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– - Sarampo; - Epidemia?; - Epidemiologia descritiva; - Epidemiologia, doenças ou agravos variáveis: pessoa, ao tempo e lugar; – Epidemiologia - definição e objetivos A Epidemiologia é definida como o estudo da distribuição e dos determinantes das doenças ou condições relacionadas à saúde em populações especificadas. Mais recentemente, foi incorporada à definição de Epidemiologia a “aplicação desses estudos para controlar problemas de saúde”. Estudo inclui vigilância, observação, pesquisa analítica e experimento. Distribuição refere-se à análise por tempo, local e características dos indivíduos. Determinantes são todos os fatores físicos, biológicos, sociais, culturais e comportamentais que influenciam a saúde. Condições relacionadas à saúde incluem doenças, causas de mortalidade, hábitos de vida (como tabagismo, dieta, atividades físicas, etc.), provisão e uso de serviços de saúde e de medicamentos. Populações especificadas são aquelas com características identificadas, como, por exemplo, determinada faixa etária em uma dada população. TIPOS DE EPIDEMIOLOGIA - Os estudos epidemiológicos podem ser classificados em observacionais e experimentais. De uma maneira geral, os estudos epidemiológicos observacionais podem ser classificados em descritivos e analíticos. Objetivo da epidemiologia descritiva consiste em delinear o perfil epidemiológico das populações e possibilitar intervenções de saúde coletiva contextualizadas por meio do estudo da frequência e da distribuição desses eventos em função de variáveis circunstanciais ligadas ao tempo (data do início dos sintomas, data da cura ou do óbito, meses de maior ocorrência de um agravo), ao lugar (endereço, características socioambientais do local de moradia) e à pessoa (sexo, idade, renda, estado civil, escolaridade, estilo de vida). Outros usos dos estudos descritivos incluem: a possibilidade de geração e refino de hipóteses causais, a análise de tendências epidemiológicas como forma de predizer cenários, com base no conhecimento do comportamento temporal e espacial de uma doença, e a identificação de grupos populacionais que estarão potencialmente mais vulneráveis. na fase descritiva, também merece destaque a situação de saúde dos indivíduos “saudáveis”. Na verdade, toda a ciência epidemiológica tem por objeto o processo saúde-doença, sendo “saúde” e “doença” faces da mesma moeda. A abordagem descritiva, utilizando-se dos princípios básicos de outras ciências (sociologia, antropologia, economia, informática e ciência política) e de ferramentas estatísticas apropriadas, também tem por objetivo revelar esses processos no âmbito de uma coletividade. A epidemiologia descritiva examina como a incidência (casos novos) ou a prevalência (casos existentes) de uma doença ou condição relacionada à saúde varia de acordo com determinadas características, como sexo, idade, escolaridade e renda, entre outras. Quando a ocorrência da doença/condição relacionada à saúde difere segundo o tempo, lugar ou pessoa, o epidemiologista é capaz não apenas de identificar grupos de alto risco para fins de prevenção (por exemplo: na cidade de Bambuí, verificou-se que idosos com renda familiar inferior a três salários mínimos ingeriam menos frutas e legumes frescos e praticavam menos exercícios físicos do que aqueles com renda familiar mais alta), mas também gerar hipóteses etiológicas para investigações futuras. No Brasil, existem importantes bancos de dados secundários com abrangência nacional – como o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM-SUS), o Sistema de Informações sobre Autorizações de Internações Hospitalares (SIH-SUS) e a Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (PNAD, 1998) – que podem ser usados em estudos epidemiológicos. Estudos analíticos - os estudos analíticos propõem- se a testar a hipótese se o risco de ter ou não a doença é diferente entre os indivíduos expostos e não expostos a um fator de interesse. Para isso, usa-se sempre um grupo de comparação. Os estudos podem ser classificados como observacionais e intervencionais (experimentais). A principal diferença entre os dois está no papel desempenhado pelos investigadores. Nos estudos observacionais, os investigadores simplesmente observam o curso natural dos eventos, anotando quem é exposto ou não e quem desenvolve ou não o desfecho de interesse. Nos estudos intervencionais ou experimentais, os