Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sarah Silva Cordeiro | Medicina FITS | P3 2021.2 | Tutoria 1 MT2 | @study.sarahs TCE Objetivos : 1. Entender a escala de Glasgow (níveis de consciência, condutas etc.); A escala combina os principais indicadores- chave de gravidade de uma lesão neurológica de uma forma simples, e visa avaliar o nível de consciência dos pacientes de maneira prática e confiável, além de possuir as vantagens de fácil aplicação e reprodutibilidade. Na escala original, a análise da gravidade do comprometimento neurológico era baseada em três critérios: abertura ocular, resposta verbal e resposta motora, os quais são pontuados individualmente e sua soma varia de 03 a 15, caracterizando o paciente com lesão leve, moderada ou grave. Em 2018, houve uma atualização com a inclusão da avaliação da reatividade pupilar, podendo agora variar de 01 a 15. Além disso, algumas nomenclaturas foram alteradas para simplificar sua aplicação. 1. Inclusão da reatividade pupilar nos critérios de avaliação Na antiga versão da escala, os únicos critérios avaliados eram: abertura ocular, resposta verbal e resposta motora. Agora, na nova versão, foi incluída a Reatividade Pupilar, ou seja, a reatividade da pupila à luz. Ao contrário dos outros critérios, este é pontuado de forma decrescente: o pior resultado apresenta a maior pontuação. Assim, teremos a seguinte atribuição: • 2 pontos – Nenhuma reatividade em ambas as pupilas • 1 ponto – Sem reação em apenas uma das pupilas • 0 pontos – Caso as duas pupilas estejam funcionando normalmente 2. Mudança no score total: 1 a 15 pontos Na antiga versão da Escala de Coma de Glasgow, a pontuação variava de 3 a 15 pontos. Agora, na nova versão, a escala varia de 1 a 15 pontos. Isso acontece porque, na nova aplicação, pontuaremos normalmente todos os outros critérios e, após a nota final, o score da reatividade pupilar será subtraído! Como assim? O cálculo do score será feito da seguinte forma: Escore final = Abertura ocular [1 a 4] + Resposta verbal [1 a 5] + Resposta motora [1 a 6] – Reatividade Pupilar [0 a 2] Caso todos os critérios estejam normais, teremos um escore de 15 (afinal, as pupilas normais significam 0 pontos a menos!). Entretanto, caso o paciente apresente a menor pontuação em todos os critérios, teremos o escore final de 1! 3. Inclusão de “critério não-testável” Sabemos que nem todos os pacientes são susceptíveis a serem avaliados da forma como a antiga Escala de Glasgow propõe. Por exemplo: pacientes amputados não necessariamente terão uma avaliação fidedigna da resposta motora; pacientes que apresentam surdez não serão responsivos a comandos verbais; pacientes com algum quadro de afasia não necessariamente conseguirão emitir respostas verbais adequadas. Considerando essas necessidades tão individuais, além das pontuações nos critérios previamente estabelecidos, podemos agora marcá-los como “NÃO TESTÁVEL” (NT). Escala de coma de Glasgow, 2018 Durante o cálculo do Glasgow do paciente, pode haver respostas diferentes em diferentes membros. Nesses casos, nós devemos sempre adotar a melhor das respostas apresentadas para concluir sobre o estado do paciente. Sarah Silva Cordeiro | Medicina FITS | P3 2021.2 | Tutoria 1 MT2 | @study.sarahs Pontuação e grau de lesão Após avaliação e pontuação de todos os critérios, a fórmula aplicada é: Pontuação final = Abertura ocular [1 a 4] + Resposta verbal [1 a 5] + Resposta motora [1 a 6] – Reatividade Pupilar [0 a 2] Grau de lesão de acordo com a pontuação: • Entre 13 e 15 – LEVE; • Entre 9 e 12 – MODERADA; • Entre 3 e 8 – GRAVE; • Menor que 3 – COMA; ATENÇÃO: Escala de Coma de Glasgow ≤ 8 é indicativo de intubação orotraqueal! A Escala de Coma de Glasgow é mundialmente conhecida e totalmente incorporada na rotina médica, principalmente no atendimento ao trauma. Você pode achar que é muito critério para decorar, mas com o tempo e prática, sua aplicação se torna automatizada! 