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A criança e a debilidade mental uma abordagem lacaniana

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813PSICOLOGIA USP, São Paulo, 2011, 22(4), 813-832
A CRIANÇA E A DEBILIDADE MENTA CRIANÇA E A DEBILIDADE MENTA CRIANÇA E A DEBILIDADE MENTA CRIANÇA E A DEBILIDADE MENTA CRIANÇA E A DEBILIDADE MENTAL:AL:AL:AL:AL: UMA ABORDA UMA ABORDA UMA ABORDA UMA ABORDA UMA ABORDAGEM LAGEM LAGEM LAGEM LAGEM LACANIANACANIANACANIANACANIANACANIANA
Ângela Vorcaro
Ariana Lucero
Resumo:Resumo:Resumo:Resumo:Resumo: Este artigo faz uma pequena retomada do conceito de debilida-
de mental na história da psicanálise com o intuito de verificar como Lacan se apropriou dessa
noção no escopo de sua teoria. Investigaremos a hipótese lacaniana de uma debilidade mental
estrutural a qualquer sujeito ao mesmo tempo em que pode adquirir um aspecto patológico
que exige o diagnóstico diferencial em relação à psicose, à psicossomática e à inibição inte-
lectual. Por fim, proporemos um matema para a debilidade.
PPPPPalaalaalaalaalavrvrvrvrvras-chaas-chaas-chaas-chaas-chavvvvve:e:e:e:e: Debilidade mental. Lacan. Psicanálise. Psicopatologia. Criança.
Introdução
O objetivo do presente artigo é reunir elementos que permitam conceituar a
debilidade mental a partir da psicanálise de orientação lacaniana. Primeiramente,
retomamos os trabalhos de Maud Mannoni, devido ao pioneirismo dessa autora
na abordagem deste tema dentro da psicanálise. A seguir, veremos como Lacan se
apropriou da noção de debilidade mental, considerando a dimensão da holófrase
e ultrapassando o âmbito patológico, para situar a condição estrutural de qual-
quer sujeito. Essa extensão do conceito de debilidade permite distinguir o lugar
do equívoco – como presença do Real no Simbólico – daquele do sentido, como
presença do Imaginário no Simbólico. Situando a equivalência significante opera-
814 A CRIANÇA E A DEBILIDADE MENTAL: UMA ABORDAGEM LACANIANA ÂNGELA VORCARO E ARIANA LUCERO3
1 Vale lembrar que Melanie Klein abordou a inibição intelectual, não tendo tratado diretamente da debili-
dade mental. No entanto, o seguinte fragmento explicita que a psicanalista inglesa estava a par da dife-
rença entre esses dois quadros clínicos: “Na minha experiência, medos persecutórios intensos e o uso
excessivo de mecanismos esquizoides no início da vida podem ter um efeito prejudicial sobre o desen-
volvimento intelectual nos seus estágios iniciais. Assim, determinadas formas de deficiência mental de-
veriam ser tomadas como pertencendo ao grupo das esquizofrenias. Segundo essa visão, ao se conside-
rar a deficiência mental em crianças de qualquer idade, deve-se ter em mente a possibilidade de uma
doença esquizofrênica no início da infância” (Klein, 1946/1991, p. 29). Retornaremos à diferenciação en-
tre inibição intelectual e debilidade mental na conclusão deste trabalho.
da pelo débil fora da referência à metáfora paterna e de uma única estru-
tura clínica, desdobramos a afirmação lacaniana de que o débil flutua entre
dois discursos. Apresentamos ainda alguns elementos que permitam di-
ferenciar psicose, psicossomática, debilidade mental e inibição intelectual.
Propomos, enfim, uma hipótese provisória relativa a um matema da de-
bilidade.
A psicanálise e a debilidade mental
A abordagem da debilidade mental na psicanálise teve início com
os trabalhos de Maud Mannoni1. A psicanalista trabalhou em uma insti-
tuição destinada aos cuidados de crianças classificadas como débeis, se-
gundo testes de inteligência, procurando capturar as manifestações da
criança que escapavam às previsões médico-pedagógicas.
