Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Icterícia e função hepática 1 🥴 Icterícia e função hepática O que é a Icterícia? E quais suas as principais causas? A icterícia é uma condição caracterizada pela coloração amarelada dos tecidos, mais notadamente da pele e da esclerótica dos olhos. Essa característica é devida à elevação do nível de bilirrubina sanguínea a valores de 1,5 a 3,0 mg/dL (o normal é 0,5 mg/dL ou menos), tanto na forma livre como na conjugada. Uma das causas de icterícia é o aumento da destruição das hemácias (hemólise), com liberação rápida de bilirrubina não conjugada na circulação. Esta condição ocorre muito frequentemente em recém-nascidos em consequência ou de uma produção elevada do grupo heme da hemoglobina ou porque a via de glicuronização no fígado é imatura. Outra causa de icterícia é a obstrução dos ductos biliares ou lesões hepáticas. Nestes casos, ocorre elevação do nível de bilirrubina conjugada, que, não podendo ser excretada na bile, reflui para a circulação sistêmica. Neste tipo de icterícia obstrutiva, a cor amarelo-escura aparece também na urina. O que é a bilirrubina e o que o seu excesso pode causar e indicar? A bilirrubina é um pigmento encontrado na bile e é produzida pela decomposição do grupo heme, que deriva das hemácias senescentes (envelhecidas) e redução da biliverdina. Uma porção menor provém de hemoproteínas, como catalase, mioglobina e citocromos. Uma menor porção provém de eritropoiese ineficaz, porém essa fonte se torna mais significativa em algumas alterações hematológicas, como talassemia e anemia perniciosa. Bilirrubina é um metabólito não tóxico, mas elevação acentuada das suas concentrações plasmáticas induz o sinal de icterícia, que sugere presença de Icterícia e função hepática 2 doença hepática ou do trato biliar, que variam de triviais a fatais, principalmente em neonatos. Onde inicia o metabolismo de bilirrubina? Quando as hemácias velhas passam pelo baço, macrófagos as fagocitam e iniciam o metabolismo da bilirrubina, transformando o grupo heme obtido das hemácias senescentes em bilirrubina não conjugada (indireta), que não é solúvel em água. A bilirrubina indireta é então enviada para o fígado, que a conjuga com o ácido glicurônico, que a deixa solúvel em água. A maioria da bilirrubina conjugada vai para a vesícula biliar para entrar na constituição da bile, e então é secretada para o intestino delgado. Explique o metabolismo da bilirrubina, ou seja, como ela é formada, como é feito o seu transporte e excreção? As proteínas heme hepáticas (15%), hemácias envelhecidas (80%) e eritropoese ineficaz (5%) vão dar origem ao grupo heme, esse grupo heme vai ser oxidado pela heme oxigenase e formar a biliverdina. A biliverdina vai ser reduzida pela biliverdina redutase e formar a bilirrubina. A redução de biliverdina em bilirrubina produz em quantidade equimolar ferro férrico (Fe³+) e monóxido de carbono. Essas reações ocorrem em macrófagos do sistema retículo endotelial: fígado, baço e medula óssea. A bilirrubina resultante, não conjugada, é transportada pela albumina. Essa ligação limita a captação extra-hepática da bilirrubina potencialmente tóxica não conjugada e facilita o transporte para o fígado. Compostos como tiroxina e outros fármacos podem competir por locais de ligação da albumina, deslocando a bilirrubina, porém tal efeito não tem muita relevância clínica, exceto em neonatos. A bilirrubina ligada à albumina é transportada através da membrana do hepatócito e se liga à ligandina (glutationa transferase B), e em seguida é conjugada com o ácido glicurônico pela ação da enzima glicuronil transferase, se torna então hidrossolúvel. Então é secretada pelos canalículos biliares, por transporte ativo, e chega ao intestino. No intestino, é desconjugada pelas glicuronidases bacterianas, voltando a ser lipossolúvel. Parte desta é reabsorvida, no entanto a maioria é oxidada a urobilinogênio, que então é ainda metabolizado em outros pigmentos e excretado nas fezes. Uma pequena quantidade de urobilinogênio é reabsorvida e passa para a circulação êntero-hepática. A bilirrubina conjugada também circula ligada a albumina, porém com baixa afinidade, de forma que a fração não ligada pode ser filtrada pelos glomérulos e excretada pelos