investigadores determinam a exposição e, depois, seguem os sujeitos para ver quem desenvolve ou não o desfecho. O delineamento do tipo transversal, embora possa ser considerado do tipo observacional, não é considerado analítico, uma vez que não testa hipóteses. Existem dois tipos básicos de estudos analíticos observacionais: caso-controle e coorte. Os estudos intervencionais são chamados ensaios clínicos. A) CASO CONTROLE: Esse delineamento parte de um grupo de indivíduos com determinada doença (casos) e de um grupo de indivíduos sem a doença (controles), buscando-se, em cada grupo, a presença ou ausência do fator de interesse no passado e comparando-se a proporção de indivíduos com a exposição em cada grupo. Nesse tipo de estudo, tanto a doença como a exposição já aconteceram, mas, como se busca a exposição ou o fator de interesse no passado, ele é também retrospectivo. Essa é a diferença principal do delineamento do tipo transversal, que coleta informações relativas à doença e à exposição acontecendo no mesmo tempo. No caso-controle, na maioria das vezes, a exposição só aconteceu no passado e não acontece mais ou, então, começou no passado e ainda está presente. Por exemplo, um investigador quer estudar a relação de determinada malformação congênita com uma droga usada durante a gravidez. Para isso, o investigador seleciona um grupo de mulheres que tiveram crianças com a anomalia congênita e outro grupo de mulheres que deram à luz crianças saudáveis. Ele investiga sistematicamente o emprego da referida medicação durante a gravidez nos dois grupos de mulheres e compara as proporções entre os grupos. Embora seja um tipo de estudo retrospectivo, pode-se estabelecer uma relação causal, mas não tão óbvia quanto em um estudo de coorte. A medida de associação utilizada nos estudos de caso-controle é a razão de chances (odds ratio). A razão de chances é a relação entre a proporção de doença entre os expostos e os não expostos. Supondo que no estudo de caso controle de malformação congênita e exposição a determinada droga a frequência de anomalia congênita foi de 40% no grupo de mulheres que usaram a droga e de 5% no grupo que não usou a droga, a razão de chances seria, portanto, 8. Isso significa que mulheres que dão à luz recém- nascidos com malformação congênita apresentam oito vezes mais chance de terem usado a referida medicação quando comparadas com mulheres que tiveram filhos saudáveis. Forças e fraquezas dos estudos de caso-controle: Os estudos do tipo caso-controle são eficientes para o estudo de doenças raras ou que apresentem longo tempo de latência entre exposição e desfecho. o que outros estudos analíticos e com menos custo e tempo. As principais limitações desse tipo de estudo referem-se às suscetibilidades a dois tipos de vieses: seleção e memória (recall bias). A seleção dos casos e controles, bem como a coleta de informações relativas à exposição por intermédio da memória dos sujeitos da pesquisa, apresenta potencial para vieses, produzindo resultados não acurados. Também não é um estudo ideal para ex-posições raras, pois não se pode calcular a taxa de incidência da doença nos expostos e não expostos, mas apenas estudar um tipo de desfecho/doença. Em algumas situações, a relação temporal entre exposição e do B) Estudo de corte Coorte era o termo usado na Roma Antiga em referência a um grupo de soldados que marchavam juntos. Na epidemiologia clínica, o termo coorte representa um grupo de sujeitos seguidos longitudinalmente.Nos estudos de coorte, sujeitos são classificados de acordo com a presença ou ausência de determinado fator de interesse/exposição e, então, são seguidos por determinado tempo para se verificar quem desenvolve ou não o desfecho de interesse/doença. São estudos longitudinais, de seguimento e próprios para o cálculo de incidência da doença (casos novos). No momento em que o estado da exposição é definido, todos os sujeitos da pesquisa devem estar livres da doença em estudo. Desse modo, a sequência temporal entre exposição e doença pode ser claramente estabelecida. Os estudos de coorte podem ser classificados como retrospectivos e prospectivos, dependendo da relação temporal entre o início do estudo e a ocorrência da doença. Por definição, os dois tipos de delineamento classificam os sujeitos do estudo com base na presença ou ausência da exposição. No retrospectivo, no entanto, todos os eventos importantes (exposição e doença) já