Nessa instituição, as crianças que apresentavam um nível homogê-
neo de debilidade eram consideradas “débeis verdadeiros” e, normalmen-
te, era atribuída uma etiologia orgânica à doença. Nesses casos, os pais
raramente aceitavam a psicanálise e preferiam resolver o problema com
o auxílio de remédios (Mannoni, 1964/1988, p. 10). Na verdade, a própria
instituição colaborava com essa postura, pois apenas aos “falsos débeis” –
crianças que apresentavam resultados contraditórios de um teste para o
outro – era indicada a psicoterapia. Somente para eles era feita a hipóte-
se de que a partir da resolução dos conflitos psíquicos inconscientes a
psicanálise poderia restituí-los à normalidade. Aqueles condenados pela
ciência a serem débeis não mereciam a atenção dos serviços públicos.
É o trabalho de Françoise Dolto com um “débil verdadeiro” que leva
Mannoni a desconfiar dos diagnósticos psicométricos (Mannoni, 1964/
1988, p. 100). O sucesso terapêutico de Dolto havia restituído a inteligên-
cia de um débil verdadeiro, ou essa criança fora diagnosticada erronea-
mente? Até que ponto é possível estar seguro de um diagnóstico?
Mannoni (1964/1988) afirma que na debilidade mental o retarda-
mento nem sempre é verificável à primeira vista, e que a anormalidade
não aparece desde o início como um quadro grave e irreversível. Por ve-
zes, pode acontecer de a insuficiência mental só ser descoberta de modo
815PSICOLOGIA USP, São Paulo, 2011, 22(4), 813-832
quase acidental, durante uma consulta médica. Verifica-se, assim, a ne-
cessidade dos testes psicométricos para diagnosticar a debilidade men-
tal, em sua acepção médico-pedagógica.
Ora, essa exigência de confirmação leva alguns pesquisadores, como
Anny Cordié (1996), a dizer que “os atrasados não existem”, dado que esse
diagnóstico é fruto da criação da escolaridade obrigatória e dos testes
de inteligência para a colocação da criança em uma classe adequada. Para
Cordié, a debilidade mental é um conceito contemporâneo que estabe-
lece que a demanda de saber proveniente do outro – as exigências de
rendimento escolar para com os alunos inibem a própria atividade inte-
lectual da criança. Podemos notar aí uma equiparação entre a posição
subjetiva de debilidade e a inibição intelectual, que nos permite supor o
indício dos mal-entendidos a que a observação fenomenológica da crian-
ça pode induzir, mesmo no escopo da clínica psicanalítica. Se, atualmen-
te, o problema da debilidade nas crianças ganhou maior visibilidade de-
vido aos ideais sociais, isso não quer dizer que a debilidade mental não
configure um campo próprio.
Na psicanálise, Mannoni foi a primeira a questionar a noção de
debilidade. Após um trabalho de quinze anos com crianças débeis, ela
constata que a debilidade não pode ser definida apenas pela noção de
déficit intelectual. Ademais, tal diagnóstico também não se restringe à
presença de um fator orgânico, pois a criança não responde somente a
uma dificuldade inata, mas, nos termos da autora, à maneira como a
mãe faz uso desse defeito num mundo fantasmático (Mannoni, 1964/
1988).
Em sua teorização, Mannoni ressalta que toda mãe que deseja um
filho tem uma decepção quando este nasce, uma vez que sua demanda
se realizou e, na verdade, não era bem isso que ela queria; no nível in-
consciente, ela sonhava com uma espécie de fusão, e não com um filho
separado dela. De fato, essa fantasia é relativamente comum nas mães
que afirmam que a gravidez foi o melhor período de suas vidas, ou mes-
mo confessam que não queriam que o filho saísse de dentro delas.
Mannoni nota que, para reduzir sua decepção, a mãe sobrepõe ao filho
de “carne e osso” uma imagem fantasmática: “o filho, na sua materialida-
de, é sempre a significação de outra coisa para a mãe” (p. 42). É por isso
que ele não responde à sua demanda, pois é sempre a outra coisa que ela
visa, e é também por isso que o filho captura a falta materna, inserindo-se
na dimensão do desejo.
