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Imunidade Inata VISÃO GERAL O sistema imune inato consiste em muitos tipos celulares e moléculas solúveis nos tecidos e no sangue que constantemente previnem microrganismo de entrarem e estabelecerem infecções. Se os microrganismos se estabelecerem, as repostas imunes inatas fornecem a defesa inicial, antes que as respostas imunes adaptativas possam se desenvolver. Na imunidade inata corre um contato com o microrganismo e ele é reconhecido como uma molécula estranha, pois possui características não-próprias. CARACTERÍSTICAS A imunidade inata é menos específica, ocorre em um período breve e a indução de uma resposta leva horas ou poucos dias. Suas principais características são: 1. Ser rápida; 2. Ser invariável; 3. Com diversidade limitada a certos padrões; 4. Ausente de memória; 5. Com especificidade limitada capaz de reconhecer microrganismos que expressam determinado padrão molecular, mas não os diferenciando entre si. FUNÇÕES DA IMUNIDADE INATA A imunidade inata desempenha três funções essenciais que nos protegem contra microrganismos e lesões teciduais. 1. Função: A resposta inata é a resposta inicial aos microrganismos que previne, controla ou elimina a infecção do hospedeiro por muitos patógenos. 2. Função: Os mecanismos imunes inatos eliminam células danificadas e iniciam o processo de reparo tecidual. 3. Função: A imunidade inata estimula as respostas imunes adaptativas e pode influenciar a natureza das respostas adaptativas para torná-las otimamente efetivas contra diferentes tipos de microrganismos. CÉLULAS ENVOLVIDAS O sistema imune inato abrange várias células circulantes, como neutrófilos, e proteínas, como complemento, que podem eliminar os microrganismos do sangue. PRIMEIRA LINHA DE DEFESA Além da inflamação e resposta antiviral, o sistema imune inato inclui defesas físicas e químicas embarreiras epiteliais, tais como pele e cobertura dos tratos gastrintestinais e respiratório, que atuam a todo tempo para bloquear a entrada microbiana. BARREIRAS As barreiras são os primeiros a tentar impedir a entrada de corpos estranhos. Elas podem ser barreiras físicas/ mecânicas/ anatômicas; barreiras químicas e barreiras microbiológicas; 1. Barreiras físicas: elas retardam/impedem a entrada de moléculas e agentes infecciosos. 2. Barreiras químicas: inibem/ eliminam o crescimento de microrganismos invasores. Exemplo: 3. Barreiras microbiológicas: a flora normal da pele e no trato gastrointestinal pode prevenir a colonização de bactéria patogênica pela secreção de substâncias tóxicas antibacterianas ou pela competição com bactéria patogênica por nutrientes ou então pela ligação à superfície da célula. Exemplo: SEGUNDA LINHA DE DEFESA Os principais dois tipos de respostas do sistema imune inato que protegem contra microrganismos são a defesa inflamatória e a antiviral. PROCESSO INFLAMATÓRIO A inflamação é o processo pelo qual leucócitos circulantes e proteínas plasmáticas são trazidos para os locais de infecção nos tecidos e são ativados para destruir e eliminar os agentes agressores. A inflamação também é a principal reação às células danificadas ou mortas e aos acúmulos de substâncias anormais nas células e nos tecidos. Inflamação x Infecção: para ter inflamação não precisa ter infecção (quando há a interferência de patógenos), porém em toda infecção há inflamação. DEFESA ANTIVIRAL A defesa antiviral consiste em alterações nas células que previnem a replicação viral e aumentam a suscetibilidade à morte pelos linfócitos, eliminando, assim, os reservatórios de infecção viral. RESPOSTA INFLAMATÓRIA A principal maneira pela qual o sistema imune lida com as infecções e lesões teciduais é estimulando a inflamação aguda, que é o acúmulo de leucócitos, proteínas plasmáticas e fluido derivado do sangue em tecido extravascular, local de infecção ou lesão. Resposta inflamatória aguda x crônica: a resposta inflamatória aguda pode se desenvolver em minutos a horas e durar por dias. A inflamação crônica é um processo que demora mais do que a aguda se a infecção não for eliminada ou se a lesão tecidual for prolongada. As células que atuam nesse processo inflamatório são divididas em células residentes e células circulantes. 1. Células residentes: células que ficam no tecido. Exemplo: macrófagos, mastócitos e as células nervosas. 2. Células circulantes: são as células presentes na circulação sanguínea. Exemplo: neutrófilos, monócitos, eosinófilos e os linfócitos. Os leucócitos e as proteínas plasmáticas normalmente circulantes no sangue são recrutados para o local de infecção ou lesão, onde realizam várias funções efetoras que servem para matar o microrganismo e iniciar o reparo do tecido danificado. O leucócito mais abundante recrutado é o neutrófilo, mas os monócitos, que no tecido vira macrófago, são cada vez mais importantes ao longo do tempo e podem se tornar a população dominante em algumas reações. Entre as proteínas plasmáticas importantes e que entram nos locais inflamatórios, incluem-se as proteínas do complemento, anticorpos e reagentes de fase aguda. RECONHECIMENTO Quando um microrganismo atravessa as barreiras, a primeira linha de defesa do sistema imune, as células residentes percebem essa invasão através do reconhecimento dos PAMPs feito pelos seus PRRs. RECRUTAMENTO DE LEUCÓCITOS O recrutamento de grande número de neutrófilos, seguido pelos monócitos, do sangue para os tecidos tipicamente ocorre como parte da resposta