rins, Icterícia e função hepática 3 conferindo pigmentação para a urina, ou em uma pequena porção, ser reabsorvida nos túbulos renais. O que é a bilirrubina direta e quais as causas do aumento de sua concentração no sangue? A bilirrubina direta é a bilirrubina indireta modificada covalentemente. Esta modificação covalente é feita para diminuir a toxicidade da bilirrubina e aumentar a solubilidade da bilirrubina. O aumento da solubilidade da bilirrubina facilita o processo de excreção da bilirrubina. A conjugação da bilirrubina ocorre com o ácido glucurônico da seguinte forma. A glicose UDP é usada como composto de partida para a conjugação da bilirrubina com o ácido glucurônico. Os níveis normais de bilirrubina direta estão na faixa de 0,1 a 0,3 mg / dL ou 1,0 a 5,1 mmol / L. Se os níveis séricos de bilirrubina direta aumentam acima da faixa, é denominado hiperbilirrubinemia. As causas imediatas são cálculos biliares, tumores da vesícula biliar, síndrome do rotor, síndrome de Dubin- Johnson e certos medicamentos. Distúrbios genéticos e deficiências enzimáticas também podem levar ao aumento dos níveis de bilirrubina direta no soro. A bilirrubina direta é combinada com a bile e enviada aos intestinos, sendo excretada. Embora em condições de hiperbilirrubinemia, a bilirrubina é excretada na urina. Nessa circunstância, a urina parece vermelha. O que é a bilirrubina indireta e quais as causas do seu aumento? A bilirrubina indireta ou bilirrubina não conjugada é o produto de degradação imediata da hemoglobina. Este é o tipo não modificado de bilirrubina. Em condições normais, os níveis séricos de bilirrubina indireta devem estar em torno de 0,2 a 0,7 mg / dL ou 3,4 a 11,9 mmol / L. A bilirrubina indireta é solúvel em lipídios. Portanto, é lipofílico. A bilirrubina indireta é insolúvel em água e é altamente hidrofóbica. A bilirrubina indireta pode atravessar a membrana plasmática facilmente. A toxicidade da bilirrubina indireta é alta, principalmente para o sistema nervoso. Portanto, a bilirrubina indireta é convertida em uma forma mais solúvel e não tóxica que é a forma conjugada. A bilirrubina indireta está associada à albumina, que é a principal proteína de transporte da bilirrubina. O aumento do nível de bilirrubina indireta no soro pode ser devido a vários motivos, como aumento da hemólise de hemácias, condições como anemia falciforme, hepatite, cirrose e devido ao efeito de alguns medicamentos, etc. O que é a hiperbilirrubinemia? Icterícia e função hepática 4 A hiperbilirrubinemia significa o acúmulo de bilirrubina. O acúmulo da bilirrubina na circulação sanguínea pode causar o que chamamos de icterícia ou “amarelão”, devido ao seu depósito na pele, nas escleras e nas mucosas. Quais as principais causas de Hiperbilirrubinemia? 1. O organismo está produzindo muita bilirrubina (geralmente por causa de hemólise); ou 2. O organismo não está conseguindo remover a bilirrubina (geralmente por causa de obstrução das vias biliares, doença hepática ou distúrbio hereditário no processamento da bilirrubina). Por que os testes de concentração plasmática de bilirrubina são pouco sensíveis? Há uma grande reserva funcional do fígado em relação à conjugação da bilirrubina, visto que a produção normal desta é 500mg/dia e o fígado normal pode conjugar até 1.500mg/dia. Por isso, o teste com concentração plasmática de bilirrubina é pouco sensível, pois só serão observadas alterações após ocorrido um significativo dano hepático. As concentrações plasmáticas de bilirrubina no adulto recomendadas, são abaixo de 25µmol/L, sendo esta praticamente toda não conjugada. A icterícia pode ser detectada por observadores experientes quando concentrações acimade 50µmol/L estão presentes, e por observadores leigos, quando maior que 100µmol/L. Tal teste, apresenta maior relevância para o monitoramento do progresso de doenças como a cirrose biliar primária e icterícia neonatal, para avaliar resposta ao tratamento e para detectar hiperbilirrubinemia suspeitada mas não aparente. As mais altas concentrações de bilirrubina são vistas em qualquer caso de hiperbilirrubinemia atrelado à insuficiência renal. O que é a icterícia pré-hepática? Ocorre quando a carga aumentada de bilirrubina é apresentada ao fígado, e então suas concentrações