Podemos depreender da leitura de Mannoni que o nascimento de
uma criança com problemas faz com que a mãe objetive sua falta na crian-
ça. É sempre a criança que é deficiente: “a doença do filho irá dissimular a
doença materna” (p. 43). No entanto, essa postura da mãe pode aconte-
cer mesmo no caso de crianças sem nenhum problema congênito. A mãe
não pode imaginar o que é um filho, não supõe nenhum desejo ou inten-
816 A CRIANÇA E A DEBILIDADE MENTAL: UMA ABORDAGEM LACANIANA ÂNGELA VORCARO E ARIANA LUCERO3
cionalidade por parte dele, e julga que ele éincapaz de qualquer mani-
festação subjetiva.
Por mais que a referência de Mannoni à materialidade da mãe possa
parecer idiossincrática e pouco afeita aos desdobramentos lacanianos da
lógica discursiva, vale esclarecer a especificidade da posição da mãe, agen-
te da passagem do vivente à cultura: a mãe é o único parceiro efetivo do
sujeito, por ser aquele com quem este constrói os modos de articulação
simbólica. Afinal, se consideramos que o princípio do prazer implica a in-
terdição do excesso de gozo e que, por isso, o tecido de todos os gozos da
vida confina com o sofrimento, o gozo sexual só tem como referência a lei
que o interdita, que incide sobre o gozo dirigido para o próprio corpo, “ponto
de aresta e fronteira em que ele confina com o gozo mortal. E só se liga
à dimensão do sexual ao transpor essa interdição para o corpo do qual
saiu o próprio corpo, ou seja, o corpo da mãe” (Lacan, 1971/2009, p. 101).
É apenas por essa interdição que o gozo sexual se liga ao discurso.
A insuficiência orgânica e subjetiva do organismo neonato é obstá-
culo que potencializa a operação de aderência imaginária, já que susten-
ta uma opacidade tão virulenta que impõe, ao agente do Outro, a cons-
trução de um sujeito imaginado, sob o modo de criança. Tal enlaçamento
é condição estrutural de qualquer sujeito, porque essa aposta no vir-a-
ser é constitutiva da subjetivação.
Assim, antes mesmo de comparecer como presença concreta, sua
localização e nomeação permitem a inscrição do organismo na lingua-
gem, numa antecipação ficcional que ao mesmo tempo o enlaça numa
linhagem e o constrange à interdição do gozo. O sujeito não se limitará à
consistência imaginária dessa aposta, mas é a tensão produzida por ela
entre o gozo pleno da vida e a interdição da adesão ao corpo da mãe que
causa a sua singularização.
De acordo com Bergès e Balbo (2003), é apenas por supor uma de-
manda no filho que a mãe responde ao que ela interpreta como apelo. Se
ela decide que o filho não lhe fará nenhuma demanda, ela ocupa o lugar
de um total desconhecimento, o que pode se precipitar em debilidade,
autismo ou psicose na criança. Acrescentaríamos que também as ditas
manifestações psicossomáticas podem ser incluídas nessa mesma série
(cf. Vorcaro, 1999).
Jacques Lacan se interessa pelas pesquisas de Mannoni no período
em que teorizava sobre o circuito pulsional e em que destaca as opera-
ções de alienação e separação, constitutivas do sujeito, a partir de um
agente em função do Outro. Em seu Seminário 11, a seguinte passagem é
frequentemente retomada nas pesquisas sobre debilidade: “quando não
há intervalo entre S
1
 e S
2
, quando a primeira dupla de significantes se
solidifica, se holofraseia, temos o modelo de toda uma série de casos [psi-
cossomática – psicose – debilidade] – ainda que, em cada um, o sujeito
não ocupe o mesmo lugar” (Lacan, 1964/1979, p. 225).
817PSICOLOGIA USP, São Paulo, 2011, 22(4), 813-832
2 É possível ler nessa passagem uma alusão de Lacan ao Wittgenstein das Investigações Filosóficas que
afirma: “Dar nome a algo é semelhante a fixar uma etiqueta em uma coisa” (Wittgenstein, 1996, p. 22,
aforismo §15). Agradecemos a Lucas Mello Carvalho Ribeiro por ter nos chamado a atenção para o pano
de fundo filosófico da afirmação lacaniana.
3 Os demais casos a serem retomados à luz da holófrase – debilidade e psicose – serão discutidos após
esclarecermos tal noção.
