Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A imunologia por trás da sífilis O que é? • A sífilis é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Treponema pallidum. • Transmitida sexualmente ou verticalmente, ou seja, da mãe para o feto. Formas de transmissão Prevenção • O uso correto e regular da camisinha feminina e/ou masculina é a medida mais importante de prevenção da sífilis. • O acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais durante o pré- natal de qualidade contribui para o controle da sífilis congênita. Sífilis Primária ▪ Lesão única e indolor, chamada de protossifiloma ou cancro duro. • Pápula rosácea • Vermelho acentuado com bordas endurecidas • Nódulos rígidos e indolores. ▪ Lesão no homem, na mulher e nas localizações extragenitais. ▪ Sífilis decapitada ▪ O cancro some espontaneamente com cicatrizes mínimas. Isso não significa que a pessoa está curada da sífilis. Sífilis Secundária ▪ Após o período de latência ▪ Processo de disseminação hematogênica e linfática das espiroquetas que ocorre cerca de 2 a 12 semanas após o aparecimento da lesão primária (protossifiloma). ▪ Grande número de manifestações clínicas e lesões de pele e/ou mucosas com aspecto simétrico. • *Em pacientes negros as lesões faciais apresentam configuração anular e circinada (sifílides elegantes). • -Pele (face, pelo e unhas) • -Mucosa oral • -Região anal e genital ▪ Surtos frequentes no primeiro ano. ▪ Sem tratamento adequado, a doença entra na sua fase de latência. A) Lesão perianal característica de condiloma latum em paciente masculino, 34 anos, soropositivo e sífilis positivo. Fonte: BEGOVAC e LUKAS, 2005. B) Lesão oral característica de condiloma latum oral em paciente feminina, 18 anos, sífilis positiva. Fonte: NORONHA et al., 2006. Sífilis Latente ▪ Os surtos desaparecem, e um grande período de latência se estabelece. ▪ Pode ser dividido: Sífilis latente precoce (até um ano após o contato) Sífilis latente tardia (um ano após o contato) Podem acontecer quadros sintomatológicos proveniente de sífilis secundária. Sífilis latente precoce Sífilis tardia Sífilis latente tardia Ausência de manifestação clínica VDRL negativo TPHA positivo VDRL negativo TPHA positivo 1/3 1/3 Sífilis tardia benigna 1/2 Doença cardiovascular 1/4 Doença neurológica 1/4 Evolução da sífilis latente tardia. Fonte: BARROS et al., 2005 Sífilis terciária ▪ Estágio em que se desenvolvem lesões localizadas que envolvem o sistema cardiovascular, o nervoso, a pele e as mucosas; ▪ Ocasionalmente as lesões acometem ossos, músculos e fígados. ▪ Formação de granulomas destrutivos (gomas); Neurossífilis ▪ Consequência da Invasão do T. pallidum no sistema nervoso central; ▪ Pode ser sintomática ou assintomática; ▪ Quadro sintomático: ▪ Transmissão do T. pallidum de uma gestante infectada para o concepto por via transplacentária (transmissão vertical) ou durante o parto; ▪ Quando a sífilis se manifesta antes dos dois anos de idade, é chamada de sífilis congênita precoce; após os dois anos de idade, é considerada sífilis congênita tardia. ▪ Pode levar ao abortamento, óbito fetal e morte neonatal; Sífilis congênita Diagnóstico - testes sorológicos para sífilis (STS) 1. Testes de triagem (reagínicos = não treponêmicos) 2. Testes confirmatórios (treponêmicos) 3. Microscopia de campo escuro 1. Testes não treponêmicos (reagênicos) • Evidenciar anticorpos não específicos para T. pallidum 1. Testes de floculação • VDRL / RPR / TRUST / USR • Resultado qualitativo = presença ou não de reação • Diagnóstico e monitoramento da resposta ao tratamento. • Exceção efeito