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das A Gabarito utoatividades FILOSOFIA DA LINGUAGEM FIL | 2013/1 | Módulo V Centro Universitário Leonardo da Vinci Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040 Bairro Benedito - CEP 89130-000 Indaial - Santa Catarina - 47 3281-9000 Elaboração: Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI 2015 Prof. Lucas Duarte Silva 3UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M GABARITO DAS AUTOATIVIDADES DE FILOSOFIA DA LINGUAGEM Centro Universitário Leonardo da Vinci Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040 Bairro Benedito - CEP 89130-000 Indaial - Santa Catarina - 47 3281-9000 Elaboração: Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI 2015 UNIDADE 1 TÓPICO 1 1 O que é filosofia da linguagem? R.: É uma reflexão filosófica acerca da natureza da linguagem. Dito de outro modo, como o pensamento pode se conectar com o mundo através de termos linguísticos. 2 Quais são as questões que são investigadas na filosofia da linguagem? R.: Estuda questões sobre semântica, referência e significado dos termos que são utilizados na linguagem comum. Como nomes, referem-se a coisas no mundo e são embutidos de significado. 3 Quais são os termos utilizados pela ciência da linguagem? R.: Afasia, competência e performance, gramática, léxico. 4 Quais são os termos utilizados pela filosofia da linguagem? R.: Sentido, referência, termos singulares, verdade, uso e menção. 5 Leia o texto a seguir e reflita sobre as situações que são confusas no dia a dia por causa do uso ambíguo de certas palavras. Ao pé da letra Vendedor: Bom dia, senhor, em que posso ajudar? Ele: Bom dia. Estava passando e decidi aceitar o seu convite. Vendedor: Que convite? Ele: O de entrar por esta porta. Vendedor: Como? Ele: O cartaz dizia: “Entre pelo número 15 da rua Maccani”. Este é o número 15 da rua Maccani, não? 4 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M Vendedor: Sim, claro, me desculpe, eu não tinha entendido. Estamos em obras e, infelizmente, no momento, a entrada da rua Tamigi está interditada. Em que posso ajudá-lo? Ele: Não sei, sou eu que pergunto qual o motivo do seu convite para entrar por esta porta. Vendedor: Como lhe dizia, a entrada da rua Tamigi está fechada para obras. Ele: De novo! Já entendi perfeitamente. O que não entendi é por que vocês convidam todos os passantes a entrar aqui. Além disso, estou com uma certa pressa e agradeceria se o senhor fosse direto ao ponto. Vendedor: [Desconfiado, mas sempre gentil] Mas nós não pedimos nada a ninguém. O cartaz se dirige àqueles que pretendem visitar a loja. Se o senhor não deseja entrar, não precisa fazê-lo, não é essa a nossa intenção. Ele: Se o cartaz se dirige apenas a certas pessoas, por que vocês não dizem isso claramente? Pode-se escrever, sei lá, “Os clientes que desejarem entrar na Revendedora Premiada Castoldi estão convidados a entrar pelo número 15 da rua Maccani”, e tudo fica mais claro. Eu, por exemplo, não pretendia entrar nesta loja (nem sabia da existência dela) e, se lesse uma mensagem como essa, me sentiria livre para não entrar. Mas o cartaz de vocês diz textualmente: “Entre pelo número 15 da rua Maccani”. Trata-se de um imperativo, e, no instante em que li a frase, senti-me convocado como qualquer um que a tivesse lido. Vendedor: Desculpe, mas o senhor não acha que certas coisas podem estar implícitas? Não me diga que o senhor atravessa a rua toda a vez que o semáforo indica “siga”, ou puxa toda porta em que está escrito “puxe”. Ele: O que o senhor quer dizer com isso? Se leio “puxe”, eu puxo, é óbvio. Qualquer coisa que estiver ao alcance da minha mão, porta, carrinho ou corda. Por que alguém escreveria “puxe” se não quisesse que puxassem? Vendedor: Tentarei explicar. É claro que, em casos como esse, a interpretação da mensagem pressupõe um certo sentido de pertinência por parte do interlocutor. Não se trata de imperativos a serem seguidos cegamente. A regra implícita é “sejam pertinentes com relação ao objetivo do discurso”. Segundo os filósofos da linguagem, essa é uma das normas fundamentais da boa conversa, e eu diria que ela se aplica a toda forma de comunicação, incluindo mensagens e sinalizações de rua. Ele: Não consigo entender essa lenga-lenga. Vendedor: Posso mencionar outras regras? Além da regra de pertinência, há pelo menos outras três: 1) a da clareza, ou seja, evitar expressões obscuras, ambíguas ou muito complicadas; 2) a da veracidade, ou seja, fornecer apenas informações verdadeiras e baseadas em provas; e 3) a da quantidade, ou seja, fornecer um volume de informação correspondente ao solicitado com relação ao objetivo do discurso, nem mais, nem menos. Ele: Agora me parece que o senhor está exagerando. Se eu não tivesse tanta pressa, exigiria falar com o seu superior, mas hoje é o seu dia de sorte: 5UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M preciso correr para a estação. Vendedor: [Aliviado] Para onde vai viajar? Ele: E eu sei? Acabei de ler no jornal: o aeroporto está fechado e é preciso tomar o trem! FONTE: CASATI, Roberto; VARZI, Achille. Simplicidades Insolúveis: 39 histórias filosóficas. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 123-125. R.: Não há uma resposta correta. Neste exercício a reflexão é pessoal. Contudo, a resposta deve ser algo como segue: Alguém pede um auxílio a um amigo para realizar alguma coisa dizendo: “por favor, me dê uma mão aqui”; e o amigo simplesmente estende a mão. TÓPICO 2 1 Como surgiu a discussão sobre a linguagem na Grécia Antiga? E quais são as posições de Platão e Aristóteles? R.: A preocupação dos pré-socráticos girava em torno de como um discurso pode significar algo. Em outras palavras, as condições para um discurso ser verdadeiro. Este era objeto de investigação em Górgias e Parmênides. Platão desenvolve uma teoria baseada no onoma e no rhema, estabelecendo as condições metafísicas para um discurso verdadeiro. Já Aristóteles estabelece uma semântica diferente para ligar o pensamento com o mundo através da linguagem; e do nome, cópula e verbo. 2 Caracterize o problema dos universais e exponha as principais respostas dos filósofos medievais a respeito desta discussão. R.: O problema que tem suas origens gregas é apresentado explicitamente em Porfírio, na obra Isagoge, em que a pergunta central é saber se termos universais subsistem na matéria ou fora dela. Dito de outro modo, quer-se investigar se termos universais são res, in res ou voces (coisas, nas coisas, ou vocábulos). Temos a posição de Boécio, Abelardo e Guilherme de Ockham. O primeiro defensor de que os universais seriam entidades que existiriam independentes das coisas; e os outro dois, defensores de um nominalismo. Abelardo, um nominalismo mais moderado que o de Ockham. 6 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M TÓPICO 3 1 Comente sobre algumas situações que hodiernamente são comuns, mas que causam estranheza, como os erros que uma criança comete ao falar, a explicação de certos termos de uma determinada língua para um estrangeiro, a explicação de termos de uma linguagem formal para algum iniciante no tema (o significado de control + c no documento Word®). R.: Geralmente, não nos damos conta do uso que fazemos sobre a linguagem. Utilizamos as palavras de forma inequívoca e muitas vezes entramos em situações embaraçosas quando tentamos explicar aquilo que queremos significar. Imagina a situação em que “X” pede a “Y” (ignorante em assuntos de informática) que copie e cole um texto num documento Word. “Y” pode pensar que o texto está fora do computador (numa revista, por exemplo) e queira recortá-lo e colá-lo na tela do computador. Ou quando ensinamos as crianças a pronunciar o nome dos objetos (colher, copo etc.) e queremos ensinar a dizer “amizade” ou “saudade”; neste caso, não temos objetosque facilitam a aprendizagem e temos que lançar mão de exemplos e situações que significam isso. Teremos êxito? Talvez, o certo é que o uso e a repreensão social servem como nosso termômetro para o correto uso da linguagem. 