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P1
1 – Descrever a forma adequada de anamnese psiquiátrica
A História Clínica Psiquiátrica ou Anamnese Psiquiátrica objetiva fornecer elementos para a formulação diagnóstica, incluindo a descrição detalhada dos sintomas e a identificação dos fatores predisponentes, precipitantes e perpetuantes da doença. 
1. Identificação: 
Nome, sexo, idade, estado civil, grupo étnico, procedência, religião, profissão.
2. Queixa principal: (origem e motivo do encaminhamento) 
Utilizando-se a terminologia do paciente, deve-se fazer uma breve descrição sobre o problema atual para o qual ele está buscando ajuda profissional, ou para o qual foi trazido por outros para o tratamento. 
História da moléstia atual 
Neste tópico, deve-se avaliar como a doença começou, se existiram fatores precipitantes, como evoluiu, qual a gravidade e o impacto da doença sobre a vida da pessoa. É importante considerar a descrição detalhada dos sintomas, a frequência, duração e flutuações dos mesmos. Ainda, deve-se observar a sequência cronológica dos sintomas e eventos relacionados desde as primeiras manifestações até a situação atual.
3. Antecedentes – História médica e psiquiátrica
 Descrever, em ordem cronológica, as doenças, cirurgias e internações hospitalares. Observar o estado atual de saúde, as mudanças recentes de peso, de sono, hábitos intestinais e problemas menstruais. 
Colher informações sobre medicamentos em uso e, habitualmente, consumidos verificando dosagem e quem prescreveu. Verificar abuso de medicamentos, de drogas e álcool. 
4. Antecedentes – História Pessoal:
a) História pré-natal/nascimento 
Informações sobre a gestação, o parto e as condições do nascimento, incluindo: complicações, peso, anoxia, icterícia, distúrbio metabólico.
b) Infância e desenvolvimento
Descrever: as condições de saúde; os comportamentos e hábitos com relação ao sono, alimentação; as aquisições de habilidades, incluindo o desenvolvimento motor, da linguagem e o controle esfincteriano; a vida escolar, abrangendo idade de início da aprendizagem, o ajustamento, o temperamento, medos, o relacionamento e interação social.
c) Adolescência 
Descrever: os interesses, as aquisições quanto à vida escolar, a profissionalização ou trabalho, as interações e o relacionamento com familiares e colegas, a sexualidade incluindo a menarca, namoro, a 1ª relação sexual, o uso de drogas ou álcool. É importante observar a atitude frente ao crescimento, os sentimentos de isolamento ou depressão e as manifestações de delinquência.
d) Idade adulta
Descrever as situações e as atitudes frente ao trabalho, a vida familiar e conjugal, a sexualidade, os relacionamentos e a situação socioeconômica. 
A situação socioeconômica deve incluir as condições de moradia, as fontes de provisão de recursos, as dificuldades financeiras e os planos e projetos futuros.
5. Antecedentes – História familiar
Colher informações sobre os pais e irmãos quanto à idade, sexo, nível educacional, atividade profissional, características de personalidade, problemas de saúde, com destaque aos relacionados com à saúde mental. 
O ambiente familiar: o nível de interação, os padrões de relacionamento dos pais entre si, com os filhos e destes entre si, constitui-se numa informação importante.
6. Personalidade pré-morbida
Compreende o conjunto de atitudes e padrões habituais de comportamento do indivíduo, a descrição deve abarcar o modo de ser habitual do paciente, independente da sua situação de doença. 
Deve englobar os seguintes aspectos: as preocupações excessivas com ordem, limpeza, pontualidade, o estado de humor habitual, a capacidade de expressar os sentimentos, a maneira como se expressa habitualmente, o nível de desconfiança e competitividade, a capacidade para executar planos e projetos e a maneira como reage quando se sente pressionado. 
É importante observar as mudanças de personalidade com a doença.
7. Exame físico
Deve ser feito de rotina, visando verificar se os sinais e sintomas estão associados a condições orgânicas ou psiquiátricas.
8. EXAME DO ESTADO MENTAL
O exame do estado mental é uma avaliação do funcionamento mental do paciente, no momento do exame, com base nas observações que foram feitas durante a entrevista. Assim, ele pode variar de um momento para outro, em função de mudanças na psicopatologia do paciente. 
Com o objetivo de facilitar a descrição, o exame do estado mental é organizado por áreas (p.ex., pensamento, senso-percepção, afeto, etc.), embora exista uma grande inter-relação entre estas diferentes áreas.
· APRESENTAÇÃO GERAL
Trata-se de uma descrição da impressão geral advinda da aparência física, da atitude e conduta do paciente na interação com o entrevistador.
>> Aparência - A descrição deve permitir formar uma imagem sobre o paciente, de forma a reconhecê-lo, englobando: 
· aparência quanto à idade e à saúde;
· a presença de deformidades e peculiaridades físicas; 
· o modo de vestir-se e os cuidados pessoais, incluindo ordem, asseio e excentricidades; 
· a expressão facial, através da mímica e enquanto sinais sugestivos de doença orgânica, depressão, ansiedade, alegria exagerada ou sem motivo aparente.
>> Psicomotricidade 
· o comportamento e atividade motora, envolvendo a velocidade e intensidade da mobilidade geral na marcha, quando sentado e na gesticulação;
· a atividade motora, incluindo a agitação (hiperatividade) ou retardo (hipoatividade), a presença de tremores, estereotipias, maneirismos (movimentos involuntários estereotipados), tiques (movimentos involuntários e espasmódicos); 
· a presença de sinais característicos de catatonia (anomalias motoras em distúrbios não orgânicos), como flexibilidade cérea (manutenção de posturas impostas por outros), obediência automática, resistência passiva e ativa, negativismo (resistência imotivada), estupor (lentificação motora, imobilidade) e catalepsia (manutenção de uma posição imóvel).
>> Situação da entrevista/interação - Deve-se descrever as condições em que a entrevista ocorreu abrangendo: 
· o local; 
· a presença de outros participantes 
· intercorrências eventuais
Quanto à interação, deve-se descrever a disponibilidade e interesse frente à entrevista, destacando-se: cooperação, oposição, tendência a conduzir a entrevista, indiferença, negativismo frente ao exame.
· LINGUAGEM E PENSAMENTO
O examinador tem um acesso indireto ao pensamento do paciente, através do discurso do mesmo durante a entrevista. Assim, a linguagem e o pensamento são avaliados conjuntamente, nesta parte do exame, segundo os seguintes aspectos:
1- Características da fala 
Deve ser anotado se a fala é espontânea, se ocorre apenas em resposta à estimulação ou não ocorre (mutismo). Descreve-se, também, o volume da fala e se ocorre algum defeito na verbalização, tais como: afasia (prejuízo na compreensão ou transmissão de ideias, através da linguagem), disartria (incapacidade na articulação das palavras), gagueira, rouquidão, etc.
2 - Progressão da fala 
Deve ser observada a quantidade e a velocidade da verbalização do paciente, durante a entrevista. Algumas alterações possíveis são listadas abaixo: - Linguagem quantitativamente diminuída - o paciente restringe sua fala ao mínimo necessário, com respostas monossilábicas ou muito sucintas, sem sentenças ou comentários adicionais. - Fluxo lento - são notadas longas pausas entre as palavras e/ou latência para iniciar uma resposta. - Prolixidade - o paciente fala muito, discorrendo longamente sobre todos os tópicos, porém ainda dentro dos limites de uma conversação normal. - Fluxo acelerado - o paciente fala, continuamente, e com velocidade aumentada. O examinador, geralmente, encontra dificuldade ou não consegue interromper o discurso do paciente.
3 - Forma do pensamento 
Neste item, deve ser examinada a organização formal do pensamento, sua continuidade e eficácia em atingir um determinado objetivo. Alguns distúrbios observados neste item são: 
· Circunstancialidade - o objetivo final de uma determinada fala é longamente adiado, pela incorporação de detalhes irrelevantes e tediosos. 
