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FACULDADE MADRE TEREZA PROJETO DE PESQUISA CAMILA CARVALHO NASCIMENTO LUANA FREITAS DOS SANTOS MATEUS DOS SANTOS HAGE NADIA LIMA PALHETA A VIOLÊNCIA NO ÂMBITO ESCOLAR DO PONTO DE VISTA DOCENTE: UM ESTUDO DE CASO DE PROFESSORES DE UMA ESCOLA PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE SANTANA-AP SANTANA-AP 2020 2 A VIOLÊNCIA NO ÂMBITO ESCOLAR DO PONTO DE VISTA DOCENTE: UM ESTUDO DE CASO DE PROFESSORES DE UMA ESCOLA PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE SANTANA-AP VIOLENCE IN THE SCHOOL SCOPE FROM THE TEACHING POINT OF VIEW: A CASE STUDY OF PUBLIC SCHOOL TEACHERS IN THE MUNICIPALITY OF SANTANA-AP Camila Carvalho Nascimento1 Luana Freitas dos Santos2 Mateus dos Santos Hage3 Nádia Lima Palheta4 Jardel Pacheco Queiroz5 RESUMO: O presente trabalho se inicia apresentando uma pesquisa realizada na escola estadual José Ribamar Pestana que foi realizada com professores sobre o tema violência na escola. Apresenta também conceitos de violência, violência escolar, violência verbal e física, os dados coletados indicam como a violência se manifestam no ambiente escolar e a partir daí, identificar e analisar a violência escolar que é compreendido como atos ou ações de comportamentos agressivos e antissociais que envolvem conflitos interpessoais. O presente estudo tem como objetivo compreender as formas de violência existentes na E. E. J. R. Pestana. A metodologia utilizada foi à abordagem quantitativa, utilizamos como instrumento um questionário aplicado ao corpo docente, e os resultados obtidos na análise da pesquisa e observação mostraram que a violência verbal é a mais relevante entre os outros tipos de violências. A escola possui ações que visam combater a violência e minimizar os conflitos gerados que constantemente acontece no ambiente escolar, uma vez que os mesmos causam danos físicos e emocionais nem sempre visíveis. Palavras-chave: Professores. Violência. Violência Escolar. ABSTRACT: The present work begins by presenting a research carried out at the José Ribamar Pestana State School, which was carried out with teachers on the theme of violence at school. It also presents concepts of violence, school violence, verbal and physical violence, the data 1 Licenciada em Pedagogia pela Faculdade Madre Tereza em Santana/Amapá/Brasil. E-mail: camisnscm@gmail.com 2 Licenciada em Pedagogia pela Faculdade Madre Tereza em Santana/Amapá/Brasil. E-mail: if3255925@gmail.com ³ Licenciado em Pedagogia pela Faculdade Madre Tereza em Santana/Amapá/Brasil. E-mail: matesshage18@gmail.com 4 Licenciada em Pedagogia pela Faculdade Madre Tereza em Santana/Amapá/Brasil. E-mail: nanalima246@gmail.com 3 Professor Mestre da Faculdade Madre Tereza. Orientador – tec.jpmed@hotmail.com mailto:camisnscm@gmail.com mailto:if3255925@gmail.com mailto:matesshage18@gmail.com mailto:nanalima246@gmail.com mailto:tec.jpmed@hotmail.com 3 collected indicate how violence manifests itself in the school environment and from there identify and analyze school violence that is understood as acts or actions of aggressive and antisocial behaviors that involve interpersonal conflicts. The present study aims to understand the forms of violence that exist in E. E. J. R. Pestana. The methodology used was the quantitative approach, we used a questionnaire applied to the teaching staff as an instrument, and the results obtained in the analysis of the research and observation showed that verbal violence is the most relevant among the other types of violence. The school has actions that aim to combat violence and minimize the conflicts generated that constantly happen in the school environment, since they cause physical and emotional damages that are not always visible. Keywords: Teachers. Violence. School Violence 1 INTRODUÇÃO A violência nas escolas é um assunto que vem sido debatido há muito tempo por educadores e pesquisadores, uma vez que atinge as mais diversas áreas como educação, psicologia e sociologia. Os três pesquisadores mais