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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 1 ANÁLISE DIMENSIONAL E TEORIA DA SEMELHANÇA PARA ENGENHARIAS NAVAL, OCEÂNICA E DE ENERGIAS RENOVÁVEIS EM ÁGUAS PROFUNDAS, MAS NÃO APENAS por Antonio Carlos Fernandes, PhD [OBRA EM PROGRESSO] Versão 4.3 Rio de Janeiro, 12 de julho de 2021 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 2 Sumário 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4 1.1. Princípio da homogeneidade dimensional (PHD) e seu corolário ..................... 5 1.2. Uma aplicação informal ..................................................................................... 7 Aplicação 1. 1/3: Período natural do pêndulo simples no vácuo: visão informal (A1. 1/3) ............................................................................................................................ 8 2. MOTIVAÇÕES ...................................................................................................... 10 3. TIPOS DE PROPRIEDADES ................................................................................ 13 3.1. Variáveis fundamentais ou primárias ou dimensões do problema .................. 14 3.2. Variáveis derivadas ou secundárias ................................................................. 14 4. OPERADOR DIMENSIONAL .............................................................................. 15 5. PROVA DA EXISTÊNCIA DO OPERADOR DIMENSIONAL ......................... 17 6. TRANSFORMAÇÃO DE EXPRESSÕES DIMENSIONAIS EM EXPRESSÕES ADIMENSIONAIS ........................................................................................................ 22 7. TEOREMA DE BUCKINGHAM .......................................................................... 22 8. APLICAÇÕES PRELIMINARES COM DUAS DIMENSÕES ........................... 26 Aplicação 1. 2/3: Período natural do pêndulo simples no vácuo/visão formal (A1.2/3) .................................................................................................................. 26 Aplicação 2: Corpo caindo no vácuo (A2 ) ............................................................ 33 Aplicação 3: Relação de Dispersão em Ondas de Gravidade (A3) ........................ 42 Aplicação 4: Flecha de viga devido à flexão. (A4) ................................................ 49 Aplicação 5: Pressão numa bolha de sabão (A5) ................................................... 54 9. APLICAÇÕES PRELIMINARES COM TRÊS DIMENSÕES: PÊNDULO AINDA 57 Aplicação 1.3/3: Tração no cabo do pêndulo simples no vácuo (A1.3/3) .............. 57 10. TEORIA DA SEMELHANÇA ........................................................................... 61 11. APLICAÇÕES AVANÇADAS COM TRÊS DIMENSÕES: ARRASTO E SUSTENTAÇÃO EM ELEMENTOS ESBELTOS E ROMBUDOS ............................ 64 Aplicação 6: Força friccional em placa plana lisa submetida à corrente (A6) ....... 64 Aplicação 7: Força de arrasto em corpo rombudo 2D fixo submetido à corrente transversal (A7) ...................................................................................................... 71 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 3 Aplicação 8: Forças de sustentação (LIFT), arrasto (DRAG) e momento (BINÁRIO - COUPLE) em asa infinita com perfil simétrico (A8) .......................................... 79 12. ENSAIO DE RESISTÊNCIA AO AVANÇO DE EMBARCAÇÃO ................. 86 Aplicação 9:Forças de resistência ao avanço de embarcações (A9) ...................... 86 Aplicação 10: Ensaios fundamentais sobre interceptadores em Canal de Correntes (A10) ....................................................................................................................... 94 Aplicação 11: Corpo caindo num líquido: velocidade terminal (A11) .................. 99 13. PREPARAÇÃO DE ENSAIOS COM AUXÍLIO DE EQUAÇÕES CONHECIDAS ............................................................................................................ 100 14. APLICAÇÕES COM GERAÇÃO DE VÓRTICES: STROUHAL, KEULEGAN- CARPENTER, VIVy, VIVxy, VIVx e VSIV .............................................................. 101 Aplicação 12: Frequência de geração de vórtices em cilindro fixo; Número de Strouhal (A12) ...................................................................................................... 101 Aplicação 13: Força de Arrasto e força de inércia do fluido (efeito de massa adicional) em cilindro fixo submetido a escoamento harmônico; Número de Keulegan-Carpenter (A13). .................................................................................. 106 Aplicação 14:Efeito da geração de vórtices em cilindro com um grau de liberdade transversal: VIVy (A13) ....................................................................................... 114 Aplicação 15:Efeito da geração de vórtices em cilindro com dois graus de liberdade: VIVxy (A15) ........................................................................................................ 129 Aplicação 16:Vibração Auto Induzida por Vórtices (Vortex Self-Induced Vibration): VSIV (A16) .......................................................................................................... 138 15. APLICAÇÕES COM ONDAS: ESPECTRO DE ONDA, CORPOS ARBITRÁRIOS ESTACIONÁRIOS EM ONDAS. .................................................... 144 Aplicação 17:Espectro de ondas aleatórias (A17) ................................................ 144 Aplicação 18:Ensaio em ondas (A18) ................................................................. 148 Aplicação 19:Ensaio em ondas do caso do jogo (roll) (A19) ............................... 148 Aplicação 21:Equação de Morison (A20) ............................................................ 149 16. APLICAÇÃO EM MECÂNICA DOS SOLOS ................................................ 156 Aplicação 22: Ensaio de Compactação de solo em Centrífugas (A22) ................ 156 17. AUTORROTAÇÃO E TURBINA VAACT ..................................................... 159 Aplicação 23:Tatalamento de Placa Plana Articulada em Eixo Vertical Submetida à Corrente Uniforme (A23) ..................................................................................... 159 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 4 Aplicação 24: Eficiência da VAACT (Vertical Axis Autorotation Current Turbine) Turbina de Autorrotação de Eixo Vertical (A24) ................................................. 166 18. APLICAÇÕES COM DISTORSÃO ................................................................. 170 Aplicação 25 Ensaio de bacia hidráulica (A25) .................................................. 170 Aplicação 26 Ensaio em ondas com linhas de amarração com seu amortecimento representado (A26) ............................................................................................... 171 19. RASCUNHO ..................................................................................................... 172 1. INTRODUÇÃO Esta disciplina tem base em princípio muito simples, óbvio até, envolvendo dimensões de variáveis relacionadas entre si através de leis. Estas leis, quando bem estabelecidas são expressas matematicamente de modo dimensionalmente consistente. Entretanto, quando um fenômeno prescinde destas expressões, mesmo assim, o princípio mencionado, quase magicamente - se os leitores permitirem um poucode romantismo - garante um mínimo de conexão consistente entre as variáveis necessárias para o entendimento de um determinado fenômeno. Pode-se dizer que as consequências do princípio são, digam-se, gratuitas, em face da enorme produtividade e racionalidade que podem proporcionar e o esforço despedido para tal. O mencionado princípio ao qual se dá o nome de Princípio da Homogeneidade Dimensional (PHD) será, portanto, imediatamente enunciado na sequência, permitindo assim uma bem vinda e natural fluência no restante do texto. Na sequência à introdução do PHD, o texto apresenta a Análise Dimensional (AD) que será amadurecida através de aplicações clássicas e outras contemporâneas, recém- descobertas. Os cursos de AD são, em geral, abordados por algumas poucas semanas em curso de graduação de engenharia. Depois a AD é aplicada de modo automático em problemas avançados, mas já resolvidos e há muito amadurecidos. Assim, nem sempre as lições da AD perpetuam. O presente texto tem a pretensão de preencher esta laguna, instrumentalizando o leitor para fazer sua própria AD em problemas originais ou mesmo expandindo a visão das aplicações clássicas de seu interesse. As Engenharias Naval, Oceânica e de Energias Renováveis, no caso da exploração de hidrocarbonetos em águas profundas e no caso de Energias Renováveis do Oceano têm lidado com soluções inovadoras que se sucedem, motivando a existência do presente texto. O texto é base para um curso de pós-graduação ministrado há vários anos no Programa de Engenharia Oceânica da COPPE/UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Este curso é dedicado à AD e também à análise de instrumentação e, recentemente, à análise de incerteza. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 5 A teoria da AD baseia-se no Teorema de Buckingham de 1914, que pode ser, assim, considerado moderno. Ele surgiu ao mesmo tempo em que muitas teorias modernas, como a teoria de asa, bem anterior à teoria do potencial das ondas de gravidade. Entretanto, talvez por erudição, vale mencionar que bem antes de Buckingham, Aimé Vaschy em 1892 também abordou a AD, mas seu trabalho permaneceu pouco conhecido. A partir do que está dito acima, a estratégia aqui é construir um forte aparato através de leis conhecidas, que tenham solução analítica, para, em seguida, enfrentar problemas que só podem receber abordagens empíricas, mas que só darão resultados robustos, como se pretende mostrra, se submetidas à consistência o Teorema de Buckingham. 1.1. Princípio da homogeneidade dimensional (PHD) e seu corolário. Toda expressão correspondente a uma lei da física que combina parcelas de propriedades de um fenômeno físico deverá ser dimensionalmente homogênea, isto é, cada termo aditivo deve ter a mesma dimensão. Por dimensão entende-se uma combinação definida de unidades de medida associadas, ou seja, um monômio envolvendo as dimensões primárias (M, massa, L, comprimento e T, tempo). O monômio será plenamente entendido quando da introdução do Operador Dimensional, no Item 6. Sobre propriedades primárias {M, L e T} e secundárias (o monômio) ver Item 5. Por puro pragmatismo este texto trata apenas de M, L e T como variáveis primárias. Assim, por exemplo, casos envolvendo troca de calor que requerem também a temperatura como quarta variável primária não são abordados aqui. Um exemplo clássico ilustra estas palavras que podem parecer herméticas para quem nunca pensou no assunto. Trata-se da conhecida Equação de Bernoulli: 𝑝𝑝 + 1 2 𝜌𝜌𝑉𝑉2 + 𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑑𝑑𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑐𝑐ℎ𝑐𝑐 𝑑𝑑𝑐𝑐 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐⁄ (1.1) aplicável num fluido em movimento considerado contínuo, incompressível, podendo ser viscoso, mas em regime permanente. Esta lei (1.1) expressa analiticamente a dependência, ao longo de uma linha de corrente das seguintes propriedades: • 𝑝𝑝: pressão; • 𝜌𝜌: densidade; • 𝑉𝑉: velocidade; • 𝜌𝜌: aceleração da gravidade; e • 𝜌𝜌 : posição vertical da partícula ao longo da linha de corrente em relação à referencial arbitrário. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 6 Esta equação pode ser deduzida a partir das leis de conservação de massa e de quantidade de movimento. Existem inúmeros livros de Hidrodinâmica Básica ou Mecânica dos Fluidos que, exibem a Equação de Bernoulli. A partir destas leis, que são correspondentes à Equação da Continuidade e a Equação de Navier-Stokes, bem como usando as (também mencionadas acima) hipóteses simplificadoras prova-se a Equação de Bernoulli. Aqui é importante instigar o leitor a dar uma explicação por que a velocidade entra ao quadrado, enquanto a posição vertical entra linear. Por que apenas duas parcelas envolvem a densidade e linearmente? Não se pergunta de onde veio a gravidade? Mas se pergunta por que entra na sua parcela envolve ao mesmo tempo a densidade e a posição vertical? Finalmente por que do fator 1 2 ? No presente texto cabe mostrar um aspecto simples e bastante óbvio, mas, ao mesmo tempo, intrigante. Todas as três parcelas de (1.1) tem mesma dimensão de pressão e, como não poderia deixar de ser (!), a Equação de Bernoulli, obedece ao PHD. Não se pode aqui ser categórico quanto ao número sem dimensão1 2 , mas, sim que o PHD está sendo obedecido categoricamente porque todas as parcelas têm a mesma dimensão. Novamente, quando o texto introduzir o Operador Dimensional no Item 6, isto ficará bastante claro e, novamente, recomenda-se ao leitor que volte para apreciar as presentes observações. Corolário do PHD: Como consequência do PHD, a expressão ou lei da física ou da engenharia pode ser expressa em parcelas adimensionais consistentes, isto é, adimensionalizadas, com os mesmos parâmetros. Obviamente a expressão deve corresponder a um mesmo problema físico. Ou seja, adimensionais de problemas diferentes não podem ser combinados, embora, matematicamente isto seja possível. Por exemplo, sejam o número de Nusselt (Nu), próprio de problemas de transmissão de calor e o coeficiente de sustentação (𝐶𝐶𝐿𝐿 ), essencial para explicar esforços em hidrofólios em movimento. São ambos adimensionais, mas uma aplicação que envolva os dois são aplicações pouco usuais. Considerando L, comprimento de referência (por exemplo: profundidade local, diâmetro de tubo – externo para escoamento externo sobre cilindro; diâmetro interno para escoamento interno em dutos circulares; comprimento da embarcação; corda de um perfil hidrodinâmico, etc), densidade (𝜌𝜌), trazendo a massa e g, trazendo o tempo, uma pressão de referência, 𝑝𝑝0, que é dada por: 𝑝𝑝0 ≡ 𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌 (1.2) com UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 7 �̂�𝑝 ≡ 𝑝𝑝 𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌 𝑉𝑉� ≡ 𝑉𝑉 �𝜌𝜌𝜌𝜌 �̂�𝜌 ≡ 𝜌𝜌 𝜌𝜌 ou melhor, 𝑝𝑝 = �̂�𝑝 𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌 𝑉𝑉 = 𝑉𝑉��𝜌𝜌𝜌𝜌 𝜌𝜌 = �̂�𝜌 𝜌𝜌 usando (1.1), chega-se à, �̂�𝑝 𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌 + 1 2 𝜌𝜌(𝑉𝑉 ��𝜌𝜌𝜌𝜌)2 + 𝜌𝜌𝜌𝜌�̂�𝜌𝜌𝜌 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑑𝑑𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑐𝑐ℎ𝑐𝑐 𝑑𝑑𝑐𝑐 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐⁄ ou, �̂�𝑝 𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌 + 1 2 𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌(𝑉𝑉 � )2 + 𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌�̂�𝜌 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑑𝑑𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑐𝑐ℎ𝑐𝑐 𝑑𝑑𝑐𝑐 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐⁄ Assim, simplificando o multiplicador comum em todas as parcelas (𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌), tem-se �̂�𝑝 + 1 2 𝑉𝑉�2 + �̂�𝜌 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑐𝑐𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑑𝑑𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑐𝑐ℎ𝑐𝑐 𝑑𝑑𝑐𝑐 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐⁄ (1.3) Note que no termo de pressão despontou a terceira densidade. Note que o quadrado da velocidade acerta a dependência de �𝜌𝜌𝜌𝜌 . Como ficarão claras, estas aparentes coincidências são bem amarradas pelo Teorema de Buckingham. Por outro lado, é importante notar também que o conjunto de parâmetros dimensionais {𝜌𝜌 , L, g} usados na adimensionalização, repetitivamente para as várias parcelas da expressão ou lei, são representativas, mas são escolhido arbitrariamente. As variáveis como deste {𝜌𝜌, L, g} são chamados de parâmetros de escala (ou variáveis repetitivas - porque são usados repetitivamente nas tarefas de adimensionalizaçao). Note ainda que eles representam de modo indireto e unívoco as dimensões primárias presentes no problema original ou M, L e T. Ver Item 5. 1.2. Uma aplicação informal UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 8 O texto irá sempre discutir aplicações concretas que serão usadas para facilitar a absorção do material. A primeira aplicação, envolvendo pêndulo, será abordada três vezes. A primeira informal, a segunda formal, após a introdução do Teorema de Buckingham e na terceira, haverá a mudança do foco, do período natural para a tração no cabo. Observe a notação da Aplicação (A1.1/3) é referente ao pêndulo. Ela significa que a aplicação é a primeira do texto (A1) e é abordada três vezes (*/3) ao longo do texto, sendo 1/3, a primeira. O leitor deve ser crítico para saber se aceita ou não as passagens abaixo. Afinal, é apenas uma versão informal. Aplicação 1. 