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Epidemiologia: Estudos e Objetivos

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–
- Sarampo; 
- Epidemia?; 
- Epidemiologia descritiva; 
- Epidemiologia, doenças ou agravos variáveis: pessoa, ao 
tempo e lugar; 
 
 
 
 
–
Epidemiologia - definição e objetivos 
A Epidemiologia é definida como o estudo da 
distribuição e dos determinantes das doenças ou condições 
relacionadas à saúde em populações especificadas. Mais 
recentemente, foi incorporada à definição de 
Epidemiologia a “aplicação desses estudos para controlar 
problemas de saúde”. 
Estudo inclui vigilância, observação, pesquisa 
analítica e experimento. Distribuição refere-se à análise 
por tempo, local e características dos 
indivíduos. Determinantes são todos os fatores físicos, 
biológicos, sociais, culturais e comportamentais que 
influenciam a saúde. Condições relacionadas à 
saúde incluem doenças, causas de mortalidade, hábitos de 
vida (como tabagismo, dieta, atividades físicas, etc.), 
provisão e uso de serviços de saúde e de 
medicamentos. Populações especificadas são aquelas com 
características identificadas, como, por exemplo, 
determinada faixa etária em uma dada população. 
TIPOS DE EPIDEMIOLOGIA - Os estudos epidemiológicos 
podem ser classificados em observacionais e 
experimentais. De uma maneira geral, os estudos 
epidemiológicos observacionais podem ser classificados em 
descritivos e analíticos. 
Objetivo da epidemiologia descritiva consiste em 
delinear o perfil epidemiológico das populações e 
possibilitar intervenções de saúde coletiva 
contextualizadas por meio do estudo da frequência e da 
distribuição desses eventos em função de variáveis 
circunstanciais ligadas ao tempo (data do início dos 
sintomas, data da cura ou do óbito, meses de maior 
ocorrência de um agravo), ao lugar (endereço, 
características socioambientais do local de moradia) e à 
pessoa (sexo, idade, renda, estado civil, escolaridade, estilo 
de vida). Outros usos dos estudos descritivos incluem: a 
possibilidade de geração e refino de hipóteses causais, a 
análise de tendências epidemiológicas como forma de 
predizer cenários, com base no conhecimento do 
comportamento temporal e espacial de uma doença, e a 
identificação de grupos populacionais que estarão 
potencialmente mais vulneráveis. 
na fase descritiva, também merece destaque a 
situação de saúde dos indivíduos “saudáveis”. Na verdade, 
toda a ciência epidemiológica tem por objeto o processo 
saúde-doença, sendo “saúde” e “doença” faces da mesma 
moeda. A abordagem descritiva, utilizando-se dos 
princípios básicos de outras ciências (sociologia, 
antropologia, economia, informática e ciência política) e 
de ferramentas estatísticas apropriadas, também tem por 
objetivo revelar esses processos no âmbito de uma 
coletividade. 
A epidemiologia descritiva examina como a 
incidência (casos novos) ou a prevalência (casos existentes) 
de uma doença ou condição relacionada à saúde varia de 
acordo com determinadas características, como sexo, idade, 
escolaridade e renda, entre outras. Quando a ocorrência da 
doença/condição relacionada à saúde difere segundo o 
tempo, lugar ou pessoa, o epidemiologista é capaz não apenas 
de identificar grupos de alto risco para fins de prevenção 
(por exemplo: na cidade de Bambuí, verificou-se que idosos 
com renda familiar inferior a três salários mínimos 
ingeriam menos frutas e legumes frescos e praticavam 
menos exercícios físicos do que aqueles com renda familiar 