tradicionais acerca do assunto são os sociólogos franceses: Eric Debarbieux, Bernard Charlot e Dubet (SANTOS, MEDINA, 2018). Nos últimos anos a violência tem apresentado índices alarmantes, sobretudo em escolas públicas. Com o advento da era digital as escolas têm enfrentado uma problemática maior que extrapola os limites da escola que são as manifestações agressivas dentro de um cenário virtual com agressões verbais e psicológicas. A fim de tratar essa agressão as secretarias de Segurança Pública e de Educação do Estado do Amapá tem se preocupado com a sua evolução, principalmente entre os mais jovens que moram e estudam em áreas de risco social e de vulnerabilidade social. Tem orientado a todos a manter um diálogo aberto com os alunos, aliar-se as famílias, buscar conscientizar os alunos, debater ideias sobre a violência, estabelecer normas e divulgá-las entre os alunos, promover atividades de interação, incentivar os alunos a se expressarem, isso é uma maneira de se garantir educação e a integridade dos alunos. Dentro do ambiente escolar professores, pedagogos e a comunidade escolar em geral buscam mecanismo que freiem o crescimento desta problemática, pelo desenvolvimento de projetos, entre as ações que acontece nas escolas estão as assembleias frequentes envolvendo pais, alunos e docentes, incentivo na criação de grêmios estudantis, desenvolvimento de campanhas de conscientização e realização de manifestações públicas nas diversas redes sociais existentes. Uma pesquisada revista educação de agosto de 2019, mostram que escolas deixaram de ser um lugar de paz e segurança na sociedade. Definir o que se entende por violência no ambiente escolar não é algo simples, trata-se de um objeto de estudo que está em constante 4 construção. Charlot (2002) aponta que o problema da violência escolar não é recente, mas o que pode ser considerado novo são as formas pelas quais essa violência se manifesta. Pois, tais situações colaboram para o sentimento de angustia que atinge boa parte da comunidade escolar, que passa a ficar em constante estado de alerta a menor presença de sinais que representem perigo físico ou ameaça psíquica. De acordo com Èric Debarbieux (2007), é comum que nas escolas que o gestor não declare às instâncias competentes essas infrações, por motivos da reputação da escola, seja maior o índice de violência nas escolas, significando que as estatísticas não apontam os dados corretos. Além do mais, o autor aponta que a origem da violência no ambiente escolar se dá pela complexidade do acesso à escola, que passa a escolher os menos favorecidos, e que a falta dos pais presentes na vida escolar dos filhos é uma das causas de violências nas escolas, porque há famílias em que apenas um dos pais está presente na vida escolar do filho, e em alguns casos não há ninguém presente na vida escolar desses alunos. Dentro do ambiente escolar uma das figuras mais importantes é a do professor, que precisa estar motivado a ministrar sua aula. No entanto, este profissional passa muitas vezes por situações desconfortantes ou ameaçadoras dentro da escola, seja por agressão verbal ou física de alunos. Esse tipo de violência não é captado pelos sistemas tradicionais de informação, o que dificulta o monitoramento da ocorrência deste evento. Assim, se faz necessário o desenvolvimento de pesquisas para conhecer a prevalência, características e fatores envolvidos na violência escolar. Por meio de um inquérito norte-americano (The APA Task Force on Violence Directed Against Teachers), 2 mil docentes que atuam em vários níveis de ensino foram entrevistados em relação a experiência de violência. Como resultado constatou-se que 80% relataram ter sofrido ao menos uma experiência de violência no último ano, sendo 94% praticadaspor alunos. Quase metade dos professores (44%) referiu ter sido agredido fisicamente (ESPELAGE, 2013). Apesar de ser uma situação preocupante, estudos quantitativos sobre violência escolar no Brasil ainda são escassos e a maior parte investiga este fenômeno entre alunos ou contra alunos (MARRIEL, 2006; MOURA, 2011; OLIVEIRA, BARBOSA, 2012). As principais formas de violências investigadas nessa população foram: agressões, ameaças, insultos, manifestações de racismo e sensação de insegurança no ambiente escolar, demonstrando que a literatura sobre o tema violência física contra professores é exígua (MELANDA, 2018). 