2 Existe pensamento sem linguagem? Será que deixar de poder falar é o mesmo que deixar de poder pensar? R.: Deixar de falar não significa, necessariamente, deixar de pensar. Pode-se, por uma afasia, deixar de articular signos, contudo não significa que a pessoa perdeu a sintaxe, os nomes etc. Em níveis de pensamento, raciocínios, a linguagem humana possibilita inúmeras combinações de pensamentos e níveis sofisticados, porém podemos ter certos raciocínios, semelhantes a impulsos instintivos, que evidenciam já uma forma de pensar, mesmo que sejam primários. 3 As diferenças entre as línguas naturais envolvem diferenças na forma de pensar? R.: Sim. Embora seja possível assinalar semelhanças entre as diversas línguas naturais, não há garantia de que o falante de uma língua natural entenda imediatamente o significado de uma expressão ou de uma palavra de outra língua natural. Sempre há um processo de tradução e assimilação com a nossa língua natural. Quando não há correspondência imediata, utilizamos de analogias e imagens para traduzir da forma mais próxima possível do original. 7UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M 4 O que é ciência da linguagem? R.: É a ciência que busca explicar o que ocorre, em um sentido anatômico, e quais são as áreas do corpo e da mente que são envolvidas no processo da linguagem. 5 Por meio da linguagem nos referimos a certas entidades. Sobre estas, elas têm que existir? R.: Materialmente falando, não. Utilizamos a todo o momento palavras em que não há um objeto material correspondente. Pense, por exemplo, em termos como: justiça, liberdade, paz, sentimentos em geral. No entanto, eles descrevem um estado das coisas. Para algumas teorias, isso basta como fonte de referência ou significado, em que as palavras sem correspondência imediata a um objeto têm seu significado garantido pelo contexto (Frege, por exemplo). 6 Qual foi o motor das investigações de Frege, Russell e Wittgenstein? R.: A análise da linguagem natural, buscando depurar as vaguezas e ambiguidades. Com a análise lógica, esses filósofos quiseram, através de uma linguagem inequívoca e clara, como a linguagem formal, mostrar como ocorria a relação entre pensamento e mundo, isto é, como pela linguagem nos referimos às coisas no mundo. UNIDADE 2 TÓPICO 1 1 Quais são as diferenças entre a linguagem humana e a linguagem dos animais? R.: Podemos dizer que os animais possuem: 1 - um repertório finito de chamamentos/gritos (como ocorre com os macacos); 2 - um sinal analógico contínuo que registra algum estado (como as danças das abelhas); 3 - uma série de variações aleatórias de um tema (o canto dos pássaros, por exemplo). Esse sistema de comunicação, seja dos macacos ou das abelhas, é diferente da linguagem humana. A linguagem humana vai além de certos grunhidos e sons percebidos pelos ouvidos. Nós temos, com a gramática, um sistema 8 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M combinatório de signos que dá certas características peculiares à linguagem humana (DENNETT, 2010), como: o fato de ela poder ser infinita, pois podemos combinar infinitamente palavras para formar frases distintas; ela também pode ser digital, a infinitude de elementos, combinações e ordens; e, por último, composicional, cada uma das combinações infinitas tem um significado diferente previsível a partir dos significados das partes. 2 O que é filosofia da mente? R.: Ela busca determinar a natureza última dos fenômenos mentais. É uma tentativa de associar grandes teorias metafísicas com os resultados das pesquisas sobre o cérebro humano. 3 Por que as relações entre mente e cérebro são para Ryle um problema inautêntico? R.: A confusão seria aceitar a existência de dois vocabulários, um físico e um mental, como separados e incompatíveis. Quando alguém diz “estes pensamentos me causam dor de cabeça”, estaríamos no fundo aceitando a divisão mente-cérebro (pensamento de um lado, corpo de outro), e nossa linguagem estaria povoada por centenas de expressões desse tipo. Assim teria surgido o "problema mente-corpo" que, na verdade, nunca teria sido mais do que um grande equívoco. 