prozona Reação esquemática de floculação na qual os anticorpos não treponêmicos ligam-se simultaneamente em várias micelas Estrutura esquemática do antígeno dos testes não treponêmicos, na forma de micelas 2. Testes treponêmicos • Anticorpos específicos para T. pallidum ou algum componente antigênico • FTA-Abs (figura ao lado) • ELISA/EQL/CMIA • TPHA/TPPA/MHA-TP • Teste Rápido (TR) • FTA-Abs 1. Cepa T. pallidum = antígeno → exposto ao soro do paciente 2. Presença de anticorpos anti-treponemas, ocorre a ligação antígeno-anticorpo a) Anticorpo anti-porção Fc de Ig humana conjugado com fluoresceína • = treponemas fluorescente 3. Diagnóstico por pesquisa direta Espiroquetas na lesão sifilítica Primeiros 15 dias após contágio Exsudato = alta carga bacteriana Amostra observada em microscópio de campo escuro. 1. Presença do treponema 2. Motilidade 3. Características morfológicas Cancros sifilíticos Podem aparecer na boca ou ao redor dela, em volta dos dedos ou em locais de ostomia e em órgãos genitais ou ao redor deles. Considerando a sensibilidade dos fluxos diagnósticos, recomenda-se sempre que possível, iniciar a investigação por um teste treponêmico, preferencialmente o TR. Infecção • T. pallidium é extremamente invasivo Mecanismos de adesão e motilidade. • Adere às células epiteliais e a componentes da matriz extracelular (Proteínas de membrana TP0155, TP0483 e TP0751) Invasão do T. pallidium e Infiltrado inflamatório com células do sistema imune comumente visualizadas em lesões sifilíticas. PROTEÍNA RECOMBINANTE TP0155 PROTEÍNA RECOMBINANTE TP0751 MECANISMOS DE ADESÃO PERMITEM A COLONIZAÇÃO IMUNIDADE INATA - SÍFILIS PROTEÍNA RECOMBINANTE TP0480 PROTEÍNA RECOMBINANTE TP0136 + FIBRONECTINA + LAMININA MECANISMOS DE ADESÃO COLONIZAÇÃO ENZIMA METALOPROTEINASE-1 + IMUNIDADE INATA - SÍFILIS TREPONEMA PALLIDUM RECONHECIMENTO MEDIADO PELOS RECEPTORES TLR2 CÉLULAS DE LANGERHANS ESTIMULAM A PRODUÇÃO DE CITOCINAS INFLAMATÓRIAS TNF-α IL-1 IL-6 IL-8 IL-12 INDUZEM UMA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SEVERA Imunidade adaptativa humoral . A resposta imune humoral apesar de existir e exercer um papel importante na opsonização do microrganismo íntegro, falha em o eliminar eficientemente, não sendo assim considerado um mecanismo de defesa eficaz contra o T. pallidum. . Predominantemente encontram-se imunoglobulinas de tipo IgG, exceto pela sífilis primária que terá um predomínio maior de imunoglobulinas de tipo IgM, que continua a ser produzido em menor quantidade mesmo depois que os sintomas iniciais desaparecem. . Apesar de existir uma produção de anticorpos que são capazes de se ligar a membrana externa do T. pallidum e este ser reconhecido como um patógeno extracelular, ele consegue evadir o sistema imune adaptativo humoral, podendo se multiplicar e disseminar rapidamente. . À medida que a infecção prossegue, o repertório de anticorpos se amplia e intensifica até o ponto em que a superfície pobre em antígeno da espiroqueta é sobrecarregada e sua capacidade de variação antigênica é esgotada, dando início ao período assintomático chamado latência. . A baixa antigenicidade da membrana externa limita a disponibilidade de alvos para os anticorpos, causando assim uma limitação na própria produção de anticorpos. Imunidade adaptativa celular . O T. pallidum é capaz de estimular a proliferação de células T antígeno-específicas tanto no baço como nos linfonodos dentro de dias após seu primeiro contato e essa alta resposta proliferativa é mantida em um período que varia de semanas a meses. . A lesão primária da sífilis é uma reação