5 O pressuposto dessa pesquisa acadêmica a respeito da violência escolar reside na relevância que o tema possui para a sociedade contemporânea. Esse trabalho tem como objetivo analisar a violência escolar em uma escola no município de Santana, tendo como sujeitos da pesquisa 20 professores da escola por meio da participação de uma enquete sobre a temática. E assim, fazer um levantamento que permita delinear de forma clara os casos de violências, delitos e infrações ocorrido no ambiente da escola José Ribamar Pestana, afim de obter critérios a partir das informações da pesquisa realizada. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS Os termos utilizados que definem a violência tratam-se de uma questão cultural e social que vêm enraizados dentro do ser ao longo de sua vida, e assim, se faz inevitável desassociar a mesma das emoções e de conhecimentos ao longo do tempo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a violência é o uso de força física ou poder, real ou em ameaça contra si mesmo, contra pessoas ou grupos. Já Krug e colaboradores (2002) conceituam a violência como um resultado da interação complexa de fatores individuais, de relacionamentos estabelecidos, comunitários e sociais, sendo necessário ter sempre em mente as interseções e conexões existentes entre os diferentes níveis”. Quando se fala e se conceitua violência no ambiente escolar, deve-se considerar as violações de direitos por parte dos envolvidos dentro do contexto escolar como um todo, sendo alunos, professores, familiares e de forma geral a comunidade escolar como um todo (Zaluar, 2011) O tema violência escolar expõe diversas características e teorias dentro de uma visão global, pois a mesma pode ser observada em diversas disposições e circunstâncias. Zaluar (2011, p.148) diz que: “Na escola, hoje, a violência apresenta a dupla dimensão [...]: (1) a violência física perpetrada por traficantes ou bandidos nos bairros onde se encontram, assim como por alguns dos agentes do poder público encarregados da manutenção da ordem e da segurança, e (2) a violência que se exerce também pelo poder das palavras que negam, oprimem ou destroem psicologicamente o outro”. Quando se fala em escola tem-se uma visão de um lugar benevolente, o que se pode imaginar que a violência não exista, mas sempre existiu e persistiu. De modo geral, há uma certa dificuldade em dar um conceito ao termo “violência na escola”. Essa multiplicidade de 6 palavras ditas acerca da violência escolar se dá, segundo Abramovay (2003), devido a diversificação de várias situações violentas que são identificadas. 2.2 CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÕES DA VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS Segundo a OMS, a classificação da violência se faz em diferentes tipos, sendo elas violência física, psicológica, sexual e negligencial. Abramovay (2002, p. 17) classifica violência em violência verbal e não verbal. Lopes Neto & Saavedra (2003, p. 23) distinguem a violência em violência direta e indireta e emocional. Charlot (2002) classifica três tipos de violência escolar: na escola, á escola e da escola. A violência na escola é aquela ocorrida dentro do ambiente escolar. Já a violência á escola ou contra a escola é aquela que causa danos ao patrimônio ou a todos os seus colaboradores. Trata-se do vandalismo e desrespeito ao patrimônio escolar (roubos, pichações, depredação), incluindo ainda, ameaças e xingamentos dos alunos aos professores e demais funcionários presentes. A violência da escola é aquela que a própria instituição e seus participantes praticam. As características da violência tem ultrapassado os muros das escolas