4 Caracterize em linhas gerais o funcionalismo. R.: O funcionalismo busca estudar a mente, compreendendo-a como o resultado da capacidade de um organismo ou sistema realizar certas funções. Esta teoria está intimamente ligada à Inteligência Artificial e busca provar que as máquinas podem, através de uma atitude emulativa (em que os processos computacionais que são trabalhados em um computador são um modo totalmente autônomo de emular a inteligência humana e obter resultados) ou simulativa (quando os processos computacionais são totalmente análogos aos processos mentais, simulando-os), pensar ou ter atividades semelhantes às atividades mentais. 5 Por que Searle não aceita a posição de que as máquinas podem pensar? R.: Porque o computador é capaz de manipular os símbolos, mas não compreende o significado deles, ou seja, ele efetua manipulações sintáticas, mas não tem acesso à semântica. As “máquinas pensantes” não conseguem 9UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M ligar símbolos a objetos do mundo, não conseguem dar significado a eles. Esta parece ser uma característica do uso humano da linguagem humana. 6 Qual é a concepção de Dennett sobre a consciência? E a qual teoria Dennett está se contrapondo? R.: Dennett entende que a mente é o resultado de um processo cerebral. A nossa consciência das coisas que nos cercam ocorre porque cada circuito neural faz o seu trabalho, em diferentes partes e ao mesmo tempo; cada um cria seu próprio esboço da realidade que, na maioria das vezes, não será determinante. Entretanto, “alguns esboços desse pandemônio paralelo conseguem ter um papel funcional que vai comandar o comportamento de tal ser humano” (LEAL-TOLEDO, 2006, p. 126) (O exemplo do sino). Esta posição vai contra os que entendem que exista no cérebro um lugar específico onde a consciência se apresenta. 7 Qual é a relação da concepção de mente (e da consciência) com a linguagem? R.: Sem a linguagem não teríamos uma autorrepresentação, não haveria consciência propriamente dita. Isso não significa que a posse de consciência depende da linguagem, mas a linguagem natural é uma condição necessária para um agente ser consciente em sentido próprio. A linguagem tem um papel de coordenar internamente os diversos qualia que vão surgindo, além do próprio comportamento humano; uma vez que, à medida que vamos fixando certos esboços mentais, também julgamos e, quando externamos nosso juízo, sofremos a censura ou não dos outros falantes. Por isso, além de ser importante para o comportamento humano, também é para as palavras. As palavras não foram projetadas por ninguém, elas evoluíram por seleção cultural natural. Elas são softwares que instalamos nos nossos cérebros por repetição. Depois de repetir muitas vezes, a criança aprende a palavra, ela se instala no cérebro, replica-se, e faz cópia de si mesma como um vírus (MONTAÑO, s.d., p. 3). FONTE: MONTAÑO, Sonia. A mente humana e a evolução memética. s.d. Disponível em: <http://www.fronteirasdopensamento.com.br/adm/sys/dl.aspx?ct=resumo,67,pdf,20101108_ Daniel_Dennett>. Acesso em: 23 maio 2013. 10 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M TÓPICO 2 1 Quais gestos que utilizamos no nosso dia a dia servem para nos comunicar com alguém? R.: O ato de levantar a mão para saudar um amigo que está distante. Apontar o dedo indicador para uma direção, mostrando o local de um objeto. Balançar a cabeça para negar.Mostrar o indicador para demonstrar aprovação. 2 Quais são as três ações que envolvem o pensamento e a comunicação? R.: Afirmar, julgar e compreender. 