2. Entender a anatomia do sistema nervoso central (lobos, nervos...); Planos anatômicos: a. Sagital b. Axial c. Coronal O sistema nervoso é dividido anatomicamente num componente central e num periférico. O sistema nervoso central (SNC) consiste nas estruturas nervosas localizadas dentro do esqueleto axial, sendo elas: a cavidade craniana e o canal vertebral. Respectivamente a esses espaços, temos as seguintes estruturas que compõem o SNC: o encéfalo e a medula espinhal. Juntos, eles formam o neuro-eixo. A estrutura mais cranial, o encéfalo, corresponde a verdadeira maquinaria no funcionamento do nosso corpo, sendo a porção mais central dentro do crânio. Ela ainda é subdividida em: • Cérebro: Formado pela união do telencéfalo com o diencéfalo; • Cerebelo; • Tronco encefálico Cérebro: O nosso cérebro é organizado em giros, que são partes do córtex de substância cinzenta, delimitados pelas depressões que percorrem o córtex cerebral, os sulcos, permitindo o aumento de sua superfície sem aumento considerável do seu volume. Sarah Silva Cordeiro | Medicina FITS | P3 2021.2 | Tutoria 1 MT2 | @study.sarahs Então, começando pelo cérebro, sabemos que ele é composto pelo telencéfalo e pelo diencéfalo. A primeira estrutura consiste em dois hemisférios corticais e na lâmina terminal. Cada hemisfério possui 3 polos (frontal, temporal e occipital), 3 margens (superior, medial e inferior), 5 lobos (frontal, parietal, temporal, occipital e insular – sendo o último “escondido” pelo parênquima cortical) e 3 faces (dorsolateral, medial e inferior). E são nessas faces que encontramos os sulcos e giros. Já o outro componente do cérebro, o diencéfalo, diferente do telencéfalo, é uma estrutura ímpar localizada na porção cerebral mais inferior, sendo compreendida pelo: tálamo – um grande centro de retransmissão de fibras entre o nosso córtex e estruturas subcorticais; hipotálamo – grande regulador da homeostase; subtálamo – que atua no circuito motor de forma subsidiária; e epitálamo – relacionado com a sincronização do ritmo circadiano. Cerebelo: Topografia anatômica semelhante ao cérebro: possui dois hemisférios, unidos agora por um vérmis, localizado na linha mediana; seu córtex cerebelar é percorrido por sulcos, delimitando folhas (e não giros!!). o cerebelo se encontra no compartimento infratentorial. Ele é dividido em lobo flóculo- nodular, lobo anterior e lobo posterior. Tronco encefálico: A porção mais primitiva dentre as outras. O tronco está intimamente relacionado com o funcionamento da homeostase do corpo, sendo de extrema importância para manutenção da vida. Podemos evidenciar isso, por exemplo, através dos exames feitos para diagnosticar morte encefálica, que testam se o tronco está funcionante ou não. Profundamente a ele, temos diversos núcleos de pares cranianos, além da formação reticular. Num ponto de vista anatômico, o tronco encefálico é dividido em, no sentido crânio-caudal: mesencéfalo, ponte e bulbo. Sarah Silva Cordeiro | Medicina FITS | P3 2021.2 | Tutoria 1 MT2 | @study.sarahs Internamente ao encéfalo, temo estruturas chamadas de ventrículos encefálicos, por onde circula o líquor, diminuindo o efeito do peso do encéfalo além de fornecer proteção mecânica a seus componentes. Ventrículos encefálicos são cavidades localizadas internamente ao encéfalo, revestidas de epitélio epididimário, por onde percorrer o líquor cefalorraquidiano (LCR). São em número de quatro cavidades, duas pares (ventrículos laterais) e duas ímpares (terceiro e quarto ventrículo), que são ligadas uma as outras por diversos canais, formando o sistema ventricular. Como último componente do SNC, temos o mais caudal e primitivo, que é a medula espinhal. Ela consiste numa massa cilindroide de tecido nervoso situado dentro do canal vertebral da coluna,limitada superiormente pelo bulbo, ao nível do forame magno, e inferiormente até a vértebra