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Aula 16 Direito Penal p/ Polícia Civil-DF (Delegado) - com videoaulas Professor: Renan Araujo Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 101 AULA 16: LEI MARIA DA PENHA (LEI 11.340/06). ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI 10.826/03). SUMÁRIO PÁGINA Apresentação da aula e sumário 01 I – Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) 02 II – Estatuto do desarmamento (Lei 10.826/03) 13 Lista das Questões 40 Questões comentadas 59 Gabarito 100 Olá, meu povo! Estudando muito? Na aula de hoje iremos estudar as disposições referentes à Lei Maria da Penha, que é a Lei referente à violência doméstica e familiar contra a mulher. Veremos, ainda, a Lei 10.826/03, que instituiu o chamado “Estatuto do Desarmamento”. Bons estudos! Prof. Renan Araujo 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 101 I – LEI MARIA DA PENHA (LEI 11.340/06) A) Considerações introdutórias A Lei 11.340/06, que trata dos crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher, mais conhecida como “LEI MARIA DA PENHA”, em homenagem a uma das mulheres cuja vida inspirou a elaboração da lei, é uma lei que, na verdade, não cria novos tipos penais, apenas estabelece procedimentos de proteção à mulher e cria uma regulamentação processual própria nos casos de a violência (que já era crime) ser praticada nesses moldes. Mas o que se pode considerar como violência doméstica? Vejamos o que diz o art. 5º da Lei: Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. Percebam, portanto, que é IRRELEVANTE a COABITAÇÃO, ou seja, não é necessário que agressor e agredida residam ou 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 101 tenham residido juntos. Isso engloba, por exemplo, a relação entre “amantes” ou namorados. Vejam, ainda, que a Lei Maria da Penha pode ser aplicada a relações homoafetivas entre mulheres. Isso mesmo! Não há necessidade de que o agressor seja homem, Isso se extrai da redação do parágrafo único do art. 5º, já transcrito. Ah, então isso significa que a Lei Maria da Penha não se aplica somente aos homens que batem em mulheres, mas em mulheres que batem em mulheres? Exatamente! Então podemos aplicar a Lei Maria da Penha também às mulheres que batem em homens e aos homens que batem em homens (relações homossexuais)? ERRADO! A Lei Maria da Penha surgiu para proteger a mulher, e em todas as passagens da Lei, quando se refere à pessoa agredida, a Lei sempre utiliza o termo “agredida”, o que restringe o gênero, o que evidencia ainda mais que a Lei somente protege a mulher. Mas, por analogia, a Lei poderia proteger, também, o transexual? Com a licença aos que entendem que sim, a maioria entende que não, na medida em que transexual NÃO É MULHER, é apenas um homem que fez uma operação cirúrgica para se parecer ainda mais com uma mulher. Além disso, a lei é clara ao determinar a aplicação da dos seus parâmetros apenas nos casos de violência contra mulher, de forma que aplicá-la em casos SEMELHANTES, seria ANALOGIA IN MALAM PARTEM, eis que a Lei Maria da Penha é mais gravosa para o agressor. Como sabemos, a analogia in malam partem é vedada no Direito Penal brasileiro. Entretanto, se o transexual já foi registrado como mulher no Registro Civil, nada impede a aplicação da lei nesse caso. Resumindo: 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 101 SUJEITO ATIVO HOMEM OU MULHER (TANTO FAZ) SUJEITO PASSIVO SOMENTE A MULHER B) Formas de violência doméstica A violência pode ser externada de diversas formas, dentre elas: Violência física – Qualquer ato que agride a integridade corporal; Violência psicológica – Qualquer conduta que gere dano emocional, psíquico, diminuição de autoestima, etc., mediante constrangimento, ameaça, humilhação, isolamento, insulto, ridicularização, etc. Violência sexual – Qualquer conduta que constranja mulher a presenciar, praticar ou participar de relação sexual de que não deseja, ou que a force à gravidez, aborto, prostituição, etc. Violência patrimonial – Qualquer conduta que se constitua em subtração, retenção, destruição ou inutilização de seus bens; Violência moral – Qualquer conduta que prejudique o respeito que a mulher possui na sociedade. C) Medidas de Proteção, Prevenção e Defesa da Mulher A defesa da mulher não se dá apenas através do endurecimento do tratamento penal dispensado às condutas contra elas praticadas, mas através de uma série de ações, a serem desenvolvidas pelo Poder Público e pela sociedade civil. Vejamos o que diz o art. 8º da Lei: Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 101 União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não- governamentais, tendo por diretrizes: I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação; II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às conseqüências e à freqüência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas; III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal; IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher; V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres; VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outrosinstrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher; VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia; VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia; 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 101 IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher. Ressalto a vocês que estas são as chamadas medidas “protetivas” e “preventivas”, ou seja, visam criar uma sociedade mais consciente acerca dos direitos da mulher e do respeito a elas. No entanto, existem também as chamadas MEDIDAS REAGENTES, que são medidas a serem tomadas quando as mulheres já se encontram em situação de perigo ou já tenha, até mesmo, sido agredidas (numa das variadas hipóteses de violência). Vejamos a redação do art. 9º da Lei: Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso. § 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal. § 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica: I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta; II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. § 3o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual. 