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Após a compreensão sobre a categoria letramento e sua diferenciação do processo de alfabetização, é hora de refletirmos sobre como um educador pode trabalhar com práticas de letramento, que dotem as crianças de competências linguísticas para interagir com a diversidade de gêneros de leitura e demandas de escrita e oralidade na atualidade. A alfabetização é uma tecnologia que engloba as atividades de codificação (escrita) e decodificação da língua. Os sujeitos são alfabetizados se dominarem os códigos alfabético e numérico aprendidos na escola. Na concepção freireana (Freire, 1980), a alfabetização é o desenvolvimento de uma consciência crítica e reflexiva do sujeito para que ele tenha acesso à cultura e que se liberte como cidadão. Um processo coletivo de democratização do saber através da linguagem. Assim, entendemos que essas competências são desenvolvidas na medida em que as crianças possam refletir sobre os textos que: Ouvem, Falam, Escrevem As competências de letramento requerem não apenas as habilidades de alfabetização, mas também a apropriação das práticas sociais da leitura e da escrita vigentes na sociedade. Mais que saber ler e escrever, é necessário ter competência na utilização da leitura e da escrita em diferentes gêneros para ser letrado. Para que esse desenvolvimento ocorra, é necessário que sejam utilizadas tanto as regras da gramática normativa quanto as características peculiares de cada gênero textual. Vamos aprofundar o estudo do nosso tema descobrindo mais sobre como promover a prática do letramento através de exercícios que envolvam as práticas de leitura, escrita e oralidade. No que se baseiam essas práticas? Essas práticas estão fundamentadas numa compreensão da língua como um processo de interação social, na qual os interlocutores constroem sentidos e significados de acordo com o contexto em que ocorre a interlocução. Em outras palavras, de acordo com as práticas discursivas constituídas socialmente. Como é possível exercitá-las? É possível quando o desenvolvimento das competências é feito através do conhecimento de que é possível trabalhar a leitura, a escrita e a oralidade, a partir da interação com o texto. Um exemplo para o exercício do desenvolvimento das competências de letramento é indicado no texto A professora e a maleta, escrito por Lygia Bojunga Nunes em 1978, como parte integrante do livro A Casa da Madrinha. Um texto rico em realismo fantástico e metáforas que fizeram duras críticas ao poder político da época. Como você viu anteriormente, há uma relação entre o desenvolvimento das competências de letramento e a interação com o texto. Conheça, agora, alguns tipos de leituras que são capazes de contribuir para o desenvolvimento das competências de letramento escolar. Pré-leitura Quanto mais o leitor souber sobre o gênero e o autor do texto lido, mais informações ele terá para interpretar a obra. Antes de iniciar a leitura propriamente do texto, os professores podem resgatar os conhecimentos prévios que as crianças têm sobre o gênero, o autor e o texto. Podem também trabalhar os objetivos da leitura, pois há uma grande variedade de textos que oferecem informações. ● Variedade de textos: Os textos enumerativos têm a função de localizar informações concretas, recortar dados, etiquetar, classificar, comunicar resultados, anunciar acontecimentos, ordenar, arquivar informações entre outros. São exemplos: listas, catálogos, guias, horários entre outros. Os textos informativos têm a função de conhecer ou transmitir, explicações e informações de caráter geral sem aprofundar sobre o assunto. São exemplos: jornais, anúncios, propagandas, convites, entrevistas entre outros. Os textos literários têm a função de induzir ao leitor sentimentos e emoções especiais, causar entretenimento e diversão, comunicar fantasias ou fatos extraordinários, lembrar-se de acontecimentos e emoções vividas pelo grupo ou pela própria pessoa, transmitir valores culturais, sociais e morais. São exemplos: contos, poesias e histórias em quadrinhos. Os textos expositivos têm a função de compreender ou transmitir novos conhecimentos. São exemplos: livros escolares, artigos de pesquisa, biografias e resenhas. Os textos prescritivos têm a função de regular o comportamento humano para a realização de um objetivo de forma precisa. São eles: receitas, regulamentos, códigos e manuais. Leitura oral A maior parte dos textos lidos em nossa cultura são realizados