e suas ações têm prejudicado o processo educacional, e assim atingindo alunos, professores e todos da comunidade escolar, vem se tornado um problema social que atinge as várias camadas sociais onde se tem criado tensões e medo no cotidiano escolar (Koehler, 2008, p. 03). Duas vertentes perpassam pela origem da violência escolar, uma segundo Aquino (1998, p.10) que apresenta que a escola acaba produzindo sua própria violência e indisciplina, o que ocasiona efeitos de retorno a comunidade escolar. Laterman (2004, p. 9), corrobora com a ideia de que a violência existente nas escolas não é reflexo do que acontece na sociedade, uma vez que muitas regiões violentas apresentam escolas tranquilas sem nenhum registro de atos violentos. Segundo Sposito (1998, p. 64), a maioria dos estudiosos relacionavam a violência à pobreza. Contudo, é um fato totalmente incoerente, já que muitas escolas de classe média e até privadas estão enfrentando tais problemas. Colocando em defesa que “ambientes sociais violentos nem sempre produzem praticas escolares caracterizadas pelas violências”. Faz-se necessário que a escola busque maneiras de trabalhar a violência ocorrida dentro da instituição, recorrendo aos órgãos governamentais que irão fornecer todo o suporte, criando programas, preparando professores, e intervindo até com a comunidade local, afim do combate a violência no âmbito escolar. A violência escolar causa malefícios no ambiente escolar, havendo uma intercessão nas relações nas relações entre os educandos que: (...) afeta diretamente agressores, vítimas e testemunhas dessas violências e, principalmente, contribui para romper com a ideia da escola como lugar de 7 conhecimento, de formação do ser, de educação, como veículo, por excelência, do exercício e aprendizagem, da ética e da comunicação por dialogo e, portanto, antítese da violência. (ABRAMOVAY; RUA, 2003, p. 26). Na grande maioria dos casos, como aponta Tigre (2009, p. 37), os próprios educadores não conseguem definir com total clareza o que é violência na escola. Com isso, o fato de a escola não saber com o que está lidando, torna-se mais difícil planejar ações afim de diminuir os atos violentos na escola e de manter o otimismo em relação as soluções. 2.3 A VIOLÊNCIA CONTRA PROFESSORES A violência escolar ocorre entre os próprios alunos ou até mesmo entre alunos e professores. Professores sofrem constantemente ameaças e danos a seus pertences, principalmente bens materiais como os carros. Segundo Nicolilelo (2009), no Brasil, os professores gastam 17% do tempo em sala de aula tentando manter a disciplina dos alunos. No mundo, a média é de 13%. O resultado é que o trabalho dos professores fica prejudicado pelo mau comportamento dos alunos. Existem ainda relatos de arrombamentos e prejuízos ao patrimônio da escola são fatores que atrapalham, evidentemente, o rendimento das aulas e fator que influencia, fundamentalmente, os aprendizados dos alunos. Geralmente, essas atitudes são praticadas por alunos com problemas em casa. E, consumada pela desigualdade social presente em nossa sociedade. Em abril de 2016 o Governador do Estado do Amapá sanciona a Lei 2.020/16, a mesma institui a criação de políticas públicas voltadas a prevenção a violência contra professores da rede pública de ensino. O art. 2º A política que trata esta Lei tem os seguintes objetivos: I - estimular a reflexão nas escolas e comunidades acerca da violência contra os educadores; II - desenvolver, nas escolas, atividades que congreguem educadores, alunos e membros da comunidade, no intuito de combater a violênciacontra os professores que nelas trabalham; III - implementar medidas preventivas e cautelares em situações nas quais os professores estejam sob risco de violência que possa comprometer sua incolumidade. IV - aliviar e debater a origem da violência e o combate a ela; V - propor mecanismos que visem combater a violência escolar. 