L2. Já o sistema nervoso periférico (SNP) é formado pelas estruturas localizadas fora deste esqueleto. Essas estruturas são os nervos, os gânglios e as terminações motoras e sensitivas. Nervos: Atuam unindo o SNC aos órgãos periféricos, pode ser dividido em nervos cranianos se ligados ao encéfalo, nervos espinhais, se ligados a medula espinal. Função dividida em: motor, sensitiva ou mistos. Gânglios: Aglomerado de corpos neuronais localizados fora do SNC. Caracterizados também como sensitivos ou motores. Terminações nervosas: Localizadas na extremidade das fibras constituintes dos nervos. Dividido em placa motora, e uma sensitiva, composta pelos exteroceptores, visceroceptores e proprioceptores (informam o SNC sobre a posição do corpo ou sobre a força necessária para a coordenação). O sistema nervoso, a partir de um viés fisiológico, pode ser dividido em sistema nervoso somático (está relacionado com a forma que o organismo interage com o meio ambiente externo a ele) e sistema nervoso visceral (controle das vísceras par a homeostasia corpórea). Somático: Componente aferente: é responsável por conduzir ao SNC os impulsos originados nos receptores periféricos, informando-os acerca do mecanismo externo que causou essa irritação. Componente eferente: atua levando as informações processadas nos centros nervosos até os nossos músculos estriado esqueléticos, realizando os movimentos voluntários. Ex.: arco reflexo Visceral: tanto o aferente como eferente atuam na integração das diversas vísceras visando a manutenção da constância do nosso meio interno. Sarah Silva Cordeiro | Medicina FITS | P3 2021.2 | Tutoria 1 MT2 | @study.sarahs Aferente é responsável por conduzir os impulsos nervosos originados em nossos visceroceptores até o nosso SNC. Eferente, atua levando tais impulsos até nossas vísceras, enviando a resposta processada em nosso centro nervoso até glândulas, músculos lisos ou músculo estriado cardíaco. Componente visceral motor é denominado de sistema nervoso autônomo (SNA) (SNA) que pode ser dividido em simpático, relacionado com os processos fisiológicos durante momentos de “luta ou fuga”, e em parassimpático, responsável por estimular ações que permitem ao organismo. SNS responde a situações de estresse, estimulando ações como: taquicardia e taquipneia, hipertensão, sudorese, hiperglicemia, diminuição da motilidade e digestão. É formado pelo tronco simpático (Por esse tronco, passam fibras simpáticas pré-ganglionares e pós- ganglionares), pelos nervos esplâncnicos (passam pelo tronco SEM realizar sinapse a nível paravertebral) e pelos gânglios pré-vertebrais (localizados anteriormente a coluna vertebral, onde as fibras pré-ganglionares dos nervos esplâncnicos realizam sinapse). SNP permite o corpo responder a situações de calma, realizando as ações opostas ao simpático: bradicardia e bradipneia, anidríase, hipoglicemia, aumento da motilidade e digestão. É formado pelos núcleos de alguns pares cranianos, além dos nervos esplâncnicos pélvicos. Dentre esses núcleos, nós temos: • Núcleo de Edinger-Westphal - nervo oculomotor (III) que inerva os músculos intrínsecos da pupila; • Núcleo salivatório superior - nervo facial (VII) que inerva as glândulas submandibulares e sublinguais; • Núcleo lacrimal – nervo facial (VII) que inerva a glândula lacrimal; • Núcleo salivatório inferior – nervo glossofaríngeo (IX) que inerva as glândulas parótidas; • Núcleo motor dorsal do vago - nervo vago (X), responsável pelas funções parassimpática do trato digestório e cardiorrespiratório; • Núcleo ambíguo - nervo vago (X) que inerva a laringe e a faringe. Encéfalo, anatomia macroscopia: As regiões com grande concentração de corpos celulares de neurônios têm coloração acinzentada, sendo por isso denominadas substância cinzenta do sistema nervoso central. Por outro lado, as regiões com uma grande quantidade de prolongamentos de neurônios (axônios) possuem grande