1/3: Período natural do pêndulo simples no vácuo: visão informal (A1.1/3)) Figura 1.1 Pêndulo Simples A Figura 1.1, representa uma posição instantânea do pêndulo simples que oscila com 𝜏𝜏𝑛𝑛 que é o período natural. A massa do ponto material é m, o comprimento do cabo é ℓ, a aceleração da gravidade é g, o ângulo inicial da oscilação é indicado como 𝜃𝜃0. O dito foco do presente problema é 𝜏𝜏𝑛𝑛 . Ou seja, nesta aplicação se quer obter de modo informal, ou seja, sem aplicar nenhuma lei da Mecânica, nem o Teorema de Buckingham, uma expressão para o período natural do pêndulo simples. Dados: m, ℓ, g, θ Foco: Período natural: τn Apresenta-se, como explicado, uma abordagem informal e as argumentações poderão não ser convincentes. Isto será reparado depois, com nova abordagem rigorosa, dita formal, já sob a luz do Teorema de Buckingham. A seguinte relação funcional pode ser escrita com as variáveis listadas: ℓ θ m g UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 9 𝜏𝜏𝑛𝑛 = 𝑓𝑓(𝑑𝑑, ℓ,𝜌𝜌, 𝜃𝜃0)0F1 Como primeira observação, note que a massa não pertence ao problema porque não pode combinar-se com nenhuma outra das variáveis listadas. Esta argumentação é essencial. O leitor concorda? Assim, 𝜏𝜏𝑛𝑛 = 𝑓𝑓1(ℓ,𝜌𝜌,𝜃𝜃0) O mesmo não acontece com ℓ e g. Assim, seguindo a ideia por trás do Corolário do PHD, isto é, expressando a formulação em termos dimensionais, tem-se: 𝜏𝜏𝑛𝑛� 𝜌𝜌 ℓ = 𝑓𝑓2(𝜃𝜃0) (1.4) A construção do adimensional do lado esquerdo é intuitiva, envolvendo as dimensões das variáveis. O período é puramente tempo. Já a gravidade envolve comprimento e tempo ao quadrado. Para combinarmos as três variáveis o adimensional do lado esquerdo é obvio ou seu inverso também adimensional. Escolhe-se o primeiro poque o foco é o período natural. Agora, para pequenos ângulos, θ0 ≅ 0, então, 𝜏𝜏𝑛𝑛� 𝜌𝜌 ℓ ≅ 𝑓𝑓2(0) = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 ≡ 𝐶𝐶 ou seja 𝜏𝜏𝑛𝑛 ≅ 𝐶𝐶� ℓ 𝜌𝜌 Esta expressão é muito significativa. Sem a aplicação nenhuma lei da Mecânica ela mostra como o comprimento ℓ deve combinar-se com g de modo inequívoco para obtenção do período de oscilação 𝜏𝜏𝑛𝑛. Esta expressão também exemplifica até onde se pode chegar através da AD, porque falta definir C. Para esta definição, têm-se dois caminhos: a) Encontrar ou desenvolver teoria aderente dentro das hipóteses do problema; b) Realizar experimentos, os ditos ensaios. 1 No presente texto o uso da simbologia 𝑓𝑓(⋅) significa “é função de”; ela será evoluirá para 𝑓𝑓𝑖𝑖(⋅) (𝑑𝑑 = 1,2, … ) quando corresponderem a subsequentes funções diferentes das formulações subsequentes. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 10 Um bom livro de Mecânica Geral o leitor encontra a aplicação de teoria aderente para o caso de oscilação do pêndulo no vácuo e sem atrito na polia. O resultado exato é: C = 2π. Caso ensaios sejam realizados com suficiente precisão, com dois algarismos significativos, o resultado seria C ≅ 6,3. Seria instrutivo que o leitor realizasse um simples ensaio que requer um fio fino com um peso na extremidade (e.g. um mouse com fio), uma régua e um cronômetro. Poderá entre outras conclusões, notar que, de fato, o problema não depende da massa. Aumentar o peso (prenda um peso adicional na tomada usando um elástico, por exemplo) não muda o período. E ainda, que é preciso exatamente quadruplicar o comprimento do cabo para dobrar o período. Note que mesmo sem saber a teoria, o que se obteve da AD, mesmo informalmente, já permite conhecimentos úteis sobre o pêndulo. Os relojoeiros da Idade Média não precisavam da teoria desenvolvida por Newton no Século XVII para construir relógios pendulares. De fato, as bases para a teoria do Apêndice A só vieram à luz depois de Newton. O Principia foi publicado 5 de julho 1687. O texto retoma ao pêndulo através de abordagem formal após a apresentação do Teorema de Buckingham (na Aplicação 2/3). Finalmente revisita o problema do pêndulo simples, mas com o foco na tração do cabo (3/3). Neste último caso a variável primária massa também pertence ao problema. 1.3. Motivações Qual seria a serventia da AD? Pode-se resumir que a Análise Dimensional (AD) pode ser usada ara a) Verificar consistência das expressões; b) Reduzir o número de variáveis do problema; c) Obter leis de escala (qual a relação física entre modelo e protótipo); em geral, requer-se mais do que semelhança geométrica (em geral, maquete não é modelo utilizável); d) Reescrever leis físicas em forma adimensional para garantir análise consistente e melhorar as análises; e) Reduzir, na medida de b) e d), generalizar programas de computador que se construídos com seu núcleo adimensional, podem tratar a escala do protótipo e a escala do modelo sem problemas numéricos. Por exemplo, na segunda Lei de Newton, um ponto material deve obedecer a seguinte equação: https://en.wikipedia.org/wiki/Philosophi%C3%A6_Naturalis_Principia_Mathematica UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 11 𝐹𝐹 = 𝑑𝑑𝑐𝑐 ou, 𝐹𝐹 −𝑑𝑑𝑐𝑐 = 0 Todas as parcelas têm mesma dimensão de força. Por outro lado, existem fórmulas, em geral empíricas e em geral antigas, onde a homogeneidade adimensional não ocorre. Exemplos: c) Fórmula de Manning para escoamento canal aberto da Hidráulica: 𝑉𝑉 = 1 𝑐𝑐 𝑅𝑅2/3𝑆𝑆1/2 onde V é a velocidade, R é o raio do canal e n e S são constantes dimensionais que dependem do tipo de canal. Esta equação só vale para unidades britânicas. d) Fórmula de Hazen-Williams para vazão volumétrica de água através de tubo liso retilíneo: 𝑄𝑄 = 2,6 𝐷𝐷2,63 � 𝜕𝜕𝑝𝑝 𝜕𝜕𝜕𝜕 � 0,54 onde Q é a vazão, D é o diâmetro do tubo e 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 é o gradiente de pressão. Esta equação também só vale para unidades britânicas. Observe ovalor 2,6 ou os expoentes empíricos (2,63 3 0,54). Tente imaginar as dimensões desta fórmula com aqueles expoentes. Uma pergunta cabe. Se as dimensões passarem do sistema métrico para o britânico os expoentes variam? E ainda as constantes (2,63 e 0,54) seriam as mesmas? e) Número de Taylor cujos valores regulam os limites para o uso de embarcações de planeio ao invés de embarcações de deslocamento em Engenharia Naval: 𝑁𝑁𝑇𝑇 = 𝑉𝑉 √𝜌𝜌 onde V é a velocidade da embarcação em nós e L o comprimento da embarcação em pés. Estas fórmulas, com a definição clara das dimensões, podem evidentemente ser usadas. No caso do número de Taylor, seu uso tem sido abandonado e substituído pelo número de Froude, que é adimensional: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 12 ℱ ≡ 𝑉𝑉 �𝜌𝜌𝜌𝜌 Aqui g é a aceleração da gravidade que, juntamente com V e L, devem ser usados em sistema de unidade consistente, tais com m/s2, m/s e m, respectivamente. Os valores do número de Froude permitem uma visão geral dos vários tipos de embarcações sejam de deslocamento, semideslocamento (semiplaneio) ou ainda de planeio. Será explicado na Sessão 12. que o valor 0,399 corresponde a uma embarcação cavalgando a sua própria onda! A partir daí, recomenda-se usar um casco de planeio ou semiplaneio, mas jamais um casco de deslocamento. É surpreendente que apenas o valor de um adimensional pode definir o limite de fenômeno tão complexo que é o planeio de uma embarcação! UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 13 2. TIPOS DE PROPRIEDADES As propriedades presentes nas formulações da Física podem ser variáveis e constantes; dimensionais ou puras (sem dimensão). Constantes dimensionais Exemplos: ρ, g, 𝜇𝜇, etc Variáveis dimensionais Exemplos: t, p, V, L, Q, etc Constantes puras Exemplos: 1 2 , e, 2, π, etc Variáveis puras Exemplos: deformação (strain) 𝜖𝜖 = ∆ℓ ℓ ; ângulo 𝑠𝑠 𝑟𝑟 (s=arco; r=raio); gravidade específica 𝜌𝜌𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝜌𝜌á𝑔𝑔𝑔𝑔𝑚𝑚 , fator de amortecimento ς; etc É interessante comentar um pouco mais que o ângulo (𝜃𝜃) que é sim uma variável pura, ou seja, não tem dimensão. Sua definição pode ser expressa pela fórmula 𝜃𝜃 ≡ 𝑐𝑐 𝑐𝑐 Ela envolve a razão de dois comprimentos bem definidos, o arco de circunferência s e o raio r, ilustrados na Figura 4.1. A escala resultante desta razão chama-se radiano e seu valor numérico é obtido a partir da constatação de que o valor correspondente ao ângulo raso é o número irracional 𝜋𝜋. Na escala de graus este valor corresponde a 1800 . Figura 3.1 O ângulo é uma variável pura. Além disso, as variáveis podem ser fundamentais (primárias) ou derivadas (secundárias). Estas são discutidas em seguida. 𝜃𝜃 𝑐𝑐 𝑐𝑐 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 14 2.1. Variáveis fundamentais ou primárias ou dimensões do problema No caso da Hidrodinâmica, em todos estudos, as variáveis fundamentais (também chamadas de primárias) são M, L e T, ou seja, a massa M, o comprimento L e o tempo T. São variáveis para as quais se definem um padrão para comparação. No Sistema Internacional (SI) as unidades são o quilograma (kg), o metro (m) e segundo (s), respectivamente. São as variáveis fundamentais escolhidas porque é relativamente fácil estabelecer um padrão para elas através de balança, régua e relógio calibrados, por exemplo. Muitas vezes as variáveis fundamentais em determinado problema são chamadas de dimensões do problema. Na maioria dos casos deste texto o número k destas variáveis fundamentais será tal que, no máximo, k=3 ou seja as dimensões M, L e T são necessárias para explicar os fenômenos em estudo. Outras vezes, apenas L e T são necessárias e, neste caso, k= 2. Note que este é o caso do problema do pêndulo simples onde apenas L e T são necessárias. No caso de problemas puramente geométricos, k=1. 