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Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Radiologia 2 – 2020.2 Aspectos radiográfico das lesões do periápice e osteomielites É importante considerar os aspectos de normalidade da cavidade oral, na radiografia, para que possa ser comparado com os aspectos da anormalidade, que podem atingir tanto o periodonto como a região do periápice. As regiões que devem ser observadas são: As lesões inflamatórias são as condições patológicas mais comuns dos maxilares; na tentativa de se proteger, o organismo responde à tais lesões com um processo inflamatório; o fator de inflamação pode atingir a região óssea por meio dos dentes. Quando a fonte da inflamação é a polpa necrótica e a lesão está restrita à região do dente é chamada de lesão inflamatória periapical, quando a infecção se espalha pelos espaços medulares, e não está mais contida na adjacência do ápice radicular, denomina-se osteomielite. Lesões inflamatórias periapicais Representam uma reação inflamatória nos tecidos periapicais, causada na maioria das vezes por necrose pulpar e infecção bacteriana persistente do sistema de canais radiculares dos dentes afetados. O trauma ou a cárie vão desencadear um processo inflamatório que poderá evoluir para a necrose pulpar, a seguir, os produtos bacterianos irão migrar para a região periapical, que irão desencadear um processo inflamatório chamado de periodontite apical. Ela pode seguir dois rumos, de maneira crônica, se tornando um granuloma periapical, e progredir para um cisto periapical, abcesso periapical ou uma osteomielite (essas duas, caso o processo se torne agudo); de maneira aguda, ela origina um abscesso periapical, que pode evoluir para uma osteomielite ou um granuloma periapical (cronificando). • Periodontite apical (pericementite) É uma inflamação nos tecidos periapicais causada por uma extensão da inflamação aguda da polpa, ou por traumas físicos ou químicos. Ex. restaurações em excesso (a não execução do ajuste oclusal), movimentação ortodôntica, instrumentação endodôntica além do canal e irritação por produtos químicos. Eles podem ou não ser detectado radiograficamente, sem formação de abscesso. Observa-se um aumento no espaço do ligamento periodontal. O paciente expressa dor, por percussão vertical (feito com o cabo do odontoscópio na região oclusal do dente) e sensação de dente crescido/extrusão dentária; o dente pode permanecer vital, podendo reverter o processo. Cortical alveolar ou lâmina dura • é a principal estrutura a ser avaliada. É vista como uma linha radiopaca que circunda as raízes dos dentes. Quando há a instalação de um processo inflamatório na região do periápice, a cortical alveolar é a que apresenta o primeiro sinal de alteração Câmara pulpar e canais radiculares • são radiolúcidos. Osso alveolar • radiopaco Esmalte dentário • radiopaco Dentina • radiopaca, sendo a densidade menor que a do esmalte Espaço do ligamento periodontal • imagem radiolúcida envolvendo as raízes dos dentes, circunscrita pela cortical alveolar. Seu aumento indica um processo inflamatório Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Radiologia 2 – 2020.2 Após a identificação e remoção do fator causal, o quadro regride e ocorre o reparo periapical. OBS.: por ser um quadro agudo, a reabsorção óssea não acontece de primeira, pois não houve produção de osteoclasto, que são capazes de reabsorver osso. • Abscesso periapical Acúmulo de células inflamatórias agudas, predominantemente neutrófilos, e restos celulares no ápice de um dente necrosado (pus). Eles são classificados segundo a sua evolução, sendo agudo ou crônico. OBS.: só acontece em casos em que a polpa estiver necrosada. Agudo: apresentam um maior volume em face, com do dor intensa; a pele da mucosa da região apresenta os sinais de inflamação aguda. É mais prevalente entre crianças e adolescentes. OBS.: a inflamação de um ou de mais dentes com necrose pulpar é fundamental para o diagnóstico. Crônico: há a formação de um trajeto fistuloso do periápice à superfície externa, permitindo a drenagem constante de secreção purulenta (podendo ser tanto para a cavidade oral, quanto para a extraoral). OBS.: o paciente não relata dor, pois com o extravasamento do fluido as fibras nervosas não ficam comprimidas. Os aspectos da imagem são: espessamento do ligamento periodontal apical, rompimento da lâmina dura (ausente na periodontite apical aguda), rarefação óssea periapical difusa (com a migração de células reabsorventes). Rastreamento de fístula: em casos em que há dúvida no dente que está com a polpa necrosada; usa-se uma guta percha penetrando através da fistula, com o auxílio de uma pinça clinica até que ele tope. A vantagem de utiliza-lo é que ele tem uma configuração radiopaca na radiografia. • Granuloma periapical Quando o abscesso periapical evolui para um processo crônico, ele configura um granuloma periapical que consiste em uma massa de tecido de granulação cronicamente inflamado, no ápice de um dente desvitalizado. Origina-se após a estabilização de um abscesso periapical ou se desenvolve como uma alteração periapical inicial; representando 75% das lesões inflamatórias periapicais. Geralmente é assintomático, mas o paciente pode relatar sensibilidade ou dor em casos de agudização (a dor é de origem periodontal). OBS.: só se formam em dentes necrosados. OBS.: há possibilidade de surgir diretamente, sem evoluir de um abscesso periapical. Radiograficamente, é possível perceber uma radiotransparência unilocular de tamanho variável, bem delimitada e arredondada; tem-se o dente afetado mostrando perda