aconteceram no momento em que o estudo é iniciado. As informações relativas à exposição foram documentadas ou registradas em uma coorte de sujeitos montada por outros motivos que não o estudo. Por exemplo, o investigador quer estudar a relação entre a menopausa precoce em mulheres com diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico (LES) e o uso de ciclofosfamida injetável. Como as pacientes fazem uso da medicação em regime hospitalar, as doses e as datas em que a medicação é administrada encontram-se sistematicamente registradas nos prontuários das pacientes. Portanto, os prontuários das pacientes com diagnóstico de LES serão analisados para determinação das que fizeram uso ou não de ciclofosfamida injetável, bem como o tempo de exposição e a dose cumulativa (fator de exposição), para depois ser identificado quem desenvolveu ou não menopausa precoce. Já no estudo de coorte prospectivo, a doença/desfecho ainda não aconteceu. Nesse mesmo exemplo, uma coorte prospectiva poderia ser escolhida se todas as pacientes com LES fossem seguidas desde o início do diagnóstico, identificando as que estão fazendo uso de ciclofosfamida (exposição) e as que não estão (não exposição) e acompanhando as pacientes ao longo do tempo para ver quem desenvolve ou não menopausa precoce (desfecho). A grande vantagem do estudo prospectivo, nesse caso, é a coleta mais adequada dos dados referentes ao uso da ciclofosfamida, bem como de outros potenciais fatores de risco para menopausa precoce, diminuindo-se o viés de informação comum aos estudos retrospectivos. A medida de associação entre exposição e desfecho utilizada nos estudos de coorte é o risco relativo (RR), razão entre a proporção de expostos à doença e a proporção de não expostos à doença. Em outras palavras, o RR é calculado dividindo-se a incidência da doença entre os expostos pela incidência e os não expostos. Ele representa quantas vezes é mais frequente o desfecho esperado na população que apresenta o fator de exposição em relação à que não apresenta esse fator. Se, por exemplo, um estudo hipotético que estuda a associação entre hipertensão arterial (exposição) na população e acidente cerebrovascular (desfecho) encontra um RR igual a 2, isso significa que os hipertensos apresentam duas vezes mais risco de desenvolver um acidente cerebrovascular do que os normotensos. Como o RR é uma divisão de duas taxas, se o resultado calculado é a unidade, isso significa que não existe associação entre a exposição e o desfecho, pois as incidências da doença entre expostos e não expostos são iguais. Quando o RR é menor do que a unidade, isso aponta para provável fator de proteção da exposição com relação ao desfecho. Forças e fraquezas dos estudos de coorte Como os fatores do estudo são medidos antes da ocorrência do desfecho, essa sequência temporal fortalece a inferência de que o fator pode ser a causa do desfecho. Portanto, os estudos de coorte são os mais adequados para a investigação de causalidade, fatores de risco e fatores prognósticos. São também de especial valor quando a exposição é rara e quando se quer estudar múltiplos desfechos de uma única exposição. Uma grande vantagem do estudo de coorte prospectivo é minimizar o viés de informação sobre a exposição de interesse, além de possibilitar o cálculo direto da incidência da doença entre expostos e não expostos. C) Estudo clínico controlado Ensaio clínico controlado - enquanto nos estudos observacionais o investigador apenas observa a evolução dos grupos de sujeitos diferentes quanto ao fator em estudo, nos ensaios clínicos o investigador introduz uma intervenção e observa o efeito dessa nova variável nos desfechos clínicos. A intervenção pode ser uma medicação, cirurgia, programa educativo ou fisioterapêutico que, supostamente, melhora o curso de uma doença. O ensaio clínico controlado é randomizado quando a intervenção é alocada de maneira aleatória entre os sujeitos da pesquisa. Os pacientes que serão estudados são selecionados de uma população com a mesma condição de interesse, aplicando critérios de inclusão e exclusão para entrarem no estudo. Esses critérios são estabelecidos com o propósito de aumentar a homogeneidade dos pacientes do estudo, aumentar a validade interna e facilitar a identificação do efeito relacionado com a intervenção. Os pacientes selecionados são, então, divididos em dois grupos (ou mais), usando o processo de randomização. Assim, cada