quantidade de fibras nervosas mielinizadas e por essa razão apresentam coloração esbranquiçada. Constituem a substância branca do sistema nervoso central. Sarah Silva Cordeiro | Medicina FITS | P3 2021.2 | Tutoria 1 MT2 | @study.sarahs Lobos do cérebro a partir de uma visão sagital mediana e lateral. Os lobos são de cor vermelha (frontal), azul (parietal), verde (occipital) e amarela (temporal) e rosa (límbica). A divisão em lobos, embora de grande importância clínica, não corresponde a uma divisão funcional, exceto pelo lobo occipital, que está todo, direta ou indiretamente, relacionado com a visão. Lobo frontal: Eles são essenciais para planejamento e execução de comportamentos aprendidos e intencionais; também constituem o local de muitas funções inibitórias. Possui 3 sulcos principais, pré central, frontal superior e o frontal inferior. • Giro pré central (entre o sulco central e pré central) onde se localiza a principal área motora do cérebro • Giro frontal superior, frontal médio e frontal inferior (giro de Broca, onde se localiza na maior parte das pessoas uma das áreas de linguagem do cérebro) Lobo temporal: é a estrutura responsável pelo gerenciamento da memória. Fica localizado na parte lateral do cérebro. 2 sulcos principais, temporal superior e temporal inferior. Evidencia- se a área da audição localizada no giro temporal transverso anterior, que é a porção posterior do giro temporal superior, visível afastando-se os lábios do sulco lateral. • Giro temporal superior: entre os sulcos lateral e temporal superior; • Giro temporal médio: entre os sulcos temporal superior e temporal inferior. • Giro temporal inferior: abaixo do sulco temporal inferior. • Giros temporais transversos: localizados no assoalho do sulco lateral. Servem essencialmente para percepção auditiva, componentes receptivos da linguagem, memória declarativa e visual e emoção. Os pacientes com lesões do lobo temporal direito geralmente perdem a acuidade para estímulos auditivos não verbais (p. ex., música). As lesões do lobo temporal esquerdo interferem muito no reconhecimento, na memória e na formação da linguagem. O hipocampo é uma estrutura do cérebro encaixada profundamente no lóbulo temporal de cada córtice cerebral Lobo occipital: apresenta giros e sulcos irregulares, se localiza na fase dorsolateral do cérebro. Os lobos occipitais contêm • O córtex visual primário • Áreas de associação visual Lesões no córtex visual primário levam a uma forma cegueira cortical; em uma das formas, chamada síndrome de Anton, os pacientes não conseguem reconhecer objetos pelo olhar e, em geral, não percebem seus déficits, Sarah Silva Cordeiro | Medicina FITS | P3 2021.2 | Tutoria 1 MT2 | @study.sarahs frequentemente confabulando descrições do que enxergam. Lobo parietais: possui 2 sulcos principais: pós central e intraparietal. Além disso, possui 3 giros: • Giro pós central: entre os sulcos central e pós-central, onde se localiza uma das mais importantes áreas sensitivas do córtex, a área somestésica. • Giro supramarginal: curvado, em torno da extremidade posterior do sulco lateral. • Giro angular: curvado em torno da porção terminal e ascendente do sulco temporal superior. Córtex somatossensorial primário: Porção anterior dos lobos parietais, integra estímulos somestésicos para reconhecimento e lembrança de forma, textura e peso. Áreas posterolaterais ao giro pós- central: geram relações visuoespaciais e integram essas percepções com outras sensações para proporcionar consciência das trajetórias de objetos em movimento. Essas áreas também são mediadoras da propriocepção (consciência da posição das partes do corpo no espaço). Partes do lobo parietal médio no hemisfério dominante:habilidades como cálculo, escrita, orientação direita-esquerda e reconhecimento dos dedos. Lesões no giro angular podem causar deficits na escrita, no cálculo, na orientação direita-esquerda e na nomeação