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 101 Muito comum, ainda, que a mulher em situação de violência doméstica e familiar se encontre desamparada e procure, em grande parte das vezes, a polícia. Por esta razão que a Lei também estabeleceu uma série de procedimentos a serem adotados em sede policial quando da ocorrência de uma situação de violência doméstica e familiar. Vejamos a redação dos arts. 11 e 12 da Lei: Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências: I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal; III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis. Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada; II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias; III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência; 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 101 IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários; V - ouvir o agressor e as testemunhas; VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele; VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público. § 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter: I - qualificação da ofendida e do agressor; II - nome e idade dos dependentes; III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida. § 2o A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida. § 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde. Grifei o §3º do art. 13 porque ele estabelece uma espécie de “exceção” à regra do CPP, no qual os crimes que deixam vestígios devem ser provados através de exame de corpo de delito, salvo impossibilidade de realizá-lo. Isso só demonstra a intenção do legislador, de “facilitar” a punição destes agressores, suprimindo a exigência do exame de corpo de delito. Friso a vocês que isso não impede a realização do exame de corpo de delito (que, inclusive, está 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 101 previsto no art. 12, IV da Lei), mas apenas estabelece que, na sua ausência, poderá ser provada a violência mediante laudos médicos. D) Dos procedimentos A primeira das inovações da Lei, no que se refere ao processo judicial, está no direito de escolha, conferido à ofendida, de optar por um dentre os três seguintes locais para propositura da demanda: Lugar do seu domicílio ou de sua residência Lugar do fato Lugar do domicílio do agressor Ressalto a vocês que isso só ocorre nas DEMANDAS CÍVEIS, ou seja, essa regra não se aplica aos processos criminais sobre violência doméstica. Mas quem julga esses processos? A Lei criou os chamados Juizados Especiais da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, com competência CÍVEL e CRIMINAL. Estes Juizados estão encarregados de processar e julgar as causas, lembrando que a regra de fixação da competência que eu trouxe acima (prevista no art. 15 da Lei) só se aplica aos processos de natureza cível, e não aos processos de natureza criminal. No que se refere ao processo criminal, o art. 16 estabelece que quando se tratar de ação penal pública condicionadaà representação, tendo havido representação, a ofendida só poderá se retratar da representação em AUDIÊNCIA ESPECIAL, DESIGNADA PARA TAL FINALIDADE, diferentemente do que ocorre como regra no processo penal, em que poderá haver retratação por qualquer meio idôneo. Vejamos: 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 101 Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. CUIDADO! O STF entendeu que, no caso de lesões corporais praticadas no âmbito da violência doméstica contra a mulher, a ação penal será pública incondicionada. O art. 17, por sua vez, que é de uma ATECNIA RIDÍCULA, estabelece não ser cabível, nestes processos criminais, a aplicação de penas de cestas básicas ou outras de prestação pecuniária. Digo que são atécnicos estes termos pois não há “penas de cestas básicas” no ordenamento brasileiro, o que há são “penas restritivas de direitos”, que podem se constituir em prestação de serviços à comunidade, dentre elas, a obrigação de entregar cestas básicas a determinados locais. Deixando de lado o rigorismo técnico, vamos ver a redação do art. 17 da Lei: Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. E) Medidas Judiciais As medidas judiciais podem ser divididas em: Medidas de judiciais processuais – São aquelas que se referem ao desenlace do processo, ou seja, ao andamento processual nos crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher. A que mais chama a atenção é a necessidade de intimação da ofendida acerca dos atos processuais relativos ao 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 101 agressor, principalmente os relativos ao ingresso/saída da prisão (art. 21 da Lei). Medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor – São medidas judiciais que aplicam alguma restrição à liberdade do agressor, como o afastamento do lar, proibição de contato com a ofendida, etc. O §1º do art. 22 estabelece que as medidas previstas naquele artigo NÃO EXCLUEM OUTRAS PREVISTAS NA LEGISLAÇÃO COMUM; Medidas protetivas de urgência à ofendida – São medidas que, embora não obriguem o agressor a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, procuram proteger a ofendida e seus bens, como o encaminhamento da ofendida e seus dependentes a programa oficial de proteção, etc. Vejamos o que dizem os arts. 23 e 24 da Lei: Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; IV - determinar a separação de corpos. Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 101 IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida. Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo. O MP deve intervir em TODAS as causas, cíveis ou criminais, decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher. A mulher ofendida deve estar acompanhada de advogado em todos os atos processuais, sendo-lhe garantido o direito ao acesso à Defensoria Pública ou à assistência jurídica gratuita prestada através de advogados dativos. Enquanto não criados os Juizados De Violência Doméstica contra a Mulher, as Varas Criminais acumularão as competências para processo e julgamento das causas cíveis e criminais decorrentes de violência doméstica. A Lei Maria da Penha, apesar de prever um tratamento desigual entre homens e mulheres, é considerada CONSTITUCIOANAL, por se tratar de medida que visa à ISONOMIA MATERIAL. Caso o delito praticado possua pena máxima não superior a dois anos, poderá ser julgado pelos JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS, ou seja, poderá ser usado o rito sumaríssimo. O que não pode, segundo o entendimento do STF e do STJ é aplicar-se ao acusado os institutos despenalizadores previstos na Lei dos Juizados (Transação penal, suspensão 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 101 condicional do processo, etc.). Vejamos: 2. Ainda que assim não fosse, após o julgamento do HC n. 106.212/MS pelo Supremo Tribunal Federal, consolidou-se neste Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que não é possível a aplicação dos institutos despenalizadores previstos na Lei 9.099/1995, notadamente o da suspensão condicional do processo, aos acusados de crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do artigo 41 da Lei Maria da Penha. Precedentes. 