8 No Amapá assim como no Brasil a violência escolar contra professores vem gerando fóruns de discussões sobre o assunto e com isso tem gerado a criação de estudos e pesquisas, a revista educação de outubro de 2019 traz uma pesquisa da UNESCO realizada nas capitais em todo o território nacional e diz que 47% dos professores já foram insultados por alunos e 11% do corpo técnico destas escolas pesquisadas já foram agredidos fisicamente. Ainda de acordo com a (OCDE) Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico 12,5% dos professores brasileiros já foram agredidos físicas e verbalmente em pelo menos uma vez. Segundo o Portal G1 do Amapá, 23% dos professores da rede estadual dizem já terem sido vítimas de agressões por parte dos alunos sendo elas físicas ou verbais. Abramovay (2009), diz que: violência nas escolas é um problema gerado dentro do próprio ambiente escolar. Insultos, discriminação, ciberviolência, agressões físicas e até homicídios são situações cada vez mais comuns no dia a dia de alunos e professores. 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO Trata-se de uma pesquisa de caráter quantitativo, descritivo, e aplicada por meio de um estudo de caso realizado em uma escola pública estadual no município de Santana no estado do Amapá no mês de outubro. Vinte professores participaram da pesquisa por meio de um questionário aplicado pelo formulário do Google Forms, em decorrência da inviabilidade de ser realizada de maneira presencial. A seleção da escola foi realizada por ser localizada em um bairro periférico e com um índice de violência recorrente. Para o presente estudo, foram considerados apenas os professores que atuavam na docência há pelo menos cinco anos. A coleta de dados foi conduzida pelos acadêmicos concluintes do curso de Pedagogia da Faculdade Madre Tereza localizada no mesmo município, por envio do formulário virtual por meio do aplicativo Whatsapp aos professores selecionados para pesquisa a qual tinha duração de resposta em torno de 3 minutos com questões sobre a violência sofrida ou praticada pelo mesmo, de forma verbal, física ou psicológica. Além do mais, o professor apontaria quais as principais causas de violência em sua escola e se esse índice tem crescido ou reduzido, e por fim, se a escola tem projetos que trabalhem em cima da temática. Os dados obtidos da pesquisa foram tabulados e feito estatística por meio do programa Graphpad Prism 7. 9 Foram inclusos na pesquisa apenas professores do ensino médio (1º, 2º e 3º ano), excluídos da pesquisa professores que não ministravam aulas para o ensino médio. Violência física e verbal na escola ocorrida nos últimos 10 anos representa o desfecho deste estudo e foi obtida pelo relato de algumas das questões, conforme tabela 1. Tabela 1. Perguntas da enquete realizada com os professores da escola Professor José Ribamar Pestana. Fonte: próprios autores, 2020. 3.1.2 contextualizando o espaço da pesquisa Segundo informações mais recentes obtidas no QEdu (2018), a Escola Estadual José Ribamar Pestana, está localizada no Município de Santana, Estado do Amapá, situada na 10 avenida Palmira Miranda de Andrade, nº 540, bairro Nova Brasília. Criada em 9 de março de 1992, sob o Decreto de Lei n 232/92, sendo reconhecida no dia 12 de setembro de 2000, sob a resolução n° 632/00-CEE (AMAPÁ, 2000). Atualmente atende nas modalidades do Ensino Fundamental (1° à 8° série), Educação de Jovens e Adultos, Ensino médio (EJA) e Ensino Especial, totalizando 1.314 alunos. A clientela atendida pelo estabelecimento de ensino é de baixa renda, do próprio bairro e de outros circunvizinhos, áreas de riscos como pontes e periferias. Os pais somam renda de um salário mínimo ou menos. A maioria dos alunos é atendida por programas sociais do governo. Fonte: google Maps, 2020. Seu quadro de professores soma-se 61 educadores, sendo que 98% já são graduados. Possui um especialista em educação pertencente ao quadro estadual. 