dos dedos (síndrome de Gerstmann). Lobo parietal não dominante integra o lado oposto do corpo com o meio ambiente, possibilitando o indivíduo de estar ciente do ambiente espacial e é importante para habilidades como o desenhar. A lesão aguda no lobo parietal não dominante pode causar negligência do lado oposto do corpo (em geral, o esquerdo), resultando em diminuição da percepção daquela parte do corpo, seu meio ambiente e qualquer lesão associada àquele lado (anosognosia). A ínsula pode ser observada ao se afastar os lábios do sulco lateral. Este lobo cerebral é o de menor crescimento durante o desenvolvimento, por isso fica recoberto pelos lobos vizinhos (frontal, temporal e parietal). Apresenta alguns sulcos e giros, dentre eles: sulco circular da ínsula, sulco central da ínsula, giros curtos e giro longo da ínsula. A ínsula integra informações sensoriais e autonômicas das vísceras. Desempenha um papel em determinadas funções de linguagem, como pode ser demonstrado pela afasia em pacientes com algumas lesões insulares. A ínsula processa aspectos da sensação de dor e temperatura e, possivelmente, gustação. FACE MEDIAL DO CÉREBRO: 1. Corpo caloso: conjunto de fibras mielínicas que cruzam o plano sagital e mediano e penetram de cada lado no centro branco medular, unindo áreas Sarah Silva Cordeiro | Medicina FITS | P3 2021.2 | Tutoria 1 MT2 | @study.sarahs simétricas do córtex de cada hemisfério cerebral. 2. Fórnix: feixe complexo de fibras, não pode ser visto em toda sua extensão no corte sagital. Emerge abaixo do esplênio do corpo caloso. Constituído por duas metades laterais e simétricas, unidas no trajeto do corpo caloso. 3. Septo pelúcio: estende-se entre o corpo caloso e o fórnix, separa os dois ventrículos laterais. 3. Compreender trauma cranioencefálico (TCE) e suas classificações; O Trauma Cranioencefálico, famoso TCE, é o tipo mais comum de Trauma e, na grande maioria dos casos, o paciente acaba morrendo antes mesmo de chegar ao hospital - aliás, cerca de 90% das mortes em ambiente pré-hospitalar se devem a lesões cerebrais. Fisiopatologia: Pressão intracraniana (PIC): A primeira coisa que precisamos ter em mente é de que o crânio é como uma caixa óssea e, portanto, incapaz de se expandir. A partir disso, o volume de conteúdo no seu interior acaba determinando o valor da PIC - que, quando normal, fica em torno de 10mmHg. Em cima disso daí, podemos supor que caso o volume de conteúdo aumente, a PIC também irá aumentar. E esse raciocínio está certo, no entanto, existe um mecanismo compensatório que precisa ser “vencido” antes de notarmos qualquer alteração na PIC. Então vamos entender qual é ele. Bem...esse mecanismo é explicado através da Doutrina Monro-Kellie, que distribui o conteúdo intracraniano em 4 categorias: sangue venoso, sangue arterial, cérebro e LCR (Líquido Cefalorraquidiano). Então, a partir do momento em que alguma coisa começa a aumentar o volume dentro do crânio, a compensação é feita comprimindo o sangue venoso e o LCR para fora, de modo a manter o volume constante e a PIC normal. Se o volume extra continuar crescendo, no entanto, haverá um momento em que esse mecanismo já não será mais suficiente e a PIC começará a aumentar vertiginosamente podendo levar, inclusive, a herniação da massa encefálica. A partir daí, o paciente começa a apresentar um quadro de hipertensão intracraniana (HIC) que pode progredir e se tornar grave, a partir de quando ele costuma se apresentar através da chamada Tríade de Cushing: a. Bradicardia hipertensão arterial b. Alteração de ritmo respiratório Fluxo Sanguíneo Cerebral (FSC): A outra questão com relação à fisiopatologia do TCE é o fluxo sanguíneo cerebral (FSC), que pode sofrer reduções por conta do trauma, podendo até mesmo levar o paciente a um estado de coma. No final das contas, o importante é termos em mente que baixos níveis de fluxo sanguíneo cerebral podem não ser adequados para