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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO
GESTÃO E POLÍTICA DE ALIMENTAÇÃO, NUTRIÇÃO E SAÚDE
Thaílla Raquel Moura de Oliveira
Resenha: Por uma Vida Melhor
O documentário produzido em 2012, de autoria de Thereza Jessouroun, tem
duração de aproximadamente 29 minutos. A obra destaca a situação de insegurança
alimentar que abrange tanto os estados nordestinos, sendo eles: Maranhão, Piauí,
Paraíba; quanto os centros urbanos do Rio de Janeiro. Para isso, famílias foram
entrevistadas e levadas a relatar sobre seu cotidiano e acesso à comida.
“Todo homem, mulher ou criança tem direito permanente ao acesso à água e à
alimentação adequada em qualidade e quantidade suficientes que lhe permitam uma
vida digna e saudável”, é a primeira frase narrada no documentário, que dialoga com a
Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional – LOSAN (Lei nº 11.346, de 15 de
setembro de 2006). Ao percorrer vários estados do Brasil, visitando o acampamento
sem-terra na fazenda São Jorge (Maranhão - MA), o assentamento Santo Agostinho no
município de Magalhães de Almeida (Maranhão – MA), o Município de São Bento
(Maranhão – MA), a Cidade de Floriano - Bairro de Tiberão e Bairro de Campo
Vermelho (Piauí - Pi), o Município de Soledade (Paraíba – PB) e o Município de
Alagoa Nova (Paraíba – PB), comprovou que a sobrevivência nas áreas urbanas é tão
dura quanto na zona rural e que o Direito Humano à uma Alimentação Adequado, ainda
não está assegurado para todos.
No sertão nordestino há o predomínio da falta do acesso à terra, que é necessária
para produção de alimento, e nas cidades grandes há muito desemprego, o que gera uma
população sem recursos até mesmo para comprar uma cesta básica, conduzindo-as,
portanto, a uma situação de vulnerabilidade à fome e à desnutrição. No acampamento
Sem-terra da fazenda São Jorge (Maranhão - MA), havia 94 famílias de 5 a 12
membros, em condições de moradia e saneamento muito precárias: um único cômodo
que contempla, ao mesmo tempo, quarto, sala, cozinha e banheiro, crianças que se
alimentam sentadas ao chão, ausência de fornecimento de água potável etc. A
entrevistada e residente do local, Lúcia Freire, enfatiza a importância da terra para
obtenção não só de alimento, mas de sustento da família, educação e esperança. O que
também pôde ser observado através do relato do agricultor Antônio Borges, onde cabe
destacar: “[...] uma família grande como eu tenho, se eu não for aproveitando o que tem
dentro da Terra, aí vai entrar muito no bolso, ter de comprar tudo pra manter uma
família. A gente vai aproveitando o que tem na terra, tá economizando, é uma renda que
tá entrando na casa”. O que demonstra que a Reforma Agrária é um importante passo
para a garantia do acesso a alimentação de qualidade.
Uma outra obra que dialoga com a aqui citada é o filme de 2009, “Garapa” que
narra a história de Renata, Lúcia e Robertinha durante 4 semanas. Ao mostrar o
cotidiano dessas famílias, de forma crua, sem maquiagem, o filme é gravado
propositalmente em preto e branco, sem trilha sonora e encenação. “Garapa” é um filme
assim chamado devido uma das formas mais simples, baratas, disponíveis e ao mesmo
tempo, fornecedoras de energia que se pode ter: água com açúcar e algumas colheradas
de farinha. Neste documentário uma mãe fala sobre o único alimento que pode fornecer
aos seus filhos: “Não tenho condições de comprar leite, por isso vai é o açúcar mesmo,
que pelo menos dá pra fazer a garapa”. “Por uma vida melhor” também apresenta uma
situação semelhante, quando Franciele Silva diz em relação aos filhos: “todos eles só
mamaram até dois mês... Porque quando dá dois mês seca, por conta própria.” Nos dois
casos é notável que a desnutrição tem afetado a vida de parte da população desde o
nascimento.
Essa obra cinematográfica, também lembra o fato de o Brasil ter sido um dos
países que assinaram o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
(PIDESC) em 1996, a partir do qual tais governos, reconheceram a alimentação como
direito humano fundamental, e devido isso, teriam a responsabilidade de erradicar a
fome e a desnutrição de todos os seus cidadãos.
Os direitos humanos se referem aos direitos, que nos são atribuídos, pelo simples
fato de nascermos humanos. Eles existem na tentativa de assegurar a todos a existência
de uma vida digna. O Direito Humano a Alimentação Adequada (DHAA) faz-se
integrante fundamental de todos os direitos humanos, uma vez que a alimentação
constitui uma necessidade básica à vida. Diante disso, é de responsabilidade do Estado e
da sociedade, tanto em âmbito nacional quanto internacional, assegurar a todos, sem
distinção de qualquer natureza, as condições para o acesso a uma alimentação adequada
em quantidade e qualidade, de modo a não comprometer a seguridade de outro direito
daquela pessoa. A fome e a desnutrição crônica são questões complexas, produzidas
pelas esferas social, política, econômica e histórica, que encontram expressão no dia a
dia, como é claramente demonstrado nos dois documentários citados anteriormente.
Dessa forma, ao retratarem o cotidiano de cidadãos brasileiros em situação de
vulnerabilidade, esta obra se apresenta como uma denúncia social do não
reconhecimento da alimentação adequada e saudável como um direito humano que
precisa ser assegurado acima de qualquer interesse. O problema da fome e da
desnutrição, que acomete muitas populações, não gira em torno da escassez de
alimentos, sendo, em verdade, fruto de injustiças sociais e de violações ao DHAA.
Como narrado no documentário: “A fome não é uma herança colonial com a qual
precisamos conviver. Ela está nas cidades e periferias causada pelo desemprego e falta
de recursos para adquirir os alimentos e pode ser percebida pela consequência da
desnutrição infantil na vida adulta. Está nas zonas rurais causadas pela falta de terra e
renda de sua população e pelo modelo tecnológico adotado até hoje pelos governos.”
Assim, fica evidente a necessidade da aplicação de políticas públicas efetivas para
reverter tal situação.

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