3. Recurso parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. (RHC 42.092/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 25/03/2014, DJe 02/04/2014) Ao condenado por crime cometido com violência doméstica à MULHER não é possível a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos, conforme entendimento do STJ: 1. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça tem se firmado no sentido de que a prática de delito cometido com violência doméstica e familiar contra a mulher impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Precedentes. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 461.738/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 01/04/2014, DJe 14/04/2014) 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 101 II –ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI 10.826/03) CONSIDERAÇÕES INICIAIS O Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03) veio à lume para regulamentar de forma mais eficiente as questões referentes à posse e comercialização de armas de fogo no país, criando figuras típicas e agravando penas de crimes já existentes. Não se trata de um diploma legislativo exclusivamente penal, ou seja, não prevê apenas questõesrelativas ao Direito Penal, mas contém, também, muitas questões de Direito Administrativo, relativas ao Poder de Polícia do Estado, relativamente à regulamentação desta atividade pelo cidadão. I – DO REGISTRO O registro de arma de fogo é OBRIGATÓRIO, sempre, e em regra, a aquisição de arma de fogo depende do preenchimento dos seguintes requisitos, previstos no art. 4º do Estatuto: Comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos; Apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa; Comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei; 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 101 Declaração de efetiva necessidade da arma Após cumpridos os requisitos, compete ao SINARM expedir a autorização, que será específica para a pessoa que fez o requerimento e para a arma indicada (vedada autorização genérica). A autorização ou a recusa deverá ser expedida, de forma FUNDAMENTADA, no prazo máximo de 30 dias úteis. Uma vez autorizado, o possuidor de arma de fogo somente poderá adquirir MUNIÇÃO para o calibre correspondente ao da arma para o qual fora autorizado (nada mais lógico), e até a quantidade é regulamentada. Vejamos: Art. 4º (...) § 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições responde legalmente por essas mercadorias, ficando registradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas. Além disso, é obrigada a comunicar a venda à autoridade competente, como também a manter banco de dados com todas as características da arma e cópia dos documentos apresentados pelo autorizado. Mas e pessoa física, pode comercializar arma de fogo, acessórios e munições? Somente com autorização do SINARM, específica para aquela transação. A empresa que comercializa armas de fogo, acessório e munições, precisa cumprir os requisitos do art. 4º para poder ter a posse destes objetos? Não, pois a posse, neste caso, é mera decorrência natural da condição de comerciante autorizado. 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 101 Uma vez adquirida a arma de fogo, é necessário obter o CERTIFICADO DE REGISTRO DE ARMA DE FOGO, que é um documento com validade em todo o território nacional, que autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. O CERTIFICADO é expedido pela Polícia Federal, após prévia autorização do SINARM. Além disso, para a renovação do CERTIFICADO, é necessário renovar, periodicamente, o cumprimento dos requisitos do art. 4º (periodicidade não inferior a 03 anos). II - DO PORTE DE ARMA O porte de arma é, em regra, proibido no território nacional. Contudo, é excepcionalmente permitido para algumas pessoas. Vejamos o art. 6º da Lei 10.826/03: Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para: I – os integrantes das Forças Armadas; II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da Constituição Federal; III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004) V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 101 VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias; VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos termos desta Lei; IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação ambiental. X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) Vejam, assim, que é possível que outras leis permitam o porte de arma para outras pessoas, além das exceções já previstas no próprio Estatuto do Desarmamento. Algumas destas pessoas elencadas no art. 6º somente podem portar arma de fogo quando em serviço. Outras podem portar arma de fogo também fora de serviço. Vejamos o quadro: PORTE DE ARMA MESMO FORA DE SERVIÇO Integrantes das Forças Armadas; Integrantes da polícia federal, da polícia rodoviária federal, da polícia ferroviária federal, das polícias civis, das polícias militares e corpos de bombeiros militares. Integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 101 estabelecidas no regulamento desta Lei; Agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; Integrantes da Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Além disso, o art. 6º exige, para algumas pessoas, um requisito específico: Art. 6º (...) § 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X do caput deste artigo está condicionada à comprovação do requisito a que se refere o inciso III do caput do art. 4o desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) Qual seria este requisito?Vejamos: Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos: (...) III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei. Assim: NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE CAPACIDADE TÉCNICA E APTIDÃO PSICOLÓGICA Agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 101 Presidência da República; Integrantes da Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados e do Senado Federal; Integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias; Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. Para os Guardas Municipais, exige-se: Formação funcional de seus membros em estabelecimento de ensino de atividade policial; Mecanismos de fiscalização e de controle interno; Supervisão do Ministério da Justiça Vejamos: Art. 6º (...) § 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais está condicionada à formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do Ministério da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004) Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados e do Distrito Federal precisam, apenas, declarar a efetiva necessidade da arma, ficando dispensados de cumprir os requisitos previstos no art. 4º da Lei: Art. 6º (...) § 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados e do Distrito Federal, 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 101 ao exercerem o direito descrito no art. 4o, ficam dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei. Além da permissão do porte de arma de fogo para algumas pessoas, que desempenham determinadas funções, o Estatuto do Desarmamento ainda prevê o porte de arma de fogo ao “caçador para subsistência”: Art. 6º (...) § 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que comprovem depender do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) II - comprovante de residência em área rural; e (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) § 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo, independentemente de outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso permitido. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) O §7º do art. 6º traz, ainda, a permissão do porte de arma de fogo para os integrantes das Guardas Municipais dos municípios que integram regiões metropolitanas: Art. 6 (...) § 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram regiões metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 101 Percebam que esse dispositivo somente se aplica no caso de o município possuir menos de 50.000 habitantes, caso contrário, já haveria autorização com base nos incisos III e IV do art. 6º. Os arts. 7º e 7º-A do Estatuto trazem, ainda, regramento específico para os empregados de empresa de segurança privada e servidores dos Tribunais e do Ministério Público. Vejamos: Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das empresas de segurança privada e de transporte de valores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo essas observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa. § 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança privada e de transporte de valores responderá pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais sanções administrativas e civis, se deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. § 2o A empresa de segurança e de transporte de valores deverá apresentar documentação comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei quanto aos empregados que portarão arma de fogo. § 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao Sinarm. Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) § 1o A autorização para o porte de arma de fogo de que trata este artigo independe do pagamento de taxa. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) § 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público designará os servidores de seus quadros pessoais no exercício de funções de segurança que poderão portar arma de fogo, respeitado o limite máximo de 50% (cinquenta por cento) do número de servidores que exerçam funções de segurança. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 101 § 3o O porte de arma pelos servidores das instituições de que trata este artigo fica condicionado à apresentação de documentação comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei, bem como à formação funcional em estabelecimentos de ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno,nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) § 4o A listagem dos servidores das instituições de que trata este artigo deverá ser atualizada semestralmente no Sinarm. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) § 5o As instituições de que trata este artigo são obrigadas a registrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) Assim: As armas são de propriedade, responsabilidade e guarda da empresa de segurança e dos Tribunais ou do MP, em cada caso; Somente podem ser utilizadas em serviço; Devem observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa ou em nome da Instituição (Tribunal ou MP); Os empregados das empresas de segurança deverão preencher os requisitos do art. 4º do Estatuto, e a empresa deverá comprovar o preenchimento dos requisitos junto à Polícia Federal; A lista dos empregados autorizados pela empresa deverá ser atualizada semestralmente; Em caso de perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 101 guarda, o proprietário ou responsável pela empresa deverá comunicar o fato, nas primeiras 24 horas depois do ocorrido, à Polícia Federal, sob pena de incorrer no crime do art. 13 do Estatuto; O porte de arma aos servidores que atuem na área de segurança dos Tribunais ou do MP está condicionado ao atendimento dos requisitos do art. 4º do Estatuto, bem como à formação funcional em estabelecimentos de ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno; A lista dos servidores autorizados pela Instituição (LIMITE DE 50% dos servidores que atuem na área de segurança) deverá ser atualizada semestralmente junto ao SINARM; Em caso de perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob guarda da INSTITUIÇÃO (Tribunal ou MP), deverá ser comunicado o fato, nas primeiras 24 horas depois do ocorrido, à Polícia Federal. Contudo, aqui, não há previsão de responsabilização criminal pelo descumprimento. E no caso das entidades desportivas que utilizem armas de fogo? Nesse caso, aplica-se o art. 8º do Estatuto, que determina que elas devam atender às condições de uso e armazenagem estabelecidos pelo órgão competente: Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas legalmente constituídas devem obedecer às condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respondendo o possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do regulamento desta Lei. 