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Aluna: Mariza Stefane de Sousa Henriques Disciplina: Direito Digital NOÇÕES DE CIBERESPAÇO Liberdade x Privacidade É indiscutível dizer que a tecnologia, em si, nos trouxe incontáveis benefícios, desde o acesso à informação, até o compartilhamento de conhecimento. Diante desse meio altamente tecnológico, nos deparamos com diversas possibilidades, inclusive de nos comunicarmos com pessoas que estão há milhares de quilômetros de distância, em tempo real - o que contribui para a remoção das barreiras que nos mantém distantes fisicamente. Com todas essas inovações, possibilidades, expressões e proximidade, a internet tornou-se um meio livre, de fácil acesso e de um alcance gigantesco. Estes inúmeros fatores contribuíram não só para a globalização da comunicação, mas foi imprescindível para a transformação do mercado, que necessitou adaptar-se aos novos meios. Com base nisso, é incontestável o alcance que as redes vêm ganhando nos últimos anos. No entanto, todo esse alcance não foi completamente favorável. As redes, ao mesmo tempo que aproximam virtualmente as pessoas, diminuem o contato humano real. Mas não só isso, recentemente o algoritmo de aprendizagem de máquina veio aperfeiçoando-se para que se tornasse o que ele é hoje, ou seja, cada dia mais são adaptados para atingirem o fim a que se destinam. Tudo é minuciosamente pensado para prender a nossa atenção, porque quanto mais tempo passamos conectados, mais receita geramos para as empresas. Assim, essas empresas/redes lucram com base no tempo que perdemos acessando o que o algoritmo nos oferece. Cabe mencionar que, nos últimos anos, as redes tornaram-se um meio totalmente polarizado - onde as pessoas permanecem em suas bolhas - indo apenas para a direção que elas escolheram; mas o algoritmo tem uma grande parcela de culpa nisso, uma vez que é pensado para nos oferecer apenas aquilo que nos agrada e que nos manterá por mais tempo diante da tela de um aparelho. Esse fator, além de tornar o nosso tempo cada vez mais ocioso, também acaba por nos separar em “tribos”, ou seja, tendemos a participar apenas daqueles ambientes que concordamos, lidamos apenas com pessoas que possuem as mesmas posições que as nossas e individualizamos cada vez mais o ser humano, tendendo a ter menos empatia e respeito pelo que é contrário ao que cremos. Posto isto, é possível mencionarmos que, em partes, os criadores destas redes têm sua parcela de culpa, tendo em vista que trabalham incessantemente para que o algoritmo fique cada vez mais inteligente, ao ponto de conseguir filtrar cada vez mais o que as pessoas têm preferência, prendendo suas atenções à tela de um aparelho. Tudo isso contribui para que essas empresas tornem-se cada vez mais ricas, ao adquirirem cada vez mais dados dos “usuários”, no intuito de cedê-los aos anunciantes, que nos manterão sempre repletos de conteúdo a adquirir. Desse modo, certamente, os criadores não previram e nem possuíam a intenção que a internet e, de forma mais específica, as redes, se tornassem o que são hoje. Caracterizando-se como um meio totalmente “livre”, em que as leis que regem o mundo físico não devam vigorar e que as pessoas acreditam ter a liberdade de fazerem o que quiserem, mas até onde vai essa liberdade? Não deveria ir tão longe, pois ninguém assume as responsabilidades pelo mal que estão causando, desde a coleta de nossos dados, até às mortes causadas pela “liberdade” que acreditamos ter na internet, onde a maioria esconde-se atrás de perfis falsos, utilizando-se do anonimato para propagar o ódio. O ciberespaço tornou-se um ambiente exclusivamente caótico, em que um algoritmo que muito trabalha para nos oferecer diversos conteúdos, não é capaz de filtrá-los, separando-os do que é considerado saudável e do que não é, e isso tem despertado o que de pior existe na sociedade. Ainda, vale dizer que esses não são os únicos fatores destrutivos para nós e para sociedade no geral. Embora as redes possuam seus pontos positivos, hoje podemos enxergar muito mais malefícios. Ao mesmo tempo em que achamos usufruir gratuitamente desses “ambientes virtuais”, estamos pagando com algo muito mais valioso que o dinheiro, a nossa intimidade e privacidade. Sem que a maioria das pessoas tenha consciência, cedem praticamente todos os seus dados e permitem serem manipuladas por essa indústria tecnológica, onde “nós somos o produto” e o que está à venda é o nosso precioso tempo e atenção. Evidentemente, nós pagamos um preço alto, que não sabemos até quando será cobrado. Pensando nisso, nos surge o questionamento, até onde essas empresas vão em busca de lucratividade? A resposta para essa pergunta ainda não sabemos, mas devemos esperar que não seja muito longe. Nossa vida pessoal, que achamos estar preservada, encontra-se à um clique na tela do celular. Seria possível regular essa “terra virtual”, onde acabamos por nos expor sem ter a plena consciência do quão destrutivo isso é? Primeiramente, teríamos maior possibilidade se os responsáveis tomassem consciência do que estão fazendo e utilizassem outros meios, por si mesmos, que limitassem essa coleta e o que nos deve ser repassado. No entanto, provavelmente esta não é a forma com que obteremos resultados, já que dificilmente eles o farão, porque isso os faria lucrar menos. Sendo assim, uma possibilidade de regular o ciberespaço, poderia estar respaldada na obrigação das empresas em diminuir o uso de dados coletados dos usuários de suas redes, caso contrário, deveria haver algum tipo de sanção para estas empresas. Por exemplo, em questão das fake news, nos últimos anos a quantidade delas têm sido absurda, o que faz com que as pessoas acabem caindo em uma onda de desinformação gigantesca. Essas informações irreais acabam por serem disseminadas para uma enorme quantidade de pessoas, o que vem gerando diversos conflitos entre “grupos”, disseminando um caos total. Nesse caso, acredito que uma forma de regular seria taxar as empresas, como uma forma de sanção, pela quantidade de fake news que são espalhadas em sua rede. Tal medida talvez fosse eficaz, não necessariamente na quantidade de fake news que são espalhadas porque não há uma espécie de filtro para tal, mas como uma forma de punição pelo meio que possibilitou que elas fossem propagadas com maior velocidade. Dessa forma, conforme também foi dito no documentário, taxar as empresas pela quantidade de dados que coletam, talvez fosse um meio eficaz para a regulação desse armazenamento de dados. Ou, como uma medida mais extrema, efetuar o seu banimento, não apenas pela coleta de dados, mas principalmente pela disseminação dessas já mencionadas, fake news, tendo em vista que elas possuem um potencial altamente destrutivo, sendo capazes de, em um futuro não muito distante, virem a causar até mesmo uma Guerra Civil. A humanidade já não é mais a mesma e tudo que já havia de ruim no mundo, acabou sendo expandido para algo muito pior. Dito isto, nos cabe questionar até onde está o limite entre a liberdade nas redes e a nossa privacidade, porque quanto mais acreditamos possuir essa liberdade, mais nos expomos e viramos vítimas da indústria tecnológica, que vende a nossa intimidade, nosso tempo e nossa atenção, em troca de bilhões de reais. Portanto, a ‘Declaração de Independência do Ciberespaço” nos faz pensar que nunca seremos capazes de controlar a rede, mas confio que se houver empenho e comprometimento, é possível regular o ciberespaço, de forma a manter a nossa privacidade, sem que percamos o direito ao acesso à informação, que é tão propagada por meio dessas redes. Tudo é uma questão de equilíbrio, mas acredito que se não houver uma ação em breve, ficará ainda mais difícil conter esse avanço.
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