mais alta), mas também gerar hipóteses etiológicas para 
investigações futuras. 
No Brasil, existem importantes bancos de dados 
secundários com abrangência nacional – como o Sistema de 
Informações sobre Mortalidade (SIM-SUS), o Sistema de 
Informações sobre Autorizações de Internações Hospitalares 
(SIH-SUS) e a Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar 
(PNAD, 1998) – que podem ser usados em estudos 
epidemiológicos. 
Estudos analíticos - os estudos analíticos propõem-
se a testar a hipótese se o risco de ter ou não a doença é 
diferente entre os indivíduos expostos e não expostos a um 
fator de interesse. Para isso, usa-se sempre um grupo de 
comparação. Os estudos podem ser classificados como 
observacionais e intervencionais (experimentais). A 
principal diferença entre os dois está no papel desempenhado 
pelos investigadores. Nos estudos observacionais, os 
investigadores simplesmente observam o curso natural dos 
eventos, anotando quem é exposto ou não e quem desenvolve 
ou não o desfecho de interesse. Nos estudos intervencionais 
ou experimentais, os investigadores determinam a 
exposição e, depois, seguem os sujeitos para ver quem 
desenvolve ou não o desfecho. O delineamento do tipo 
transversal, embora possa ser considerado do tipo 
observacional, não é considerado analítico, uma vez que 
não testa hipóteses. Existem dois tipos básicos de estudos 
analíticos observacionais: caso-controle e coorte. Os 
estudos intervencionais são chamados ensaios clínicos. 
A) CASO CONTROLE: 
Esse delineamento parte de um grupo de indivíduos 
com determinada doença (casos) e de um grupo de indivíduos 
sem a doença (controles), buscando-se, em cada grupo, a 
presença ou ausência do fator de interesse no passado e 
comparando-se a proporção de indivíduos com a exposição 
em cada grupo. Nesse tipo de estudo, tanto a doença como a 
exposição já aconteceram, mas, como se busca a exposição ou 
o fator de interesse no passado, ele é também retrospectivo. 
Essa é a diferença principal do delineamento do tipo 
transversal, que coleta informações relativas à doença e à 
exposição acontecendo no mesmo tempo. No caso-controle, 
na maioria das vezes, a exposição só aconteceu no passado e 
não acontece mais ou, então, começou no passado e ainda 
está presente. Por exemplo, um investigador quer estudar a 
relação de determinada malformação congênita com uma 
droga usada durante a gravidez. Para isso, o investigador 
seleciona um grupo de mulheres que tiveram crianças com a 
anomalia congênita e outro grupo de mulheres que deram à 
luz crianças saudáveis. Ele investiga sistematicamente o 
emprego da referida medicação durante a gravidez nos dois 
grupos de mulheres e compara as proporções entre os grupos. 
 Embora seja um tipo de estudo retrospectivo, pode-se 
estabelecer uma relação causal, mas não tão óbvia quanto 
em um estudo de coorte. A medida de associação utilizada nos 
estudos de caso-controle é a razão de chances (odds ratio). A 
razão de chances é a relação entre a proporção de doença entre 
os expostos e os não expostos. Supondo que no estudo de caso 
controle de malformação congênita e exposição a 
determinada droga a frequência de anomalia congênita foi 
de 40% no grupo de mulheres que usaram a droga e de 5% no 
grupo que não usou a droga, a razão de chances seria, 
portanto, 8. Isso significa que mulheres que dão à luz recém-
nascidos com malformação congênita apresentam oito 
vezes mais chance de terem usado a referida medicação 
quando comparadas com mulheres que tiveram filhos 
saudáveis. 
 