apresentam-se mais altas, porém sem danos hepáticos O que indica a bilirrubina e urobilinogênio urinários? A presença de bilirrubina na urina, detectada por tiras reagentes, é patológica e indica doença hepática ou do trato biliar. Bilirrubinúria pode preceder a hiperbilirrubinemia, e então é um teste muito sensível de um iminente dano hepático, como no estado pré-sintomático da hepatite viral Icterícia e função hepática 5 O que indica a icterícia hepática (hepatocelular)? Por dano primário nos hepatócitos: hepatite aguda ou crônica de qualquer causa. Bilirrubina em excesso é principalmente conjugada O que indica a icterícia pós-hepática (colestática)? Falha na secreção biliar. Hiperbilirrubinemia principalmente da bilirrubina conjugada. O que são os distúrbios conjugados e não conjugados? Os distúrbios de hiperbilirrubinemias são classificados em conjugados e não conjugados, os não conjugados são classificados assim quando menos de 20% da bilirrubina aumentada está na forma conjugada. Quais as principais hiperbilirrubinemias herdadas não conjugadas? Síndrome de Crigle-Najjar: Causada pela ausência completa (tipo 1) ou redução (tipo2) da atividade da UDP-glicoroniltransferase (Enzima encontrada no fígado onde age principalmente na transformação da bilirrubina não conjugada (ou livre) em bilirrubina conjugada). Herdada de maneira autossômica recessiva, ocasiona falha ao conjugar bilirrubina e então a criança se torna ictérica nos primeiros dias de vida. Por se tratar de bilirrubina não conjugada, esta atravessa a barreira hematoencefálica e leva a anormalidades neurológicas denominadas Kernicterus. No tipo 1, mais grave, é comum morte até o primeiro ano de vida, embora a fototerapia tenha sucesso para reduzir as concentrações de bilirrubina, e o transplante de fígado é uma opção. No tipo 2, há boa sobrevivência na vida adulta devido à administração de fenobarbital, que induz a síntese de UDPglicoroniltransferase, em adição com a fototerapia. Síndrome de Gilbert: Condição benigna e comum, onde há episódios recorrentes de icterícia leve. Tende a ser mais pronunciada em caso de estresse, cansaço, doença intercorrente ou jejum prolongado. Tal síndrome é causada pela redução das isoformas da UDP-glicoroniltransferase, devido à redução na expressão dos genes. A genotipagem para este defeito é um teste disponível para a síndrome. Quais as principais hiperbilirrubinemias herdadas conjugadas? Síndrome de Dubin-Johnson: Condição benigna, incomum e herdada de maneira autossômica recessiva, que se caracteriza pela diminuição do transporte canalicular biliar de bilirrubina conjugada e ânions orgânicos. Icterícia e função hepática 6 Causada pela mutação no gene que codifica a proteína 2 associada a multirresistência a drogasMRP2. Apresenta-se com icterícia leve flutuante em qualquer idade. Apresenta atividades normais de aminotransferase e ALP; na biópsia de fígado mostra inclusões negras de pigmento não identificado. Síndrome de Rotor: Como a síndrome acima, esta também é autossômica recessiva caracterizada por moderada icterícia flutuante, poucos sintomas e bom prognóstico. Há algumas diferenças em relação à síndrome de Dubin- Johnson, como a ausência de pigmento no fígado, e ainda não foi identificada a mutação genética que a causa. Por que a icterícia no neonato é considerada fisiológica? E quando ela passa a ser considerada patológica? A icterícia é um dos problemas mais frequentes em recém-nascidos (RN). De fato, pode estar presente em torno de 82% dos RN. Essa condição é, portanto, algo normal, que tem início aproximadamente 24 h após o nascimento com pico entre o 3° e 4° dia de vida nos neonatos, desaparecendo por volta do 14° dia de vida. O aumento da fração não conjugada de bilirrubina (fração indireta) constitui a principal causa de icterícia fisiológica do neonato, uma condição fisiológica e transitória decorrente dos processos ainda imaturos no RN, como a ineficiência do fígado em sintetizar a UDP-glicuronil-transferase. Além disso, as hemácias do RN possuem menor tempo de vida, fazendo com que haja maior produção de bilirrubina (o dobro da de um adulto). Ademais, no RN há menor quantidade de microbiota intestinal, pois o intestino nasce estétil, e há menor transformação de bilirrubina em urubilinogênio