4 DISCUSSÃO E ANÁLISE DE DADOS A violência está tão presente no dia a dia, mais do que se pode imaginar. De acordo com os dados estatísticos, observa-se que a violências nas escolas acontece na sua maioria com professores. Em pesquisas realizadas pelo MEC, revelam que 54% dos professores já sofreram algum tipo de violência nas escolas no ano de 2019, em 2017 esse índice era de 43%, um índice considerado muito alto dentro dos padrões de violência escolares. O trabalho realizado com 24 professores da escola Professor José Ribamar Pestana demostrou que 12 participantes pertenciam ao gênero feminino expressando 50% do percentual dos participantes e 12 são homens, completando os outros 50%, conforme expresso no gráfico abaixo. 11 Gráfico 1 – Gênero dos participantes da pesquisa Fonte: próprios autores, 2020. Em razão de o trabalho almejar diagnosticar o índice de violência nas escolas a primeira pergunta realizada tem como intuito diagnosticar a realidade de muitos professores, uma vez que muitos se sentem desanimados e desprestigiados na sua profissão por conta das seria evidencias da violência escolar. Visto que de acordo De acordo com Libâneo (2004, p. 38), o cotidiano do professor não tem sido muito confortável, pois são muitos os papéis assumidos por estes profissionais, diante de um horizonte de desafios, como baixos salários, baixa auto-estima, ausência de valorização e indisciplina dos educandos. Tudo isso, nos faz ver que muitos professores, encontram-se hoje com medo, com pavor do seu trabalho, provocando muitos problemas para a vida deste profissional. Gráfico 2 – Dados da pergunta sobre a vivência de violência na escola. Fonte: próprios autores, 2020. Observa-se que apesar da violência ser intensa, apenas 8,3% dos professores afirmaram já ter sofrido violência física, mas, chama a atenção a grande maioria se sentir segura mesmo com o aumento da violência dentro da unidade escolar, o que diverge da realidade se observar os altos índices de violência escolar De acordo com o gráfico 3 podemos ver que 58,3% dos professores já sofreram algum tipo de violência verbal enquanto que 41,7% dizem que nuca sofreram agressões verbais Gráfico 3 – Dados da pergunta sobre a vivência de violência verbal na escola. 12 Fonte: próprios autores, 2020. A pesquisa mostrou que um grande percentual dos participantes já sofreu violência verbal, isso significa que a violência prevalece ainda dentro da escola e que se não tratada pode tornar-se uma violência física, acredita-se que seja necessário tomar medidas preventivas com desenvolvimento de projeto educativo voltados a combater ações violetas e motivar processos de socialização educacionais. Gráfico 4 – Dados da pergunta sobre as atitudes tomadas pelo professor ao sofrer qualquer desses tipos de agressões no ambiente escolar. Segundo o gráfico 4, a maioria 58,3% dos professores participantes da pesquisa revela que comunica o ocorrido a coordenação. Fonte: próprios autores, 2020. Constatou-se consoante o gráfico 4 que a atitude da maioria dos professores ao sofrer qualquer tipo de violência era comunicar a coordenação. Ou seja, a figura do coordenador é essencial visto que o mesmo tem como meta mediar conflitos e resolver questões relacionadas a escola e as suas mazelas, ainda que um percentual menor alguns professores optaram por 13 registra boletim de ocorrência, levando a agressão para um ambiente externo a escola, visto que a violência tende a se repetirmesmo que ela seja resolvida somente internamente, e também por se sentirem abandonados pelo sistema educacional e por parte da escola. Alguns professores afirmaram não ter tomado nenhuma atitude, talvez pelo medo de represarias por parte de alguns alunos, pois não se sentem seguros e protegidos no ambiente escolar, e muitas das vezes por medo de terem seus carros riscados e alguns de seus bens danificados pelos alunos. Líbaneo (1996, p.127) Pedagogo é um profissional que lida com os fatos, estruturas, contextos, situações, referentes à prática educativa em suas várias modalidades e manifestações. A atuação do pedagogo escolar é imprescindível na ajuda aos professores no aprimoramento do seu desempenho na sala de aula (conteúdos, métodos, técnicas de