Forças e fraquezas dos estudos de caso-controle: Os 
estudos do tipo caso-controle são eficientes para o estudo de 
doenças raras ou que apresentem longo tempo de latência 
entre exposição e desfecho. o que outros estudos analíticos e 
com menos custo e tempo. As principais limitações desse tipo 
de estudo referem-se às suscetibilidades a dois tipos de vieses: 
seleção e memória (recall bias). A seleção dos casos e 
controles, bem como a coleta de informações relativas à 
exposição por intermédio da memória dos sujeitos da 
pesquisa, apresenta potencial para vieses, produzindo 
resultados não acurados. Também não é um estudo ideal para 
ex-posições raras, pois não se pode calcular a taxa de 
incidência da doença nos expostos e não expostos, mas 
apenas estudar um tipo de desfecho/doença. Em algumas 
situações, a relação temporal entre exposição e do 
 
B) Estudo de corte 
Coorte era o termo usado na Roma Antiga em 
referência a um grupo de soldados que marchavam juntos. Na 
epidemiologia clínica, o termo coorte representa um grupo 
de sujeitos seguidos longitudinalmente.Nos estudos de 
coorte, sujeitos são classificados de acordo com a presença 
ou ausência de determinado fator de interesse/exposição e, 
então, são seguidos por determinado tempo para se verificar 
quem desenvolve ou não o desfecho de interesse/doença. São 
estudos longitudinais, de seguimento e próprios para o 
cálculo de incidência da doença (casos novos). No momento 
em que o estado da exposição é definido, todos os sujeitos da 
pesquisa devem estar livres da doença em estudo. Desse modo, 
a sequência temporal entre exposição e doença pode ser 
claramente estabelecida. 
 Os estudos de coorte podem ser classificados como 
retrospectivos e prospectivos, dependendo da relação 
temporal entre o início do estudo e a ocorrência da doença. 
Por definição, os dois tipos de delineamento classificam os 
sujeitos do estudo com base na presença ou ausência da 
exposição. No retrospectivo, no entanto, todos os eventos 
importantes (exposição e doença) já aconteceram no 
momento em que o estudo é iniciado. As informações 
relativas à exposição foram documentadas ou registradas 
em uma coorte de sujeitos montada por outros motivos que 
não o estudo. Por exemplo, o investigador quer estudar a 
relação entre a menopausa precoce em mulheres com 
diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico (LES) e o uso de 
ciclofosfamida injetável. Como as pacientes fazem uso da 
medicação em regime hospitalar, as doses e as datas em que a 
medicação é administrada encontram-se sistematicamente 
registradas nos prontuários das pacientes. Portanto, os 
prontuários das pacientes com diagnóstico de LES serão 
analisados para determinação das que fizeram uso ou não de 
ciclofosfamida injetável, bem como o tempo de exposição e a 
dose cumulativa (fator de exposição), para depois ser 
identificado quem desenvolveu ou não menopausa precoce. 
Já no estudo de coorte prospectivo, a doença/desfecho ainda 
não aconteceu. Nesse mesmo exemplo, uma coorte prospectiva 
poderia ser escolhida se todas as pacientes com LES fossem 
seguidas desde o início do diagnóstico, identificando as 
que estão fazendo uso de ciclofosfamida (exposição) e as que 
não estão (não exposição) e acompanhando as pacientes ao 
longo do tempo para ver quem desenvolve ou não menopausa 
precoce (desfecho). A grande vantagem do estudo prospectivo, 
nesse caso, é a coleta mais adequada dos dados referentes ao 
uso da ciclofosfamida, bem como de outros potenciais 
fatores de risco para menopausa precoce, diminuindo-se o 
viés de informação comum aos estudos retrospectivos. 
 A medida de associação entre exposição e desfecho 