2.2. Variáveis derivadas ou secundárias Todas as outras variáveis que não são fundamentais são derivadas ou secundárias e necessariamente envolvem uma combinação de M, L e T. Por exemplo, acima já se mencionaram: p, V, g, ρ, F, a e Q. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 15 3. OPERADOR DIMENSIONAL 3.1. Definição É útil definir o OPERADOR DIMENSIONAL. Este operador, uma vez aplicado à variável (ou propriedade) física, fornece os expoentes das variáveis fundamentais correspondentes à citada variável (ou propriedade). Se M, L e T são as variáveis fundamentais, então, o operador dimensional é tal que: [variável]=𝑀𝑀𝑎𝑎𝜌𝜌𝑏𝑏𝑇𝑇𝑐𝑐 (3.1) onde, a, b e c são (números reais) expoentes correspondentes à massa, comprimento e tempo, respectivamente. A Figura 4.1 ilustra o operador. Figura 4.1 Operador dimensional Exemplo de aplicação do operador: Corpo caindo no vácuo 𝑐𝑐 = 𝑐𝑐0 + 𝑣𝑣0𝑐𝑐 + 1 2 𝜌𝜌𝑐𝑐2 (3.2) Aqui a dimensão de cada parcela é L ou seja, [s]=[𝑐𝑐0]=[𝑣𝑣0𝑐𝑐]=[ 1 2 𝜌𝜌𝑐𝑐2]=L ou seja, a=0; b=1; c=0 No caso da mencionada Equação de Bernoulli, variável a, b, c OPERADOR UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 16 𝑝𝑝 + 1 2 𝜌𝜌𝑉𝑉2 + 𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑐𝑐ℎ𝑐𝑐 𝑑𝑑𝑐𝑐 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐⁄ (3.3) Tem-se que cada parcela é tem dimensão 𝑀𝑀𝜌𝜌−1𝑇𝑇−2 ou seja [𝑝𝑝]=[1 2 𝜌𝜌𝑉𝑉2 ]=[𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌]= 𝑀𝑀𝜌𝜌−1𝑇𝑇−2 ou seja a=1; b=-1; c=-2 Observações: a) Um exemplo para fixar ideias: [2+2]=[5] De fato: [2+2]=[5]=𝑀𝑀0𝜌𝜌0𝑇𝑇0 No caso, 𝑀𝑀0𝜌𝜌0𝑇𝑇0=1 b) As operações de derivada e integral apresentam em geral dimensões relacionadas com a variável independente. Exemplos: se [x]=L Derivada: [ 𝑑𝑑 𝑑𝑑𝜕𝜕 ]=L-1 Por definição 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝜕𝜕 = lim ∆𝜕𝜕→0 ∆A ∆𝜕𝜕 Aplicando o operador dimensional, � 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝜕𝜕 � = � lim ∆𝜕𝜕→0 ∆A ∆𝜕𝜕 � = [∆𝑑𝑑] [∆𝜕𝜕] = [∆𝑑𝑑]𝜌𝜌−1 Integral: [∫𝑑𝑑𝜕𝜕]=L 𝐼𝐼 = �𝑑𝑑(𝜕𝜕)𝑑𝑑𝜕𝜕 Se [𝑑𝑑] = 𝑀𝑀𝜌𝜌3 e UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 17 [𝜕𝜕] = 𝜌𝜌 então [𝐼𝐼] = 𝑀𝑀𝜌𝜌3𝜌𝜌=𝑀𝑀𝜌𝜌4 3.2. Prova da Existência do Operador Dimensional TEOREMA: A relação entre as unidades de medida das variáveis derivadas (secundárias) e as variáveis fundamentais (primárias) pode ser representada por um monômio em termos das variáveis fundamentais conforme antecipado na definição do operador dimensional, isto é, [variável]=𝑀𝑀𝑎𝑎𝜌𝜌𝑏𝑏𝑇𝑇𝑐𝑐 (3.4) Prova: A demonstração será feita apenas para uma variável fundamental, por exemplo a geométrica. A extensão é óbvia. Assim, o propósito imediato é provar: [𝑣𝑣𝑐𝑐𝑐𝑐𝑑𝑑á𝑣𝑣𝑐𝑐𝑑𝑑 𝜌𝜌𝑐𝑐𝑐𝑐𝑑𝑑é𝑐𝑐𝑐𝑐𝑑𝑑𝑐𝑐𝑐𝑐] = 𝜌𝜌𝑏𝑏 (3.5) Seja y uma variável geométrica qualquer derivada de outras n variáveis geométricas (𝜕𝜕1, 𝜕𝜕2,⋯𝜕𝜕𝑛𝑛) expressas pela mesma unidade de medida (por exemplo metro)2 𝑦𝑦 = 𝑓𝑓(𝜕𝜕1, 𝜕𝜕2,⋯𝜕𝜕𝑛𝑛) EXEMPLO: 𝑉𝑉𝑐𝑐𝑐𝑐𝑛𝑛𝑐𝑐 = 𝜋𝜋 3 𝑐𝑐2ℎ; m Se outra unidade de medida for usada (exemplo pé), tem-se valor diferentemente, 𝑦𝑦′ = 𝑓𝑓(𝜕𝜕1′ , 𝜕𝜕2′ ,⋯𝜕𝜕𝑛𝑛′ ) EXEMPLO: 𝑉𝑉𝑐𝑐𝑐𝑐𝑛𝑛𝑐𝑐′ = 𝜋𝜋3 𝑐𝑐′2ℎ′; 𝑓𝑓𝑐𝑐 y e 𝑦𝑦′ tem valores numéricos diferentes que acompanham os valores numéricos diferentes das variáveis fundamentais. Entretanto, a razão elas não dependem das unidades das variáveis fundamentais EXEMPLO: 𝑉𝑉𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑚𝑚 ′ 𝑉𝑉𝑐𝑐𝑐𝑐𝑚𝑚𝑚𝑚 = 𝑓𝑓𝑓𝑓 3 𝑚𝑚3 = 0,30483 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 Agora, assumindo 𝛼𝛼 um valor arbitrário entre a razão de duas escalas, pode-se escrever 2À direita segue um EXEMPLO com a expressão do volume do cone que depende do raio r e altura h, ajuda a materializar as ideias UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 18 no EXEMPLO, 𝛼𝛼 = 1 𝑑𝑑 1 𝑓𝑓𝑐𝑐 = 1 0,3048 𝑦𝑦 𝑦𝑦′ = 𝑓𝑓(𝜕𝜕1, 𝜕𝜕2,⋯𝜕𝜕𝑛𝑛) 𝑓𝑓(𝜕𝜕1′ , 𝜕𝜕2′ ,⋯𝜕𝜕𝑛𝑛′ ) = 𝑓𝑓(𝛼𝛼𝜕𝜕1,𝛼𝛼𝜕𝜕2,⋯𝛼𝛼𝜕𝜕𝑛𝑛) 𝑓𝑓(𝛼𝛼𝜕𝜕1′ ,𝛼𝛼𝜕𝜕2′ ,⋯𝛼𝛼𝜕𝜕𝑛𝑛′ ) 𝑦𝑦(1) 𝑦𝑦′(1) = y(α) y′(α) Rearranjando, 𝑦𝑦(𝛼𝛼) 𝑦𝑦(1) = y′(α) y′(1) ≡ φ(α) (3.6) que também introduz a função 𝜑𝜑(𝛼𝛼). Assim, a razão do valor numérico de duas variáreis geométricas depende apenas da razão da escala 𝛼𝛼 entre as variáveis fundamentais. LEMA 1: 𝜑𝜑(𝛼𝛼1) 𝜑𝜑(𝛼𝛼2) = 𝜑𝜑( 𝛼𝛼1 𝛼𝛼2 ) Prova Lema 1: 𝜑𝜑(𝛼𝛼) = 𝑦𝑦′(𝛼𝛼) 𝑦𝑦′(1) = 𝑓𝑓(𝛼𝛼𝜕𝜕1′ ,𝛼𝛼𝜕𝜕2′ ,⋯𝛼𝛼𝜕𝜕𝑛𝑛′ ) 𝑓𝑓(𝜕𝜕1′ , 𝜕𝜕2′ ,⋯𝜕𝜕𝑛𝑛′ ) Fazendo, 𝜕𝜕1′ = 𝛼𝛼2𝜕𝜕1 ⋯ 𝜕𝜕𝑛𝑛′ = 𝛼𝛼2𝜕𝜕𝑛𝑛 𝜑𝜑(𝛼𝛼) = 𝑓𝑓�𝛼𝛼𝛼𝛼2𝜕𝜕1 ,𝛼𝛼𝛼𝛼2𝜕𝜕2 ,⋯𝛼𝛼𝛼𝛼2𝜕𝜕𝑛𝑛 � 𝑓𝑓(𝛼𝛼2𝜕𝜕1 ,𝛼𝛼2𝜕𝜕2 ,⋯𝛼𝛼2𝜕𝜕𝑛𝑛 ) e fazendo, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 19 𝛼𝛼 = 𝛼𝛼1 𝛼𝛼2 𝜑𝜑( 𝛼𝛼1 𝛼𝛼2 ) = 𝑓𝑓�𝛼𝛼1𝜕𝜕1 ,𝛼𝛼1𝜕𝜕2 ,⋯𝛼𝛼1𝜕𝜕𝑛𝑛 � 𝑓𝑓(𝛼𝛼2𝜕𝜕1 ,𝛼𝛼2𝜕𝜕2 ,⋯𝛼𝛼2𝜕𝜕𝑛𝑛′ ) Multiplicando e dividindo por 𝑓𝑓(𝜕𝜕1,𝜕𝜕2,⋯𝜕𝜕𝑛𝑛), 𝜑𝜑( 𝛼𝛼1 𝛼𝛼2 ) = 𝑓𝑓�𝛼𝛼1𝜕𝜕1 ,𝛼𝛼1𝜕𝜕2 ,⋯𝛼𝛼1𝜕𝜕𝑐𝑐 � 𝑓𝑓(𝜕𝜕1,𝜕𝜕2,⋯𝜕𝜕𝑐𝑐) 𝑓𝑓(𝛼𝛼2𝜕𝜕1 ,𝛼𝛼2𝜕𝜕2 ,⋯𝛼𝛼2𝛼𝛼2𝜕𝜕𝑐𝑐′ ) 𝑓𝑓(𝜕𝜕1,𝜕𝜕2,⋯𝜕𝜕𝑐𝑐) ou seja, 𝜑𝜑( 𝛼𝛼1 𝛼𝛼2 ) = 𝑦𝑦(𝛼𝛼1) 𝑦𝑦(1) 𝑦𝑦(𝛼𝛼2) 𝑦𝑦(1) ou ainda, 𝜑𝜑( 𝛼𝛼1 𝛼𝛼2 ) = 𝜑𝜑(𝛼𝛼1) 𝜑𝜑(𝛼𝛼2) (3.7) o que prova o Lema 1. LEMA 2: 𝜑𝜑(𝛼𝛼) = 𝛼𝛼𝑏𝑏 Prova Lema 2: Derivando parcialmente (3.7) com relação à 𝛼𝛼1 1 𝛼𝛼2 𝑑𝑑𝜑𝜑(𝛼𝛼) 𝑑𝑑𝛼𝛼 |𝛼𝛼=𝛼𝛼1𝛼𝛼2 = 1 𝜑𝜑(𝛼𝛼2) 𝑑𝑑𝜑𝜑(𝛼𝛼) 𝑑𝑑𝛼𝛼 |𝛼𝛼=𝛼𝛼1 fazendo 𝛼𝛼2 = 𝛼𝛼1 = 𝛼𝛼 1 𝛼𝛼 𝑑𝑑𝜑𝜑(𝛼𝛼) 𝑑𝑑𝛼𝛼 |𝛼𝛼=1 = 1 𝜑𝜑(𝛼𝛼) 𝑑𝑑𝜑𝜑(𝛼𝛼) 𝑑𝑑𝛼𝛼 e como de (3.6) 𝜑𝜑(1) = 1 (3.8) Agora introduzindo b tal que UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 20 𝑑𝑑𝜑𝜑(𝛼𝛼) 𝑑𝑑𝛼𝛼 |𝛼𝛼=1 = 𝜑𝜑′(1) ≡ 𝑏𝑏 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 vem 𝑏𝑏 𝛼𝛼 = 𝜑𝜑′(𝛼𝛼) 𝜑𝜑(𝛼𝛼) ou, preparando para a integração, 𝑑𝑑𝜑𝜑(𝛼𝛼) 𝜑𝜑(𝛼𝛼) = 𝑏𝑏 𝑑𝑑𝛼𝛼 𝛼𝛼 que, integrando, leva a ln(𝜑𝜑) = 𝑏𝑏𝑑𝑑𝑐𝑐(𝛼𝛼) + 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 que, usando (3.8), leva exatamente que 𝜑𝜑(1) = 1 (3.9) portanto 𝜑𝜑(𝛼𝛼) = 𝛼𝛼𝑏𝑏 o que prova o Lema 2 LEMA 3 𝑦𝑦(𝛼𝛼) = 𝛼𝛼𝑏𝑏𝑦𝑦(1) (3.10) que, é obtida usando a definição (5.3). Para mostrar (5.1), Considere: 𝜕𝜕1 = 𝑐𝑐1𝜌𝜌 ⋯ 𝜕𝜕𝑛𝑛 = 𝑐𝑐𝑛𝑛𝜌𝜌 onde 𝑐𝑐1,⋯𝑐𝑐𝑛𝑛 são valores numéricos e L é a variável primária. Então 𝑦𝑦 = 𝑓𝑓(𝜕𝜕1, 𝜕𝜕2,⋯𝜕𝜕𝑛𝑛) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 21 fica 𝑦𝑦 = 𝑓𝑓(𝑐𝑐1𝜌𝜌,𝑐𝑐2𝜌𝜌,⋯𝑐𝑐𝑛𝑛𝜌𝜌) que, com (5.7), fica 𝑦𝑦 = 𝜌𝜌𝑏𝑏𝑓𝑓(𝑐𝑐1,𝑐𝑐2,⋯𝑐𝑐𝑛𝑛) 𝑦𝑦 = 𝜌𝜌𝑏𝑏𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 (3.11) O Operador Dimensional pode ser aplicado em ambos os lados de (5.8), assim [𝑦𝑦] = [𝜌𝜌𝑏𝑏𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐] [𝑦𝑦] = [𝜌𝜌𝑏𝑏][𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐] e como [𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐] = 𝜌𝜌0 = 1 vem que, [𝑦𝑦] = 𝜌𝜌𝑏𝑏 (3.12) Como y é uma variável geométrica qualquer, pode-se escrever que [variável geométrica] = 𝜌𝜌𝑏𝑏 (3.13) O que prova o Teorema. COROLÁRIO É obvio generalizar o teorema para: [y]=𝑀𝑀 𝑎𝑎𝜌𝜌𝑏𝑏𝑇𝑇𝑐𝑐 [variável]=𝑀𝑀𝑎𝑎𝜌𝜌𝑏𝑏𝑇𝑇𝑐𝑐 (3.14) lembrando que [constante]=𝑀𝑀0𝜌𝜌0𝑇𝑇0 = 1 Para terminar, vale dizer que valor numérico depende do sistema de unidades, mas as leis da física não dependem dos sistemas de unidades. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 22 4. TEOREMA DE BUCKINGHAM 4.1. Introdução A Análise Dimensional (AD) é poderosa o suficiente para ser aplicada a) em fenômenos conhecidos, para os quais se conhece as relações entre as propriedades por exemplo, por uma lei física tipo segunda Lei de Newton F=ma) b) casos em que o fenômeno é pouco conhecido, ou seja, para os quais não se conhecem tais relações (por exemplo arrasto de corpo complexo submetido à corrente com velocidade constante, ou mesmo a resistência ao avanço de embarcações navegando à velocidade constante). Em qualquer caso, a AD tem a tarefa de, partindo de uma expressão entre propriedades dimensionais, obter uma expressão equivalente entre propriedades adimensionais. Ou ainda, expressar uma variável adimensional de interesse sobre a qual se tem pouco conhecimento, em termos de outras variáveis adimensionais (ou que não se pode medir) sobre as quais se tem mais conhecimento (ou se pode medir). Esta tarefa, entretanto, não leva a um único resultado devido à liberdade (alguns chamam de ambiguidade) na escolha dos parâmetros de adimensionalização e porque um grupo adimensional continua adimensional após operações de exponenciação. Em resumo, há certa liberdade na escolha dos parâmetros de escala. 