paciente apresenta chance igual de receber ou não a intervenção, possibilitando que fatores relacionados com o prognóstico da doença, conhecidos ou não conhecidos, se distribuam mais igualmente entre os grupos de comparação. Um grupo, chamado grupo experimental, é exposto à intervenção; o outro grupo, chamado grupo de controle (ou de comparação), não recebe a intervenção em estudo, mas pode receber um tratamento placebo ou um tratamento já padronizado para a doença. Pode existir mais de um grupo de controle e também mais de um grupo experimental (por exemplo, doses diferentes da mesma medicação em estudo). Após a alocação randomizada, os pacientes são acompanhados e o curso da doença (desfecho) é registrado em ambos os grupos. O conhecimento de qual intervenção o paciente está recebendo pode alterar o comportamento ou o registro dos desfechos de maneira enviesada por parte dos próprios pacientes e dos pesquisadores. Uma forma de minimizar esse efeito é por meio do “mascaramento” (blinding), quando os participantes (pacientes e pesquisadores) do estudo não têm conhecimento acerca de em qual grupo o paciente foi alocado. Uma forma de mascaramento em estudos para avaliação do efeito terapêutico de uma medicação, por exemplo, consiste no uso de placebo no grupo de controle, administrando-se uma substância com características físicas e posologia semelhantes às da droga em investigação, mas sem o princípio ativo. Entretanto, quando a intervenção é uma cirurgia, radioterapia, dieta ou fisioterapia, torna-se muito difícil o mascaramento dos participantes. Forças e fraquezas dos ensaios clínicos Os ensaios clínicos controlados randomizados são considerados os estudos padronizados de excelência para avaliação dos efeitos de uma intervenção. Ensaios com amostras grandes, randomizados e cuidadosamente desenhados, conduzidos e analisados podem promover a mais forte e direta evidência científica acerca da eficácia de um tratamento, pois conseguem diminuir os vieses próprios dos estudos epidemiológicos clínicos, aumentando a validade interna do estudo e o poder científico. No entanto, ensaios clínicos são estudos mais difíceis de realizar do que os estudos de coorte pelas questões práticas, econômicas e éticas envolvidas. Muitas vezes, não é possível encontrar o número suficiente de pacientes com a doença de interesse, em determinados lugar e tempo, o que limita poder de conclusão do estudo. Este aspecto pode serresolvido por meio dos ensaios multicêntricos. Médicos e pacientes também podem ficar relutantes em aceitar que a escolha do tratamento seja decidida por investigadores por meio da randomização. O tempo muitas vezes longo para se completar um ensaio clínico pode ser outro fator limitante, especialmente quando as intervenções testadas são em doenças mais graves, como câncer e AIDS. Outras desvantagens dos ensaios clínicos são a abordagem de uma questão clínica restrita e, às vezes, a exposição dos sujeitos a potenciais danos. Fonte: LIMA COSTA, Maria Fernanda; BARRENTO, Sandhi Maria. Tipos de estudos epidemiológicos: conceitos básicos e aplicações na área do envelhecimento. Scielo, 2021. Disponível em: <http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S1679-49742003000400003>. Acesso em: 12, Setembro de 2021. ROUQUAYROL, Maria Zélia; GURGEL, Marcelo. Rouquayrol: epidemiologia e saúde. 8. Nos estudos de coorte, primeiramente, identifica-se a população de estudo e os participantes são classificados em expostos e não expostos a um determinado fator de interesse (Tabela 5). Depois, os indivíduos dos dois grupos são acompanhados para verificar a incidência da doença/condição relacionada à saúde entre expostos (a/a + d) e não expostos (c/c + d). Se a exposição estiver associada à doença, espera-se que a incidência entre expostos seja maior do que entre não expostos, além da variação esperada devida ao acaso. Nesse tipo de estudo, a mensuração da exposição antecede o desenvolvimento da doença, não sendo sujeita ao viés de memória como nos estudos caso-controle. Além disso, os que desenvolveram a doença e os que não desenvolveram não são selecionados, mas sim identificados dentro das coortes de expostos e não expostos, não existindo o viés de seleção de casos e controles. Os estudos de coorte permitem determinar a incidência da doença entre expostos e não expostos e conhecer a sua história natural. http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742003000400003#tab5 