utilizada nos estudos de coorte é o risco relativo (RR), razão 
entre a proporção de expostos à doença e a proporção de não 
expostos à doença. Em outras palavras, o RR é calculado 
dividindo-se a incidência da doença entre os expostos pela 
incidência e os não expostos. Ele representa quantas vezes é 
mais frequente o desfecho esperado na população que 
apresenta o fator de exposição em relação à que não apresenta 
esse fator. Se, por exemplo, um estudo hipotético que estuda a 
associação entre hipertensão arterial (exposição) na 
população e acidente cerebrovascular (desfecho) encontra um 
RR igual a 2, isso significa que os hipertensos apresentam 
duas vezes mais risco de desenvolver um acidente 
cerebrovascular do que os normotensos. Como o RR é uma 
divisão de duas taxas, se o resultado calculado é a unidade, 
isso significa que não existe associação entre a exposição e 
o desfecho, pois as incidências da doença entre expostos e 
não expostos são iguais. Quando o RR é menor do que a 
unidade, isso aponta para provável fator de proteção da 
exposição com relação ao desfecho. 
 Forças e fraquezas dos estudos de coorte Como os 
fatores do estudo são medidos antes da ocorrência do 
desfecho, essa sequência temporal fortalece a inferência de 
que o fator pode ser a causa do desfecho. Portanto, os estudos 
de coorte são os mais adequados para a investigação de 
causalidade, fatores de risco e fatores prognósticos. São 
também de especial valor quando a exposição é rara e quando 
se quer estudar múltiplos desfechos de uma única exposição. 
Uma grande vantagem do estudo de coorte prospectivo é 
minimizar o viés de informação sobre a exposição de 
interesse, além de possibilitar o cálculo direto da 
incidência da doença entre expostos e não expostos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C) Estudo clínico controlado 
Ensaio clínico controlado - enquanto nos estudos 
observacionais o investigador apenas observa a evolução 
dos grupos de sujeitos diferentes quanto ao fator em estudo, 
nos ensaios clínicos o investigador introduz uma 
intervenção e observa o efeito dessa nova variável nos 
desfechos clínicos. A intervenção pode ser uma medicação, 
cirurgia, programa educativo ou fisioterapêutico que, 
supostamente, melhora o curso de uma doença. O ensaio 
clínico controlado é randomizado quando a intervenção é 
alocada de maneira aleatória entre os sujeitos da pesquisa. 
Os pacientes que serão estudados são selecionados de uma 
população com a mesma condição de interesse, aplicando 
critérios de inclusão e exclusão para entrarem no estudo. 
Esses critérios são estabelecidos com o propósito de aumentar 
a homogeneidade dos pacientes do estudo, aumentar a 
validade interna e facilitar a identificação do efeito 
relacionado com a intervenção. Os pacientes selecionados 
são, então, divididos em dois grupos (ou mais), usando o 
processo de randomização. Assim, cada paciente apresenta 
chance igual de receber ou não a intervenção, 
possibilitando que fatores relacionados com o prognóstico 
da doença, conhecidos ou não conhecidos, se distribuam 
mais igualmente entre os grupos de comparação. Um grupo, 
chamado grupo experimental, é exposto à intervenção; o 
outro grupo, chamado grupo de controle (ou de comparação), 
não recebe a intervenção em estudo, mas pode receber um 
tratamento placebo ou um tratamento já padronizado para 
a doença. Pode existir mais de um grupo de controle e também 
mais de um grupo experimental (por exemplo, doses diferentes 
da mesma medicação em estudo). Após a alocação 
randomizada, os pacientes são acompanhados e o curso da 
doença (desfecho) é registrado em ambos os grupos. 
 