organização, formas de organização da classe). Já que a coordenação pedagógica tem um papel fundamental dentro da escola, e a sua mediação é voltada para resolver conflitos entre alunos e professores para os problemas de violência. Gráfico 5 – Dados da pergunta sobre a prática de violência contra colaboradores da escola. De acordo com o gráfico 5, apenas 8,3% dos professores que respondeu a pesquisa admiti ter praticado violência verbal. Fonte: próprios autores, 2020. É possível perceber que na escola José Ribamar Pestana, assim como nas demais escolas de nosso município, Estado e Brasil, os principais sujeitos alvos da violência escolar são os agentes que convivem diretamente nela, como diretores, professores e outros profissionais da educação e os alunos. E assim, dentro desta perspectiva surge os agentes da violência. Costa (2013, p.48) identifica-os caracterizando dois personagens: o agressor e o 14 agredido (vítima). “O primeiro é a origem da ação, que por sua vez, atinge o segundo, e muitas vezes estes trocam de posição, o que dificulta identificar quem está sendo o emissor ou receptor da ação agressiva”. De acordo com o gráfico 6, é possível identificar que 100% dos professores participantes da pesquisa revelam que nunca praticou violência na escola com alunos ou colaboradores. Gráfico 6 – Dados da pergunta sobre a prática de violência física contra colaboradores da escola. Fonte: próprios autores, 2020. A Violência física ocorre quando alguém causa ou tenta causar dano, por meio de força física, de algum tipo de arma ou instrumento que pode causar lesões internas: (hemorragias, fraturas), externas (cortes, hematomas, feridas). De acordo com o gráfico 7, observar-se que 70,8% nunca praticou violência nas dependências da escola. Para Furlong (2000, p. 4) a violência escolar é vista como sistema que causa ou acentua problemas individuais. Nota-se que os professores da escola Pestana, apesar de vivenciar esta violência, os mesmos não a praticam. Gráfico 7 – Dados da pergunta sobre como o professor se sentiu ao praticar qualquer desses tipos de violência no ambiente escolar. 15 Fonte: próprios autores, 2020. Segundo o gráfico 8 54,2% respondeu que não e 45,8% respondeu que sim. Os furtos são comuns na maioria das escolas de periferias, quando se trata de furtos, inclui-se tudo desde material escolar, dinheiro, objetos e roupas. Cintia Copit Freller (2001, p.35) diz que: Os furtos são uma categoria especial de indisciplina, pois sempre resultam em constrangimento moral. Podem ser enquadrados na definição de violência, de acordo com o Dicionário Aurélio: "Manifestação que causa constrangimento físico ou moral; uso da força, coação". Gráfico 8 – Dados da pergunta referente a furto de materiais próprio no ambiente escolar. Fonte: próprios autores, 2020. De acordo com o gráfico 9, podemos identificar que 58,3% dizem que sim que a violência diminuiu e 41, 7 dizem que não, que a violência não diminuiu. Gráfico 9 – Dados da pergunta referente ao conhecimento do professor sobre a frequência da violência na escola. Fonte: próprios autores, 2020. 16 Nota-se que a maioria dos professores reconhece o aumento da violência e outros ainda não reconhece esse crescimento dentro do ambiente escolar. De acordo com Angelina Peralva: A violência entre alunos constrói-se em torno de duas lógicas complementares: de um lado, encenação ritual e lúdica de uma violência verbal e física; de outro, engajamento pessoal em relações de força, vazias de qualquer conteúdo preciso, exceto o de fundar uma percepção do mundo justamente em termos de relações de força. Nos dois casos, o que está em jogo é a construção e a auto–reprodução de uma cultura da violência. (PERALVA, 1997, p. 20) A violência é atualmente um fenômeno real nas escolas que já faz parte dos problemas educacionais. Gráfico 10 – Dados da pergunta sobre os projetos existentes na escola voltados ao combate a violência. Segundo o gráfico 10 podemos perceber que 79,2% afirmam que a escola José Ribamar Pestana realiza ações