4.2. Teorema de Buckingham O Teorema de Buckingham também chamado de Teorema dos Números Π s, foi divulgado por Buckingham em 1914. Na verdade, é um procedimento (esquema) para a obtenção de variáveis adimensionais. As variáveis adimensionais (monômios) são também chamadas de grupos adimensionais ou números adimensionais ou números Πs. O teorema (o procedimento) pode ser apresentado de vários modos. O modo que se apresenta aqui reflete muitos anos de ensino desta matéria e tem por objetivo produzir resultados concretos, ou seja um procedimento. São 9 passos: PASSO 1: Especificar a variável de interesse; listar as n variáveis da análise, definindo a variável que será o foco do problema, bem como as variáveis presentes no problema. PASSO 2: Construir a Matriz Dimensional Inicial (MDI) ou seja, a matriz (k x n), retangular, que indica nas suas colunas, para cada variável do Passo 1, os expoentes das UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 23 variáveis fundamentais do problema, em princípio (M, L, T), assumindo inicialmente, portanto, k=3. PASSO 3: Consolidar a Matriz Dimensional Inicial retirando linhas espúrias que indicam parâmetros de escala que não podem formar grupos adimensionais; obviamente, uma linha espúria é a que contém apenas zeros ou apenas um valor diferente de zero como [000...0100...000]; assim, após s retirada das linhas, redefinir n para n'´e k para k'. Esta nova matriz será chamada de Matriz Dimensional (MD) que é a MD propriamente dita. PASSO 4: Achar a classe k'' da Matriz Dimensional (MD), ou seja, a maior ordem das matrizesmenores quadradas não-singulares. As matrizes menores são matrizes quadradas obtidas através da combinação de linhas e colunas da MD que, em geral, é retangular. Observação importante: poderá ocorrer que algumas variáveis do problema sejam variáveis puras; neste caso, as colunas de MD contêm apenas zero e a própria variável pura já é um grupo adimensional; a definição da classe k'' é feita usando-se as colunas restantes. PASSO 5: Escolher k'' parâmetros de escala (variáveis repetitivas-representativas das variáveis fundamentais do problema). Como dito, há liberdade na escolha destes parâmetros de escala que podem ser qualquer combinação de um número mínimo de variáveis que componha em si uma MD não-singular. Um método prático é verificar se as linhas envolvidas não linearmente dependentes. Devido a facilidade, recomenda-se que todas as combinações sejam estudadas, porque algumas podem render mais conhecimento do que as outras após a aplicação dos passos restantes. PASSO 6: Obter n'-k'' números adimensionais (ou números 𝜋𝜋) para as correspondentes variáveis restantes. PASSO 7: Expressar os números adimensionais em termos de adimensionais conhecidos clássicos, tais como números de Reynolds ℛ, número de Froude ℱ, coeficiente de arrasto 𝐶𝐶𝐷𝐷, etc. Aqui, convém lembrar que produtos (o que inclui exponenciação) entre números adimensionais também são adimensionais; manipulações adimensionais são sempre possíveis (ver a seguir no subitem 4.3). PASSO 8: Exibir o resultado e, se for o caso, reorganizá-lo para maior clareza. PASSO 9: Explorar condições limites. Em seguida se exploram vários exemplos de aplicações preliminares do Teorema de Buckingham. Estas aplicações visam sedimentar o Teorema e exibir suas nuances. No começo tem-se as aplicações mais simples, bastante conceituais para passar ao leitor uma metodologia. As aplicações mais avançadas são apresentadas na sequência. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 24 4.3. Manipulações Adimensionais usadas no PASSO 7 Pode-se dizer que operações entre números adimensionais resultam é números também adimensionais. Como já mencionado, estes referidos números são monômios e não há sentido nas operações de soma e subtração. Entretanto, todas as outras (produto, divisão, radiciação, potenciação) geram outros números adimensionais. No PASSO 7 do Teorema de Buckingham, sugere-se expressar os números adimensionais em termos de adimensionais conhecidos clássicos, etc. De fato, o que aqui se chama manipulações adimensionais, sempre são possíveis por conveniência da análise. Esta ação depende de intuição física que, entretanto, podem ainda não estar consubstanciadas para o caso de problemas pioneiros. Por esta razão sugere a escolha de todos os parâmetros de escala que resultarão no PASSO 6 em números adimensionais diferentes. Neste caso as várias possibilidades decorrem automaticamente. Assim, com a introdução do PASSO 8, abre-se a possibilidade do toque final através das manipulações adimensionais. Um exemplo: se 𝜌𝜌 e 𝑉𝑉 fossem escolhidos como parâmetros de escala, quase sempre se usa a pressão de estagnação, isto é, usa-se 1 2 𝜌𝜌𝑉𝑉2 para adimesionalizar uma pressão no PASSO 8. Do PASSO 7, a combinação requerida seria apenas 𝜌𝜌𝑉𝑉2 Em problemas envolvendo ondas de comprimento de onda 𝜆𝜆 incidindo sobre uma estrutura de comprimento longitudinal ℓ é comum o uso do seguinte adimensional ℓ 𝜆𝜆 que indica quantas ondas existem ao longo de ℓ. Entretanto, se o parâmetro de escala fosse 𝑏𝑏 a largura na direção da crista da onda, o adimensional do PASSO 7 seria 𝑏𝑏 𝜆𝜆 que pode não ter muito significado direto. Entretanto, se pode acertar isso fazendo uma manipulação adimensional multiplicando por um, ou seja UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 25 𝑏𝑏 𝜆𝜆 ℓ ℓ levando a 𝑏𝑏 ℓ ℓ 𝜆𝜆 ou apenas 𝑏𝑏 𝜆𝜆 porque 𝑏𝑏 ℓ está garantido pela semelhança geométrica. Um outro caso comum acontece para casos com viscosidade 𝜇𝜇 , sendo 𝜌𝜌 , 𝑉𝑉 e L os parâmetros de escala, o PASSO 7 resulta em 𝜇𝜇 𝜌𝜌𝑉𝑉𝜌𝜌 Mas como o inverso de um adimensional ainda é adimensional, o PASSO 8 permite o uso do número de Reynolds (ℛ), por demais conhecido: 𝜌𝜌𝑉𝑉𝜌𝜌 𝜇𝜇 ≡ ℛ UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 26 5. APLICAÇÕES PRELIMINARES COM DUAS DIMENSÕES As aplicações desta sessão têm apenas duas dimensões. É através delas que o procedimento do Teorema de Buckingham será amadurecido, aplicando cuidadosamente o procedimento passo a passo. Como dito, começa-se com o caso do pêndulo que já se conhece informalmente. Aplicação 1. 2/3: Período natural do pêndulo simples no vácuo/visão formal (A1.2/3) Figura 8.1.1 Pêndulo Simples Dados: m, ℓ, g e θ0 Foco: Período natural: τn PASSO 1: Variáveis do problema (n); foco. 𝜏𝜏𝑛𝑛 = 𝑓𝑓(𝑑𝑑, ℓ,𝜌𝜌,𝜃𝜃0) 𝒏𝒏 = 𝟓𝟓 PASSO 2: MDI (k x n) 𝜏𝜏𝑛𝑛 𝑑𝑑 ℓ 𝜌𝜌 𝜃𝜃0 M 0 1 0 0 0 L 0 0 1 1 0 T 1 0 0 -2 0 𝑀𝑀𝐷𝐷𝐼𝐼 = � 0 1 0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 −2 0 � PASSO 3: Consolidar MDI (k x n); obter MD (k' x n'). ℓ θ m g UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 27 Note que a primeira linha de MDI é [0 1 0 0 0]. Assim, a MD fica 𝜏𝜏𝑛𝑛 ℓ 𝜌𝜌 𝜃𝜃0 L 0 1 1 0 T 1 0 -2 0 e, portanto, 𝒏𝒏′ = 4 𝒌𝒌 ′ = 2 ou ainda 𝑀𝑀𝐷𝐷 = �0 11 0 1 0 −2 0� isto é, 𝑀𝑀𝐷𝐷 = �0 11 0 1 −2� PASSO 4: Achar a classe k'' de MD (k'' x n'). Como as duas linhas de MD acima são linearmente independentes, não é difícil obter matrizes quadradas não-singulares a partir dela. Aqui, a última coluna de MD tem todos valores nulos e aplica-se a observação importante da descrição do Passo 4 no Item 7.0. Assim, 𝒌𝒌′′ = 𝒌𝒌′ = 2 PASSO 5: Escolher k'' parâmetros de escala Para tal no quadro usado para a obtenção de MD, sugere-se acrescentar mais uma coluna que, uma vez escolhendo ℓ e 𝜌𝜌 como parâmetro de escala resulta: Parâmetros de escala 𝜏𝜏𝑛𝑛 ℓ 𝜌𝜌 𝜃𝜃0 ℓ L 0 1 1 0 𝜌𝜌 T 1 0 -2 0 Note que a escolha destes parâmetros de escala é natural. O processo precisa de representantes de M e a densidade 𝜌𝜌 em geral constante, bem como de T e g, também constante é outra escolha. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 28 O foco do problema é 𝜏𝜏𝑛𝑛 e quase sempre é boa ideia não o usar na adimensionalização. Por outro lado, 𝜃𝜃0 já é adimensional, portanto, inútil como parâmetro de escala. Por outro lado, a MD dos parâmetros de escala escolhidos é tal que ℓ 𝜌𝜌 L 1 1 T 0 -2 que é claramente não-singular, ou seja �1 10 −2� = −2 ≠ 0 PASSO 6: Obter n'-k'' números 𝜋𝜋. No caso, 𝒏𝒏′ − 𝐤𝐤′′ = 4 − 2 = 2 Um procedimento interessante é procurar pelos expoentes 𝑐𝑐1 e 𝑏𝑏1 de modo que para 𝝉𝝉𝒏𝒏 obtenha-se um número: 𝜋𝜋1 = 𝜏𝜏𝑛𝑛ℓ𝑎𝑎1𝜌𝜌𝑏𝑏1 A vantagem deste método é que o adimensional irá conter a variável foco elevada ao expoente 1 o que pode facilitar análise posterior. Aplicando o operador dimensional nos dois membros da expressão acima, tem-se [𝜋𝜋1] = [𝜏𝜏𝑛𝑛ℓ𝑎𝑎1𝜌𝜌𝑏𝑏1] [𝜋𝜋1] = [𝜏𝜏𝑛𝑛][ℓ𝑎𝑎1][𝜌𝜌𝑏𝑏1] 𝑀𝑀0𝜌𝜌0𝑇𝑇0 = [𝑇𝑇][𝜌𝜌𝑎𝑎1][𝜌𝜌𝑏𝑏1𝑇𝑇−2𝑏𝑏1] 𝑀𝑀0𝜌𝜌0𝑇𝑇0 = 𝑀𝑀0𝜌𝜌𝑎𝑎1+𝑏𝑏1𝑇𝑇1−2𝑏𝑏1 Agora igualando os correspondentes expoentes,têm-se as seguintes equações 0 = 𝑐𝑐1 + 𝑏𝑏1 0 = 1 − 2𝑏𝑏1 Este é um sistema de equações lineares nas incógnitas 𝑐𝑐1 e 𝑏𝑏1. Reescrevendo, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 29 �1 10 2� � 𝑐𝑐1 𝑏𝑏1 � = � 0−1� Note que a matriz do sistema linear é a MD dos parâmetros que é não-singular graças ao cuidado tomado no Passo 4 e que pode, portanto, ser invertida. A solução é 𝑐𝑐1 = − 1 2 e 𝑏𝑏1 = 1 2 . ou seja 𝜋𝜋1 = 𝜏𝜏𝑛𝑛ℓ−1/2𝜌𝜌1/2 ou 𝜋𝜋1 = 𝜏𝜏𝑛𝑛� 𝜌𝜌 ℓ A obtenção de 𝜋𝜋2 correspondente a 𝜃𝜃0seria totalmente análoga, ou seja, dever-se-ia obter 𝑐𝑐2 e 𝑏𝑏2 tal que 𝜋𝜋2 = 𝜃𝜃0ℓ𝑎𝑎2𝜌𝜌𝑏𝑏2 Esta seria a formulação automática. Entretanto, como 𝜃𝜃0 já uma variável adimensional por ser ângulo, têm-se imediatamente que 𝑐𝑐2 = 0 e 𝑏𝑏2 = 0. ou seja, 𝜋𝜋2 = 𝜃𝜃0 PASSO 7: Expressar os números 𝜋𝜋 em termos de adimensionais clássicos (ℛ, ℱ, 𝐶𝐶𝐷𝐷, etc). Neste caso, não há adimensionais mais conhecidos do que os já obtidos. PASSO 8: Exibir o resultado. Aqui o resultado da análise dimensional é, portanto, 𝜋𝜋1 = 𝑓𝑓1(𝜋𝜋2) ou seja, 𝜏𝜏𝑛𝑛� 𝑔𝑔 ℓ = 𝑓𝑓1(𝜃𝜃0) (5.1) Um resultado alvissareiro, já que obtido apenas pela análise dimensional, sem aplicação de leis da Mecânica, agora com um procedimento formal. Compare a argumentação aqui com a da versão informal quando se chegou ao mesmo resultado (1.1). Agora não há mais insegurança associada à expressão final devido ao Teorema de Buckingham. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 30 PASSO 9: Explorar condições limites. No caso do pêndulo há grande interesse em se estudar o caso linear, ou seja, no caso de pequenas oscilações, isto é, quando: 𝜃𝜃0 ≪ 1 (5.2) ou seja, usando (8.2) em (8.1) 𝜏𝜏𝑛𝑛� 𝜌𝜌 ℓ = 𝑓𝑓1(0) ≡ 𝐶𝐶 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 o que leva a: 𝜏𝜏𝑛𝑛 = 𝐶𝐶� ℓ 𝑔𝑔 (5.3) Como já dito, no caso informal, não há mais nada a fazer em termos da AD após o estudo dos limites. E assim, repetindo, para definir C têm-se duas opções: a) Encontrar ou desenvolver teoria aderente dentro das hipóteses do problema; b) Realizar ensaios. Repetindo a Sessão 1, no Apêndice A o leitor encontra a teoria aderente para o caso de oscilação no vácuo que calcula: C = 2π. Caso ensaios sejam realizados cuidadosamente, com dois algarismos significativos, o resultado seria C ≅ 6,3. O leitor ainda não montou sua experiência do mouse com fio? Vale a pena porque terá vivência própria da utilidade da AD. COMENTÁRIOS: Um comentário que parece aqui pertinente é notar que (8.4) corresponde à equação diferencial linearizada do problema de vibrações livres do pêndulo simples no limite de pequenos ângulos, isto é, �̈�𝜃 + 𝜌𝜌 ℓ 𝜃𝜃 = 0 58.4) A solução geral de (8.4) é harmônica 𝜃𝜃 = 𝜃𝜃0𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐(𝜔𝜔𝑛𝑛𝑐𝑐 + 𝜑𝜑) (5.5) onde 𝜃𝜃0 e 𝜑𝜑 são obtidos das condições iniciais e tem como período natural exatamente: 𝜏𝜏𝑛𝑛 = 2𝜋𝜋� ℓ 𝑔𝑔 = 2𝜋𝜋 𝜔𝜔𝑐𝑐 (5.6) Por outro lado, a expressão anterior (10.4) corresponde à equação diferencial não linear para ângulos arbitrários: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 31 �̈�𝜃 + 𝑔𝑔ℓ 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝜃𝜃 = 0 (5.7) A solução de (5.7) pode ser colocada em termos de integrais elípticas que tem o período (𝜏𝜏𝑛𝑛,𝑛𝑛ã𝑐𝑐 𝑙𝑙𝑖𝑖𝑛𝑛𝑐𝑐𝑎𝑎𝑟𝑟) dependente apenas do ângulo inicial 𝜃𝜃0 conforme foi antecipado por (5.1). A solução de (5.7) pode ser colocada em termos de integrais elípticas que tem o período (𝜏𝜏𝑛𝑛,𝑛𝑛ã𝑐𝑐 𝑙𝑙𝑖𝑖𝑛𝑛𝑐𝑐𝑎𝑎𝑟𝑟). Como pesquisado por (Castro, Rodrigo, 2019) 𝜃𝜃(𝑐𝑐) = 2 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 �𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 � 𝜃𝜃0 2 � 𝑐𝑐𝑐𝑐 �𝐾𝐾 �𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐2 𝜃𝜃0 2 � − 𝜔𝜔0𝑐𝑐; 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐2 𝜃𝜃0 2 �� onde 𝐾𝐾(𝜕𝜕) é a função integral elíptica incompleta de primeira espécie, 𝑐𝑐𝑐𝑐(𝜕𝜕) é a função elíptica de Jacobi. E definindo 𝜔𝜔(𝜃𝜃0) = 𝜋𝜋𝜔𝜔0 𝐾𝐾 �𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐2 𝜃𝜃0 2 � onde 𝜔𝜔0 é a frequência para o caso linear (𝜔𝜔0 = � 𝑔𝑔 ℓ = 𝜔𝜔𝑛𝑛 ) enquanto 𝜔𝜔(𝜃𝜃0) é a frequência da resposta para ângulos genéricos que depende, portanto, da condição inicial. O movimento resultante não é harmônico, mas é periódico. A Tabela 1.1 mostra os períodos da equação não linear. Note que a solução linear, dependendo da aplicação, fornece bons resultados para ângulos mesmo para ângulos iniciais não tão pequenos como o de 900, que tem o período não linear cerca de 18% diferente do linear. Isto pode acontecer na Engenharia o que possibilita grandes retornos técnicos. A teoria linear das ondas do mar é outro caso em que a solução linear tem grande extensão como será abordado mais tarde. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 32 É importante comentar que de fato o estudo de casos limites é altamente recomendável. Por esta razão está incluso na versão do Teorema de Buckingham do presente texto. Agora, para exemplificar melhor a liberdade de escolha dos parâmetros de escala usando manipulações adimensionais, segue a Aplicação 2. e Tabela 3.1 Razão entre o Período Natural Não-Linear T sobre o Período Linear no Problema de Vibração Livre do Pêndulo Simples em função da posição inicial (𝜃𝜃0). UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 33 Aplicação 2: Corpo caindo no vácuo (A2 ) Figura 8.2.1. Ilustração de corpo em queda no vácuo sob ação da gravidade. Dados: s, 𝑐𝑐0, 𝑣𝑣0, g e t Foco: Dependência temporal de s, s=s(t) Aqui 𝑐𝑐0 e 𝑣𝑣0 são posição e velocidades iniciais, g a aceleração da gravidade, t o tempo, enquanto s é o espaço percorrido. Ver Figura 2.1. PASSO 1: Variáveis do problema (n); foco. 𝑐𝑐 = 𝑓𝑓(𝑐𝑐0, 𝑣𝑣0,𝜌𝜌, 𝑐𝑐) 𝑐𝑐 = 5 PASSO 2: MDI (k x n) s 𝑐𝑐0 𝑣𝑣0 𝜌𝜌 𝑐𝑐 M 0 0 0 0 0 L 1 1 1 1 0 T 0 0 -1 -2 1 PASSO 3: Consolidar MDI (kx n); obter MD (k' x n'). Note que a primeira linha de MDI é [0 0 0 0 0] e pode ser ignorada, significando que esta aplicação independe da massa. Assim, a MD fica s 𝑐𝑐0 𝑣𝑣0 𝜌𝜌 𝑐𝑐 L 1 1 1 1 0 T 0 0 -1 -2 1 𝒏𝒏′ = 5 𝑐𝑐0 g UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 34 𝒌𝒌 ′ = 2 PASSO 4: Achar a classe k'' de MD (k'' x n'). Como as duas linhas de MD acima são linearmente independentes, não é difícil obter pelo menos uma matriz quadradas não-singulares a partir dela. Assim, 𝒌𝒌′′ = 𝒌𝒌′ = 2 PASSO 5: Escolher k'' parâmetros de escala Para tal no quadro usado para a obtenção de MD, sugere-se acrescentar mais uma coluna. Mas qual são os parâmetros de escala adequados? Como mencionado, há liberdade de escolha. Primeiramente, note que não convém usar nem s nem t como parâmetros de escala já que elas são as variáveis de interesse. Pode-se escolher entre 𝑐𝑐0, 𝑣𝑣0 e g. Como 𝒌𝒌′′ = 𝒌𝒌′ = 2, dois parâmetros são suficientes. Se o problema não está claro, a sugestão é escolher todas opções. Pode ocorrer que uma opção seja mais vantajosa, como mostrado em seguida. Opção 1: 𝒔𝒔𝟎𝟎 e 𝒗𝒗𝟎𝟎 É fácil ver que este conjunto forma a MD dos parâmetros não-singular, ou seja 𝑐𝑐0 𝑣𝑣0 L 1 1 T 0 -1 que é claramente não-singular, ou seja �1 10 −1� = −1 ≠ 0 Continuando, neste casoa MD toma a forma Parâmetros de escala s 𝑐𝑐0 𝑣𝑣0 𝜌𝜌 𝑐𝑐 𝑐𝑐0 L 1 1 1 1 0 𝑣𝑣0 T 0 0 -1 -2 1 PASSO 6 (1):Obter n'-k'' números 𝜋𝜋. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 35 No caso, 𝒏𝒏′ − 𝐤𝐤′′ = 5 − 2 = 3 Um procedimento semelhante ao anterior leva aos adimensionais através dos Passos 7 e 8 resultando nos adimensionais: �̂�𝑐 = 𝑐𝑐 𝑐𝑐0 (8.8) 𝜌𝜌� = 𝜌𝜌𝑐𝑐0 𝑣𝑣02 (8.9) �̂�𝑐 = 𝑓𝑓𝑣𝑣0 𝑠𝑠0 (8.10) portanto, �̂�𝑐 = 𝑓𝑓1(𝜌𝜌�, �̂�𝑐) (8.11) PASSO 9 (1): Explorar condições limites. No caso pode ser de interesse o caso limite de tempo curto, ou seja, qual o comportamento quando se tem �̂�𝑐 ≪ 1 �̂�𝑐 = 𝑓𝑓1(𝜌𝜌�, 0) Como 𝜌𝜌� = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐, o resultado é �̂�𝑐 ≅ 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 ≡ 𝐶𝐶1 o que leva a 𝑐𝑐 ≅ 𝐶𝐶1𝑐𝑐0�̂�𝑐 ≪ 1 que é um resultado trivial, indicando, que apesar de correta, no estudo do caso limite de tempo curto, a Opção 1 de escolha dos parâmetros de escala não leva a conclusões importantes. Agora considere Opção 2: 𝒗𝒗𝟎𝟎 e 𝒈𝒈 É fácil ver que este conjunto forma a MD dos parâmetros não-singular. A MD fica: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 36 Parâmetros de escala s 𝑐𝑐0 𝑣𝑣0 𝜌𝜌 𝑐𝑐 𝑣𝑣0 L 1 1 1 1 0 𝜌𝜌 T 0 0 -1 -2 1 PASSO 6 (2): Obter n'-k'' números 𝜋𝜋. No caso, 𝒏𝒏′ − 𝐤𝐤′′ = 5 − 2 = 3 Um procedimento semelhante ao anterior leva aos adimensionais através dos Passos 7 e 8 resultando: �̃�𝑐 = 𝑐𝑐𝜌𝜌 𝑣𝑣02 (8.12) �̃�𝑐0 = 𝑐𝑐0𝜌𝜌 𝑣𝑣02 (8.13) �̃�𝑐 = 𝑐𝑐𝜌𝜌 𝑣𝑣0 (8.14) portanto, �̃�𝑐 = 𝑓𝑓2(�̃�𝑐0, �̃�𝑐) (8.15) Note que o mesmo resultado (8.14) poderia ser obtido através de manipulações dimensionais que são operações com os adimensionais resultantes de rearranjo dos mesmos através de produtos, divisões e exponenciação o que é garantido pelo PASSO 8 do Teorema de Buckingham. Para tal, considere-se (8.11) usando (8.8)-(8.10) tem-se, 𝑐𝑐 𝑐𝑐0 = 𝑓𝑓1( 𝜌𝜌𝑐𝑐0 𝑣𝑣02 , 𝑐𝑐𝑣𝑣0 𝑐𝑐0 ) (8.16) A opção 2 𝑣𝑣0 e 𝜌𝜌. Assim, com o objetivo de eliminar 𝑐𝑐0 do lado esquerdo, tem-se 𝑐𝑐 𝑐𝑐0 𝜌𝜌𝑐𝑐0 𝑣𝑣02 = 𝑓𝑓2( 𝜌𝜌𝑐𝑐0 𝑣𝑣02 , 𝑐𝑐𝑣𝑣0 𝑐𝑐0 𝜌𝜌𝑐𝑐0 𝑣𝑣02 ) que com os cancelamentos, fornece: 𝑐𝑐𝜌𝜌 𝑣𝑣02 = 𝑓𝑓2( 𝜌𝜌𝑐𝑐0 𝑣𝑣02 , 𝑐𝑐𝜌𝜌 𝑣𝑣0 ) (8.17) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 37 Assim ficam para o leitor duas possibilidades. O uso do procedimento