suprir as demandas metabólicas do cérebro e aí isso vai ter uma série de repercussões sobre o paciente. Mas será que também não há um mecanismo compensatório aqui? Até tem, mas agora a compensação é feita pelos capilares, que são capazes de fazer vasoconstrição e vasodilatação de acordo com o valor da PAM. Sarah Silva Cordeiro | Medicina FITS | P3 2021.2 | Tutoria 1 MT2 | @study.sarahs Ainda relacionado a sua fisiopatologia, é importante saber que os traumatismos cranioencefálicos podem ser provocados por diversos mecanismos, se destacando os acidentes de variados tipos: de trânsito, de trabalho, desportivos, domésticos, entre outros. Contudo, a maioria dos casos graves é provocada por acidentes de trânsito, em que o TCE constitui uma das principais causas de morte. Classificação: Os TCEs costumam ser classificados de acordo com a gravidade da lesão e para isso é adotado como parâmetro a Escala de Coma de Glasgow (GCS, em inglês). A partir daí, o paciente pode ser enquadrado em 3 categorias de gravidade: • Leve (13-15) • Moderado (9-12) • Grave (3-8) Mas ainda mais importante do que determinar a gravidade, é classificar a lesão de acordo com a sua morfologia. E aí teremos 2 grupos: • Fraturas • Lesões intracranianas Morfologia: Fraturas: energia envolvida no trauma foi muito grande! As principais fraturas são as de calota e as de base de crânio. O diagnóstico dessa condição costuma ser dado por meio de uma TC de crânio, no entanto, a própria inspeção da cabeça do paciente já pode nos dizer muita coisa. No caso de uma fratura de calota, por exemplo, pode ser possível identificar uma depressão na cabeça. Já a fratura de base costuma ter sinais mais específicos: Lesões intracranianas: podem ser difusas ou focais. Lesão difusa: costumam estar associadas a acidentes de alto impacto ou de desaceleração, sendo normalmente causado por hipóxia ou isquemia. Os pacientes, por sua vez, costumam apresentar déficit neurológico não focal e perda de consciência. No entanto, o diagnóstico é dado por meio da TC de crânio, na qual é possível identificar sinais sugestivos como inchaço, perda da distinção entre cinza e branco e hemorragias pontilhadas entre as substâncias cinzenta e branca (essa última conhecida como lesão axonal difusa, LAD, que é um indicativo de lesão severa e, normalmente, com prognóstico ruim). Lesão focal: se refere, basicamente, aos vários hematomas que podem ocorrer. Hematoma epidural: raro, presente apenas em 0.5% dos pacientes com TCE. Causado pela ruptura de algum seio venoso, o mais comum é ele advir de um sangramento arterial devido a lesão da artéria meníngea média. Pacientes com hematoma epidural costumam apresentar um intervalo lúcido entre o momento da lesão e o da descompensação neurológica. Na anatomia (na qual a A. Meníngea Média passa por dentro da dura-máter) – a gente consegue entender que esse sangramento vai acabar empurrando a dura para o lado oposto da estrutura óssea do crânio e é justamente esse mecanismo que faz com que o hematoma epidural se apresente na TC com um aspecto biconvexo, como conseguimos ver imagem a seguir: Sarah Silva Cordeiro | Medicina FITS | P3 2021.2 | Tutoria 1 MT2 | @study.sarahs Hematoma subdural: mais comum, esta presente em cerca de 30% dos pacientes com TCE grave. Aqui, a principal causa é a ruptura de pequenos vasos superficiais ou vasos ponte do córtex cerebral, de modo que não mais ocorre o deslocamento da dura e aí o sangue se acumula no espaço subaracnoide. Por conta disso, na TC, ele se apresenta com aspecto côncavo-convexo (meio que acompanhando o contorno do cérebro). Contusão e hematoma intracerebral:são bem comuns, estando presentes em cerca de 20-30% dos pacientes com TCE grave, normalmente em lobos frontal e temporal. Cerca de 20% desses pacientes, dentro de horas a dias, evolui para um hematoma intracraniano ou para uma contusão coalescente com efeito de massa suficiente para