e projetos de combate a violência. Fonte: próprios autores, 2020. Segundo Abramovay: A escola pode ser um local privilegiado de combate à violência, mas, para isso, necessita de profissionais respeitados, com conhecimento de pedagogia, cabendo ao poder público investir na formação e reciclagem destes profissionais, como, também, adotar estratégias para fazer prevalecer o direito e os deveres do professor. (ABRAMOVAY e RUA, 2003, p.73). Acredita-se que estas ações e projetos desenvolvidos na escola é um meio possível de se combater a violência dentro do ambiente escolar. Gráfico 11 - Motivos que elevam a violência na escola 17 De acordo com o gráfico 11, é possível observar que os professores têm respostas diferenciadas sobre os motivos que levam a violência por parte dos alunos. Para Álvaro Chrispino o fator das diferenças acumuladas sem o devido trabalho pedagógico é fator crucial para o surgimento de conflitos mal resolvidos dentro da escola, o que gera os diferentes tipos de violência dentro do ambiente escolar Com a massificação, trouxemos para o mesmo espaço alunos com diferentes vivências, com diferentes expectativas, com diferentes sonhos, com diferentes valores, com diferentes culturas e com diferentes hábitos [...], mas a escola permaneceu a mesma! (CHRISPINO, 2007, p.16) Álvaro Chrispino diz que a ordem e o conflito são resultado da interação entre os seres humanos. Pois há continuidade regular em alguns aspectos tidos como indispensável pela sociedade, que exige a ordem e de onde emanam os conflitos. Acredita-se que as respostas dadas pelos professores refletem o cotidiano escolar vivido por eles na escola José Ribamar Pestana. Nota-se que na escola José Ribamar Pestana, existem diferentes tipos de violência o que ressalta percentuais diferentes e relativamente significativos, gerando diferentes respostas na questão violência o que interfere no cotidiano escolar de professores, alunos e colaboradores. CONSIDERAÇÕES Os resultados desta pesquisa realizado na E. E. J. R. Pestana mostraram que, os professores vivenciam diariamente com a questão violência na escola e de acordo com os 18 dados coletados, é possível perceber que os professores assim como os demais profissionais estão vulneráveis aos episódios de violência verbal, físicas e furtos. Também ficou evidenciado que escola já desenvolve projetos e ações de combate a violência que tem a participação da família e da comunidade e nesse sentido é primordial que professores, funcionários e direção participem ativamente das atividades que possibilitem essas mudanças e assim, contribuir de forma positiva para combater essa violência escolar. De acordo com Sawaia (2003, p.44) o papel do professor é.... Professores e educadores têm a tarefa comum de animar e orientar as escolhas, de ajudar crianças e adolescentes a processar as informações e de ser uma referência humana exigente e compreensiva para tornar o aprendizado uma conquista prazerosa e desafiadora livreda violência. Apesar da escola já desenvolver ações, ainda é possível promover diálogos com ênfase no fortalecimento do respeito e instigar maiores discursões e investir para que a participação da comunidade escolar seja de fato participativa e que estas minimizem os impactos da violência no cenário escolar na melhoria da qualidade de vida de todos. Acredita-se que a pesquisa realizada na proposta deste artigo não pode se encerrar com a conclusão, pois esta discussão sobre a violência escolar, precisa ser produzida por mais acadêmicos e pesquisadores. E queremos com essa reflexão fazer surgir compreensão e ações mais abrangente de combate ao fenômeno da violência escolar. 19 REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, Miriam. e RUA, M. G. Violências nas escolas. Brasília: UNESCO, Coordenação DST/AIDS do Ministério da Saúde, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça, CNPq, Instituto Ayrton Senna, UNAIDS, Banco Mundial, USAID, Fundação Ford, CONSED, UNDIME, 2002. 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