A principal limitação para o desenvolvimento de um estudo de coorte, além do seu custo financeiro, é a perda de participantes ao longo do seguimento por conta de recusas para continuar participando do estudo, mudanças de endereços ou emigração. Os custos e as dificuldades de execução podem comprometer o desenvolvimento de estudos de coorte, sobretudo quando é necessário um grande número de participantes ou longo tempo de seguimento para acumular um número de doentes ou de eventos que permita estabelecer associações entre exposição e doença. Por essas razões, são poucos os estudos de coorte com base populacional desenvolvidos entre idosos brasileiros. Um desses estudos (Epidoso) está sendo desenvolvido na cidade de São Paulo, onde cerca de 1.700 pessoas com 65+ anos estão sendo acompanhadas.16 Um outro estudo (Projeto Bambuí) está sendo desenvolvido na cidade de Bambuí, Minas Gerais, onde estão sendo acompanhados todos os residentes na comunidade com 60+ anos de idade (cerca de 1.700 pessoas).19 De uma maneira geral, os principais objetivos de um estudo prospectivo consistem em determinar a incidência de condições adversas à saúde e investigar determinantes dessas condições. O delineamento básico do estudo de coorte de Bambuí. Inicialmente, foi conduzido um censo para identificar todos os residentes na cidade. Em seguida, aqueles com 60+ anos de idade foram convidados a participar do estudo. Os que aceitaram participar foram incluídos na linha de base do estudo e submetidos a entrevista, exame físico e diversos exames laboratoriais. A entrevista foi realizada com a utilização de um questionário estruturado e pré-codificado, contendo informações sobre características sociodemográficas, morbidade autorreferida, uso de medicação, uso de serviços de saúde e fontes de cuidados, hábitos de vida, aspectos psicossociais, história reprodutiva, função física e saúde mental. Foi constituída uma soroteca e um banco de DNA para investigações futuras. As informações obtidas na linha de base do estudo são denominadas variáveis exploratórias (exposição) e a sua associação com condições adversas de saúde (variáveis de desfecho) serão investigadas, comparando-se as incidências dessas condições ao longo do tempo, entre expostos e não expostos. As principais variáveis de desfecho investigadas nesse estudo são: morte; internações hospitalares; declínio físico e cognitivo; acidentes; episódios depressivos; e uso de medicamentos e de serviços de saúde. A adesão ao estudo foi alta, tanto na linha de base (dos 1.742 idosos selecionados, 92% foram entrevistados e 86% examinados) quanto no primeiro seguimento (somente 1,7% foram perdidos para acompanhamento). Esses resultados mostram que a escolha da cidade e a forma de abordagem da comunidade foram adequadas para garantir a adesão ao estudo na linha de base e a pequena perda de acompanhamento, condição essencial para o sucesso de um estudo de coorte. Nas últimas décadas, importantes estudos de coorte com base populacional de idosos vêm sendo realizados em países desenvolvidos.38-46 Os resultados dessas pesquisas têm sido fundamentais para subsidiar programas de prevenção e promoção da saúde dessas populações. Não se sabe, entretanto, se esses resultados são generalizáveis para países em desenvolvimento. Estudos de coorte com base populacional da população idosa nesses países são importantes para, entre outras razões: a) determinar a incidência de eventos adversos de saúde entre idosos, orientando estratégias de prevenção adequadas à realidade nacional; b) contribuir para o entendimento da etiologia de algumas doenças; e c) estudar fatores culturais, comportamentos e estilos de vida que podem variar entre comunidades e países, associados a esses eventos. % – Uma curva epidêmica é uma representação gráfica do número de casos de doença pela data de início da doença. Fornece informações: Padrão de propagação, Magnitude, Casos discrepantes (Outliers), Tendência no tempo Período de exposição/período de incubação. Independentemente do modo como evolua qualquer processo saúde-doença de massa até uma situação epidêmica, é possível generalizá-lo e representar a generalização por meio de uma curva epidêmica. a) Incremento inicial de casos: o coeficiente de incidência aproxima-se do nível superior endêmico, não tem significado quando a incidência é nula ou de casos esporádicos, quando uns poucos casos já caracterizam o processo