· Tangencialidade- o objetivo da fala não chega a ser atingido ou não é claramente definido. O paciente afasta-se do tema que está sendo discutido, introduzindo pensamentos aparentemente não relacionados, dificultando uma conclusão. 
· Perseveração - o paciente repete a mesma resposta à uma variedade de questões, mostrando uma incapacidade de mudar sua resposta a uma mudança de tópico. 
· Fuga de ideias - ocorre sempre na presença de um pensamento acelerado e caracteriza-se pelas associações inapropriadas entre os pensamentos, que passam a serem feitas pelo som ou pelo ritmo das palavras (associações ressonantes). 
· Pensamento incoerente - ocorre uma perda na associação lógica entre partes de uma sentença ou entre sentenças (afrouxamento de associações). Numa forma extrema de incoerência, observa-se uma sequência incompreensível de frases ou palavras (salada de palavras). 
· Bloqueio de pensamento - ocorre uma interrupção súbita da fala, no meio de uma sentença. Quando o paciente consegue retomar o discurso, o faz com outro assunto, sem conexão com a ideação anterior. 
· Neologismos - o paciente cria uma palavra nova e ininteligível para outras pessoas, geralmente uma condensação de palavras existentes. 
· Ecolalia - repetição de palavras ou frases ditas pelo interlocutor, às vezes com a mesma entonação e inflexão de voz.
4 - Conteúdo do pensamento 
 Neste item, investigam-se os conceitos emitidos pelo paciente durante a entrevista e sua relação com a realidade. Deve-se assinalar:
A -Tema predominante e/ou com características peculiares, tais como:
· Ansiosos - preocupações exageradas consigo mesmo, com os outros ou com o futuro. 
· Depressivos - desamparo, desesperança, ideação suicida, etc. 
· Fóbico - medo exagerado ou patológico diante de algum tipo de estímulo ou situação. 
· Obsessivos - pensamentos recorrentes, invasivos e sem sentido, que a pessoa reconhece como produtos de sua própria mente e tenta afastá-los da consciência. Podem ser acompanhados de comportamentos repetitivos, reconhecidos como irracionais, que visam neutralizar algum desconforto ou situação temida (Compulsões).
B - Logicidade do pensamento, ou o quanto o pensamento pode ser sustentado por dados da realidade do paciente. Alguns tipos de pensamento ilógico são descritos abaixo:
· Ideias supervalorizadas - o conteúdo do pensamento centraliza-se em torno de uma ideia particular, que assume uma tonalidade afetiva acentuada, é irracional, porém sustentada com menos intensidade que uma ideia delirante. 
· Delírios - crenças que refletem uma avaliação falsa da realidade, não são compartilhadas por outros membros do grupo sociocultural do paciente e das quais não pode ser dissuadido, através de argumentação contrária, lógica e irrefutável. 
· Os delírios podem ser descritos em função de seu grau de organização, em: 
· sistematizados (relacionados a um único tema, mantendo uma lógica interna, ainda que baseada em premissas falsas, o que pode conferir maior credibilidade) 
· não sistematizados (quando envolvem vários temas, são mais desorganizados e pouco convincentes). 
5 - Capacidade de abstração
Reflete a capacidade de formular conceitos e generalizações. A incapacidade de abstração é referida como pensamento concreto. Este item pode ser avaliado, através da observação de algumas manifestações espontâneas, durante a entrevista (p.ex., diante da pergunta “como vai” o paciente responde “vou de ônibus”), ou através da solicitação para que o paciente interprete provérbios habituais para sua cultura.
· SENSO – PERCEPÇÃO
O examinador deverá avaliar se as sensações e percepções do paciente resultam da estimulação esperada dos correspondentes órgãos do sentido. Para isso, pode valer-se de relatos espontâneos de percepções alteradas; da observação de comportamentos sugestivos de percepções, na ausência de estímulos externos (conversar consigo mesmo, rir sem motivo, olhar repentinamente em determinada direção, na ausência de estímulo aparente); ou, ainda, pode formular perguntas diretas sobre tais alterações (p.ex., “Você já teve experiências estranhas, que a maioria das pessoas não costumam ter?” “Você já ouviu barulhos ou vozes, que outras pessoas, estando próximas, não conseguiram ouvir?”). 
As principais alterações da senso-percepção são comentadas abaixo: 
· Despersonalização: refere-se à sensação de estranheza, como se seu corpo, ou partes dele não lhe pertencessem, ou fossem irreais. 
· Desrealização: o ambiente ao redor parece estranho e irreal, como se “as pessoas ao seu redor estivessem desempenhando papéis”. 
· Ilusão: interpretação perceptual alterada, resultante de um estímulo externo real. 
· Alucinações: percepção sensorial na ausência de estimulação externa do órgão sensorial envolvido. As alucinações podem ser: 
· auditivas (sons ou vozes; as vozes podem dirigir-se ao paciente ou discutirem entre si sobre ele)
· visuais (luzes ou vultos até cenas em movimento, nítidas e complexas), 
· táteis (toque, calor, vibração, dor, etc.)
· olfatórias 
· gustativas. 
· AFETIVIDADE E HUMOR
A avaliação do afeto inclui a expressividade, o controle e a adequação das manifestações de sentimentos, envolvendo a intensidade, a duração, as flutuações do humor e seus componentes somáticos. 
Considera-se humor a tonalidade de sentimento mantido pelo paciente durante a avaliação. Para a avaliação desta função considera-se: 
· o conteúdo verbalizado; 
· o que se observa ou se deduz do tom de voz, da expressão facial, da postura corporal; 
· a maneira como o paciente relata experimentar os próprios sentimentos, o que pode requerer um questionamento específico sobre “como os sentimentos são experimentados”, 
· o relato de oscilações e variações de humor no curso do dia.
· Tonalidade emocional: avalia-se a tonalidade emocional predominante durante a entrevista, observando-se a presença e a intensidade de manifestações de: ansiedade, pânico, tristeza, depressão, apatia, hostilidade, raiva, euforia, exaltação, desconfiança, ambivalência, perplexidade, indiferença, embotamento afetivo (virtualmente, sem expressão afetiva, p. ex. voz monótona, face imóvel). 
· Modulação: Refere-se ao controle sobre os afetos, deve-se observar a presença de hipomodulação, associada à rigidez afetiva, caracterizada pela manutenção de uma certa fixidez no afeto externalizado, e de hipermodulação, associada à labilidade afetiva, caracterizada por marcadas oscilações no humor manifesto. 
· Associação pensamento/afeto: A avaliação da relação do conteúdo do pensamento ao afeto manifesto constitui-se em ponto importante, devendo-se considerar: o nível de associação / dissociação e a adequação / inadequação das manifestações, para tal deve-se levar em conta a temática e o contexto na qual ela está inserida. 
· Equivalentes orgânicos: Os equivalentes ou concomitantes orgânicos do afeto devem ser avaliados com base nas alterações do apetite, peso, sono e libido.
É importante observar na avaliação desta a função, a presença de manifestações ou risco de auto e heteroagressividade, tais como ideias ou planos de suicídio, ou ainda ideias ou projetos de homicídio ou agressão voltada para o meio.
· ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO
Na avaliação é considerada a capacidade de focalizar e manter a atenção em uma atividade, envolvendo a atenção/distração, frente aos estímulos externos ou internos. Esta função quando prejudicada interfere, diretamente, no curso da entrevista, requerendo que o entrevistador repita as perguntas feitas. 
A avaliação pode envolver, além da observação da própria situação de entrevista, a proposição de tarefas/ testes simples como: 
· dizer os dias da semana e os meses do ano em uma dada ordem proposta pelo entrevistador
· realizar cálculos simples. 
· MEMÓRIA
A memória começa ser avaliada durante a obtenção da história clínica do paciente, com a verificação de como ele se recorda de situações da vida pregressa, tais como, onde estudou, seu primeiro emprego, perguntas sobre pessoas significativas de sua vida passada, tratamentos anteriores, etc. 
