÇÃO:
O córtex cerebral é a fina camada de substância cinzenta 
que recobre o cérebro. Ele é uma das regiões mais 
importantes do Sistema Nervoso Central (SNC). Ele recebe 
impulsos de todas as vias da sensibilidade, sendo o 
responsável pela interpretação e resposta de todas essas 
informações. O córtex cerebral é responsável por muitas 
das funções mentais mais complexas e desenvolvidas, 
como a linguagem e o processamento de informações.
Divisão funcional do córtex cerebral
O córtex cerebral é dividido em áreas denominadas lobos 
cerebrais, cada uma com funções diferenciadas e especializadas. São 
os lobos: frontal, parietal, temporal e occipital.
Figura 11: Córtex cerebral
Fonte: https://bit.ly/2x0ANQl
Lobo frontal
No lobo frontal, localizado na parte da frente do cérebro (testa), 
ocorre o planejamento de ações e movimento, bem como o pensamento 
abstrato. Nele estão incluídos o córtex motor e o córtex pré-frontal.
https://bit.ly/2x0ANQl
Psicomotricidade38
O córtex motor controla e coordena a motricidade voluntária, sendo 
que o córtex motor do hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo 
do indivíduo, enquanto que o do hemisfério esquerdo controla o lado 
direito. Um trauma nesta área pode causar fraqueza muscular ou paralisia.
São executados pelo córtex pré-motor a aprendizagem motora e 
os movimentos de precisão. Essa área fica mais ativa do que o restante do 
cérebro quando pensamos em um movimento sem executá-lo. Lesões 
nesta área não chegam a comprometer a ponto do indivíduo sofrer uma 
paralisia ou problemas para planejar ou agir, porém, a velocidade de 
movimentos automáticos, como a fala e os gestos, é comprometida.
Lobos occipitais
Os lobos occipitais ficam localizados na parte inferior do cérebro e 
são cobertos pelo córtex cerebral. Eles processam os estímulos visuais, e, 
por isso, também são conhecidos por córtex visual. Possuem várias subáreas 
que processam os dados visuais recebidos do exterior depois destes terem 
passado pelo tálamo, uma vez que há zonas especializadas a visão da cor, 
do movimento, da profundidade, da distância e assim por diante. Após 
passarem por esta área, chamada área visual primária, as informações são 
direcionadas para a área de visão secundária, onde são comparadas com 
dados anteriores, e permitem que o sujeito identifique, por exemplo, um 
gato, uma moto ou uma maçã. 
O significado do que vemos, porém, é dado por outras áreas do 
cérebro, que se comunica com a área visual, considerando as experiências 
passadas e nossas expectativas. Isso faz com que o mesmo objeto não 
seja percepcionado da mesma forma por diferentes indivíduos. Quando 
esta área sofre uma lesão provoca a impossibilidade de reconhecer 
objetos, palavras e até mesmo rostos de pessoas conhecidas ou de 
familiares. Esta deficiência é conhecida como agnosia.
Lobos temporais
Os lobos temporais ficam localizados acima das orelhas e 
possuem como função principal o processamento de estímulos. Como 
acontece nos lobos occipitais, as informações são processadas por 
Psicomotricidade 39
associação. Ao estimular a área auditiva primária, os sons são produzidos 
e enviados à área auditiva secundária, que interage com outras zonas 
do cérebro, atribuindo um significado e assim permitindo ao indivíduo 
reconhecer ao que está ouvindo.
Lobos parietais
Os lobos parietais estão localizados na região superior do cérebro 
e são constituídos por duas subdivisões, a anterior e a posterior. A 
subdivisão anterior também é conhecida como córtex somatossensorial, 
e possui a função de possibilitar a percepção de sensações como o tato, a 
dor e o calor. Por ser a área responsável em receber os estímulos obtidos 
com o ambiente exterior, representa todas as áreas do corpo humano. 
Essa é a zona mais sensível, deste modo, ocupa mais espaço do que 
a zona posterior, uma vez que tem mais dados a serem interpretados, 
captados pelos lábios, língua e garganta. 
Na zona posterior, que é uma área secundária ocorre a análise, 
a interpretação e a integração das informações recebidas pela anterior, 
que é a zona primária, permitindo ao indivíduo se localizar no espaço, 
reconhecer objetos através do tato etc.
RESUMINDO:
Vejamos agora o resumo dos papéis dos dois hemisférios 
cerebrais: 
O HEMISFÉRIO ESQUERDO É RESPONSÁVEL POR:
 • Linguagem/ matemática (lógica sequência);
 • Análise / palavra (praxias);
 • Atividades simbólicas e acadêmicas.
O HEMISFÉRIO DIREITO É RESPONSÁVEL POR:
 • Rima/ música (ritmo);
 • Simultaneidade (pintura, síntese);
 • Imagem (postura);
 • Atividades criativas, não simbólicas.
Psicomotricidade40
BIBLIOGRAFIA
Arágon, M. (2006). Manual de psicomotricidad. Madrid: Ediciones 
Pirâmide
CABRAL, Suzana. Psicomotricidade relacional. Rio de Janeiro: ed 
Revinter,2001.
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Disponível em: < https://bit.ly/3aZscfh > Acesso em: 22 de fev. 2019
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significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 1995.
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pensamento da criadora da Eutonia. São Paulo: Summus, 1997.
LAPIERRE, A.Fantasmas Corporais e Prática Psicomotora. Ed 
Manole, 1984.
LAPIERRE, André. Da Psicomotricidade Relacional à Análise 
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Livros Técnicos e Científicos; São Paulo: EDUSP, 1981.
MARTINS, Roberto. Questões sobre a identidade da 
Psicomotricidade. As práticas entre o instrumental e o relacional. In: 
Fonseca, V. & Martins, R. (Ed.). Progressos em psicomotricidade. Lisboa: 
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SCHILDER, P. A Imagem do Corpo: as energias construtivas da 
psique. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
VAYER, Pierre & TOULOUSE, Pierre. Linguagem corporal. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1982.
Psicomotricidade 41
	Psicomotricidade
	Psicomotricidade, história e conceituação
	Elementos base da psicomotricidade e as especificidades das abordagens psicomotoras
	Esquema e imagem corporal
	Coordenação Global
	Equilíbrio
	Lateralidade
	Dominância Lateral
	Desvio da lateralidade
	Orientação espacial, latero- espacial e temporal
	Tônus
	Tônus muscular e tônus motorRitmo
	Movimento e gesto
	Coordenação dinâmica das mãos
	Diferentes abordagens psicomotoras, teoria e prática
	Psicomotricidade relacional
	Psicomotricidade instrumental
	O papel dos hemisférios cerebrais na psicomotricidade
	Sistema psicomotor humano (SPMH)
	Divisão funcional do córtex cerebral
	Lobo frontal
	Lobos occipitais
	Lobos temporais
	Lobos parietais

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