pelas bactérias, e essa bilirrubina acaba por ser reabsorvida (maior circulação êntero- hepática de bilirrubina). A icterícia detectável no primeiro dia de vida, ou fora da variação descrita anteriormente, é patológica, como é o caso do achado de hiperbilirrubinemia Icterícia e função hepática 7 conjugada em qualquer momento. Quando a concentração de bilirrubina é muito alta (acima de 300 μmol/L em bebês a termo completo, porém mais baixa em bebês prematuros), uma bilirrubina lipossolúvel, não conjugada, pode cruzar a barreira hematencefálica e causar dano cerebral, o chamado kernicterus. Embora a medição da bilirrubina plasmática não seja indicada de rotina em bebês ictéricos, ela se torna importante quando a icterícia está se aprofundando de tal forma que o tratamento por fototerapia e/ou sanguineotransfusão pode ser instituído e o kernicterus prevenido. Como é feito o teste de permeabilidade do ducto biliar? O teste com corante rosa bengala provou ser útil no passado para identificar pacientes com obstrução neonatal extra-hepática. Ele funciona da seguinte maneira: se menos 10% de uma dose administrada por via intravenosa for excretada nas fezes durante um período de 72 horas, isto será uma forte evidência de obstrução biliar. Atualmente, os agentes de imagens hepatobiliares marcadas com tecnécio, como o ácido hidroxindolediacético (HIDA), são usados com mais frequência do que o rosa de bengala. Em combinação com biopsia de fígado, resultados acurados são alcançados na grande maioria dos casos. Quais os testes de função hepáticas são utilizados e quais são eles? Aplicam-se em quatro casos Auxílio para estabelecer se há doença hepática, como evidência de dano ou disfunção do fígado Obter-se um diagnóstico específico: mesmo que os testes de função sejam diferentes daqueles testes de diagnóstico propriamente ditos, é possível associar padrões dos exames de função com certas patologias Estabelecer gravidade da disfunção ou do dano, após o diagnóstico, servindo, também, como referência no prognóstico Para monitorar a progressão da doença ou a resposta à terapia utilizada Os testes de função hepática padrão são aplicados independentemente da suspeita de diagnóstico, são exames gerais que podem apontar direções e, quando combinados, indicar patologias a serem pesquisadas no indivíduo. Esses incluem as concentrações plasmáticas de bilirrubina total, atividades de enzimas específicas (ALT, AST, GGT...), e também das proteínas plasmáticas. O que é a enzima fosfatase alcalina e o que o seu aumento indica? Icterícia e função hepática 8 São enzimas que hidrolisam ésteres de fosfato no pH alcalino. Está presente em diferentes tecidos, mas a parte encontrada no plasma de origem, principalmente, do fígado, dos ossos, do intestino e da placenta, durante a gravidez. Pode ser referida como ALP, e tem função desconhecida no fígado, podendo estar envolvida no transporte dos ácidos biliares. A atividade da ALP no plasma torna-se evidente em qualquer caso de obstrução do trato biliar. Sua depuração não é dependentede um sistema biliar patente, e durante a colestase, que é a diminuição ou interrupção do fluxo biliar, apenas a ALP hepática aumenta. Tal aumento é causado pela síntese repetida de fosfatase alcalina. Entretanto, vale destacar que apenas a obstrução do trato biliar não é suficiente para aumentar os níveis plasmáticos da enzima, sendo também necessárias altas concentrações de ácidos biliares. Sua elevação costuma anteceder o início da icterícia clínica, e quando é possível intervenção cirúrgica para corrigir a colestase, o retorno da bilirrubina plasmática aos níveis de referência precede a normalização dos índices de ALP. Em caso de paciente com sintomas de dor no local do fígado, altos índices de ALP, associados a concentrações plasmáticas normais de bilirrubina, sugerem fortemente lesão hepática expansiva (ex.: tumor intra-hepático). Assim como os demais exames referentes à função hepática, os aumentos de ALP não se limitam a danos no fígado. Bons exemplos de situações que levam a pequenos aumentos nesse índice são a gravidez, a expansão óssea na “fase de crescimento”, ou até doenças em outros locais. O que são as enzimas aminotranferases (transaminases) e o que a alteração do seu valor sérico