A memória pode ser avaliada, também,através de testes específicos, alguns deles bastante simples, e que podem ser introduzidos numa entrevista psiquiátrica habitual. A investigação da memória é, particularmente, importante quando se suspeita de quadros de etiologia orgânica. Habitualmente, divide-se a avaliação da memória em três tipos: 
· Memória Remota: avalia a capacidade de recordar-se de eventos do passado, podendo ser avaliada durante o relato feito pelo paciente, de sua própria história.
· Memória Recente: avalia a capacidade de recordar-se de eventos que ocorreram nos últimos dias, que precederam a avaliação. Para esta avaliação o examinador pode perguntar sobre eventos verificáveis dos últimos dias, tais como: o que o paciente comeu numa das refeições anteriores, o que viu na TV na noite anterior, etc. 
· Memória Imediata: avalia a capacidade de recordar-se do que ocorreu nos minutos precedentes. Pode ser testada, pedindo-se ao paciente que memorize os nomes de três objetos não relacionados e depois de 5 minutos, durante os quais se retomou a entrevista normal, solicitando-se que o paciente repita esses três nomes.
· ORIENTAÇÃO
A avaliação envolve aspectos auto e alopsíquicos. 
· Autopsquica: Os aspectos autopsíquicos se caracterizam pelo reconhecimento de si envolvendo: 
· saber o próprio nome; 
· reconhecer as pessoas do seu meio imediato, através de seu nome ou de seu papel social 
· saber quem é o entrevistador. 
· Alopsquica: Com relação aos aspectos alopsiquícos são avaliados:
· a orientação no tempo, englobando saber informar - o ano, o mês, o dia da semana, o período do dia, ou ainda a estação do ano, ou marcos temporais como Natal/ Carnaval/ Páscoa; 
· a orientação no espaço envolve saber informar onde se encontra no momento, nomeando o lugar, a cidade e o estado.
· CONSCIÊNCIA
Neste item, deve ser registrado o nível de consciência do paciente, dentro do contínuo que vai desde o estado de consciência plena (percebe o que ocorre a sua volta e responde à essa percepção) até o coma (não responde à estimulação em diferentes graus). 
Esta avaliação decorre do contacto com o paciente durante a entrevista. Algumas alterações de consciência são descritas abaixo: 
· Sonolência: lentificação geral dos processos ideacionais, com predisposição para dormir, na ausência de estimulação. 
· Obnubilação da consciência: diminuição do nível de vigília, acompanhado de dificuldade em focalizar a atenção e manter um pensamento ou comportamento objetivo. 
· Estupor: permanece em mutismo e sem movimentos, com preservação relativa da consciência. 
· Delirium: quadro agudo caracterizado por diminuição do nível de vigília, acompanhado de alterações cognitivas (desorientação, déficits de memória) ou perceptuais (ilusões e alucinações). 
· Estado crepuscular: estreitamento da consciência, podendo manter comportamentos motores relativamente organizados, na ausência de um estado de consciência plena. Ocorre, predominantemente, em estados epilépticos.
2 – Caracterizar as etapas da formação da personalidade e identificar seus principais transtornos
a) FREUD
Etapas do desenvolvimento da personalidade segundo Freud
De acordo com a teoria da personalidade de Freud, o desenvolvimento da personalidade é dividida em cinco etapas ou fases que são identificadas com as zonas erógenas, os órgãos nos quais o prazer sexual, a energia e a libido das pessoas são focalizados.
Etapa oral (0-1 ano)
É a primeira etapa do desenvolvimento que começa no nascimento e dura até o primeiro ano de vida das pessoas. Nesta etapa ou fase, o prazer é encontrado na boca e é obtido com atividades de sucção, de chupar, de comer ou de morder. Normalmente é relacionada com o ato de mamar, morder objetos, entre outros. A correta evolução dessa etapa depende das experiências agradáveis e seguras que as crianças experimentam durante esse período. Assim, segundo Freud, um grande exemplo de trauma vivenciado nessa situação que pode provocar uma fixação nessa etapa é o fato de interromper a amamentação antes do previsto ou amamentar por mais tempo que o necessário. 
Etapa anal (1-3 anos)
Essa etapa começa ao um ano e termina aos 3 anos. É caracterizada por ser a etapa na qual a fonte de prazer é encontrada no ânus, portanto, está relacionada com atividades agradáveis do controle dos esfíncteres (incluindo também a bexiga), como reter e/ou expulsar fezes. Segundo Freud, nessa etapa podem surgir dois inconvenientes se a evolução adequada não for seguida: por um lado, as crianças podem apresentar uma grande retenção de fezes, levando a constipação e, consequentemente, desenvolver um caráter teimoso. Por outro lado, as crianças podem se rebelar e expulsar as fezes em momentos inoportunos e, consequentemente, desenvolver um caráter mais destrutivo.
Etapa fálica (3-6 anos)
A terceira etapa do desenvolvimento, de acordo com Freud, começa aos 3 anos e termina aos 6 anos, e a fonte de prazer é focada nos órgãos genitais (no caso da mulher, no clitóris, comparada à etapa clitoridiana). Essa etapa está relacionada com o prazer que as crianças sentem com o exibicionismo dos seus genitais e o interesse pelos genitais do sexo oposto e o próprio. No início dessa etapa, as pessoas mostram um grande interesse autoerótico, mas com o passar do tempo, o foco de interesse muda para os pais, levando em consideração o complexo de Édipo.
Assim, o complexo de Édipo é caracterizado pela busca de satisfação no progenitor do sexo oposto, embora também apareça um interesse para o progenitor do mesmo sexo, em relação à superar sua rivalidade. É comum que as crianças, nessa etapa, busquem contato corporal, carícias, se masturbem ou criem fantasias em relação ao que as pessoas mais velhas fazem. No entanto, chega um momento em que o complexo de Édipo entra em um estado de liquidação, onde pequenas diferenças são encontradas entre meninos e meninas.
Etapa de latência (5-12 anos)
Essa etapa começa aos cinco anos e termina aos doze, a idade aproximada em que a puberdade começa. Nessa etapa, os impulsos sexuais permanecem adormecidos, ou seja, há uma supressão temporal do instinto sexual nas crianças durante esse período. Nesse sentido, essa etapa é caracterizada por não ter uma área específica onde o prazer está focalizado.
Etapa genital (puberdade e maturidade)
Essa é a última etapa do desenvolvimento, segundo Freud, e é acompanhada por mudanças físicas, psíquicas e emocionais próprias da idade. A zona erógena na qual o prazer é focado é novamente os genitais, embora, neste caso, as pessoas já tenham a capacidade de expressar a sexualidade em função do consenso e do vínculo com as outras pessoas. Em outras palavras, poderíamos dizer que se trata da sexualidade adulta e madura. Essa etapa é caracterizada pelo surgimento, novamente, dos interesses sexuais e de satisfação, atividades sexuais começam e a organização e a maturidade sexual são produzidos. Finalmente, cabe destacar que nessa etapa são desencadeados aspectos como a amabilidade, afetuosidade, receptividade, segurança, aptidão, capacidade de compreensão e apreciação do bem-estar dos outros, a inclinação para colaborar com outras pessoas, etc.
b) Erik H. Erikson
3 – Descrever a definição de saúde mental pela OMS e identificar os fatores que influenciam na saúde mental
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS):
Saúde mental refere-se a um bem estar no qual o indivíduo desenvolve suas habilidades pessoais, consegue lidar com os estresses da vida, trabalha de forma produtiva e encontra-se apto a dar sua contribuição para sua comunidade.
Não existe, porém, uma definição oficial para o conceito de saúde mental, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
O termo está relacionado à forma como uma pessoa reage às exigências, desafios e mudanças da vida e ao modo como harmoniza suas ideias e emoções. Diariamente, vivenciamos uma série de emoções, boas ou ruins, mas que fazem parte da vida. 