de forma silenciosa e individual, entretanto, a leitura oral tem a sua importância quando tratamos de contação de histórias, declamação de poesias, acentuação da expressividade do texto, literatura de cordel, textos teatrais entre outras modalidades que necessitam diferenciar o ritmo e a sonoridade da leitura. Leitura silenciosa Na leitura silenciosa a criança pode desenvolver a capacidade de interpretação e síntese do texto. É uma leitura que exige maior concentração do leitor e abre maior possibilidade para diálogo como autor do texto. Interpretação oral Todo o texto pode apresentar uma multiplicidade de sentidos e interpretações que são inerentes a cada leitor, pois são elaboradas a partir da subjetividade ou dos pressupostos que o leitor apresenta no ato da leitura. A criança deve saber que a leitura é um diálogo com o autor do texto e que dessa forma, ao dialogar, o leitor constrói significados singulares. Com a interpretação oral, a criança pode confrontar pontos de vista e perceber que diferentes leituras podem ser feitas sobre um mesmo texto. Interpretação escrita Se na interpretação oral o objetivo era confrontar pontos de vistas diferentes, na interpretação escrita, a ideia é aprofundar a compreensão individual do leitor sobre os aspectos apresentados no texto. Esta modalidade de atividade possibilita a emergência dos sentidos criados pelo leitor, inferências e posicionamentos em relação aos temas abordados. O mais importante é refletir em busca da resposta e não dar uma resposta correta padrão. Interpretação pelo desenho Qual é o objetivo das ilustrações que compõem o texto: enriquecer, complementar ou apenas ilustrar as informações? No trabalho da leitura como prática de letramento, levamos as crianças a perceberem nas ilustrações uma complementação das informações contidas no texto, desta forma, elas podem ser interpretadas tanto nos desenhos, como nas fotografias e demais ilustrações que se apresentam como signos repletos de significados. Agora, você aprenderá um pouco mais sobre os aspectos que envolvem uma produção textual. Escrever traduz uma capacidade de organizar ideias em argumentos e apresentá-las no papel como uma forma de interlocução. Quem escreve o faz para alguém, com um objetivo e com um tema definido. Por isso, escrever não é uma atividade cognitiva tão simples. A escrita está presente no cotidiano e as crianças precisam descobrir a sua função social e as formas de produção que devem estar relacionadas a cada gênero do texto. Na escola escrevemos para: lembrar, identificar, localizar, registrar, armazenar, averiguar dados; comunicar o que acontece; sistematizar informações; sermos avaliados; desfrutar, compartilhar sentimentos e emoções, desenvolver a sensibilidade artística; estudar, aprender, conhecer, aprofundar conhecimentos. Além disso, a criança pode aprender a diferenciar a sintaxe da oralidade com a da escrita e dotar seu texto de organização, coerência, coesão, unidade, informatividade, clareza e concisão. Para que as crianças se apropriem da língua escrita em sua totalidade, é preciso que a escola traga esse objeto sociocultural para a sala de aula de forma sistemática, mas principalmente significativa. Mais que cópias e ditados, a produção de texto é uma forma de comunicação entre interlocutores e precisa ter inteligibilidade e correção da língua para que seu objetivo seja realizado. As atividades de oralidade fazem parte do cotidiano das crianças, mas devem ser planejadas e realizadas na escola de forma sistemática para promover as habilidades indicadas a seguir. Habilidade 1: Habilidade de expressãoem contextos acadêmicos e formais. Habilidade 2 ; Habilidade de consciência fonológica e dos aspectos prosódicos do texto, pois expressar-se oralmente é uma competência linguística muito valorizada atualmente e em vários contextos socioculturais e interações discursivas. A consciência fonológica pode ser compreendida como percepção da estrutura sonora da linguagem, como os fonemas que constituem a língua e os sons que constituem as palavras. A prosódia constitui os aspectos acústicos da fala como o ritmo, a entonação, a intensidade, altura, o timbre de voz e os efeitos de sentidos que produzem. Alguns exemplos de atividades em que estas habilidades são usadas são: os debates, a argumentação, seminário, relato de experiências, notícias, informações, apresentação de regras e instruções, entrevistas e depoimentos.
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