indica? Ainda muito conhecidas como transaminases, essas enzimas catalisam a transferência de um grupo amino de um a-aminoácido para um a-oxoácido, e seu aumento no plasma é um indicador de dano hepático. A aspartato aminotransferase – AST (antes conhecida como TGO) é encontrada no fígado, no coração, no músculo esquelético, no rim, no cérebro, nos eritrócitos e no pulmão. Já a alanina aminotransferase – ALT (antiga TGP), apesar de ter similar distribuição tecidual, suas atividades são menos consideráveis fora do fígado, podendo ser considerada mais específica da doença hepática. Como são enzimas inespecíficas, seu aumento pode causar dúvidas em que sentido tomar para se chegar ao diagnóstico da doença procurada. Portanto, para se distinguir seu aumento por dano hepático, ou por dano muscular, pode-se dosar a creatina cinase, enquanto para dano cardíaco dosa-se as troponinas específicas do coração. Quando o dano é proveniente do fígado, o aumento de tais enzimas é causado pelo dano ou pela necrose dos hepatócitos. A dosagem das Icterícia e função hepática 9 aminotransferases pode ser considerada um teste sensível para detectar a disfunção hepática, podendo, por exemplo, estar consideravelmente elevada em indivíduos com hepatite subclínica assintomática. A partir da escala em que a atividade das enzimas aumenta, o teste torna-se mais sensível. Por exemplo, níveis 10 vezes acima do limite demonstram dano primário ao hepatócito, indicando hepatite aguda (medicamentosa ou viral), ou crônica (ex.: autoimune). Já valores 10 vezes abaixo do limite são inespecíficos, não podendo ser associado a nenhuma patologia certa. Além disso, valores considerados padrões de ALT ou AST não excluem a possibilidade de dano hepatocelular. Também podem ser feitas associações a partir da relação entre as aminotransferases e ALP ou entre si. Assim, quanto maior a razão AST/ALP, maior a probabilidade de encontrar hepatite; e, quanto menor a razão citada, maior é a suspeita de distúrbio colestático. Em pacientes com hepatite alcoólica, a ALT costuma estar modestamente elevada, enquanto as atividades de AST estão bem acima do limite. Logo, encontrando a razão de AST/ALT > 2, a suspeita de patologia causada por álcool torna-se mais forte. O é a enzima y-Glutamiltransferase e o que indica as suas alterações? Também conhecida como GGT, a y-glutamiltransferase trata-se de uma enzima microssomal encarregada de transferir de grupos glutamil dos peptídeos γ- glutamil para outros peptídeos ou aminoácidos. Tem ampla distribuição tecidual (com exceção do muscular), apesar de sua atividade plasmática ser originada principalmente pela isoenzima hepática. A GGT tem precária especificidade para a doença hepática, pouco acrescentando às informações obtidas por medição de AST e ALP em paciente icterítico, por exemplo. No entanto, sua medição pode ser útil em duas circunstâncias em particular: quando a origem de uma elevada ALP sérica é incerta, a concomitante elevação da GGT sugere que a ALP seja de origem hepática; e também pode indicar que o paciente está sob consumo de álcool. Naqueles indivíduos com alto consumo de álcool unido à doença hepática crônica, os índices de GGT são maiores do que naqueles sem doença hepática significativa, tendo, ainda, uma tendência a que os níveis permaneçam altos após a abstinência. Isso sugere que atividades plasmáticas elevadas da enzima nesses indivíduos possam decorrer da sua indução pelo álcool e/ou por dano ao fígado. Entretanto, nos pacientes alcoólicos sem doença hepática, apenas cerca da metade terá GGT elevada, que geralmente retornará ao normal após oito semanas de abstinência. A extensão do aumento da atividade da GGT acima do normal não está diretamente relacionada à quantidade de álcool consumida ou à duração de seu consumo, o que torna precário o uso do teste na triagem de populações para consumo excessivo de Icterícia e função hepática 10 álcool. Resultados falso-positivos são comuns naqueles pacientes sob uso de medicamentos indutores de enzima (incluindo alguns fitoterápicos), enquanto os falso-negativos ocorrem naqueles sem doença hepática. No entanto, o achado de uma GGT expressivamente elevada (mais de cinco vezes o limite) indica fortemente sobre possível abuso de álcool.
Compartilhar