Como lidamos com essas emoções é o que determina como está a qualidade da nossa saúde mental.
Podemos dizer que a saúde mental contempla, entre tantos fatores, a nossacapacidade de sensação de bem-estar e harmonia, a nossa habilidade em manejar de forma positiva as adversidades e conflitos, o reconhecimento e respeito dos nossos limites e deficiências, nossa satisfação em viver, compartilhar e se relacionar com os outros e a comunidade. 
Determinantes da saúde mental
Múltiplos fatores sociais, psicológicos e biológicos determinam o nível de saúde mental de uma pessoa. Por exemplo, as pressões socioeconômicas contínuas são reconhecidas como riscos para a saúde mental de indivíduos e comunidades. A evidência mais clara está associada aos indicadores de pobreza, incluindo baixos níveis de escolaridade.
Uma saúde mental prejudicada também está associada as rápidas mudanças sociais, condições de trabalho estressantes, traumas vividos, discriminação de gênero, exclusão social, estilo de vida não saudável, risco de violência, fatores genéticos, problemas físicos de saúde e violação dos direitos humanos.
Há também fatores psicológicos e de personalidade específicos que tornam as pessoas vulneráveis aos transtornos mentais. Por último, há algumas causas biológicas, incluindo fatores genéticos, que contribuem para desequilíbrios químicos no cérebro, segundo a OMS.
4 – Citar os transtornos de personalidade e sua epidemiologia e tratamento
Existem os transtornos de personalidade do grupo A, B, C!
Grupo A: paranoides, esquizoides e esquizotipicos
Grupo B: histriônicos, narcísicos, antissociais e boderline
Grupo C: Obsessivos compulsivos, dependentes e evitativo
· Transtorno da Personalidade Paranoide
Critérios Diagnósticos: 
A. Um padrão de desconfiança e suspeita difusa dos outros, de modo que suas motivações são interpretadas como malévolas, que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:
1. Suspeita, sem embasamento suficiente, de estar sendo explorado, maltratado ou enganado por outros. 
2. Preocupa-se com dúvidas injustificadas acerca da lealdade ou da confiabilidade de amigos e sócios. 
3. Reluta em confiar nos outros devido ao medo infundado de que as informações serão usadas maldosamente contra si. 
4. Percebe significados ocultos humilhantes ou ameaçadores em comentários ou eventos benignos. 
5. Guarda rancores de forma persistente (i.e., não perdoa insultos, injúrias ou desprezo). 
6. Percebe ataques a seu caráter ou reputação que não são percebidos pelos outros e reage com raiva ou contra-ataca rapidamente.
7. Tem suspeitas recorrentes e injustificadas acerca da fidelidade do cônjuge ou parceiro sexual. 
B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos ou outro transtorno psicótico e não é atribuível aos efeitos fisiológicos de outra condição médica.
	Indivíduos com transtorno da personalidade paranoide são geralmente de difícil convivência e apresentam frequentes problemas nos relacionamentos íntimos.
Prevalência de 2,3% a 4,4%. 
	O transtorno da personalidade paranoide pode aparecer pela primeira vez na infância e adolescência por meio de solidão, relacionamento ruim com os colegas, ansiedade social, baixo rendimento escolar, hipersensibilidade, pensamentos e linguagem peculiares e fantasias idiossincrásicas. Essas crianças podem parecer “estranhas” ou “excêntricas” e atrair provocações. Em amostras clínicas, esse transtorno parece ser mais comumente diagnosticado no sexo masculino.
	TRATAMENTO 
· Psicoterapia. A psicoterapia é o tratamento recomendado para indivíduos com transtorno da personalidade paranoide. Terapeutas devem tratar esses pacientes sempre de forma direta.
· Farmacoterapia. A farmacoterapia é útil para lidar com agitação e ansiedade. Na maioria dos casos, um agente ansiolítico como diazepam é o suficiente. Pode ser necessário, no entanto, usar um antipsicótico como haloperidol em pequenas doses e durante períodos curtos de tempo para o manejo de agitação grave ou pensamento quase delirante. O fármaco antipsicótico pimozida reduziu a ideação paranoide com sucesso em alguns pacientes.
· Transtorno da Personalidade Esquizoide 
Critérios Diagnósticos
A. Um padrão difuso de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão de emoções em contextos interpessoais que surgem no início da vida adulta e estão presentes em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:
1. Não deseja nem desfruta de relações íntimas, inclusive ser parte de uma família. 
2. Quase sempre opta por atividades solitárias. 
3. Manifesta pouco ou nenhum interesse em ter experiências sexuais com outra pessoa. 
4. Tem prazer em poucas atividades, por vezes em nenhuma.
5. Não tem amigos próximos ou confidentes que não sejam os familiares de primeiro grau.
6. 
7. Mostra-se indiferente ao elogio ou à crítica de outros.
8. Demonstra frieza emocional, distanciamento ou embotamento afetivo. 
	Suas vidas parecem por vezes sem rumo, e eles podem aparentar estar “à deriva” em relação a seus objetivos. O funcionamento profissional pode estar prejudicado, em especial quando há necessidade de envolvimento interpessoal; podem, entretanto, ser bem-sucedidos quando trabalham em condições de isolamento social.
		
TRATAMENTO
Psicoterapia. O tratamento de pacientes com transtorno da personalidade esquizoide é semelhante àquele para indivíduos com transtorno da personalidade paranoide. Pessoas esquizoides têm tendência a introspecção; contudo, essas tendências são consistentes com as expectativas do psicoterapeuta, e esses pacientes podem se tornar devotados, ainda que distantes. Com o desenvolvimento de confiança, o paciente esquizoide pode, com bastante apreensão, revelar uma abundância de fantasias, amigos imaginários e temores de dependência insuportáveis – até mesmo de se fundir ao terapeuta.
Farmacoterapia. A farmacoterapia com pequenas doses de antipsicóticos, antidepressivos e psicoestimulantes beneficia alguns pacientes. Agentes serotonérgicos podem deixar o paciente menos sensível a rejeição. Benzodiazepínicos podem ajudar a diminuir a ansiedade interpessoal
· Transtorno da Personalidade Esquizotípica 
Critérios Diagnósticos
A. Um padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade reduzida para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico, que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 
1. Ideias de referência (excluindo delírios de referência).
2. Crenças estranhas ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são inconsistentes com as normas subculturais (p. ex., superstições, crença em clarividência, telepatia ou “sexto sentido”; em crianças e adolescentes, fantasias ou preocupações bizarras).
3. Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões corporais.
4. Pensamento e discurso estranhos (p. ex., vago, circunstancial, metafórico, excessivamente elaborado ou estereotipado).
5. Desconfiança ou ideação paranoide.
6. Afeto inadequado ou constrito.
7. Comportamento ou aparência estranha, excêntrica ou peculiar.
8. Ausência de amigos próximos ou confidentes que não sejam parentes de primeiro grau.
9. Ansiedade social excessiva que não diminui com o convívio e que tende a estar associada mais a temores paranoides do que a julgamentos negativos sobre si mesmo.
	De 30 a 50% dos indivíduos diagnosticados com esse transtorno têm um diagnóstico simultâneo de transtorno depressivo maior quando avaliados em um contexto clínico. 
	 
TRATAMEMTO
Psicoterapia. Os princípios de tratamento do transtorno da personalidade esquizotípica não diferem dos usados no tratamento do transtorno da personalidade esquizoide, mas o clínico deve lidar com o primeiro com maior sensibilidade. Esses pacientes apresentam padrões de pensamento peculiares, e alguns estão envolvidos em cultos, estranhas práticas religiosas e o ocultismo. O terapeuta não deve ridicularizar essas peculiaridades nem criticar essas crenças ou atividades. 
Farmacoterapia.Medicamentos antipsicóticos podem ser úteis para lidar com ideias de referência, ilusões e outros sintomas do transtorno e ser usados em conjunto com psicoterapia. Antidepressivos são válidos quando houver um componente depressivo da personalidade.