3 Reflita sobre a utilização dos gestos para a comunicação. Quais são os gestos mais comuns no nosso dia a dia? R.: Os gestos fazem parte da nossa rotina. Fazemos o recurso em todo momento para expressar ou enfatizar nossos pensamentos. Dentro dos gestos mais comuns está o de abanar, com a palma da mão, para se despedir de uma pessoa. Fazer movimentos verticais com a cabeça expressando a concordância com alguma coisa ou algum fato. 4 Exponha a diferença entre sentido e tom, de acordo com Frege. Quais são os desdobramentos que isso acarreta? R.: A distinção entre tom e sentido pode ser assim resumida: o primeiro diz respeito às intenções dos falantes e àquilo que se sugere com o enunciado, porém de forma implícita; o segundo trata do conteúdo cognitivo expresso pelo enunciado e a sua verdade. Como implicações: alguns teóricos situarão o pensamento no mundo das representações subjetivas, das intenções dos falantes (no âmbito dos tons); outros, como o próprio filósofo alemão, colocam os pensamentos não no reino dos entes físicos (as coisas do mundo externo), nem no reino dos entes psíquicos (das representações mentais), mas, sim, em um “terceiro reino”. 5 Como Wittgenstein define o ato de compreender nas Investigações Filosóficas? R.: O ato de compreender refere-se ao ato de usar de maneira apropriada as palavras no contexto adequado, num contexto público. 6 O que é um jogo de linguagem? 11UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M R.: É o conjunto da linguagem e das atividades com as quais está interligada. O jogo de linguagem desempenha dois papéis: 1 - é um instrumento para o estudo da linguagem: estudando as situações idealizadas muito restritas é possível esclarecer alguns aspectos da linguagem; 2 - é um dado de onde se pode partir: pode-se falar da linguagem descrevendo diferenças e semelhanças dos jogos de linguagem. 7 Por que não há linguagem privada em Wittgenstein? R.: A linguagem se exprime em um espaço público, em um jogo de linguagem. Necessitamos do contexto e de interlocutores para que nossos enunciados tenham significado; aliás, necessitamos do espaço público para a aquisição e desenvolvimento do nosso vocabulário, à medida que apreendemos, publicamente, as regras do jogo de linguagem. TÓPICO 3 Questão filosófica para pensar e discutir: a) De acordo com o texto, o que significa linguagem? R.: A linguagem seria o que Wittgenstein expõe nas Investigações, isto é, jogos de linguagem, cujo significado linguístico de símbolos se dá no contexto de uma frase ou dentro de um jogo que possui as suas regras. TÓPICO 3 1 Em linhas gerais, descreva a linguagem como pragmática. R.: Por pragmática se compreende o uso, em diferentes contextos, tal como é utilizada por seus usuários para a comunicação. Isto é, “a pragmática consiste na nossa experiência concreta da linguagem, nos fenômenos linguísticos com que efetivamente lidamos” (MARCONDES, 2006, p. 219). 2 Qual era o principal objetivo de Austin com a linguagem? R.: O seu objetivo primordial não consistia em descrever a natureza da linguagem, mas, ao contrário, propor um método de análise de problemas filosóficos através do exame do uso da linguagem entendido como forma de ação, isto é, como modo de se realizar atos por meio de palavras (MARCONDES, 2005, p. 21-22). 12 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M 3 Apresente a divisão (e sua evolução) dos atos de fala em Austin. R.: Austin propõe, inicialmente, a seguinte divisão dos enunciados em: constatativos, isto é, aqueles enunciados que declaram coisas no mundo, os quais podem ser verdadeiros ou falsos; e performativos, aqueles enunciados que são atos e que não podem ser verdadeiros ou falsos, mas, sim, felizes ou infelizes. Ele viu que o contraste não era adequado, “uma vez que o constatativo tem também uma dimensão performativa (descrever é também um ato que realizamos e pode ser bem ou malsucedido), assim como os performativos têm uma dimensão constatativa (já que mantêm uma relação com um fato)” (MARCONDES, 2005, p. 18). Buscando dar conta da linguagem como um todo, ele dirá que os atos de fala abrangem três dimensões (que estão ligadas), a saber: os atos locucionários (dizem respeito à dimensão linguística de uma linguagem, ou seja, nas palavras e sentenças empregadas de acordo com as regras gramaticais aplicáveis, bem como dotadas de sentido e referência); os ilocucionários (tratam da força de um ato, no tipo de ato realizado); e os perlocucionários (referem-se às consequências do ato com relação aos sentimentos, pensamentos e ações dos ouvintes). 