epidêmico. b) Egressão: a incidência ultrapassa o limite superior endêmico; c) Progressão: fase inicial do processo até o clímax; d) Incidência máxima: a força de crescimento da epidemia se extingue devido a: diminuição do número de expostos, diminuição do número de suscetíveis, ação intencional de vigilância e controle ou processos naturais de controle. http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=xIkfn7hD3KI%3D http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=xIkfn7hD3KI%3D e) Regressão: última fase na evolução de uma epidemia; f) Decréscimo endêmico: quando o processo regride a níveis mais baixos que aqueles vigentes antes da eclosão da epidemia, pode-se pensar em erradicação teoricamente. “a epidemia é restrita a um intervalo de tempo, marcada por um começo e por um fim, pode durar poucas horas, dias ou décadas”; contrariamente a endemia que é ilimitada. 1) Surto epidêmico Denomina-se surto epidêmico, ou simplesmente surto, uma ocorrência epidêmica restrita a um espaço extremamente delimitado: colégio, quartel, edifício de apartamentos, bairro etc. Um dos exemplos clássicos dados pela literatura internacional é o caso de uma série de surtos que tiveram como uma espécie de foco ambulante uma cozinheira que ficou na História com o apelido de Maria Tifosa. Grande número de surtos sequenciados de febre tifoide foiregistrado pelas autoridades sanitárias, nos EUA, em casas de família, colégios e restaurantes. A investigação epidemiológica mostrou que a fonte de infecção era a mesma, uma cozinheira portadora de Salmonella typhi. 2) Pandemia Dá-se o nome de pandemia à ocorrência epidêmica caracterizada por larga distribuição espacial, atingindo várias nações. A pandemia pode ser tratada como uma série de epidemias localizadas em diferentes regiões e que ocorrem em vários países ao mesmo tempo. A sétima pandemia de cólera (BARUA & CVJETANOVIC, 1971), originária da ilha de Sulawesi-Celebes, que no período de 1961 a 1965 atingira 18 países e de 1965 a 1970 mais 39, somente 21 anos depois chegou às Américas. 3) ENDEMIA Dá-se o nome de endemia à ocorrência coletiva de determinada doença que, no decorrer de um largo período histórico, acomete sistematicamente grupos humanos distribuídos em espaços delimitados e caracterizados, mantendo sua incidência constante, permitidas as flutuações de valores, tais como as variações sazonais. Note-se que o termo endemia se refere à doença habitualmente presente entre os membros de determinado grupo, numa determinada área, isto é, presente numa população definida. A incidência característica, ou melhor, a intensidade de caráter endêmico de determinada doença, em determinados lugares e intervalo cronológico, é a endemicidade dessa doença no lugar e no tempo considerados. Os valores atribuídos à endemicidade podem ser expressos em escala nominal, sejam, por exemplo, os valores hipoendêmicos, mesoendêmicos e hiperendêmicos usados para quantificar nominalmente a referida variável e qualificar, portanto, uma ocorrência, uma situação ou uma incidência. Na situação da hanseníase, o indicador da força da morbidade, magnitude e tendência da endemia considera nível hiperendêmico se o coeficiente de detecção anual de casos novos for maior que 40 por 100 mil habitantes (Brasil, 2009b). 4) EPIDEMIA Epidemia (lato sensu) é a ocorrência de doença ou agravo em grande número de pessoas ao mesmo tempo. Aprofundando a análise deste conceito, deve ser ressaltado que, para o observador externo, a percepção da epidemia só se efetivará se a doença ou agravo se deixar transparecer mediante sintomas e sinais característicos, comuns a todos os indivíduos afetados. Observe-se que, aqui, epidemia está sendo definida como um fato empírico, primitivo, como uma ocorrência em massa. É lícito, portanto, pensar que algumas ocorrências desse tipo – a epidemia – possam passar sem registro ou por falta de condições para percepção da própria doença ou por falta de registro, ou ainda por alguma incapacidade atual de generalização a partir das ocorrências individuais. Fonte: ROUQUAYROL, Maria Zélia; GURGEL, Marcelo. Rouquayrol: epidemiologia e saúde. 8. http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/Mostrar Arquivo.aspx?C=xIkfn7hD3KI%3D http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=xIkfn7hD3KI%3D http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=xIkfn7hD3KI%3D
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