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 101 O art. 9º trata da autorização do porte de arma em situações bastante específicas. Vejamos: Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional. Disso podemos concluir que: Autorização do porte de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil – COMPETÊNCIA DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA Registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional. – COMPETÊNCIA DO COMANDO DO EXÉRCITO Tal regulamentação é bastante específica, só se aplicando nestes casos, pois, em regra, compete à POLÍCIA FEDERAL a autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido. Vejamos: Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm. § 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o requerente: I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física; II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei; III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o seu devido registro no órgão competente. 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 101 Uma vez concedida a autorização para o porte de arma de fogo, ela perderá sua eficácia, automaticamente, caso o portador: Seja detido ou abordado em estado de embriaguez; Seja detido ou abordado sob o efeito de substâncias químicas ou alucinógenas A Lei possibilita, ainda, a cobrança de taxas em razão dos mais diversos serviços prestados, ficando os valores recolhidos ao custeio e manutenção do SINARM, da Polícia Federal e do Comando do Exército, de acordo com a responsabilidade pela prática do ato. Vejamos: Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços relativos: I – ao registro de arma de fogo; II – à renovação de registro de arma de fogo; III – à expedição de segunda via de registro de arma de fogo; IV – à expedição de porte federal de arma de fogo; V – à renovação de porte de arma de fogo; VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma de fogo. § 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal e do Comando do Exército, no âmbito de suas respectivas responsabilidades. Basicamente estas taxas só se aplicam aos particulares em geral e às empresas de segurança privada, além das entidades de desporto, pois há isenção para os integrantes das instituições públicas previstas no art. 6º: Art. 11 (...) 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 101 § 2o São isentas do pagamento das taxas previstas neste artigo as pessoas e as instituições a que se referem os incisos I a VII e X e o § 5o do art. 6o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) III – DOS CRIMES E DAS PENAS B) Posse irregular de arma de fogo de uso permitido Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Aqui se buscaproteger a incolumidade pública, em razão do perigo abstrato consistente na posse, por uma pessoa não autorizada, de uma arma de fogo. Trata-se de crime COMUM, podendo ser praticado por qualquer pessoa, tendo como sujeito passivo a coletividade. A POSSE é o poder físico sobre a coisa, e deve se dar no interior da residência do infrator, ou no local de trabalho, se for o responsável pelo local. A posse não precisa ser necessariamente da arma de fogo, podendo ser de munição ou qualquer acessório da arma. O que seria “arma de fogo de uso permitido”, “acessório” ou “munição”, caracteriza NORMA PENAL EM BRANCO, pois a lei não diz. Isso fica a cargo do Poder Executivo regulamentar. Vejamos o que diz o art. 23 do Estatuto: Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a definição das armas de fogo e demais produtos controlados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão disciplinadas em ato do 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 101 chefe do Poder Executivo Federal, mediante proposta do Comando do Exército. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) Se a posse se der fora destes locais, o crime é mais grave, e teremos o crime do art. 14 (PORTE ilegal de arma de fogo). O elemento subjetivo exigido é o DOLO, não se exigindo nenhuma finalidade especial de agir. Não há punição na forma culposa. O crime se consuma com a prática da conduta. Trata-se de crime de MERA CONDUTA, pois não há possibilidade de nenhum resultado naturalístico decorrente da conduta. Trata-se, ainda, de CRIME DE PERIGO ABSTRATO, ou seja, é desnecessária a ocorrência de efetiva situação de perigo à coletividade. Não se admite tentativa. CUIDADO! O STF entendeu que o art. 30, ao estabelecer novo prazo para que pessoas em situação irregular pudessem regularizar ou devolver suas armas, não criou uma espécie de abolitio criminis temporária, de maneira que não retroage para tornar atípicos os atos praticados antes de sua entrada em vigor. O que o art. 30 estabeleceu, segundo o STF, foi uma espécie de “vacatio legis”, ou seja, um período no qual o ordenamento jurídico suspende a aplicação da norma penal (RE 768494, julg. 19/09/2013). O STJ já decidiu em sentido contrário (AgRg no REsp 1237674, julg. 05/02/2013). C) Omissão de cautela Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 101 Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. Temos aqui mais um crime contra a incolumidade pública, que pode ser praticado por qualquer pessoa (CRIME COMUM), desde que a pessoa seja a pessoa que possui a posse ou porte de arma de fogo. Trata-se de conduta OMISSIVA PRÓPRIA, consistente num “não- fazer”, ou seja, uma ausência de conduta (a conduta de tomar as precauções necessárias), de forma que é crime instantâneo, consumando- se com o “não-fazer”, NÃO ADMITINDO TENTATIVA. O elemento subjetivo exigido é A CULPA, pois se trata de uma inobservância do dever de cuidado, através de negligência. O § único, por sua vez, traz uma forma equiparada, que, entretanto, se constitui num crime PRÓPRIO, pois somente as pessoas que ostentem aquelas posições poderão cometê-lo, embora se admita o concurso de agentes, na forma do art. 30 do CP. Trata-se de norma que regulamenta o §1° do art. 7° do Estatuto. D) Porte de arma de