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE DO GRUPO B 
· Transtorno da Personalidade Antissocial 
Critérios Diagnósticos
A. Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas que ocorre desde os 15 anos de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos seguintes:
1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais, conforme indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção.
2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes falsos ou de trapaça para ganho ou prazer pessoal. 
3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro.
4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou agressões físicas.
5. Descaso pela segurança de si ou de outros. 
6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras.
7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em relação a ter ferido, maltratado ou roubado outras pessoas. 
B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade. 
C. Há evidências de transtorno da conduta com surgimento anterior aos 15 anos de idade. 
D. A ocorrência de comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou transtorno bipolar.
	Indivíduos com transtorno da personalidade antissocial frequentemente carecem de empatia e tendem a ser insensíveis, cínicos e desdenhosos em relação aos sentimentos, direitos e sofrimentos dos outros. 
TRATAMENTO 
Psicoterapia. Caso sejam confinados (p. ex., internados em um hospital), pacientes com transtorno da personalidade antissocial frequentemente se tornam receptivos a psicoterapia. Quando o indivíduo sente que está entre pares, sua falta de motivação para mudança desaparece. Talvez, por esse motivo, grupos de mútua ajuda são mais úteis do que o cárcere para atenuar o transtorno. Antes que o tratamento possa ter início, é fundamental estabelecer limites firmes. 
Farmacoterapia. A farmacoterapia é usada para lidar com sintomas incapacitantes como ansiedade, raiva e depressão, mas, como os pacientes com frequência abusam de substâncias, os fármacos devem ser usados de forma criteriosa. Caso um paciente mostre evidências de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, psicoestimulantes como metilfenidato podem ser úteis. Foram realizadas tentativas de alterar o metabolismo de catecolamina com fármacos e de controlar o comportamento impulsivo com antiepilépticos, como carbamazepina ou valproato, por exemplo, especialmente quando foram identificadas formas de onda anormais no EEG. Antagonistas dos receptores β-adrenérgicos foram usados para reduzir agressividade.
· Transtorno da Personalidade Borderline 
Critérios Diagnósticos
Um padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos e de impulsividade acentuada que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
1. Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado. 
2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização. 
3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo.
4. Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (p. ex., gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar).
5. Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante.
6. Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor (p. ex., disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas raramente de mais de alguns dias).
7. Sentimentos crônicos de vazio.
8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (p. ex., mostras frequentes de irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes).
9. Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos.
	Indivíduos com transtorno da personalidade borderline podem ter um padrão de sabotagem pessoal no momento em que uma meta está para ser atingida (p. ex., abandono da escola logo antes da formatura; regressão grave após conversa sobre os bons rumos da terapia; destruição de um relacionamento bom exatamente quando está claro que ele pode durar). Alguns indivíduos desenvolvem sintomas semelhantes à psicose em momentos de estresse. 
	Abuso físico e sexual, negligência, conflito hostil e perda parental prematura são mais comuns em histórias de infância daqueles com o transtorno da personalidade borderline.
Dos 30 aos 50 anos, a maioria dos indivíduos com o transtorno alcança estabilidade maior nos seus relacionamentos e no seu funcionamento profissional.
TRATAMENTO 
Psicoterapia. A psicoterapia para pacientes com transtorno da personalidade borderline é uma área intensamente pesquisada e se tornou o tratamento recomendado. Para a obtenção de melhores resultados, acrescentou-se farmacoterapia ao regime de tratamento.
Farmacoterapia. A farmacoterapia é útil para lidar com características específicas da personalidade que interferem no funcionamento geral do paciente. Usaram-se antipsicóticos para controlar raiva, hostilidade e episódios psicóticos breves. Antidepressivos melhoram o humor deprimido comum em indivíduos com transtorno da personalidade borderline. Inibidores da MAO (IMAOs) modularam com sucesso o comportamento impulsivo em alguns pacientes. Benzodiazepínicos, especialmente alprazolam, ajudam com ansiedade e depressão, mas alguns pacientes exibem desinibição com essa classe de fármacos. Anticonvulsivantes, como carbamazepina, podem melhorar o funcionamento global de algumas pessoas. Agentes serotonérgicos, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), foram úteis em alguns casos.
· Transtorno da Personalidade Histriônica 
Critérios Diagnósticos
A. Um padrão difuso de emocionalidade e busca de atenção em excesso que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 
1. Desconforto em situações em que não é o centro das atenções.
2. A interação com os outros é frequentemente caracterizada por comportamento sexualmente sedutor inadequado ou provocativo.
3. Exibe mudanças rápidas e expressão superficial das emoções.
4. Usa reiteradamente a aparência física para atrair a atenção para si.
5. Tem um estilo de discurso que é excessivamente impressionista e carente de detalhes.
6. Mostra autodramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções 
7. É sugestionável (i.e., facilmente influenciado pelos outros ou pelas circunstâncias).
8. Considera as relações pessoais mais íntimas do que na realidade são.
	Indivíduos com transtorno da personalidade histriônica podem ter dificuldades em alcançar intimidade emocional em relacionamentos românticos ou sexuais. Sem se dar conta disso, costumam desempenhar um papel (p. ex., “vítima” ou “princesa”) em suas relações com os outros. Podem buscar controlar seu parceiro por meio de manipulação emocional ou sedução em um nível, ao mesmo tempo que mostram dependência acentuada deles em outro nível.
	Indivíduos com esse transtorno geralmente têm relacionamentos difíceis com amigos do mesmo sexo, pois seu estilo interpessoal sexualmente provocativo pode parecer uma ameaça aos relacionamentos afetivos destes. Esses indivíduos podem também afastar os amigos com exigências de atenção constante. Com frequência ficam deprimidos e aborrecidos quando não são o centro das atenções.
	Podem buscar obstinadamente novidades, estímulos e excitação e ter tendência a entediar-se com a rotina. 
TRATAMENTO 
Psicoterapia.Pacientes com transtorno da personalidade histriônica costumam não estar cientes de seus próprios sentimentos reais; a clarificação de seus sentimentos interiores é um processo terapêutico importante. Psicoterapia e orientação psicanalítica, em grupo ou individual, provavelmente seja o tratamento mais indicado para essas pessoas. 
Farmacoterapia. A farmacoterapia pode funcionar como tratamento adjunto quando direcionada aos sintomas (p. ex., uso de antidepressivos para depressão e queixas somáticas, agentes ansiolíticos para ansiedade, e antipsicóticos para desrealização e ilusões).
· Transtorno da Personalidade Narcisista 
Critérios Diagnósticos
A. Um padrão difuso de grandiosidade (em fantasia ou comportamento), necessidade de admiração e falta de empatia que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 
1. Tem uma sensação grandiosa da própria importância (p. ex., exagera conquistas e talentos, espera ser reconhecido como superior sem que tenha as conquistas correspondentes).
2. É preocupado com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor ideal.
3. Acredita ser “especial” e único e que pode ser somente compreendido por, ou associado a outras pessoas (ou instituições) especiais ou com condição elevada. 
4. Demanda admiração excessiva.
5. Apresenta um sentimento de possuir direitos (i.e., expectativas irracionais de tratamento especialmente favorável ou que estejam automaticamente de acordo com as próprias expectativas).
6. É explorador em relações interpessoais (tira vantagem de outros para atingir os próprios fins).
7. Carece de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e as necessidades dos outros.
8. É frequentemente invejoso em relação aos outros ou acredita que os outros o invejam.
9. Demonstra comportamentos ou atitudes arrogantes e insolentes.
TRATAMENTO 
Psicoterapia. Visto que os pacientes precisam renunciar a seu narcisismo para progredir, o tratamento do transtorno da personalidade narcisista é difícil. Alguns clínicos defendem terapia de grupo para que seus pacientes aprendam a compartilhar e, sob circunstâncias ideais, possam desenvolver uma reação empática com os outros. 