da lâmina dura apical; a priori é difícil distinguir o granuloma periapical do cisto radicular, devido a formação de um halo inicial e, também por que o cisto radicular em fase inicial apresenta as mesmas características de um granuloma periapical. Se possível de manter o dente em boca, realizar o tratamento endodôntico, e o granuloma irá regredir levando a cicatrização óssea; quando não, o dente deve ser removido e o tecido deve ser curetado. • Cisto radicular É uma cavidade patológica revestida internamente por epitélio, preenchida por material liquido ou semissólido, e externamente por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso. Sendo classificados como cistos odontogênicos inflamatórios; o cisto radicular Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Radiologia 2 – 2020.2 na maioria das vezes progride de um granuloma periapical. OBS.: só se forma no periápice de um dente sem vitalidade pulpar. Inicialmente apenas com o exame histopatológico é possível diferenciá-lo de um granuloma periapical. Sendo comum em adultos entre 20 e 50 anos, mais prevalente em homens; sendo possível notar um discreto aumento de volume. Se mostra como uma imagem radiolúcida, bem definida, unilocular e arredondada, associada ao ápice de um dente desvitalizado, mostrando perda da lâmina dura apical, sendo capaz de gerar reabsorção dentária. É possível perceber a formação de um halo radiopaco, e é uma lesão que pode alcançar grandes dimensões, diferente do granuloma periapical. Com o tratamento endodôntico, o cisto radicular regride; quando for possível de manter o dente em boca. Quando não, remove o elemento dentário e faz a curetagem da lesão. Diante da não curetagem ou do reaparecimento da lesão esse cisto passa a ser chamado de cisto radicular residual. Osteomielites Caso as lesões se estendam para o osso, essa lesão recebe o nomede osteomielite, que consiste em um processo inflamatório agudo ou crônico nos espaços medulares e/ou nas superfícies corticais do osso. Aguda: ocorre quando um processo inflamatório agudo se estende através dos espaços medulares do osso, sem tempo suficiente para o osso reagir. Crônica: existe quando a resposta da defesa tecidual leva à produção de tecido de granulação. Para que a osteomielite seja configurada é essencial a presença de bactérias, podendo ser decorrida de qualquer outro tipo de lesão que não seja de origem odontogênica, como fraturas. É possível observar o desenvolvimento de secreção purulenta que podem ser excretadas, por meio de fistulas, tanto para a cavidade oral, quanto para o meio externo. Também é possível ver celulites, que se dá pela dissipação do pus na região, no caso de osteomielite crônica é possível perceber a presença de sequestro ósseo. As osteomielites tem maior prevalência em pessoas que são sistemicamente comprometidas, como pacientes oncológicos, portadores de anemias profundas, de diabetes, tabagistas e pacientes com lesões fibro-ósseas em ossos gnáticos. OBS.: as osteomielites afetam a vascularização óssea. Sendo a mandíbula mais acometida do que a maxila, por conta da baixa vascularização. • Osteomielite supurativa aguda Atinge qualquer faixa etária, tendo maior prevalência na mandíbula; ela é de surgimento rápido. Os pacientes acometidos apresentam todos os sinais de inflamação; é possível que haja uma drenagem purulenta. Radiograficamente, na maioria das vezes, é difícil identificar as lesões de maneira aguda. De forma geral, a priori é possível ver uma possível redução na densidade do osso envolvido, em segunda instância a reabsorção óssea, com área radiolúcida ou espalhada por todo osso, e, por fim áreas escleróticas evidentes. • Osteomielite esclerosante focal (osteíte condensante) São áreas localizadas de esclerose óssea associadas ao ápice de dentes com pulpite ou necrose pulpar; sendo mais frequente em crianças e adultos jovens; mais comum em mandíbula, nas áreas de pré-molares e molares. Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Radiologia 2 – 2020.2 A alteração radiográfica clássica consiste em uma área localizada e uniforme de radiodensidade aumentada. É presente no ápice dos dentes com diminuição do espaço do ligamento e inflamação apical. • Osteomielite esclerosante difusa (crônica) É uma área mal definida, podendo ser sequela da osteomielite aguda ou pode evoluir para uma lesão crônica. Os pacientes apresentam episódios recorrentes de dor, aumento de volume, febre e linfadenopatia; pode ocorrer formação de fístula, sendo mais frequente em adultos e localizada na mandíbula. OBS.: aparecem e desaparecem ao longo do tempo. Na imagem apresenta-se como áreas de maiores e menores radiopacidade ao redor da área infectada (difusa); é uma lesão predominantemente esclerótica ou radiopaca, e em alguns casos podem apresentar sequestro ósseo. • Osteomielite com periostite proliferativa Nessa condição a inflamação induz a uma reação periosteal; é conhecida como osteomielite de Garré/Garraet, sendo frequente em crianças e adultos jovens; mais comum na região de pré- molares e molares. Radiograficamente, o periósteo afetado forma várias fileiras de osso reacional, paralelo um ao outro (com aparência de casca de cebola), se expandindo até a superfície do osso afetado. É mais comum na cortical vestibular. Referências: FENYO-PEREIRA, Marlene; CRIVELLO JÚNIOR, Oswaldo; LASCALA, César Ângelo; et al. Radiologia odontológica e imaginologia. [S.l: s.n.], 2013. NEVILLE, B. W.; ALLEN, C. M.; DAMM, D. D.; et al. Patologia: Oral & Maxilofacial. 4ª Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
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