4 Quais são as situações em que os atos de fala podem ser enunciados, segundo Searle? R.: Temos em Searle cinco tipos de atos: 1 - Os assertivos: são ações expressas por verbos como “afirmar”, “concluir”, “deduzir” e outros. Eles têm a direção palavra-mundo, à medida que a palavra corresponde à realidade, e não o contrário. 2 - Os compromissivos: são as nossas promessas, enunciados com o qual prometemos ou assumimos um compromisso, bem como quando queremos transferir o compromisso a alguém. 3 - Os diretivos: por sua vez, são aqueles proferimentos nos quais queremos indicar uma ação para outra pessoa (ex.: “feche a porta”). Eles podem ser mais intensos, no caso de uma ordem, ou menos, no caso de um conselho ou uma sugestão. 4 - Os declarativos: têm por “característica fundamental o fato de que sua realização bem-sucedida produz a correspondência exata entre o conteúdo proposicional e a realidade, o mundo” (PEREIRA, 2009, p. 17). Eles “dependem da existência, no mundo extralinguístico, de determinadas instituições nas quais tanto o falante quanto o ouvinte devem ocupar lugares especiais para que o primeiro possa proferir, com sucesso, o ato de fala em questão” (PEREIRA, 2009, p. 17). 5 - Os expressivos: são aqueles atos que expressam “um estado psicológico, especificado na condição de sinceridade, a respeito de um estado de coisas, especificado no conteúdo proposicional” (IBAÑOS; SILVEIRA, 2002, p. 183). Fazem parte desta categoria os verbos como “desculpar-se” e “agradecer”. 13UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M 5 O que é o ato de fala indireto? R.: Searle desenvolveu o conceito de ato de fala indireto, para mostrar que os atos de fala são, em sua maioria, indiretos ou implícitos e não precisam ser explícitos para que haja a comunicação entre os falantes. O sucesso da comunicação está nos “elementos contextuais e de pressupostos compartilhados por falante e ouvinte enquanto participantes do mesmo jogo de linguagem e, desse modo, familiarizados com as crenças, hábitos e práticas um do outro” (DOWELL; YAMAMOTO, 2005, p. 124). REFERÊNCIAS DOWELL, J. A. M.; YAMAMOTO, M. Y. Linguagem & Linguagens. São Paulo: Loyola, 2005. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id =EYOIC3El8RUC&printsec=frontcover&dq=Linguagem+%26+Linguagens& hl=pt-BR&sa=X&ei=F_ujUabSOKHH0wG77IHQCg&ved=0CDIQ6AEwAA# v=onepage&q=Linguagem%20%26%20Linguagens&f=false>. Acesso em: 27 maio 2013. IBAÑOS, A. M. T.; SILVEIRA, J. R. C. Na interface semântica/pragmática: programa de pesquisa em lógica e linguagem natural. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=X5JKDPD40HYC& printsec=frontcover&dq=Na+interface+sem%C3%A2ntica/pragm%C3%A1tica :+programa+de+pesquisa+%09em+l%C3%B3gica+e+linguagem+natural&hl= pt-BR&sa=X&ei=pfmjUeTUBsPz0gH2t4HwDg&ved=0CDIQ6AEwAA>. Acesso em: 27maio 2013. MARCONDES, Danilo. A teoria dos atos de fala como concepção pragmática de linguagem. 2006. Disponível em: <http://www.pessoal.utfpr. edu.br/paulo/atos%20de%20fala.pdf>. Acesso em: 27 maio 2013. ______. A pragmática na filosofia contemporânea.2005. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=I9mbYWXFgkYC&printsec=frontcov er&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 27 maio 2013. PEREIRA, M. C. C. A expressão das emoções em atos de fala no português do Brasil: produção e percepção. 2009. Disponível em: <http:// www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/PereiraMCC.pdf>. Acesso em: 27 maio 2013. 