exigir uma evacuação cirúrgica. É justamente por conta disso que está indicado para todo paciente com contusão, a realização de TCs repetidas ao longo das primeiras 24h após a TC inicial. Atendimento: ABCDE do trauma: A- Via aérea e coluna cervical B- Respiração e ventilação C- Circulação e controle de hemorragia D- Exame neurológico E- Exposição e controle térmico Diagnostico: A principal forma de estabelecer o diagnóstico de um TCE é através da realização da Tomografia Computadorizada (TC) de crânio o mais rápido possível - desde que o paciente esteja hemodinamicamente estável. Basicamente, a TC sempre é indicada para TCE grave ou moderado. ela deve ser realizada em todos os doentes com suspeita de lesão cerebral que apresentem suspeita clínica de fratura exposta de crânio, nos que apresentem qualquer sinal de fratura de base de crânio, naqueles que apresentem mais do que dois episódios de vômito, ou nos que apresentem idade superior a 65 anos. A TC também deve ser considerada se o doente apresentou perda da consciência por mais de cinco minutos, amnésia retrógrada por mais de 30 minutos, um mecanismo de trauma importante, cefaleia grave, ou déficit neurológico focal que pode ser atribuído ao cérebro. Sarah Silva Cordeiro | Medicina FITS | P3 2021.2 | Tutoria 1 MT2 | @study.sarahs SE LIGA! Um desvio de linha média maior ou igual a 5mm indica a necessidade de realizar cirurgia para evacuar coágulo ou a contusão causadora do desvio. Manejo: TCE leve: Paciente com Glasgow 13-15 → colher historia (Nível de consciência, mecanismo e hora do trauma, amnésia (retrógrada/anterógrada), cefaleia (intensidade?)) → exame geral → exame neurológica sumario → radiografia cervical (e outras se indicadas) → nível de álcool no sangue + perfil toxicológico da urina → TC de crânio (se indicado) → internar ou dar alta Internar se: o TC com alteração o TCE penetrante o Perda prolongada de consciência o Piora do nível de consciência o Cefaleia moderada/grave o Intoxicação significativa por álcool/drogas o Fratura de crânio o Perda de LCR o Traumatismo significativo associado o GCS < 15 o Déficit neurológico focal o Falta de acompanhante confiável TCE moderado: Paciente com Glasgow 9-12 → Exame Inicial História + Exame Físico Admissão/Transferência para hospital com neurocirurgião → TC de crânio → reavaliação neurológica frequente SE PIORAR Senão responde a comandos simples, devemos repetir a TC e tratar como TCE grave SE MELHORAR Dar alta e seguir acompanhamento ambulatorial TCE grave: Paciente com glasgow 3-8 → Avaliação e Tratamento: ABCDE; Avaliações primária e secundária; História Ampla; Intubação Orotraqueal; Admissão/Transferência para hospital com neurocirurgião; Administração de agentes terapêuticos; Reavaliação neurológica; Glasgow; Reação pupilar a luz; Exame neurológico focal → TC crânio O conceito de morte encefálica está relacionado a impossibilidade do cérebro recuperar suas funções e a gente pode identificar isso por meio de alguns sinais: Sarah Silva Cordeiro | Medicina FITS | P3 2021.2 | Tutoria 1 MT2 | @study.sarahs GCS= escala de coma de Glasgow 4. Conhecer o sistema límbico (funcionamento, composição) e sua função; No sistema nervoso, o circuito neuronal responsável pelo controle do comportamento emocional é o sistema límbico. O lobo límbico está envolvido com o comportamento emocional, sexual e processamentos de memorização. As estruturas deste sistema estão diretamente envolvidas com a natureza afetiva das sensações sensoriais, fazendo com que as sensações sejam agradáveis ou desagradáveis. As regiões principais do cérebro que formam colectivamente o sistema límbico incluem o córtice límbico, a formação hippocampal, o amygdala, e o hipotálamo. Estímulos elétricos em certas áreas deste sistema produzem reações diferentes, e estas qualidades afetivas antagônicas são chamadas de recompensa ou punição. As áreas de recompensa quando estimuladas