de hipersensibilidade do tipo tardia (DTH), que se caracteriza pelo dano tecidual que inclui linfócitos T, macrófagos e monócitos. Os linfócitos TCD8+ causam danos tecidual direto, enquanto os linfócitos TCD4+ secretam citocinas que ativam e recrutam linfócitos TCD8+ e monócitos. Esses monócitos se transformam em macrófagos, que são os responsáveis pela magnitude da lesão tecidual. . A presença de células TCD8+ indica uma infecção prolongada, com intensa lesão tecidual e possível progressão para fase terciária. . É a resposta imune celular, envolvendo células T previamente ativadas, que amplia a resposta ao T. pallidum ao estimular a ativação de mais macrófagos pela produção de IFN-γ. O macrófagoativado produz citocinas pró-inflamatórias (como TNF-α, IL-6, IL-12) e quimiocinas (como CXCL10 e CXCL11) que são capazes de estimular a ativação de mais células da imunidade adaptativa (TCD4+, TCD8+ e células NK) e recrutamento destas para o sítio de infecção. Treponema com anticorpos Citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias Anticorpos específicos para o treponema pallidum Recrutamento e ativação de células de defesa Ativação do macrófago Macrófago T. pallidum A: Resposta fraca do macrófago ao interagir com o T. pallidum sem anticorpos B: Resposta forte do macrófagos e células imunes à interação com o T. pallidum reconhecido por anticorpos específicos Tratamento da Doença REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. CASAL, Charliana; ARAÚJO, Eliete; CORVELO, Tereza Cristina. ASPECTOS IMUNOPATOGÊNICOS DA SÍFILIS MATERNO-FETAL: REVISÃO DE LITERATURA. Rev. Para. Med. (Impr); 26(2), abr.-jun.2012. 2. Hawley KL, Cruz AR, Benjamin SJ, La Vake CJ, Cervantes JL, LeDoyt M, Ramirez LG, Mandich D, Fiel-Gan M, Caimano MJ, Radolf JD and Salazar JC (2017) IFN ENHANCES CD64-POTENTIATED PHAGOCYTOSIS OF TREPONEMA PALLIDUM OPSONIZED WITH HUMAN SYPHILITIC SERUM BY HUMAN MACROPHAGES. Front. Immunol. 8:1227. doi: 10.3389/fimmu.2017.01227 3. Association of Public Health Laboratories. Suggested Reporting Language for Syphilis Serology Testing 2020 Aphl.org. 2021. Available at: <https://www.aphl.org/programs/infectious_disease/std/Documents/ID- 2020Aug-Syphilis-Reporting-Language.pdf> [Accessed 25 April 2021]. 4. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Departamento de doenças de condições crônicas e infecções sexualmente transmissíveis. Disponível em <http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-sao-ist/sifilis>. Acesso em: 25 de abril de 2021. 5. BRAGA, Aline de Oliveira. ASPECTOS GERAIS DA INFECÇÃO PELA BACTÉRIA Treponema pallidum: Uma revisão. 2018. 63 f. TCC (Graduação) - Curso de Biomedicina, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2018. 6. MELBOURNE SEXUAL HEALTH CENTRE (Autrália). Alfred Health. Syphilis. Disponível em: http://mshc.org.au/syphilis/images-of-syphilis.html. Acesso em: 24 abr. 2021. 7. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVANTION (USA). Sexually Transmitted Diseases (STDs): syphilis images. Syphilis Images. Disponível em: https://www.cdc.gov/std/syphilis/images.htm. Acesso em: 24 abr. 2021. 8. AVELLEIRA, João Carlos Regazzi et al. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. Anais Brasileiros de Dermatologia, [S.L.], v. 81, n. 2, p. 111-126, mar. 2006. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0365-05962006000200002. 9. NYATSANZA, Farai et al. Syphilis: presentations in general medicine. Royal College Of Physicians: Clinical Medicine, London, v. 16, n. 2, p. 184-188, 2016. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Compartilhar