Farmacoterapia. Usou-se lítio em pacientes cujo quadro clínico incluía mudanças de humor. Uma vez que os pacientes com transtorno da personalidade narcisista têm baixa tolerância à rejeição e são suscetíveis a depressão, antidepressivos, especialmente fármacos serotonérgicos podem ser úteis.
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE DO GRUPO C 
· Transtorno da Personalidade Evitativa 
Critérios Diagnósticos
A. Um padrão difuso de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliação negativa que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:
1. Evita atividades profissionais que envolvam contato interpessoal significativo por medo de crítica, desaprovação ou rejeição.
2. Não se dispõe a envolver-se com pessoas, a menos que tenha certeza de que será recebido de forma positiva.
3. Mostra-se reservado em relacionamentos íntimos devido a medo de passar vergonha ou de ser ridicularizado.
4. Preocupa-se com críticas ou rejeição em situações sociais.
5. Inibe-se em situações interpessoais novas em razão de sentimentos de inadequação.
6. Vê a si mesmo como socialmente incapaz, sem atrativos pessoais ou inferior aos outros.
7. Reluta de forma incomum em assumir riscos pessoais ou se envolver em quaisquer novas atividades, pois estas podem ser constrangedoras.
Esses indivíduos se sentem muito ansiosos diante da possibilidade de reagirem à crítica com rubor ou choro. São descritos pelas outras pessoas como “envergonhados”, “tímidos”, “solitários” e “isolados”. 
	O transtorno da personalidade evitativa é frequentemente diagnosticado junto ao transtorno da personalidade dependente, visto que as pessoas com o transtorno da personalidade evitativa ficam muito apegadas e dependentes em relação àquelas poucas pessoas de quem são amigas. 
TRATAMENTO 
Psicoterapia. O tratamento psicoterapêutico depende da solidificação de uma aliança com o paciente. Com o desenvolvimento da confiança, o terapeuta pode transmitir uma atitude de aceitação dos temores do paciente, especialmente o medo de rejeição. O terapeuta, por fim, encoraja-o a sair para o mundo e assumir o que parecem ser riscos enormes de humilhação, rejeição e fracasso. Contudo, o profissional deve ser cauteloso ao estabelecer tarefas para exercitar novas habilidades sociais fora da terapia; o fracasso pode reforçar uma autoestima já fraca. A terapia de grupo pode ajudar o paciente a compreender como sua sensibilidade a rejeição o afeta e atinge os outros. 
Farmacoterapia. Usa-se farmacoterapia para o manejo de ansiedade e depressão quando são associadas ao transtorno. Alguns pacientes se beneficiam de antagonistas de receptores β-adrenérgicos, como atenolol, para o manejo de hiperatividade do sistema nervoso autônomo, propensa a ser elevada em indivíduos com transtorno da personalidade evitativa, em especial quando lidam com situações que lhes inspiram temor. Agentes serotonérgicos podem ajudar com a sensibilidade a rejeição. Em teoria, fármacos dopaminérgicos podem gerar comportamento de busca por novidades; entretanto, o indivíduo deve estar psicologicamente preparado para os possíveis resultados de novas experiências.
· Transtorno da Personalidade Dependente 
Critérios Diagnósticos
A. Uma necessidade difusa e excessiva de ser cuidado que leva a comportamento de submissão e apego que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
1. Tem dificuldades em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva de conselhos e reasseguramento de outros.
2. Precisa que outros assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas de sua vida.
3. Tem dificuldades em manifestar desacordo com outros devido a medo de perder apoio ou aprovação. 
4. Apresenta dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (devido mais a falta de autoconfiança em seu julgamento ou em suas capacidades do que a falta de motivação ou energia). 
5. Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar-se para fazer coisas desagradáveis.
6. Sente-se desconfortável ou desamparado quando sozinho devido a temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si mesmo.
7. Busca com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após o término de um relacionamento íntimo.
8. Tem preocupações irreais com medos de ser abandonado à própria sorte.
TRATAMENTO
Psicoterapia. O tratamento do transtorno da personalidade dependente costuma ser bem-sucedido. Terapias voltadas para o insight possibilitam ao paciente compreender os antecedentes de seu comportamento e, com o apoio de um terapeuta, ele pode se tornar mais independente, assertivo e autossuficiente. Terapia comportamental, treinamento de assertividade, terapia de família e terapia de grupo foram todas usadas com resultados bem-sucedidos em diversos casos.
Farmacoterapia. Tem-se usado farmacoterapia para lidar com sintomas específicos, como ansiedade e depressão, que são características comumente associadas a esse transtorno. Pacientes que experimentam ataques de pânico ou que têm níveis elevados de ansiedade de separação podem ser beneficiados do uso de imipramina. Benzodiazepínicos e agentes serotonérgicos também foram úteis. Caso a depressão de um paciente ou os sintomas de abstinência reajam a psicoestimulantes, eles podem ser usados.
· Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva 
Critérios Diagnósticos
A. Um padrão difuso de preocupação com ordem, perfeccionismo e controle mental e interpessoal à custa de flexibilidade, abertura e eficiência que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:
1. É tão preocupado com detalhes, regras, listas, ordem,organização ou horários a ponto de o objetivo principal da atividade ser perdido.
2. Demonstra perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas (p. ex., não consegue completar um projeto porque seus padrões próprios demasiadamente rígidos não são atingidos).
3. É excessivamente dedicado ao trabalho e à produtividade em detrimento de atividades de lazer e amizades (não explicado por uma óbvia necessidade financeira).
4. É excessivamente consciencioso, escrupuloso e inflexível quanto a assuntos de moralidade, ética ou valores (não explicado por identificação cultural ou religiosa).
5. É incapaz de descartar objetos usados ou sem valor mesmo quando não têm valor sentimental.
6. Reluta em delegar tarefas ou trabalhar com outras pessoas a menos que elas se submetam à sua forma exata de fazer as coisas.
7. Adota um estilo miserável de gastos em relação a si e a outros; o dinheiro é visto como algo a ser acumulado para futuras catástrofes.
8. Exibe rigidez e teimosia.
	Indivíduos com transtornos de ansiedade, inclusive transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de ansiedade social (fobia social) e fobias específicas, bem como transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), têm probabilidade aumentada de apresentar uma perturbação da personalidade que atenda aos critérios do transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva. Mesmo assim, parece que a maioria das pessoas com TOC não apresenta um padrão de comportamento que atenda aos critérios para esse transtorno da personalidade. 
TRATAMENTO
Psicoterapia. Diferentemente de pacientes com outros transtornos da personalidade, indivíduos com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva costumam estar cientes de seu sofrimento e buscam tratamento sozinhos. Com bastante treinamento e socialização, esses pacientes valorizam associação livre e terapia sem diretrizes.
Farmacoterapia. Clonazepam, um benzodiazepínico com uso anticonvulsivante, reduziu os sintomas em pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo. Desconhece-se sua utilidade para transtornos da personalidade. Clomipramina e agentes serotonérgicos como fluoxetina, normalmente em dosagens de 60 a 80 mg ao dia, podem ser úteis se sinais e sintomas obsessivo-compulsivos se manifestarem. A nefazodona pode beneficiar alguns pacientes.
5 – Diferenciar transtorno de personalidade de psicose e neurose
Transtornos de personalidade 
Transtornos de personalidade geralmente são padrões generalizados e persistentes de perceber, reagir e se relacionar que causam sofrimento significativo ou comprometimento funcional. Os transtornos de personalidade variam significativamente em suas manifestações, mas acredita-se que todos sejam causados por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. 
Transtornos existem quando esses traços se tornam tão pronunciados, rígidos e mal adaptativos que prejudicam o trabalho e/ou funcionamento interpessoal. Essas mal adaptações sociais podem causar sofrimento significativo em pessoas com transtornos de personalidade e naqueles em volta delas. Para pessoas com transtornos de personalidade (ao contrário de muitos outros que procuram aconselhamento), o sofrimento causado pelas consequências dos seus comportamentos socialmente mal adaptativos geralmente é a razão pela qual eles buscam tratamento, em vez de qualquer desconforto com seus próprios pensamentos e sentimentos. Assim, os médicos devem inicialmente ajudar os pacientes a ver que seus traços de personalidade são a raiz do problema.