 
 
 O conhecimento de qual intervenção o paciente está 
recebendo pode alterar o comportamento ou o registro dos 
desfechos de maneira enviesada por parte dos próprios 
pacientes e dos pesquisadores. Uma forma de minimizar esse 
efeito é por meio do “mascaramento” (blinding), quando os 
participantes (pacientes e pesquisadores) do estudo não têm 
conhecimento acerca de em qual grupo o paciente foi 
alocado. Uma forma de mascaramento em estudos para 
avaliação do efeito terapêutico de uma medicação, por 
exemplo, consiste no uso de placebo no grupo de controle, 
administrando-se uma substância com características 
físicas e posologia semelhantes às da droga em 
investigação, mas sem o princípio ativo. Entretanto, 
quando a intervenção é uma cirurgia, radioterapia, dieta 
ou fisioterapia, torna-se muito difícil o mascaramento dos 
participantes. 
 
Forças e fraquezas dos ensaios clínicos 
 Os ensaios clínicos controlados randomizados 
são considerados os estudos padronizados de excelência para 
avaliação dos efeitos de uma intervenção. Ensaios com 
amostras grandes, randomizados e cuidadosamente 
desenhados, conduzidos e analisados podem promover a mais 
forte e direta evidência científica acerca da eficácia de um 
tratamento, pois conseguem diminuir os vieses próprios dos 
estudos epidemiológicos clínicos, aumentando a validade 
interna do estudo e o poder científico. No entanto, ensaios 
clínicos são estudos mais difíceis de realizar do que os 
estudos de coorte pelas questões práticas, econômicas e éticas 
envolvidas. Muitas vezes, não é possível encontrar o número 
suficiente de pacientes com a doença de interesse, em 
determinados lugar e tempo, o que limita poder de conclusão 
do estudo. Este aspecto pode serresolvido por meio dos ensaios 
multicêntricos. Médicos e pacientes também podem ficar 
relutantes em aceitar que a escolha do tratamento seja 
decidida por investigadores por meio da randomização. O 
tempo muitas vezes longo para se completar um ensaio 
clínico pode ser outro fator limitante, especialmente 
quando as intervenções testadas são em doenças mais 
graves, como câncer e AIDS. Outras desvantagens dos ensaios 
clínicos são a abordagem de uma questão clínica restrita e, 
às vezes, a exposição dos sujeitos a potenciais danos. 
 
Fonte: LIMA COSTA, Maria Fernanda; BARRENTO, 
Sandhi Maria. Tipos de estudos epidemiológicos: conceitos 
básicos e aplicações na área do envelhecimento. Scielo, 2021. 
Disponível em: 
<http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=
S1679-49742003000400003>. Acesso em: 12, Setembro de 2021. 
 
ROUQUAYROL, Maria Zélia; GURGEL, Marcelo. 
Rouquayrol: epidemiologia e saúde. 8. 
 
Nos estudos de coorte, primeiramente, identifica-se 
a população de estudo e os participantes são classificados em 
expostos e não expostos a um determinado fator de interesse 
(Tabela 5). Depois, os indivíduos dos dois grupos são 
acompanhados para verificar a incidência da 
doença/condição relacionada à saúde entre expostos (a/a + 
d) e não expostos (c/c + d). Se a exposição estiver associada à 
doença, espera-se que a incidência entre expostos seja maior 
do que entre não expostos, além da variação esperada devida 
ao acaso. Nesse tipo de estudo, a mensuração da exposição 
antecede o desenvolvimento da doença, não sendo sujeita 
ao viés de memória como nos estudos caso-controle. Além 
disso, os que desenvolveram a doença e os que não 
desenvolveram não são selecionados, mas sim 
identificados dentro das coortes de expostos e não expostos, 
não existindo o viés de seleção de casos e controles. Os 
estudos de coorte permitem determinar a incidência da 
doença entre expostos e não expostos e conhecer a sua história 
natural. 
http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742003000400003#tab5
 
 
 