matricial para todas as opções de combinação de parâmetros ou o uso de manipulações adimensionais a partir de uma das opções. PASSO 9 (2): Explorar condições limites. Novamente pode ser de interesse o caso limite de tempo curto com �̃�𝑐 ≪ 1 �̃�𝑐 = 𝑓𝑓1(�̃�𝑐0, 0) Como �̃�𝑐0 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐, o resultado é �̃�𝑐 ≅ 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 ≡ 𝐶𝐶2 o que leva agora a para tempo curto 𝑐𝑐 ≅ 𝐶𝐶2 𝑣𝑣02 𝜌𝜌 �̃�𝑐 ≪ 1 O que é bem mais informativo do que o resultado da Opção 1. Esta opção evidencia que a influência da velocidade inicial é quadrática em tempos curtos. Finalmente, considere agora Opção 3: 𝒔𝒔𝟎𝟎 e 𝒈𝒈 É fácil ver que este conjunto forma a MD dos parâmetros não-singular. A MD fica Parâmetros de escala s 𝑐𝑐0 𝑣𝑣0 𝜌𝜌 𝑐𝑐 𝑐𝑐0 L 1 1 1 1 0 𝜌𝜌 T 0 0 -1 -2 1 PASSO 6 (3):Obter n'-k'' números 𝜋𝜋. No caso, 𝒏𝒏′ − 𝐤𝐤′′ = 5 − 2 = 3 Um procedimento semelhante ao anterior leva aos adimensionais através dos Passos 7 e 8 resultando: �̅�𝑐 = 𝑐𝑐 𝑐𝑐0 (8.18) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 38 �̅�𝑣0 = 𝑣𝑣0 �𝑐𝑐0𝜌𝜌 (8.19) 𝑐𝑐̅ = 𝑐𝑐� 𝜌𝜌 𝑐𝑐0 (8.20) portanto, �̅�𝑐 = 𝑓𝑓3(�̅�𝑣0, 𝑐𝑐̅) (8.21) Esta última equação também poderia ser obtida através de manipulações adimensionais a partir de (8.11) ou de (8.15). Como se quer passar para a Opção 3 envolvendo 𝑐𝑐0 e 𝜌𝜌, melhor partir da primeira que pode ser escrita como 𝑐𝑐 𝑐𝑐0 = 𝑓𝑓3(� 𝜌𝜌𝑐𝑐0 𝑣𝑣02 � −12 , 𝑐𝑐𝑣𝑣0 𝑐𝑐0 � 𝜌𝜌𝑐𝑐0 𝑣𝑣02 ) o que leva a (8.16) 𝑐𝑐 𝑐𝑐0 = 𝑓𝑓3( 𝑣𝑣0 �𝑐𝑐0𝜌𝜌 , 𝑐𝑐� 𝜌𝜌 𝑐𝑐0 ) (8.22) Este é mais um exemplo de manipulação dimensional. PASSO 9 (2): Explorar condições limites. No caso limite de tempo curto, a conclusão é a mesma que a Opção 1, já que com �̃�𝑐 ≪ 1 �̅�𝑐 = 𝑓𝑓2(�̅�𝑣0, 0) Como �̅�𝑣0 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐, o resultado é �̅�𝑐 ≅ 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 ≡ 𝐶𝐶3 o que leva a agora a UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 39 𝑐𝑐 ≅ 𝐶𝐶3 𝑣𝑣02 𝜌𝜌 �̃�𝑐 ≪ 1 COMENTÁRIOS: Pode-se, assim, concluir que não se poderia dizer antecipadamente qual das opções de escolha dos parâmetros de escala seria a mais adequada. A sugestão de tentar todas as possíveis levou que no estudo do limite de tempo curto. A Opção 2 resultou em resultados interessantes, que a priori, sem a AD, seriam difíceis de intuir. Por outro lado, é sempre uma ótima notícia quando se tem uma teoria aderente. A Cinemática do ponto permite escrever a Equação (8.23) 𝑐𝑐 = 𝑐𝑐0 + 𝑣𝑣0𝑐𝑐 + 1 2 𝜌𝜌𝑐𝑐2 (8.23) Trata-se de uma equação que explicita s(t) que era o foco do problema de queda livre no vácuo. Ela mostra a relação do que tentamos descobrir pela AD. Devido a mencionada aderência, ela permite a obtenção das constantes, como as constantes Cs, abordadas anteriormente e entender o papel de cada variável. Agora, aproveitando o caso, convém lembrar que outra aplicação nobre da Análise Dimensional é reescrever equações em forma adimensional, seja para análise seja para uso computacional. Em ambos os casos a forma adimensional tem mais vantagens. Uma variável física em muitos problemas de Engenharia nunca é grande ou pequena absolutamente. Por exemplo, é possível gerar ondas típicas de águas profundas em canais de onda com 1 m de profundidade. Basta atentar para os adimensionais que comandam o fenômeno, como será abordado no presente texto. Assim, retomando, considere a tarefa de obter a forma adimensional da Equação (2.10). Como se viu, há três opções de parâmetros de escala entre {𝑐𝑐0, 𝑣𝑣0 e g}. Opção 1:𝒔𝒔𝟎𝟎 e 𝒗𝒗𝟎𝟎 Tomando as variáveis usando as variáveis definidas em (8.8) - (8.10) em (8.23), pode-se escrever: 𝑐𝑐0�̂�𝑐 = 𝑐𝑐0 + 𝑣𝑣0 𝑐𝑐0 𝑣𝑣𝑐𝑐 �̂�𝑐 + 1 2 𝑣𝑣02 𝑐𝑐0 𝜌𝜌� � 𝑐𝑐0 𝑣𝑣𝑐𝑐 �̂�𝑐� 2 o que leva a 𝑐𝑐0�̂�𝑐 = 𝑐𝑐0 + 𝑐𝑐0�̂�𝑐 + 1 2 𝑐𝑐0𝜌𝜌��̂�𝑐2 ou finalmente que UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 40 �̂�𝑐 = 1 + �̂�𝑐 + 1 2 𝜌𝜌��̂�𝑐2 (8.24) que é uma parábola em �̂�𝑐 com apenas um único parâmetro adimensional 𝜌𝜌� = 𝑔𝑔𝑠𝑠0 𝑣𝑣02 já definido em (8.9) e que poderia receber um nome criativo como gravidade reduzida, parâmetro de gravidade ou outro qualquer. Esta expressão pode ser usada também para explorar condições limites. Para o caso de tempo curto, �̂�𝑐 ≪ 1 �̂�𝑐 = 1 o que leva a 𝑐𝑐 ≅ 𝑐𝑐0�̂�𝑐 ≪ 1 indicando que C=1 na expressão obtida da análise dimensional. Opção 2:𝒗𝒗𝟎𝟎 e 𝒈𝒈 Usando o mesmo procedimento, chega-se a: �̃�𝑐 = �̃�𝑐0 + �̃�𝑐 + 1 2 �̃�𝑐2 (8.25) Novamente,tem-se uma parábola agora �̃�𝑐 cujo único parâmetro é �̃�𝑐0 = 𝑠𝑠0𝑔𝑔 𝑣𝑣02 já definido em (8.13). No caso limite de tempo curto �̃�𝑐 ≪ 1 �̃�𝑐 ≅ �̃�𝑐0 Se apenas retiramos os termos adimensionalizadores, chegamos novamente à conclusão trivial que 𝑐𝑐 ≅ 𝑐𝑐0�̃�𝑐 ≪ 1 Mas como �̃�𝑐0 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐, pode-se repetir o resultado da Análise Diemnsional que é �̃�𝑐 ≅ 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 ≡ 𝐶𝐶2 o que leva agora a para tempo curto UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 41 𝑐𝑐 ≅ 𝐶𝐶2 𝑣𝑣02 𝜌𝜌 Claro que pela expressão da Cinemática 𝐶𝐶2 = �̃�𝑐0 = 𝑐𝑐0𝜌𝜌 𝑣𝑣02 o que leva ao resultado trivial 𝑐𝑐 ≅ 𝑐𝑐0 Contudo a Análise Dimensional alertou para a possibilidade 𝑐𝑐 ≅ 𝐶𝐶3 𝑣𝑣02 𝑔𝑔 �̃�𝑐 ≪ 1. Estas possibilidades aqui parecem triviais, mas em casos ainda pouco esclarecidos comuns na Engenharias Naval e Oceânica, este tipo de análise é de grande valia como o texto mostra em seguida. Opção 3:𝒔𝒔𝟎𝟎 e 𝒈𝒈 Usando mais uma vez o mesmo procedimento, chega-se a: �̅�𝑐 = 1 + �̅�𝑣0𝑐𝑐̅ + 1 2 𝑐𝑐̅2 (8.26) Agora se tem uma parábola em �̃�𝑐 cujo único parâmetro é �̅�𝑣0 = 𝑣𝑣0 �𝑠𝑠0𝑔𝑔 de (8.19). Obtém-se o mesmo caso limite para tempo curto que a Opção 1. Cada uma das expressões acrescenta um ponto de vista diferente, com seus diferentes parâmetros (𝜌𝜌�, �̃�𝑐0 e �̅�𝑣𝑐𝑐). As mesmas ideias e procedimentos podem ser usados em casos mais complexos. Um deles vem a seguir. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 42 Aplicação 3: Relação de Dispersão em Ondas de Gravidade (A3) Figura 8.3.1. Onda de Gravidade, comprimento 𝜆𝜆 e período T. A análise deste caso, tão importante para a Engenharia Naval e Oceânica, é aqui oportuna devido à forte analogia ao problema do período natural do pêndulo simples. Tanto as ondas quanto o pêndulo devem seu movimento oscilatório à gravidade. Ambos têm 𝒌𝒌′′ = 2, porque M não pode ser uma variável fundamental dos respectivos problemas. Dados: A, 𝜆𝜆, T, h, 𝜌𝜌 e g Foco: Interdependência entre 𝜆𝜆 e T ou relação de dispersão Aqui A é a amplitude da onda, 𝜆𝜆 o comprimento de onda, T o período, h a profundidade, 𝜌𝜌 a densidade da água e g a aceleração da gravidade. No presente caso o fluido é considerado não viscoso e irrotacional. Assim, o coeficiente de viscosidade, 𝜇𝜇, não é uma das propriedades do problema. A relação de dispersão mencionada é bastante engenhosa e decorre do tipo de fenômeno ondulatório das ondas de gravidade. Ela amarra a relação entre uma variável puramente geométrica como comprimento de onda, 𝜆𝜆 e T o período da onda, que é uma variável temporal, ver Figura 8.3.1. A onda de gravidade, às vezes é chamada também de onda de superfície e ainda de onda progressiva plana. PASSO 1: Variáveis do problema (n); foco. 𝜆𝜆 = 𝑓𝑓1(𝑑𝑑,𝑇𝑇,ℎ,𝜌𝜌,𝜌𝜌) 𝑐𝑐 = 6 Período T h g 𝜆𝜆 A UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 43 PASSO 2: MDI (k x n) Note que MDI é uma matriz [3x6]. PASSO 3: Consolidar MDI (k x n); obter MD (k' x n'). Note que a primeira linha de MDI é [0 0 0 0 0 1]. Assim, a MD fica 𝜆𝜆 𝑑𝑑 𝑇𝑇 ℎ 𝜌𝜌 L 1 1 0 1 1 T 0 0 1 0 -2 e, portanto, 𝒏𝒏′ = 5 𝒌𝒌 ′ = 2 PASSO 4: Achar a classe k'' de MD (k'' x n'). Como as duas linhas de MD acima são linearmente independentes, não é difícil obter matrizes quadradas não-singulares a partir dela. Assim, 𝒌𝒌′′ = 𝒌𝒌′ = 2 PASSO 5: Escolher k'' parâmetros de escala Note que não convém usar nem 𝜆𝜆 nem T como parâmetros de escala já que elas são as variáveis de interesse. Pode-se escolher entre 𝑑𝑑 , ℎ e g. Como 𝒌𝒌′′ = 𝒌𝒌′ = 2 , dois parâmetros são suficientes. Como já dito anteriormente, se o problema ainda não está claro, a sugestão é escolher todas as opções. Pode ocorrer que uma opção seja mais vantajosa, como mostrado em seguida. 