Transtornos de personalidade geralmente começam a tornarem-se evidentes durante o final da adolescência ou início da idade adulta; embora às vezes os sinais sejam aparentes mais cedo (durante a infância). 
PSICOSE
O termo psicose tradicionalmente significa a perda do teste da realidade e comprometimento do funcionamento mental, manifestando-se por delírios, alucinações, confusão e comprometimento da memória. 
De acordo com o glossário da Associação Norte-Americana de Psiquiatria (American Psychiatric Association), o termo psicótico refere-se a um amplo comprometimento do teste da realidade. Pode ser utilizado para descrever o comportamento de um indivíduo em um determinado momento, ou um transtorno mental no qual, em algum momento do seu curso, todos os indivíduos com o transtorno apresentem tal prejuízo no teste da realidade. 
Falar em comprometimento do teste da realidade significa que o indivíduo avalia incorretamente a acuidade das suas percepções e pensamentos, realizando inferências incorretas acerca da realidade externa, ainda que em face de evidências contrárias. 
É possível que indivíduos com transtorno mental não-psicótico venham a exibir, embora mais raramente, sintomas psicóticos. Tal fato pode ser encontrado, por exemplo, em transtornos graves do humor. Neste caso há necessidade de especificar, assim, por exemplo: depressão com psicose.
No DSM-IV, os transtornos psicóticos incluem os transtornos invasivos do desenvolvimento, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno esquizoafetivo, transtorno delirante, transtorno psicótico breve, transtorno psicótico compartilhado, transtorno psicótico devido a uma condição médica geral, transtorno psicótico induzido por substância e transtorno psicótico sem outra especificação.
· SITUAÇÕES QUE SUGEREM UMA SÍNDROME PSICÓTICA:
· Surgimento mais ou menos súbito de evidentes perturbações da sensopercepção (alucinações de qualquer tipo), particularmente quando acompanhadas de alterações do conteúdo do pensamento (ideias delirantes) e do curso do pensamento (incoerência na organização das ideias), com desorientação no espaço e no tempo, em relação a outras pessoas e quanto à própria pessoa.
· Desconfiança exagerada, isolacionismo, marcado desinteresse pelas atividades sociais, hostilidade e agressividade.
· Humor triste acentuado, insônia, ideias e tentativas de suicídio, descuido da higiene pessoal, emagrecimento, ideias de ruína e autoacusação.
· Humor eufórico, insônia, excitação ou agitação psicomotora, ideias ou planos grandiosos, loquacidade extrema.
· Marcado alheamento quanto ao mundo externo, com nítido predomínio do mundo interno; embotamento afetivo, conduta bizarra ou estranha. 
Neurose
Com relação às neuroses, tem que esta psicopatologia não se manifesta por meio de uma ruptura com a realidade. Estados neuróticos incluem fobias, obsessões e compulsões, alguma depressão e amnésia. Para um grupo importante de psicanalistas, a neurose pode ser identificada como:
· a) um conflito interno entre os impulsos do Id e medos gerais do superego;
· b) a presença de impulsos sexuais;
· c) a incapacidade do ego através da influência racional e lógico para ajudar a pessoa a superar o conflito e
· d) a manifestação da ansiedade neurótica.
6 – Descrever a ação farmacológica e a indicação de medicamentos apropriados para os principais transtornos de personalidade
· Transtorno da Personalidade Paranoide
A farmacoterapia é útil para lidar com agitação e ansiedade. 
Na maioria dos casos, um agente ansiolítico como DIAZEPAM é o suficiente.
>> A dose recomendada é de 2 a 10 mg administrada duas a quatro vezes ao dia 
>> Diazepam faz parte do grupo dos benzodiazepínicos que possuem propriedades ansiolíticas, sedativas, miorrelaxantes, anticonvulsivantes e efeitos amnésicos. Sabe-se atualmente que tais ações são devidas ao reforço da ação do *ácido gama-aminobutírico* (GABA), o mais importante inibidor da neurotransmissão no cérebro.
Pode ser necessário, no entanto, usar um antipsicótico como HALOPERIDOL em pequenas doses e durante períodos curtos de tempo para o manejo de agitação grave ou pensamento quase delirante. 
>> haloperidol é um antipsicótico do grupo das butirofenonas. Ele é um bloqueador potente dos receptores dopaminérgicos centrais, classificado como um antipsicótico muito incisivo.
· Transtorno da Personalidade Esquizoide 
A farmacoterapia com pequenas doses de antipsicóticos, antidepressivos e psicoestimulantes beneficia alguns pacientes. Agentes SEROTONÉRGICOS podem deixar o paciente menos sensível a rejeição. 
· Antidepressivos Tricíclicos(ADTs)
· Exemplos: 
· Amitriptilina.
· Clomipramina.
· Imipramina.
· Nortriptilina.
• Mecanismo de ação
O mecanismo de ação comum aos antidepressivos tricíclicos em nível pré-sináptico é o bloqueio de recaptura de monoaminas, principalmente norepinefrina (NE) e serotonina (5-HT), em menor proporção dopamina (DA).
· Antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs)
Os ISRSs, citalopram, fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina e sertralina são o resultado de pesquisa racional para encontrar medicamentos tão eficazes quanto os ADTs, mas com poucos problemas de tolerabilidade e segurança. Os ISRSs inibem de forma potente e seletiva a recaptação de serotonina, resultando em potencialização da neurotransmissão serotonérgica. Embora compartilhem o principal mecanismo de ação, os ISRS são estruturalmente distintos com marcadas diferenças no perfil farmacodinâmico e farmacocinético. A potência da inibição de recaptação da serotonina é variada, assim como a seletividade por noradrenalina e dopamina. Sertralina e paroxetina são os mais potentes inibidores de recaptação.
 Inibidor seletivo de recaptura de 5-HT/NE (ISRSN)
Venlafaxina
• Mecanismo de ação
A venlafaxina e seu metabólito ativo O-desmetilvenlafaxina (ODV) são inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRSNs), e apresentam fraca atividade como inibidores da recaptação de dopamina (clinicamente significativo apenas com doses elevadas). A potência da inibição de recaptura de serotonina é algo superior à de recaptura de noradrenalina. 
BENZODIAZEPÍNICOS podem ajudar a diminuir a ansiedade interpessoal.
· Transtorno da Personalidade Esquizotípica 
Farmacoterapia. Medicamentos antipsicóticos podem ser úteis para lidar com ideias de referência, ilusões e outros sintomas do transtorno e ser usados em conjunto com psicoterapia. Antidepressivos são válidos quando houver um componente depressivo da personalidade.
· Transtorno da Personalidade Antissocial 
A farmacoterapia é usada para lidar com sintomas incapacitantes como ansiedade, raiva e depressão. Caso um paciente mostre evidências de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, psicoestimulantes como METILFENIDATO podem ser úteis. 
 >> Seu efeito estimulante é devido a inibição da recaptação de dopamina no estriado, sem disparar a liberação de dopamina. 
Foram realizadas tentativas de alterar o metabolismo de catecolamina com fármacos e de controlar o comportamento impulsivo com antiepilépticos, como CARBAMAZEPINA OU VALPROATO. 
 >> A carbamazepina estabiliza a membrana do nervo hiperexcitado, inibe a descarga neuronal repetitiva e reduz a propagação sináptica dos impulsos excitatórios. Considera-se que a prevenção de estímulos repetitivos dos potenciais de ação sódio-dependentes na despolarização dos neurônios via bloqueio do canal de sódio voltagem-dependente pode ser o principal mecanismo de ação. Enquanto a redução da liberação de glutamato e a estabilização das membranas neuronais podem ser consideradas responsáveis principalmente pelos efeitos antiepilépticos.