causam satisfação, mas as de punição podem causar dor, medo e outras reações não satisfatórias. Localizado centralmente está o Hipotálamo, que desempenha um papel principal de controle do sistema límbico. Ele é responsável por grande parte de funções vegetativas e endócrinas, e muitos aspectos comportamentais. A região lateral do hipotálamo, controla a sede, fome, podendo levar a raiva e luta, já o núcleo ventromedial, controla tranquilidade e saciedade. Reações de medo e punição podem ser controladas pela área cinzenta central do mesencéfalo ou por zonas localizadas próximas ao terceiro ventrículo As funções específicas destas regiões são como segue: • Córtice límbico - regula funções autonómicas, o processamento cognitivo, a atenção, comportamentos emocionais, e a memória espacial • Hipocampo - regula a formação e a recuperação da memória a longo prazo • O Amygdala - é associado principalmente com os vários comportamentos emocionais, o medo que condicionam, a formação emocional da memória, e o reconhecimento social • Hipotálamo - regula o sistema nervoso autonómico sintetizando e liberando hormonas assim como participa em manter ritmos circadianos do corpo 5. Elucidar a perda de memória decorrente do TCE. Traumatismo cranioencefálico - ocorre quando o traumatismo craniano causa ferimentos no Sarah Silva Cordeiro | Medicina FITS | P3 2021.2 | Tutoria 1 MT2 | @study.sarahs cérebro, podendo ter consequências como perda de memória e alteração de humor. Em casos mais graves, pode causar um hematoma subdural que comprime o cérebro e leva à morte encefálica; Desvio de linha média Um importante achado tomográfico que pode ser encontrado no TCE é o desvio da linha média (DLM). Este pode ser aferido utilizando como referência o deslocamento do septo pelúcido em relação a uma linha imaginária que une a crista frontal e a protuberância occipital interna. O DLM associado ou não a lesões intracranianas é um poderoso preditor de prognóstico no TCE. Quattrocchi et al. 4 em 1991 relataram que a presença do DLM esteve associada com um mau prognóstico em 50 % dos casos, enquanto a ausência dele esteve associada a um prognóstico ruim em apenas 14 % dos casos. Inicialmente, a maioria dos pacientes com traumatismo cranioencefálico moderado ou grave perde a consciência (normalmente por alguns segundos ou minutos), embora alguns pacientes com lesões mais leves tenham apenas confusão mental ou amnésia (a amnésia normalmente é retrógrada, o que significa a perda de memória de segundos a algumas horas antes da lesão). Crianças jovens podem simplesmente tornar-se irritáveis. Alguns pacientes apresentam convulsão, normalmente na primeira hora ou dia. Após esses sintomas iniciais, os pacientes devem estar totalmente acordados e alertas ou a consciência e a função podem ser alteradas em algum grau, variando de confusão leve a estupor e coma. A duração da falta de consciência e da gravidade da obnubilação são aproximadamente proporcionais à gravidade da lesão, porém não são específicas. Define-se concussão como a alteração pós- traumática transitória e reversível no status mental (p. ex., perda de consciência ou memória, confusão mental) que dura de segundos a minutos e, por definição arbitrária, < 6 h. A lesão axonial difusa (LAD) ocorre quando a desaceleração rotacional gera forças que resultam em rupturas generalizadas de fibras axoniais e da bainha de mielina. Algumas lesões LAD também podem resultarde lesão cerebral mínima. Não existem lesões cerebrais graves; porém, pequenas hemorragias petéquias na massa branca são normalmente observadas em TC e exame de histopatologia. A LAD é, às vezes, definida clinicamente como perda de consciência, durando > 6 h na ausência de uma lesão focal específica. Sarah Silva Cordeiro | Medicina FITS | P3 2021.2 | Tutoria 1 MT2 | @study.sarahs Sarah Silva Cordeiro | Medicina FITS | P3 2021.2 | Tutoria 1 MT2 | @study.sarahs
Compartilhar