𝜆𝜆 𝑑𝑑 𝑇𝑇 ℎ 𝜌𝜌 𝜌𝜌 M 0 0 0 0 0 1 L 1 1 0 1 1 -3 T 0 0 1 0 -2 0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 44 Opção 1: 𝑨𝑨 e 𝒈𝒈 No quadro usado para a obtenção de MD, usando 𝑑𝑑 e 𝜌𝜌 como parâmetro de escala resulta: Parâmetros de escala 𝜆𝜆 𝑑𝑑 𝑇𝑇 ℎ 𝜌𝜌 A L 1 1 0 1 1 g T 0 0 1 0 -2 PASSO 6 (1):Obter n'-k'' números 𝜋𝜋. No caso, 𝒏𝒏′ − 𝐤𝐤′′ = 5 − 2 = 3 O leitor, usando o método sistemático apresentado acima (Passos 7 e 8), está convidado a mostrar que: 𝜆𝜆 𝑑𝑑 = 𝑓𝑓1(𝑇𝑇� 𝜌𝜌 𝑑𝑑 , ℎ 𝑑𝑑 ) (8.27) Note o adimensional inevitável envolvendo o período T e g. Já aconteceu no caso do pêndulo simples. PASSO 9: Explorar condições limites. No caso, há dois limites a serem considerados. O limite de ondas de pequenas amplitudes e longos períodos (que pode ser referido como limite da teoria linear de ondas) e o limite de águas profundas. O limite da teoria linear pode ser escrito como 𝜆𝜆 𝑑𝑑 ≫ ∞ ou equivalentemente, mais comum 𝑑𝑑 𝜆𝜆 ≪ 0 Este limite é difícil estudar usando (8.27). Todos os adimensionais envolvem A. do, o melhor operar com apenas um adimensional envolvendo A. Para tal lembramos que manipulações adimensionais são sempre possíveis como garante o Passo 8 do Teorema de Buckingham. Não há nenhum empecilho na AD que nos impeça de escrever: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 45 𝑇𝑇� 𝜌𝜌 𝑑𝑑 = 𝑓𝑓2( 𝑑𝑑 𝜆𝜆 , ℎ 𝜆𝜆 ) (3.) ou ainda �𝑑𝑑 𝜆𝜆 𝑇𝑇� 𝜌𝜌 𝑑𝑑 = 𝑓𝑓3( 𝑑𝑑 𝜆𝜆 , ℎ 𝜆𝜆 ) ou, cancelando, 𝑇𝑇� 𝜌𝜌 𝜆𝜆 = 𝑓𝑓3( 𝑑𝑑 𝜆𝜆 , ℎ 𝜆𝜆 ) (3.) Assim, com tranquilidade pode-se reescrever a presente condição limite do seguinte modo: 𝑇𝑇� 𝜌𝜌 𝜆𝜆 = 𝑓𝑓3(0, ℎ 𝜆𝜆 ) que leva à 1 𝑇𝑇 � 𝜆𝜆 𝜌𝜌 = 𝑓𝑓4(0, ℎ 𝜆𝜆 ) ou 𝜆𝜆 = 𝜌𝜌𝑇𝑇2𝑓𝑓5(0, ℎ 𝜆𝜆 ) (3.) Aqui atingimos todo o potencial da AD e já se tem um resultado surpreendente que foi obtido apenas pela própria AD. Ele mostra que a relação entre o comprimento da onda progressiva plana depende exatamente do período ao quadrado. Esta conclusão, que é apenas dimensional, precisa acontecer! Não há outra opção. Ela é tão forte que se pode dizer que se alguma teoria ou experiência concluir diferente, então elas estão erradas. O Apêndice B pode ser consultado para resgatar a Relação de Dispersão para águas de profundidade intermediária: 𝜆𝜆 = 𝜌𝜌𝑇𝑇2 𝑐𝑐𝜌𝜌ℎ(2𝜋𝜋ℎ 𝜆𝜆 ) 2𝜋𝜋 (3.) o que dá uma forma exata para 𝑓𝑓4 �0, ℎ 𝜆𝜆 � de (8.30). Agora considerando a condição limite de águas profundas, isto é, para: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 46 ℎ 𝜆𝜆 → ∞ de (8.30) vem: 𝜆𝜆 = 𝜌𝜌𝑇𝑇2𝑓𝑓5(0,∞) (3.32) ou seja: 𝜆𝜆 = 𝐶𝐶1𝜌𝜌𝑇𝑇2 (3.33) que se constitui novamente num grande resultado limite da AD. Note então que 𝐶𝐶1 em (8.32) é uma constante que, tento em vista o mesmo limite de (3.31) resulta em: 𝐶𝐶1 = 1 2𝜋𝜋 ou seja, 𝜆𝜆 = 𝜌𝜌𝑇𝑇2 2𝜋𝜋 (3.8) Finalmente, considere agora a condição limite de águas rasas, isto é, para ℎ 𝜆𝜆 ≪ 0 A partir novamente de (8.27), manipulações dimensionais pela multiplicação de potências de adimensionais independentes que constam de 𝑓𝑓1 são sempre possíveis: 𝑇𝑇� 𝜌𝜌 𝑑𝑑 �𝑑𝑑 𝜆𝜆 �ℎ 𝜆𝜆 = 𝑓𝑓3(𝑑𝑑 𝜆𝜆 , ℎ 𝜆𝜆 ) (8.35) Simplificando, 𝑇𝑇 𝜆𝜆 � 𝜌𝜌ℎ = 𝑓𝑓6( 𝑑𝑑 𝜆𝜆 , ℎ 𝜆𝜆 ) ou 𝜆𝜆 𝑇𝑇 1 �𝜌𝜌ℎ = 𝑓𝑓7( 𝑑𝑑 𝜆𝜆 , ℎ 𝜆𝜆 ) (8.36) Agora, considerando o limite da teria linear ( 𝐴𝐴 𝜆𝜆 ≪ 0 ) e águas rasas ( ℎ 𝜆𝜆 ≪ 0 ) simultaneamente, vem: 𝜆𝜆 𝑇𝑇 = �𝜌𝜌ℎ𝑓𝑓7(0, 0) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 47 levando à, 𝜆𝜆 𝑇𝑇 1 �𝜌𝜌ℎ = 𝑓𝑓7( 𝑑𝑑 𝜆𝜆 , ℎ 𝜆𝜆 ) (8.37) O Apêndice B mostra que, 𝜆𝜆 𝑇𝑇 = �𝜌𝜌ℎ (8.38) ou 𝐶𝐶2 = 1 Os resultados analíticos da Teoria de Onda Linear do Apêndice B são bem conhecidos. Sem dúvida eles inspiraram as chamadas manipulações adimensionais aqui realizadas, mas nenhuma ação ilícita foi cometida. Num caso sem muita clareza, ainda desconhecido, as combinações podem e ser tentadas exaustivamente, a qualquer momento. Assim, fica, naturalmente, a sugestão de se perpetuar manipulações adimensionais em problemas pouco conhecidos. O retorno pode ser significativo como em várias aplicações discutidas a seguir. Observe que a análise ainda está na Opção 1 e assim, para fechar o estudo, considere-se: Opção 2: 𝒉𝒉 e 𝒈𝒈 No quadro usado para a obtenção de MD, usando ℎ e 𝜌𝜌 como parâmetro de escala resulta: Parâmetros de escala 𝜆𝜆 𝑑𝑑 𝑇𝑇 ℎ 𝜌𝜌 h L 1 1 0 1 1 g T 0 0 1 0 -2 PASSO 6 (2):Obter n'-k'' números 𝜋𝜋. No caso, 𝒏𝒏′ − 𝐤𝐤′′ = 5 − 2 = 3 Usando o método sistemático apresentado acima (Passos 7 e 8), pode-se mostrar que: 𝜆𝜆 ℎ = 𝜌𝜌1(𝑇𝑇� 𝜌𝜌 ℎ , 𝑑𝑑 ℎ ) (8.39) PASSO 9 (2): Explorar condições limites. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 48 Os dois limites a serem considerados são os mesmos. O limite de ondas de pequenas amplitudes e longos períodos (que pode ser referido como limite da teoria linear de ondas) e o limite de águas profundas. O limite da teoria linear pode ser escrito como 𝜆𝜆 𝑑𝑑 ≫ ∞ ou equivalentemente, mais comum 𝑑𝑑 𝜆𝜆 ≪ 0 Como no caso da Opção 1, este limite é também difícil estudar usando (8.37). Há necessidade de manipulações adimensionais. Pode-se escrever: 𝜆𝜆 ℎ = 𝜌𝜌1(𝑇𝑇� 𝜌𝜌 ℎ , 𝑑𝑑 ℎ 𝜆𝜆 𝜆𝜆 ) e, portanto, 𝜆𝜆 ℎ = 𝜌𝜌2(𝑇𝑇� 𝜌𝜌 ℎ , 𝑑𝑑 𝜆𝜆 ) O limite de pequenas amplitudes ou comprimento grande está bem posto, mas não o de águas profundas porque h aparece do lado esquerdo e do lado direito. Assim, novas manipulações adimensionais são bem vindas: 𝜆𝜆 ℎ 𝑑𝑑 𝑑𝑑 = 𝜌𝜌2(𝑇𝑇� 𝜌𝜌 ℎ , 𝑑𝑑 𝜆𝜆 ) 𝜆𝜆 𝑑𝑑 𝑑𝑑 ℎ = 𝜌𝜌2(𝑇𝑇� 𝜌𝜌 ℎ , 𝑑𝑑 𝜆𝜆 ) 𝜆𝜆 𝑑𝑑 = 𝜌𝜌3(𝑇𝑇� 𝜌𝜌 ℎ , 𝑑𝑑 𝜆𝜆 ) que novamente não produz resultados bons como em (8.27) e a solução é fazer uso da mesma manipulação adimensional que levou a (8.28), isto é: 𝑇𝑇� 𝜌𝜌 ℎ �𝜆𝜆 𝜆𝜆 = 𝜌𝜌4( 𝑑𝑑 𝜆𝜆 , ℎ 𝜆𝜆 ) ou ainda, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 49 �𝜆𝜆 ℎ 𝑇𝑇� 𝜌𝜌 𝜆𝜆 = 𝜌𝜌4( 𝑑𝑑 𝜆𝜆 , ℎ 𝜆𝜆 ) Ou, 𝑇𝑇� 𝜌𝜌 𝜆𝜆 = 𝜌𝜌5( 𝑑𝑑 𝜆𝜆 , ℎ 𝜆𝜆 ) (8.38) que vem a ser (8.29) quando 𝜌𝜌5 = 𝑓𝑓2, o que é uma possibilidade conceitual. O resto da análise continua a mesma a partir daqui. Uma conclusão é que o estudo de opções para cada conjunto de parâmetros adimensionais pode ser feito em conjunto com as manipulações adimensionais. Outra aplicação de dimensão dois vem da Resistência dos Materiais. Aplicação 4: Flecha de viga devido à flexão. (A4) Figura 8.4.1. Flecha (𝛿𝛿) de viga em balanço submetida à força 𝐹𝐹. Considere: F, E, I, ℓ e 𝛿𝛿 Foco: A flecha 𝛿𝛿 devida a aplicação da força F. Note que, por simplicidade, a gravidade está fora deste problema. PASSO 1: Variáveis do problema (n); foco. Assim, 𝛿𝛿 = 𝑓𝑓(𝐸𝐸, 𝐼𝐼, ℓ,𝐹𝐹) 𝑐𝑐 = 5 ℓ 𝐹𝐹 𝛿𝛿 𝐸𝐸, 𝐼𝐼 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 50 PASSO 2: MDI (k x n) Para obtenção das dimensões do módulo de Young, deve-se lembrar da forma da Lei de Hooke em Resistência dos Materiais: 𝜎𝜎 = 𝐸𝐸𝐸𝐸 Aplicando o operador dimensional [𝜎𝜎] = [𝐸𝐸𝐸𝐸] [𝜎𝜎] = [𝐸𝐸][𝐸𝐸] [𝜎𝜎] = [𝐸𝐸] [𝐸𝐸] = 𝑀𝑀1𝜌𝜌−1𝑇𝑇−2 PASSO 3: Consolidar MDI (k x n); obter MD (k' x n'). Neste caso não há modificações, com MD = MDI e, portanto, 𝒏𝒏′ = 𝒏𝒏 = 5 𝒌𝒌′ = 𝒌𝒌 = 3 ou ainda 𝛿𝛿 𝐸𝐸 𝐼𝐼 ℓ 𝐹𝐹 M 0 1 0 0 1 L 1 -1 4 1 1 T 0 -2 0 0 -2 𝛿𝛿 𝐸𝐸 𝐼𝐼 ℓ 𝐹𝐹 M 0 1 0 0 1 L 1 -1 4 1 1 T 0 -2 0 0 -2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 51 𝑀𝑀𝐷𝐷 = � 0 1 1 −1 0 −2 0 0 1 4 1 1 0 0 −2 � PASSO 4: Achar a classe k'' de MD (k'' x n'). Note que no presente caso, a terceira linha de MD é linearmente dependente da primeira linha! Ou seja, a massa M e o tempo T entram de modo linearmente dependente no problema. Assim: 𝒌𝒌′′ = 𝒌𝒌′ = 𝒌𝒌 = 2 PASSO 5: Escolher k'' parâmetros de escala Como a força e a flecha tem uma relação de causa e consequência, escolhem-se os parâmetros de escala entre o conjunto {𝐸𝐸, 𝐼𝐼, ℓ}. Considere Opção 1: 𝑰𝑰 e 𝓵𝓵 Esta primeira opção obviamente não é válida, mas vale aqui como contraexemplo. O par {𝐼𝐼, ℓ} forma uma MD dos parâmetros de fato singular: 𝐼𝐼 ℓ L 4 1 T 0 0 ou seja, �1 10 0� = 0 portanto, {𝐼𝐼, ℓ} não é um conjunto possível de parâmetros adimensionais. Opção 2: 𝑬𝑬 e 𝑰𝑰 Claramente a MD dos parâmetros de escala é não singular. Parâmetros de escala 𝛿𝛿 𝐸𝐸 𝐼𝐼 ℓ 𝐹𝐹 E M 0 1 0 0 1 I L 1 -1 4 1 1 E T 0 -2 0 0 -2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 52 PASSO 6 (2):PASSO 6: Obter n'-k'' números 𝜋𝜋. No caso, 𝒏𝒏′ − 𝐤𝐤′′ = 𝐧𝐧 − 𝐤𝐤 = 5 − 2 = 3 Usando os procedimentos já indicados ou por tentativa e erro, vem 𝜋𝜋1 = 𝛿𝛿𝐼𝐼−1/4 𝜋𝜋2 = ℓ𝐼𝐼−1/4 𝜋𝜋3 = 𝐹𝐹𝐸𝐸−1𝐼𝐼1/2 PASSO 7: Expressar os números 𝜋𝜋 em termos de adimensionais clássicos (ℛ, ℱ, 𝐶𝐶𝐷𝐷, etc). Neste caso, não há adimensionais mais conhecidos do que os já obtidos. PASSO 8: Exibir o resultado e, se for o caso, reorganizá-lo para maior clareza. Aqui o resultado da análise dimensional é, portanto, 𝜋𝜋1 = 𝑓𝑓1(𝜋𝜋2,𝜋𝜋3) ou seja, 𝛿𝛿 𝐼𝐼1/4 = 𝑓𝑓1( ℓ 𝐼𝐼1/4 , 𝐹𝐹 𝐸𝐸𝐼𝐼1/2 ) (8.39) Um resultado ainda obscuro, provavelmente devido à escolha de I como parâmetro adimensional que trouxe muitos expoentes fracionários. A última alternativa é a Opção 3. Opção 3: 𝑬𝑬 e 𝓵𝓵 O que leva, por um processo análogo, que: 𝛿𝛿 𝐼𝐼1/4 = 𝑓𝑓1( ℓ 𝐼𝐼1/4 , 𝐹𝐹 𝐸𝐸𝐼𝐼1/2 ) (8.40) Um resultado mais limpo para iniciar as manipulações adimensionais. Por conhecimento da Resistência dos Materiais, sabe-se que o produto EI comanda os efeitos flexionais. Por causa disso vem: 𝛿𝛿 ℓ = 𝑓𝑓2( 𝐼𝐼 ℓ4 , 𝐹𝐹 𝐸𝐸ℓ2 𝐼𝐼 𝐼𝐼 ) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prof. Antonio Carlos Fernandes 53 𝛿𝛿 ℓ = 𝑓𝑓2( 𝐼𝐼 ℓ4 , 𝐹𝐹 𝐸𝐸𝐼𝐼 𝐼𝐼 ℓ2 ℓ2 ℓ2 ) 𝛿𝛿 ℓ = 𝑓𝑓2( 𝐼𝐼 ℓ4 , 𝐹𝐹ℓ2 𝐸𝐸𝐼𝐼 𝐼𝐼 ℓ4 ) 𝛿𝛿 ℓ = 𝑓𝑓3( 𝐼𝐼 ℓ4 , 𝐹𝐹ℓ2 𝐸𝐸𝐼𝐼 ) (8.41) A partir de (8.41) não há mais nada a fazer, a não ser considerar o caso limite de vigas
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