>> O mecanismo de ação do valproato de sódio consiste no aumento da neurotransmissão GABAérgica, através da intensificação da síntese e liberação do GABA ao atuar nos receptores GABAA, por meio da ativação da enzima glutâmica descarboxilase e da inibição das enzimas que degradam o GABA (por exemplo, GABA-amino transferase e succinato semi-aldeído desidrogenase). Esse mecanismo é capaz de reduzir a neurotransmissão glutamatérgica por meio do bloqueio dos receptores NMDA, ao inibir a proteinoquinase C. Esse efeito correlaciona-se com a atividade anticonvulsivante do valproato de sódio.
Antagonistas dos receptores β-adrenérgicos foram usados para reduzir agressividade.
· Transtorno da Personalidade Borderline 
A farmacoterapia é útil para lidar com características específicas da personalidade que interferem no funcionamento geral do paciente. 
Usaram-se ANTIPSICÓTICOS para controlar raiva, hostilidade e episódios psicóticos breves. 
>> Antipsicóticos convencionais primariamente bloqueando o receptor de dopamina do tipo II (bloqueadores D2 da dopamina).
Os antipsicóticos convencionais podem ser classificados como de potência alta, intermediária ou baixa. Os antipsicóticos de alta potência têm afinidade alta pelos receptores de dopamina e menos afinidade pelos receptores alfa-adrenérgicos e muscarínicos. 
ANTIDEPRESSIVOS melhoram o humor deprimido comum em indivíduos com transtorno da personalidade borderline. 
INIBIDORES DA MAO (IMAOS) modularam com sucesso o comportamento impulsivo em alguns pacientes. 
 >> Antidepressivos Inibidores da Monoaminooxidase (IMAOs)
• Mecanismo de ação
O mecanismo de ação dos IMAOs foi pouco estudado e ainda não está totalmente esclarecido.  Sabe-se que a atividade da enzima monoaminoxidase (MAO) está inibida. Os subtipos da MAO, A e B, estão envolvidos no metabolismo de serotonina, noradrenalina e dopamina. Isocarboxazida, fenelzina e tranilcipromina são IMAOs não seletivos que se ligam de forma irreversível às MAOs A e B. 
A redução na atividade da MAO resulta em aumento na concentração desses neurotransmissores nos locais de armazenamento no sistema nervoso central (SNC) e no sistema nervoso simpático. 
Mais recentemente foram desenvolvidos IMAOs seletivos da MAO-A e da MAO-B, além de compostos reversíveis, que contornam o problema das crises hipertensivas. A moclobemida é um antidepressivo inibidor seletivo da MAO-A e reversível, que desamina 5-HT e NA, ao passo que inibidores seletivos da MAO-B, como a selegilina, não possuem ação antidepressiva significativa.
BENZODIAZEPÍNICOS, especialmente alprazolam, ajudam com ansiedade e depressão, mas alguns pacientes exibem desinibição com essa classe de fármacos. 
ANTICONVULSIVANTES, como carbamazepina, podem melhorar o funcionamento global de algumas pessoas. 
AGENTES SEROTONÉRGICOS, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), foram úteis em alguns casos.
· Transtorno da Personalidade Histriônica 
Farmacoterapia. A farmacoterapia pode funcionar como tratamento adjunto quando DIRECIONADA AOS SINTOMAS (p. ex., uso de antidepressivos para depressão e queixas somáticas, agentes ansiolíticos para ansiedade, e antipsicóticos para desrealização e ilusões).
· Transtorno da Personalidade Narcisista 
Farmacoterapia. Usou-se LÍTIO em pacientes cujo quadro clínico incluía mudanças de humor. 
O lítio interfere no metabolismo do inositol trifosfato, responsável pela liberação do cálcio de seus depósitos intracelulares, possivelmente através da inibição de enzimas na rota de formação do inositol. 
Há também outras hipóteses que justificam seu uso como estabilizador do humor: – por sua similaridade com outros elementos (sódio, potássio, cálcio e magnésio), eleva os níveis de serotonina e diminui os níveis de norepinefrina, alterando, ainda, as concentrações de dopamina, ácido g-aminobutírico (GABA) e de acetilcolina. 
Uma vez que os pacientes com transtorno da personalidade narcisista têm baixa tolerância a rejeição e são suscetíveis a depressão, antidepressivos, especialmente fármacos serotonérgicos, também podem ser úteis.
· Transtorno da Personalidade Evitativa 
Usa-se farmacoterapia para o manejo de ansiedade e depressão quando são associadas ao transtorno. Alguns pacientes se beneficiam de ANTAGONISTAS DE RECEPTORES Β-ADRENÉRGICOS, como atenolol, para o manejo de hiperatividade do sistema nervoso autônomo, propensa a ser elevada em indivíduos com transtorno da personalidade evitativa, em especial quando lidam com situações que lhes inspiram temor. 
Agentes SEROTONÉRGICOS podem ajudar com a sensibilidade a rejeição. 
Em teoria, fármacos DOPAMINÉRGICOS podem gerar comportamento de busca por novidades; entretanto, o indivíduo deve estar psicologicamente preparado para os possíveis resultados de novas experiências.
· Transtorno da Personalidade Dependente 
Tem-se usado farmacoterapia para lidar com sintomas específicos, como ansiedade e depressão, que são características comumente associadas a esse transtorno.Pacientes que experimentam ataques de pânico ou que têm níveis elevados de ansiedade de separação podem ser beneficiados do uso de IMIPRAMINA. 
>> Mecanismo de ação: a imipramina tem várias propriedades farmacológicas, incluindo-se as propriedades alfadrenolítica, anti-histamínica, anticolinérgica e bloqueadora do receptor serotoninérgico (5-HT). Contudo, acredita-se que a principal atividade terapêutica da imipramina seja a inibição da recaptação neuronal de noradrenalina (NA) e serotonina (5-HT). A imipramina é chamada de bloqueador "misto" da recaptação, isto é, ela inibe a recaptação da noradrenalina e da serotonina aproximadamente na mesma proporção.
BENZODIAZEPÍNICOS E AGENTES SEROTONÉRGICOS também foram úteis. Caso a depressão de um paciente ou os sintomas de abstinência reajam a psicoestimulantes, eles podem ser usados.
· Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva 
CLONAZEPAM, um benzodiazepínico com uso anticonvulsivante, reduziu os sintomas em pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo. Desconhece-se sua utilidade para transtornos da personalidade. CLOMIPRAMINA E AGENTES SEROTONÉRGICOS como fluoxetina, normalmente em dosagens de 60 a 80 mg ao dia, podem ser úteis se sinais e sintomas obsessivo-compulsivos se manifestarem. A nefazodona pode beneficiar alguns pacientes.
7 – Definir DSM-V e CID-10 e identificar a importância e as limitações do uso dessas ferramentas na prática clínica.
Esses dois critérios diagnósticos servem para ajudar o profissional de saúde a classificar os problemas relacionados ao uso de substância em questão.
A CID-10 é o critério adotado no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ele abrange todas as doenças, incluindo os transtornos mentais, e foi elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
O DSM-5 abrange apenas os transtornos mentais e tem sido mais utilizado em ambientes de pesquisa, porque possui itens mais detalhados, em forma de tópicos. Foi elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria.
8 – Desenvolver sobre o conceito de inclusão e trabalho em equipe multiprofissional
Assim, questões como o trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar, a pluralidade dos saberes e a complexidade das ações e dos serviços assistenciais passam a dominar o campo acadêmico e profissional como requisitos fundamentais para o processo de reforma da assistência psiquiátrica. Conceitos como desospitalização e desinstitucionalização guiam o processo de mudança de foco dominante das ações em saúde mental da área intra-hospitalar especializada para a extra-hospitalar, onde serviços ambulatoriais e centros de atenção diária, todos referidos à comunidade, passam gradativamente a assumir e dividir o papel da assistência em saúde mental.

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