inflamatória aguda às infecções e lesão tecidual. Assim que ocorre o reconhecimento dos PAMPs, os mastócitos liberam seus grânulos de histamina e os macrófagos produzem citocinas pró-inflamatórias e mediadores lipídicos, como leucotrienos e prostaglandinas. As citocinas pró-inflamatórias são: TNF, IL-1 e IL-6. As citocinas e quimiocinas secretadas nos locais de infecção possuem múltiplos efeitos nas células endoteliais vasculares, leucócitos e medula óssea, que juntos aumentam a chegada local das células que podem lutar contra infecções e reparar os tecidos, os leucócitos. Além disso, esses mediadores lipídicos promovem a vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular, o que gera o edema devido ao extravasamento de líquidos (plasma), e gera também a dor devido ao pressionamento de terminações nervosas. ADESÃO DOS LEUCÓCITOS As citocinas e quimiocinas estimulam também as células do endotélio vascular a expressarem moléculas de adesão (selectinas). Essas moléculas são reconhecidas por receptores dos leucócitos circulantes, promovendo uma fraca adesão desses leucócitos à superfície endotelial. Devido à força do fluxo sanguíneo em conjunto com a fraca adesão, ocorre o rolamento, que é quando os leucócitos circulantes deslizam sobre o endotélio. As quimiocinas produzidas no local da infecção pelas células residentes e por células endoteliais ativadas auxiliam no recrutamento e na adesão dos leucócitos ao endotélio, principalmente os neutrófilos. Além disso, as quimiocinas aumentam a afinidade de ligação das integrinas (outro tipo de moléculas de adesão) expressas nos leucócitos aos seus ligantes nas células endoteliais. Essa adesão intensifica a ligação dos leucócitos ao endotélio, iniciando o processo de diapedese. Diapedese: é um processo de migração, em que células sanguíneas, em especial os leucócitos, transpassam pelas paredes dos capilares. Nesse caso, alcançando o sítio de infecção nos tecidos com o intuito de eliminar os microrganismos. FAGOCITOSE Ocorre a ingestão e morte de microrganismo por fagócitos ativados. Os neutrófilos e macrófagos que são recrutados para os locais de infecção nos tecidos ingerem microrganismos nas vesículas por um processo de fagocitose, destruindo-os. Essas células expressam receptores que reconhecem especificamente microrganismos, e a ligação dosmicrorganismos a esses receptores é o primeiro passo na fagocitose. A fagocitose é um processo ativo, dependente de energia de englobamento de grandes partículas pelas vesículas. As vesículas fagocíticas se fundem com lisossomas, onde as partículas inferidas são destruídas. Desse modo, os mecanismos de morte, que poderiam potencialmente danificar o fagócito, são isolados do resto da célula. SINAIS FLOGÍSTICOS OU CORDINAIS DA INFLAMAÇÃO As citocinas TNF, IL-1 e IL-6 produzidas durante a resposta imune inata à infecção ou dano tecidual têm efeitos sistêmicos que contribuem para a defesa do hospedeiro e são responsáveis por muitas das manifestações clínicas. São as consequências sistêmicas e patológicas da inflamação. 1. Calor: a vasodilatação leva a um aumento do volume sanguíneo e, consequentemente, aumento da temperatura local. 2. Vermelhidão: ocorre devido à hiperemia, ou seja, ao aumento do volume sanguíneo circulante. 3. Inchaço/ Edema: devido ao extravasamento de líquido (como o plasma) decorrente do aumento da permeabilidade vascular. 4. Dor: é desencadeada pela compressão das células nervosas pela formação do edema como também por lesões químicas. 5. Perda da função: ocasionada pela dor e, também, pelo edema. REMODELAÇÃO DOS TECIDOS Os macrófagos ativados além da fagocitose, possuem outras funções na defesa contra infecções. Uma delas é a produção de fatores de crescimento para fibroblastos e células endoteliais que participam no remodelamento dos tecidos após infecções e lesão. RESPOSTA ANTIVIRAL A principal via pela qual o sistema imune inato lida com as infecções virais é a indução da expressão de interferons tipo I, cuja ação mais importante é a inibição da replicação viral. 1. IFN - α: interferon tipo I alfa 2. IFN – β: interferon tipo I beta As células dendríticas plasmacitoides são as principais fontes de IFN – α, mas ele também pode ser produzido pelos fagócitos mononucleares. O IFN – β é produzido por muitos tipos celulares Os interferons tipo I são secretados e agem em outras células para prevenir a disseminação da replicação viral. Os interferons tipo I são uma grande família de citocinas estruturalmente relacionadas que medeiam as respostas imunes intatas iniciais às infecções virais. Eles, através da sinalização dos receptores de interferons tipo I, ativam a transcrição de vários genes que conferem a essas células resistência à infecção viral chamada de estado antiviral. ESTÍMULO DA IMUNIDADE ADAPTATIVA A resposta imune inata fornece sinais que atuam em conjunto com o antígeno para estimular a proliferação e diferenciação de linfócitos T e B específicos para antígenos. HIPÓTESE DOS DOIS SINAIS À medida que a resposta imune está fornecendo a defesa inicial contra microrganismos, ela também põe em movimento a resposta imune adaptativa. A ativação dos linfócitos necessita de dois sinais distintos, o primeiro sendo o antígeno e o segundo sendo moléculas que são produzidas durante as respostas imunes inatas aos microrganismos ou células lesionadas. Essa ideia é chamada hipótese dos dois sinais para a ativação de linfócitos.
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