14 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M UNIDADE 3 TÓPICO 1 1 Caracterize, em linhas gerais, a filosofia continental e o tratamento da linguagem. R.: É a filosofia produzida na Europa continental. Esta vertente afirma a historicidade do homem e do seu conhecimento; ela não está preocupada com a formalização da linguagem natural, mas busca compreender como as linguagens naturais (ordinárias) funcionam, bem como a linguagem ser associada a outras áreas do conhecimento humano, como a arte e a economia. 2 Disserte sobre a crítica de Nietzsche à linguagem e o papel que a metáfora desempenha no conhecimento genuíno. R.: Nietzsche nega que a linguagem escrita, através de seus conceitos fixos, pode acessar o ser das coisas. Aliás, ele nega veementemente que exista a “coisa em si”. A linguagem é uma invenção do homem para suprir as suas necessidades e carências. Por conta disso, os homens estipulam a verdade como aquilo que é socialmente aceito. No entanto, ao tentar dominar e rotular a realidade, o homem esquece o intuito genuíno que está no fundo do seu ser. Essa intuição, que é a mais rara e genuína do ser, só pode ser expressa pela metáfora. 3 Por que a linguagem está associada à investigação do sujeito, na concepção de Foucault? R.: Porque Foucault propõe pensar de forma estruturalista o sujeito. Esses códigos estruturantes são discursos e são as regularidades que definem formações discursivas. Através da linguagem podemos ter representações acerca do próprio homem; é deste modo que surgem as ciências humanas (economia, biologia, psicologia). Elas são representações da condição finita do homem. 15UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M TÓPICO 2 1 O que é hermenêutica e onde pode ser aplicada? R.: Originalmente, é a teoria da interpretação. Ela pode ser aplicada no Direito, na Teologia e na Filosofia. 2 A hermenêutica associada à Filosofia significa o quê? R.: Uma vertente da filosofia contemporânea surgida na metade do século XX, com a forte preocupação acerca do ser e do tipo de compreensão que dele possamos ter; em que a verdade pode ser atingida pela interpretação. 3 Por que a linguagem não é uma questão puramente metodológica em Heidegger? R.: Porque Heidegger compreende a interpretação no plano ontológico, isto é, ela diz respeito ao modo como compreendemos o próprio homem no mundo (o ser aí), o seu próprio ser. 4 O que é o círculo hermenêutico? R.: Heidegger entende que a interpretação é o desenvolvimento da compreensão. Quando queremos compreender uma coisa, interpretá-la, já orientamos nossas expectativas, pretensões e esperanças sobre a coisa. Disso resulta que a interpretação é circular, pois “trata-se sempre de retornar ao pré-compreendido para articulá-lo com o compreendido”. 5 Por que em Heidegger o que importa é o ser e não o homem? R.: Essa relação de pertença do homem ao ser é o núcleo central da compreensão interpretativa. Isso ocorre porque o homem habita no ser, não o ‘cria’, nem o ‘constitui’, nem (tampouco) pode simplesmente olhá-lo ou descrevê-lo: o ser é o lugar no qual o homem é colocado. E o ser se faz ouvir pela linguagem, por isso Heidegger diz: “a linguagem é a morada do ser. Na moradia dada pela linguagem habita o homem”. A linguagem é o modo como o ser se manifesta, é por isso que, para Heidegger, a filosofia é um desvelar do ser, mas que não consegue desvelá-lo completamente. 6 O que Gadamer entende por saber científico? R.: Aquele saber que pode ser reconstruído, montado e desmontado pelo cientista que, através do método, é capaz de explicar todos os passos (do 16 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M início ao fim). Um saber que pode ser ensinado. 7 O que Gadamer compreende por saber hermenêutico? R.: É baseado nas faculdades e sensibilidades da pessoa; não pode ser de todo reconstruído; é um saber “extrametódico”. 8 Por que Gadamer aborda a experiência estética? R.: Porque a experiência da verdade é como a experiência do belo, na arte. É uma percepção que não pode ser descrita por argumentos e preso em um raciocínio lógico. 