4 Para maiores esclarecimentos sobre a holófrase, cf. Stevens (1987) e Vorcaro (1999).
5 Concordamos com Laurent (1995) quando afirma que, no Seminário 11, Lacan não apontava para o uso
linguístico comum do termo holófrase.
6 Proporemos alguns critérios para o diagnóstico diferencial entre psicose e debilidade na conclusão deste
trabalho.
No texto de Lacan, essa frase sucede uma discussão sobre a função
do significante, na qual o psicanalista mostra que simplesmente associar
um significante a uma experiência ou dar um nome à vivência, “colar uma
etiqueta sobre uma coisa”, não caracterizam a essência da linguagem2. Se
o cão de Pavlov é afetado em sua organização orgânica de necessidades
por um corte que se anuncia no nível da linguagem, do simbólico, isso
não faz dele um sujeito que fala. O cão não coloca em questão o desejo
do experimentador: ele responde condicionadamente, pois é afetado em
um órgão. Talvez daí, diz Lacan (1964/1979), possamos extrair algumas
considerações sobre o efeito psicossomático3.
De um modo geral, a holófrase ficou conhecida pela tradição lin-
guística como um tipo de frase condensada na qual seus elementos cons-
tituintes – artigo, substantivo, verbo etc. – encontram-se aglutinados, ou
seja, a frase inteira se apresenta como uma só palavra. A holófrase desig-
na palavras-frases caracterizadas pelo amálgama de elementos não per-
feitamente lexicalizados, de tal forma que seriam mais bem compreendi-
dos se apresentados como palavras separadas4.
Como vimos, Lacan chama de holófrase a solidificação do primeiro
casal de significantes que daria origem ao S
1
, significante-mestre, que
impede a função do próprio significante, isto é, que um significante pos-
sa vir no lugar de outro, uma vez que eles ocupam o mesmo lugar. A
holófrase, que para Eric Laurent (1995) foi substituída por S
1,
 está presen-
te na operação de alienação e, portanto, participa da constituição do su-
jeito, independente de sua estrutura clínica.
Pois bem, se a holófrase, enquanto constituinte da subjetividade,
torna-se invisível tanto na obra lacaniana quanto nas manifestações do
sujeito, interessa-nos mostrar como a holófrase, em seu sentido linguísti-
co mesmo5, se apresenta na debilidade mental e pode ser de grande va-
lia no estabelecimento do diagnóstico diferencial tão complicado entre
psicose e debilidade6. Talvez a holófrase, que se apresenta fenomenolo-
818 A CRIANÇA E A DEBILIDADE MENTAL: UMA ABORDAGEM LACANIANA ÂNGELA VORCARO E ARIANA LUCERO3
gicamente, possa ser mais bem compreendida à luz da noção de alíngua
que, como sublinhou Miller (2009), não passa de uma holófrase, isto é,
uma junção do substantivo com o artigo definido.
A questão acerca da debilidade e da psicose foi posta por Mannoni
desde a introdução da debilidade mental no âmbito da psicanálise. A se-
melhança que a autora identificou na posição de alguns débeis em rela-
ção ao desejo de suas mães aproximava-se das teorizações de Lacan so-
bre o sujeito na psicose, o que levou o próprio psicanalista a tecer um
breve comentário sobre essa aproximação: “é na medida em que, por
exemplo, a criança, a criança débil toma o lugar, no quadro, embaixo e à
direita, desse S, em relação a esse algo a que a mãe a reduz a não ser mais
que o suporte de seu desejo num termo obscuro, que se introduz na edu-
cação do débil a dimensão do psicótico” (Lacan, 1964/1979, p. 225). Lon-
ge de falar da debilidade na psicose, nesse momento Lacan está falando
da psicose na debilidade e, mais precisamente, na educação do débil. Ten-
temos explicar esse gráfico detalhadamente:
X <> S
1
 O. s, s’, s’’, s’’’... S (i (a, a’, a’’, a’’’...))
 (série dos sentidos) (série das identificações)
O desejo da mãe, aqui representado por X, se refere a um objeto
desconhecido ao qual ela atribuirá uma série de sentidos, antes mesmo
de vir a deparar-se com ele na realidade, isto é, antes da criança nascer, a
mãe já imagina como ela vai ser. No entanto, quando o sujeito nasce, rara-
mente sua condição orgânica corresponde aos sentidos imaginados pela
mãe: o bebê humano nasce prematuro e incapaz. Mesmo assim, a mãe irá
adequar seu desejo à realidade da criança e é muito importante que isso
aconteça para que o imaginário da mãe não recubra todo o campo do
real do organismo. No caso da psicose ou da debilidade mencionados
por Lacan na citação acima, a criança corresponderia exatamente aos sen-
tidos da mãe, seria uma criança ideal ou um eu-ideal que equivaleà série
das identificações e que não precisa de nenhuma adequação ao simbóli-
co ou a cultura, não formando um ideal-do-eu. Podemos supor que no
caso da debilidade haveria uma aposta da mãe na incapacidade da crian-
ça de forjar ideais próprios, cumprindo objetivos e alcançando determi-
nadas metas. A mãe deve se assegurar de que a criança é ideal, perfeita,
apoiada em um outro discurso, como veremos a seguir. Cabe destacar
que na psicose a criança ideal da mãe não depende de qualquer outra
referência.
Partindo desse ponto, tomemos inicialmente o que ocorre nos ca-
sos em que uma criança tem um dano cerebral ao nascer ou uma doença
grave na infância (meningite, por exemplo) que pode vir a comprometer
sua capacidade cognitiva. A incidência da morbidade sobre o desejo que
819PSICOLOGIA USP, São Paulo, 2011, 22(4), 813-832
a criança condensa constitui uma lesão que atinge toda a trama de signi-
ficantes na qual a criança se estrutura em sujeito. A debilidade evidencia
um enorme risco ao ideal que ela encarna, implicando, muitas vezes, a
destituição da possibilidade de ela realizar o ideal: afinal, saúde é sinôni-
mo de realização plena (Vorcaro, 1998).
Apesar de a estruturação do sujeito não residir no orgânico, uma
deficiência congênita, ou mesmo adquirida precocemente, pode decidir
a estruturação do sujeito a partir do momento em que se torna o traço
prevalente através do qual ele é reconhecido pelos agentes parentais e
pelos agentes do seu tratamento. Trata-se de situações em que a impor-
tância da doença adquire tamanho privilégio que a criança-sujeito se dis-
solve no organismo em risco de morte ou de insuficiência permanente.
Assim, a impotência representada pela doença impede que a criança con-
creta coincida com a criança idealizada pelos pais, já que não pode res-
ponder de onde é esperada, não pode alimentar a ficção que a sustém na
posição que lhe foi atribuída. Constatada a insuficiência da sua própria
interpretação sobre as manifestações da criança, os pais abortam seu
desejo de filho ideal (Vorcaro, 1998). Não é raro reconhecer em crianças
autistas tal determinação.
Outra possibilidade ocorre quando a decepção materna em rela-
ção ao filho deficiente conduz a uma nova imaginarização da criança, ain-
da mais fantasmática, no intuito de dirimir o luto da mãe. A mãe encobri-
ria sua depressão e sua culpa colocando-se inteira a serviço do filho que,
por alguns instantes, ela deixou de desejar. Ela deve se garantir de que o
ama e dedicar-se à criança e aos cuidados especiais de que ela necessita.
Nesse percurso, o filho pode tornar-se o único objeto de interesse e de
desejo da mãe, criando as condições para a psicose.
Em ambos os casos, pode-se notar que essa insuficiência manifesta
na deficiência atinge os agentes materno e paterno, que não detêm o
saber especializado para tratá-la. Eles não podem senão estender ou trans-
ferir suas funções ao saber especializado. Para cuidá-la e protegê-la, os
pais fazem-se, eles mesmos, funcionários desse saber científico que os
orienta na realização do tratamento mais eficaz (Vorcaro, 1998). Portanto,
a deficiência provoca não apenas um deslocamento da identidade atri-
buída à criança, mas também da posição dos pais, já que a condição da
criança não pode ser reconhecida e nem cuidada por meio do saber pa-
rental. Deslocando essas funções para os especialistas, agentes de saúde,
a insuficiência orgânica da criança traz, na sua esteira, a insuficiência dos
pais (Vorcaro, 1998).