A principal limitação para o desenvolvimento de um estudo 
de coorte, além do seu custo financeiro, é a perda de 
participantes ao longo do seguimento por conta de recusas 
para continuar participando do estudo, mudanças de 
endereços ou emigração. Os custos e as dificuldades de 
execução podem comprometer o desenvolvimento de estudos 
de coorte, sobretudo quando é necessário um grande número 
de participantes ou longo tempo de seguimento para 
acumular um número de doentes ou de eventos que permita 
estabelecer associações entre exposição e doença. 
Por essas razões, são poucos os estudos de coorte com 
base populacional desenvolvidos entre idosos brasileiros. 
Um desses estudos (Epidoso) está sendo desenvolvido na 
cidade de São Paulo, onde cerca de 1.700 pessoas com 65+ anos 
estão sendo acompanhadas.16 Um outro estudo (Projeto 
Bambuí) está sendo desenvolvido na cidade de Bambuí, 
Minas Gerais, onde estão sendo acompanhados todos os 
residentes na comunidade com 60+ anos de idade (cerca de 
1.700 pessoas).19 De uma maneira geral, os principais 
objetivos de um estudo prospectivo consistem em determinar 
a incidência de condições adversas à saúde e investigar 
determinantes dessas condições. 
O delineamento básico do estudo de coorte de 
Bambuí. Inicialmente, foi conduzido um censo para 
identificar todos os residentes na cidade. Em seguida, 
aqueles com 60+ anos de idade foram convidados a 
participar do estudo. Os que aceitaram participar foram 
incluídos na linha de base do estudo e submetidos a 
entrevista, exame físico e diversos exames laboratoriais. A 
entrevista foi realizada com a utilização de um 
questionário estruturado e pré-codificado, contendo 
informações sobre características sociodemográficas, 
morbidade autorreferida, uso de medicação, uso de serviços 
de saúde e fontes de cuidados, hábitos de vida, aspectos 
psicossociais, história reprodutiva, função física e saúde 
mental. Foi constituída uma soroteca e um banco de DNA 
para investigações futuras. As informações obtidas na 
linha de base do estudo são denominadas variáveis 
exploratórias (exposição) e a sua associação com condições 
adversas de saúde (variáveis de desfecho) serão investigadas, 
comparando-se as incidências dessas condições ao longo do 
tempo, entre expostos e não expostos. As principais variáveis 
de desfecho investigadas nesse estudo são: morte; 
internações hospitalares; declínio físico e cognitivo; 
acidentes; episódios depressivos; e uso de medicamentos e de 
serviços de saúde. A adesão ao estudo foi alta, tanto na linha 
de base (dos 1.742 idosos selecionados, 92% foram 
entrevistados e 86% examinados) quanto no primeiro 
seguimento (somente 1,7% foram perdidos para 
acompanhamento). Esses resultados mostram que a escolha 
da cidade e a forma de abordagem da comunidade foram 
adequadas para garantir a adesão ao estudo na linha de base 
e a pequena perda de acompanhamento, condição essencial 
para o sucesso de um estudo de coorte. 
 
 
 
Nas últimas décadas, importantes estudos de coorte 
com base populacional de idosos vêm sendo realizados em 
países desenvolvidos.38-46 Os resultados dessas pesquisas têm 
sido fundamentais para subsidiar programas de prevenção e 
promoção da saúde dessas populações. Não se sabe, entretanto, 
se esses resultados são generalizáveis para países em 
desenvolvimento. Estudos de coorte com base populacional 
da população idosa nesses países são importantes para, entre 
outras razões: a) determinar a incidência de eventos 
adversos de saúde entre idosos, orientando estratégias de 
prevenção adequadas à realidade nacional; b) contribuir 
para o entendimento da etiologia de algumas doenças; e c) 
estudar fatores culturais, comportamentos e estilos de vida 
que podem variar entre comunidades e países, associados a 
esses eventos. 
 
%
–
 Uma curva epidêmica é uma representação gráfica 
do número de casos de doença pela data de início da doença. 
Fornece informações: Padrão de propagação, Magnitude, 
Casos discrepantes (Outliers), Tendência no tempo Período de 
exposição/período de incubação. 
Independentemente do modo como evolua qualquer 
processo saúde-doença de massa até uma situação epidêmica, 
é possível generalizá-lo e representar a generalização por 
meio de uma curva epidêmica. 
a) Incremento inicial de casos: o coeficiente de 
incidência aproxima-se do nível superior endêmico, não 
tem significado quando a incidência é nula ou de casos 
esporádicos, quando uns poucos casos já caracterizam o 
processo epidêmico. 
b) Egressão: a incidência ultrapassa o limite 
superior endêmico; 
 c) Progressão: fase inicial do processo até o clímax; 
 d) Incidência máxima: a força de crescimento da 
epidemia se extingue devido a: diminuição do número de 
expostos, diminuição do número de suscetíveis, ação 
intencional de vigilância e controle ou processos naturais 
de controle. 
http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=xIkfn7hD3KI%3D
http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=xIkfn7hD3KI%3D
 e) Regressão: última fase na evolução de uma 
epidemia; 
 f) Decréscimo endêmico: quando o processo regride 
a níveis mais baixos que aqueles vigentes antes da eclosão 
da epidemia, pode-se pensar em erradicação teoricamente. “a 
epidemia é restrita a um intervalo de tempo, marcada por um 
começo e por um fim, pode durar poucas horas, dias ou 
décadas”; contrariamente a endemia que é ilimitada. 
1) Surto epidêmico 
Denomina-se surto epidêmico, ou simplesmente 
surto, uma ocorrência epidêmica restrita a um espaço 
extremamente delimitado: colégio, quartel, edifício de 
apartamentos, bairro etc. Um dos exemplos clássicos dados 
pela literatura internacional é o caso de uma série de surtos 
que tiveram como uma espécie de foco ambulante uma 
cozinheira que ficou na História com o apelido de Maria 
Tifosa. Grande número de surtos sequenciados de febre 
tifoide foiregistrado pelas autoridades sanitárias, nos 
EUA, em casas de família, colégios e restaurantes. A 
investigação epidemiológica mostrou que a fonte de 
infecção era a mesma, uma cozinheira portadora de 
Salmonella typhi. 
2) Pandemia 
 