9 Qual é a relação da consciência histórica com a hermenêutica, segundo Gadamer? R.: Nós somos sujeitos que possuímos preconceitos e estão num mundo; o fato de atentar para a nossa própria história é importante na hora de dialogar com a tradição e buscar não apenas compreender os fatos, mas interpretá-los de tal modo que possibilite criar novos valores. 10 Quais são as quatro características básicas da linguagem, para Gadamer? R.: Podemos elencar aqui quatro características básicas: a) ela é intranscendível: qualquer crítica da linguagem, enquanto proferida e formulada em palavras, permanece no interior da linguagem; b) existe uma natural indissolubilidade de palavra e coisa; aprender a falar significa aprender a ter experiência do mundo e não há como separar; c) podemos conceber o mundo (a realidade) essencialmente porque possuímos uma linguagem; d) não governamos a língua da qual nos servimos, mas é ela própria que dispõe de nós. TÓPICO 3 1 O que é uma metáfora? R.: É o recurso a outras palavras ou imagens para transmitir uma mensagem. 2 Quais são as características de uma metáfora? 17UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M R.: Uma metáfora apresenta três características fundamentais, a saber: (i) a diferença entre significado literal e significado figurativo; (ii) há uma espécie de comparação ou similaridade entre dois objetos conhecidos; (iii) uma necessária distinção entre o que as palavras e as sentenças significam e o que o falante pretende dizer com o uso que ela faz. 3 Escreva algumas metáforas que utilizamos no dia a dia. R.: “O amor é fogo que arde”; “vai desabar o mundo”; “aquela mulher é um filé”; “aquele rapaz é um gato”; “tempo é dinheiro”; “a casa caiu”; “seu marido é um cachorro”; e assim por diante. 4 Quais são os níveis em que Ricouer analisa a metáfora? R.: São os níveis da palavra, da frase e do discurso. 5 Em que consiste a verdade metafórica de Ricouer? R.: A verdade metafórica é a própria realidade apontada pela significação que provém do enunciado. 6 Segundo a teoria de Ricoeur, a referência e a significação estão no próprio discurso metafórico. Qual é a implicação para o texto? R.: A posição de Ricoeur redimensiona o objeto de estudo, ou seja, partiu-se da palavra, passou-se pelos enunciados e, agora, a dimensão é do todo da obra, que passa a ter a significação principal e a firmar-se como uma nova realidade. 7 Como Derrida vê o signo linguístico? R.: O signo não se remete a um ponto fixo (um sistema estável ou as intenções daqueles que o utilizam), mas ele se refere, invariavelmente, a contextos anteriores (passados) e posteriores (futuros), operando uma desintegração de sua própria unidade, permanência ou estabilidade. (RABENHORST, 2002. Disponível em: <http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ primafacie/article/download/4205/3172>. Acesso em: 6 jun. 2013). 8 Como Derrida compreende o processo interpretativo? 18 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD F I L O S O F I A D A L I N G U A G E M R.: A interpretação é um processo inesgotável, em que nunca conseguiremos esgotar o significado de um texto, nem definiremos um único significado verdadeiro. 9 Como Umberto Eco compreende o signo linguístico? R.: O signo é tudo quanto possa ser assumido com um substituto significante deoutra coisa qualquer. Essa coisa qualquer não precisa necessariamente existir, nem subsistir no momento em que o signo ocupa seu lugar (ECO, 2003 apud LOPES, 2010). 10 Como Umberto Eco compreende o processo interpretativo? R.: Trata-se de um processo em que o leitor formula conjecturas e hipóteses para preencher os “espaços” do texto original, porém com coerência com o todo da obra. Neste sentido, a posição de Eco difere da posição defendida por Derrida; um processo interpretativo não pode ser um processo que tende ao infinito, mas, sim, um processo que busca criar e preencher de acordo com os limites da obra.
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