Nessa lacuna do saber parental, o diagnóstico, em sua função de
instrumento classificatório etiológico e nosográfico, compreende o que
é irreconhecível pelos pais e indica terapêuticas que reconduzirão ou
adaptarão a criança à normalidade, condenando, aliviando ou salvando
os pais do mal-estar que a doença produz aos ideais. Na medida em que
820 A CRIANÇA E A DEBILIDADE MENTAL: UMA ABORDAGEM LACANIANA ÂNGELA VORCARO E ARIANA LUCERO3
o especialista é localizado pelos pais como o agente da saúde plena –
aquele que os substitui, que sanciona o futuro da criança e a quem se
submetem –, seu prognóstico tem primazia tal que, ao antecipar o adulto
que essa criança será, torna-se a referência fixa pela qual os pais orientam
seu laço com a criança. Afinal, pelo bem da criança e diante dos argumen-
tos científicos do especialista, não resta aos pais outra alternativa senão
guiar-se pelo saber anônimo da verdade da ciência, uma vez que não
podem mais orientar-se por seu desejo (Vorcaro, 1998). O fato de a mãe
submeter-se ao discurso da ciência para dar conta de seu filho acaba tor-
nando-a dependente de outro saber que ela desconhece, introduzindo
mais uma debilidade na própria questão da debilidade – ponto que vol-
taremos a abordar.
A debilidade mental como posição subjetiva
Interessa notar que o laço dos agenciadores do Outro primordial
com a criança pode estar suficientemente obstaculizado para decidir as
condições de estruturação do sujeito, mesmo na ausência de qualquer
fator mórbido. De acordo com Lacan (1967-1968), “acontece... que as crian-
ças sucumbam à debilidade mental pela ação dos adultos”. Trata-se das
situações em que o traço prevalente pelo qual ela é reconhecida pelos
agentes parentais é somente seu organismo, e não sustenta ficção algu-
ma: “o saber que ela [a mãe] supõe em seu filho é um saber que se limita
ao saber do corpo: o que ela mesma sabe e o que ela transitiva é um
saber concernente ao corpo, suas funções, seu funcionamento” (Bergès &
Balbo, 2003). Não obstante os autores usarem tal argumento para situar a
psicose, consideramos que essa hipótese localiza nitidamente as condi-
ções da debilidade.
Bergès e Balbo (2003) ressaltam que, na debilidade, o sujeito não
está verdadeiramente introduzido na mãe. A mãe não sabe sobre seu
desejo em relação ao filho, e isso se reflete no fato de que ela não conse-
gue supor nenhum saber na criança. Ela interpreta as demandas do filho
como iguais ao seu enunciado, o que leva a não haver nem arbitrário nem
corte. Se, normalmente, a criança é representada pelos significantes que
a mãe elege para representar seu filho, quando ela se encontra impossi-
bilitada de exercer essa função, ela mesma busca em outro discurso uma
verdade que a oriente na lida com a criança, estabelecendo um desejo
anônimo. A mãe considera verdade todo discurso que permita recusar a
suposição de um saber no filho. A mãe adere a um discurso do mestre,
pois há uma carência de significantes nela mesma que se atualiza transi-
tivamente na criança. Consequentemente, o filho se apresenta como uma
vacilação, uma fuga de pensamento; ele não pode ser nada além desses
discursos “outros” e, assim, o que o débil diz não o conduz a nenhuma
821PSICOLOGIA USP, São Paulo, 2011, 22(4), 813-832
ficção; ele pode passar de um assunto para o outro e se perder em sua
fala, pois ela não tem sentido para ninguém. Vejamos a seguinte passa-
gem de um caso clínico relatado pelos autores:
Essa mãe dizia de sua filha: “Eu não sabia o que fazer quando ela nasceu; eu
ignorava tudo”; a criança se tornou débil. Não fazendo a hipótese de uma
demanda, a mãe inscrevia sua relação com a filha não apenas em uma au-
sência de saber, mas também em uma “debilidade”. Ela era absolutamente
“débil” com sua filha. Ela era com a filha o que a filha se tornou. (Bergès &
Balbo, 2003, p. 129)
Cumpre ressaltar que a mãe, enquanto agente do Outro, pode ob-
turar sua singularidade ao instrumentalizar-se com o saber sem deste se
distinguir: na falta de interrogação ao saber, a criança não é suposta su-
jeito e fica reduzida a um funcionamento acéfalo. A mãe reproduz fórmu-
las prescritas e o corpo da criança a elas equivale.