 Dá-se o nome de pandemia à ocorrência epidêmica 
caracterizada por larga distribuição espacial, atingindo 
várias nações. A pandemia pode ser tratada como uma série 
de epidemias localizadas em diferentes regiões e que ocorrem 
em vários países ao mesmo tempo. A sétima pandemia de 
cólera (BARUA & CVJETANOVIC, 1971), originária da ilha de 
Sulawesi-Celebes, que no período de 1961 a 1965 atingira 18 
países e de 1965 a 1970 mais 39, somente 21 anos depois chegou 
às Américas. 
 
 
3) ENDEMIA 
 Dá-se o nome de endemia à ocorrência coletiva de 
determinada doença que, no decorrer de um largo período 
histórico, acomete sistematicamente grupos humanos 
distribuídos em espaços delimitados e caracterizados, 
mantendo sua incidência constante, permitidas as 
flutuações de valores, tais como as variações sazonais. 
Note-se que o termo endemia se refere à doença 
habitualmente presente entre os membros de determinado 
grupo, numa determinada área, isto é, presente numa 
população definida. A incidência característica, ou melhor, 
a intensidade de caráter endêmico de determinada doença, 
em determinados lugares e intervalo cronológico, é a 
endemicidade dessa doença no lugar e no tempo 
considerados. Os valores atribuídos à endemicidade podem 
ser expressos em escala nominal, sejam, por exemplo, os 
valores hipoendêmicos, mesoendêmicos e hiperendêmicos 
usados para quantificar nominalmente a referida variável 
e qualificar, portanto, uma ocorrência, uma situação ou 
uma incidência. Na situação da hanseníase, o indicador da 
força da morbidade, magnitude e tendência da endemia 
considera nível hiperendêmico se o coeficiente de detecção 
anual de casos novos for maior que 40 por 100 mil habitantes 
(Brasil, 2009b). 
4) EPIDEMIA 
Epidemia (lato sensu) é a ocorrência de doença ou 
agravo em grande número de pessoas ao mesmo tempo. 
Aprofundando a análise deste conceito, deve ser ressaltado 
que, para o observador externo, a percepção da epidemia só se 
efetivará se a doença ou agravo se deixar transparecer 
mediante sintomas e sinais característicos, comuns a todos 
os indivíduos afetados. Observe-se que, aqui, epidemia está 
sendo definida como um fato empírico, primitivo, como 
uma ocorrência em massa. É lícito, portanto, pensar que 
algumas ocorrências desse tipo – a epidemia – possam passar 
sem registro ou por falta de condições para percepção da 
própria doença ou por falta de registro, ou ainda por alguma 
incapacidade atual de generalização a partir das 
ocorrências individuais. 
 
Fonte: ROUQUAYROL, Maria Zélia; GURGEL, Marcelo. 
Rouquayrol: epidemiologia e saúde. 8. 
 
http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/Mostrar
Arquivo.aspx?C=xIkfn7hD3KI%3D 
 
http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=xIkfn7hD3KI%3D
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