fogo de uso permitido Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 101 Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1) Vejam, portanto, que este crime é mais grave, tanto que se trata de crime INAFIANÇÁVEL, conforme a previsão do § único do artigo. No entanto, esse § único (que trata da inafiançabilidade) foi declarado INCONSTITUCIONAL pelo STF, pois o Tribunal entendeu que não se poderia aplicar a este crime (de perigo abstrato) vedação tão grave, prevista na Constituição apenas para crimes como tortura, terrorismo, hediondos, etc. Também é crime COMUM, e a conduta está materializada em treze verbos diferentes (núcleos), onde temos, portanto, um TIPO MISTO ALTERNATIVO, em que a prática de qualquer das condutas caracteriza o delito e a prática de mais de uma das condutas não caracteriza mais de um delito, tratando-se de apenas um crime. Uma observação é importante: A arma deve estar devidamente numerada e identificada. Caso a numeração esteja raspada ou tenha havido a prática de qualquer ato com a finalidade de retirar a identificação da arma de fogo, teremos o crime do art. 16, § único, IV da Lei. Vejamos: Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (...) IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 101 Não é necessário que o próprio agente tenha efetuado a raspagem da numeração, sendo necessário apenas que esteja portando arma nestas condições. EXEMPLO: José está portanto arma de fogo com a numeração raspada, que lhe fora fornecida por Pedro, que a recebeu de Maria, que foi quem efetivamente procedeu à raspagem da numeração. José, mesmo não tendo sido quem realizou a raspagem, responde pelo delito, por ser portador da arma. O crime se consuma com a prática de qualquer das condutas, e a tentativa é admissível, embora de difícil caracterização, dada a quantidade de núcleos do tipo. CUIDADO! O crime em comento pode ser uma preparação para outro crime, como, por exemplo, um crime de roubo. Em tese, teríamos dois crimes praticados em concurso material, pois quando da prática do roubo, já teria se consumado o delito de porte de arma. Entretanto, prevalece nos Tribunais a tese de ABSORÇÃO do crime de porte de arma de fogo pelooutro crime (o crime-fim). Vejamos: DIREITO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO E PORTE DE ARMA. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. APLICABILIDADE. CONTEXTO FÁTICO ÚNICO. 1. A aplicação do princípio da consunção pressupõe, necessariamente, a análise de existência de um nexo de dependência das condutas ilícitas, para que se verifique a possibilidade de absorção daquela menos grave pela mais danosa, sendo, por isso mesmo, inviável a sua aplicação automática, em desconsideração às circunstâncias fáticas do caso concreto 2. Havendo um contexto fático único e incontroverso de 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 101 que a arma de fogo foi o meio para a consumação do crime de homicídio, aplica-se o princípio da consunção. 3. Ordem concedida. (HC 104.455/ES, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 21/10/2010, DJe 16/11/2010) Vejam que somente haverá a absorção de um pelo outro quando ficar comprovada a relação de crime-meio e crime-fim entre um e outro. Caso fique comprovado que se tratavam de duas condutas autônomas, independentes entre si, não haverá absorção, e o agente responderá por ambos os delitos. E) Disparo de arma de fogo Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. (Vide Adin 3.112-1) Aqui também temos um crime COMUM, de PERIGO ABSTRATO. O crime de DISPARO DE ARMA DE FOGO ABSORVE O CRIME DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO, pois um é meio para a prática do outro (só atira quem porta a arma), desde que tenham sido praticados em um mesmo contexto (se o agente tinha o porte de arma há muito tempo, já havia se consumado, há muito, o crime de porte. Entretanto, se pega a arma só para efetuar o disparo, há a absorção). Vejamos a jurisprudência: 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 101 AGRAVO REGIMENTAL NO RECUSO ESPECIAL. CRIMES PREVISTOS NO ESTATUTO DO DESARMAMENTO. DISPARO E POSSE DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO SUPRIMIDA. ARTS. 15 E 16, IV, DA LEI Nº 10.826/03. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. ABSORÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. CONSUMAÇÃO DOS DELITOS. CONTEXTOS DIVERSOS. CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7, STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Esta Corte Superior entende que a absorção do delito de porte de arma pelo de disparo não é automática, pois depende do contexto fático do caso concreto em que se deram as condutas. Não ficou caracterizada a hipótese de aplicação do princípio da consunção, na espécie, porque os momentos consumativos dos delitos ocorreram em situações diversas, em contextos destacados. (...) (AgRg no REsp 1347003/SC, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado em 17/12/2013, DJe 03/02/2014) Ainda, o crime de disparo de arma de fogo é considerado um TIPO SUBSIDIÁRIO, pois só haverá este crime se ele não for meio para a prática de outro. EXEMPLO: Agente efetua disparo de arma de fogo para acertar a cabeça do inimigo, vindo a matá-lo. Temos aqui um homicídio doloso consumado, que absorveu o crime de disparo de arma de fogo. O elemento subjetivo é o DOLO, e o crime se consuma com o efetivo disparo, de forma que não é necessário que tenha havido qualquer lesão ou perigo concreto à sociedade. A Doutrina se divide, mas a maioria entende que não admite tentativa, embora eu esteja tendencioso a concordar com a minoria, eis que é possível o agente pegar a arma e 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 101 acionar o gatilho, vindo esta a falhar, o que, para mim, caracterizaria a tentativa. Contudo, reitero: A maioria da Doutrina entende que não cabe tentativa. O § único deste artigo, que também prevê a inafiançabilidade, foi declarado INCONSTITUCIONAL PELO STF, na mesma ADIn em que o fora o § único do art. 14. F) Posse ou porte de arma de fogo de USO RESTRITO Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 101 VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. Vejam que, aqui, temos uma junção dos crimes de “posse” e “porte” de arma de fogo, só que o objeto material, aqui, não é qualquer arma de fogo, mas somente aquelas de USO RESTRITO, o que é norma penal em branco, pois depende de regulamentação do executivo para que se possa saber o que seriam armas de uso restrito. O crime é um TIPO MISTO ALTERNATIVO e se consuma com a prática de qualquer das condutas, não havendo necessidade de ocorrência de dano ou perigo concreto. A tentativa é admissível, mas de difícil verificação. O § único prevê condutas EQUIPARADAS, ou seja, condutas para as quais se prevê a mesma pena. Com relação às condutas equiparadas, uma observação deve ser feita: O inciso V diz o seguinte: V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e Esse inciso REVOGOU TACITAMENTE o art. 242 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que previa o seguinte: Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) Na prática a pena é a mesma, mas o crime do art. 16, § único, V do Estatuto do Desarmamento prevê, ainda, a pena de multa. 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 101 CUIDADO! A prática das condutas dos arts. 14 e 16, num mesmo contexto, configuraria crime único segundo entendimento do STJ no julgamento do HC 148.349/SP(j.22/11/2011). G) Comércio ilegal de arma de fogo Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. Aqui se pune a conduta daquele que possui ou porta arma de fogo (e isso inclui a conduta daqueles que transportam, têm em depósito, etc.), desde que essa conduta seja praticada no EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COMERCIAL, sem autorização ou em desacordo com a autorização. Como o próprio nome do crime diz, trata-se do crime de comércio ilegal, clandestino, de armas de fogo, acessório ou munição. O crime é mais grave, sua pena máxima chega a 08 anos de reclusão. O crime é comum, embora a lei exija que seja realizado no exercício de atividade comercial. Digo que é comum pois QUALQUER PESSOA PODE COMPRAR ALGUMAS ARMAS E OFERECÊ-LAS A VIZINHOS, não se exigindo, portanto, nenhuma característica que somente pertença a algumas pessoas específicas. 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 101 E isso decorre, inclusive, da regra do § único, que estende bastante o conceito de atividade comercial: Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. Também temos aqui outro tipo misto alternativo, cujo objeto material não é apenas a arma de fogo, mas qualquer acessório ou munição. O crime se consuma com a mera realização das condutas (crime de mera conduta) e a tentativa é admissível em algumas modalidades em que o iter criminis possa ser fracionado, mas é muito difícil de ocorrer, em razão do grande número de núcleos do tipo, de forma que o que seria tentativa, já consuma o crime. EXEMPLO: Conduta: Vender. Se o agente expõe à venda mas não vende, seria tentativa. Entretanto, existe a conduta de “expor à venda”, de forma que a simples exposição, que seria tentativa, aqui consuma o crime). H) Tráfico internacional de arma de fogo Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente: Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Este delito também é considerado bastante grave, e sua pena chega a 08 anos de reclusão. Trata-se de CRIME COMUM, e as condutas previstas são: 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 101 Importar – Trazer para dentro do país; Exportar – Levar para fora do país; Favorecer – Pode ser o favorecimento em relação à importação ou exportação; Friso a vocês que, mesmo nesse último caso (favorecer), o crime não é próprio, pois o favorecimento não necessariamente virá de um funcionário público, mas de qualquer pessoa que auxilie a prática das condutas. Se praticado por funcionário público, o crime é este e NÃO O DE FACILITAÇÃO AO CONTRABANDO OU DESCAMINHO, previsto no art. 318 do CP, pois aquela é norma geral e esta (a do Estatuto do Desarmamento), norma especial, de forma que será aplicada esta norma penal. O objeto material, aqui, é qualquer arma de fogo, acessório ou munição, SEJA ELA DE USO PERMITIDO OU RESTRITO, não importa. O crime se consuma com a prática de qualquer das condutas, e ADMITE-SE A TENTATIVA, SALVO NA HIPÓTESE DE FAVORECIMENTO POR OMISSÃO. Nos crimes de COMÉRCIO ILEGAL E TRÁFICO INTERNACIONAL, a pena é aumentada de METADE se o objeto material é de USO RESTRITO OU PROIBIDO (art. 19 da Lei); Em todos os delitos, SALVO POSSE DE ARMA DE FOGO (art. 12) E OMISSÃO DE CAUTELA (art. 13), a pena é aumentada de METADE se o crime for praticado por qualquer das pessoas que 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 101 possuem autorização para porte de arma previstas no art. 6° da Lei, empregados de empresas de segurança privada ou transporte de valores (art. 7°) e pessoas responsáveis por entidades desportivas autorizadas ao porte de arma de fogo (art. 8° da Lei); O art. 21, que VEDAVA a liberdade provisória para os crimes dos arts. 16, 17 e 18, foi DECLARADO INCONSTITUCIONAL PELO STF, de forma que é cabível a liberdade provisória também para estes crimes (Adin 3.112-1) IV – DAS ARMAS DE FOGO APREENDIDAS Uma vez apreendida arma de fogo, após o laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não forem mais úteis ao processo, serão encaminhadas, pelo Juiz, ao COMANDO DO EXÉRCITO, no prazo de 48 horas, para: Destruição; Doação aos órgãos de segurança pública Isto está previsto no art. 25 da Lei: Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) § 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exército que receberem parecer favorável à doação, obedecidos o padrão e a dotação de cada Força Armada ou órgão de segurança pública, atendidos os critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas em relatório reservado trimestral a ser encaminhado àquelas instituições, abrindo-se-lhes prazo para manifestação de interesse. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 101 § 2o O Comando do Exército encaminhará a relação das armas a serem doadas ao juiz competente, que determinará o seu perdimento em favor da instituição beneficiada. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) § 3o O transporte das armas de fogo doadas será de responsabilidade da instituição beneficiada, que procederá ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) § 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) § 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate de arma de uso permitido ou de uso restrito, semestralmente, da relação de armas acauteladas em juízo, mencionando suas características e o local onde se encontram. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) Bons estudos! Prof. Renan Araujo 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página40 de 101 LISTA DAS QUESTÕES 01 - (CESPE - 2008 - OAB-SP - EXAME DE ORDEM - 1 - PRIMEIRA FASE) Assinale a opção correta no que se refere aos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. A) É possível a prisão preventiva no crime de ameaça, punido com detenção, se resulta de violência contra a mulher no âmbito familiar. B) Para a concessão de medidas protetivas de urgência, é necessária a audiência das partes. C) Permite-se a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica. D) Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida, não será admitida renúncia à representação. 02 - (FGV – 2008 – SENADO FEDERAL – ADVOGADO) Relativamente à Lei Maria da Penha (11.340/2006), assinale a afirmativa incorreta. a) Considera-se violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras condutas, a conduta que configure destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. b) A Lei Maria da Penha (11.340/2006) não considera violência doméstica contra a mulher a omissão baseada no gênero que lhe cause sofrimento 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 101 apenas psicológico em uma relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida. c) Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, medidas protetivas de urgência, dentre elas o afastamento do lar, proibição de aproximação da ofendida e a prestação de alimentos provisórios. d) É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. e) Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata essa lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. 03 - (INSTITUTOS CIDADES – 2011 – DPE-AM – DEFENSOR PÚBLICO) Acerca da violência familiar e doméstica contra a mulher (lei 11.340/2006), marque a opção correta: a) são formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, dentre outras: a violência física, a violência psicológica, a violência sexual, a violência patrimonial e a violência moral, desde que não praticadas pelo cônjuge; b) constitui violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, seja no âmbito da unidade doméstica, no âmbito da família ou em qualquer relação íntima de afeto; 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 101 c) somente são cabíveis medidas de proteção e urgência em favor da mulher quando houver sido praticada uma conduta que cause violência doméstica e familiar e haja pedido formal do Ministério Público; d) nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata a lei 11.340/06 somente será admitida a renúncia à representação na presença do juiz, independentemente da oitiva do Ministério Público; e) a lei 11.340/06 veda a aplicação de penas de prestação de serviços comunitários ou de penas de cestas básicas, mas possibilita a substituição da pena privativa por pagamento isolado de multa. 04 - (FCC – 2012 – TJ-GO – JUIZ) No crime de lesão corporal leve praticado no âmbito de violência doméstica (art. 129, § 9o, do Código Penal), a ação penal é a) pública incondicionada, se a agressão se der do marido contra a mulher. b) pública incondicionada, em qualquer hipótese, segundo entendimento sumulado do STF. c) privada, se a agressão se der de irmão contra irmão. d) privada, se a agressão se der do filho maior contra o pai. e) pública condicionada, em qualquer hipótese. 05 - (FCC - 2011 - MPE-CE - PROMOTOR DE JUSTIÇA) Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, ao ofensor o juiz A) de imediato poderá aplicar a proibição de aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor. 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 101 B) só poderá proibir o contato físico com a ofendida, depois do trânsito em julgado da sentença e se não houver reconciliação do casal. C) não poderá, em nenhuma hipótese, estender a proibição de aproximação da ofendida aos dependentes menores, ou restringir-lhe ou suspender-lhe as visitas. D) poderá suspender a posse ou restrição de porte de arma de fogo, ainda que se trate de integrante de órgãos policiais, independentemente de comunicação ao órgão competente ou autoridade a que esteja subordinado. E) não poderá proibir a frequentação de qualquer outro lugar exceto o ambiente familiar, embora naquele também possa encontrar-se a ofendida. 06 - (FCC - 2011 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - ANALISTA JUDICIÁRIO - SERVIÇO SOCIAL) Segundo a Lei Maria da Penha, configura-se violência doméstica e familiar contra a mulher, qualquer ação ou omissão que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, dano moral ou patrimonial. Uma das medidas que o juiz poderá determinar para proteger os bens patrimoniais da sociedade conjugal ou de propriedade particular da mulher é A) restituição à ofendida dos bens devidamente subtraídos pelo agressor. B) proibição por tempo indeterminado para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum. C) suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor. D) prestação de caução provisória, mediante depósito em conta corrente por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência contra a ofendida. 60575261390 Direito Penal ʹ PC-DF (2015) DELEGADO DE POLÍCIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 16 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 101 07 - (FCC - 2010 - TJ-PI - ASSESSOR JURÍDICO) Considere: Ação ou omissão contra a mulher baseada no gênero que lhe cause morte, lesão corporal, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, I. no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas com vínculo familiar. II. no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas. III. em qualquer relação íntima de afeto, ainda que o agressor não conviva ou não tenha convivido, nem coabitado com a ofendida. IV. no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa. Configura violência doméstica e familiar contra a mulher, para os fins da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), as situações indicadas APENAS em A) IV. B) I e IV. C) II e III. D) I, II e IV. E) I, III e IV. 08 - (FCC - 2010 - SJCDH-BA - AGENTE PENITENCIÁRIO) Dentre as formas de violência
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