Em seu Seminário 22, Lacan (1974-1975) já havia proposto a debili-
dade generalizada a todo ser falante que tem, de vez em quando, a sus-
peita de estar reduzido a seu corpo:
Há algo que faz que o ser falante se mostre destinado à debilidade mental. E
isto resulta tão somente da noção de Imaginário, naquilo em que o ponto de
partida deste é a referênciaao corpo e ao fato de que sua representação, digo,
tudo aquilo que por ele se representa, nada mais ser que o reflexo de seu or-
ganismo. É a menor das suposições que o corpo implica. (Lacan, 1974)
Vejamos como Sonia Alberti e Elisabeth Miranda trataram essa
questão:
O fato da identificação com o corpo é debilitante, o que não só permite verifi-
car que qualquer sujeito pode, vez ou outra, assumir esta posição da debilida-
de, mas também, e principalmente, direciona a vertente a ser investigada quan-
to à debilidade mental como tal: é na corporeidade imaginária, é como repre-
sentação corpórea na relação com o Outro que se deve buscar sua determina-
ção. (Alberti & Miranda, 2002, p. 39)
O saber que a mãe busca para seu filho frequentemente é um sa-
ber que se limita ao saber do corpo. Ela se convence de que o corpo do
filho é totalmente apreensível pelo saber, e faz desse corpo um puro
significante que corrobora o que ela diz, enfim, um S
2
 em sua plenitude
de saber. Neste ponto, poderíamos dizer que a mãe adota o discurso
universitário.
A criança encarna – no sentido corporal mesmo do termo – o saber
do Outro: ela corporifica o saber do Outro, tornando-se transparente a
ele, sem qualquer interceptação, diferença, equívoco, ou seja, sem locali-
822 A CRIANÇA E A DEBILIDADE MENTAL: UMA ABORDAGEM LACANIANA ÂNGELA VORCARO E ARIANA LUCERO3
zar um ponto de corte a partir do qual possa separar-se dessa alienação.
Ela presentifica um discurso que nem à mãe pertence; é um discurso trans-
posto por inteiro, como se fosse um bloco, um monolito de significação,
mas que forclui o sujeito e mascara a alienação da mãe que nada sabe
fazer com sua própria falta, reduzindo-se a tamponá-la com o discurso. A
alienação que permite à criança apropriar-se da linguagem é, nesse caso
em que a mãe está colada ao discurso, elevada a uma segunda potência,
produzindo um circuito biunívoco. Ao contrário de aí se desdobrar a fun-
ção diferencial do significante, a mãe e, em seguida, a criança equalizam
dois significantes, conferindo-lhes valor de signo.
O débil se apega à verdade “encarniçadamente” (Laurent, 1991, p.
132); demonstra a verdade com o corpo para sustentar uma mentira
(Laurent, 1995). A criança presentifica a verdade da mãe, dando-lhe cor-
po: “o sujeito débil é, antes de mais nada, um corpo que a mãe não só
carrega com ela como fardo, mas que encobre a falta da mãe” (Alberti &
Miranda, 2002, p. 42).
Na perspectiva lacaniana, o corpo aparece ligado ao registro do
Imaginário, desde o texto de Lacan (1949/1998) inaugural sobre esse
tema, “O estádio do espelho como formador da função do eu”. O corpo
se apresenta como o que encobre uma falta e, no caso do débil, ele
mascara a falta de saber fazer com a falta que caracteriza a mãe. O débil
fica reduzido aos ditos da mãe, àquilo que ela nomeia e a imagem de
seu corpo não se sustenta por significantes verdadeiramente incorpo-
rados. Eles são apenas acoplados ao corpo do débil, o que se verifica na
função motora comprometida dessas crianças, ou no fato de elas bus-
carem aderir ao corpo do outro. Ao contrário de Alberti e Miranda (2002),
que pensam que a verdade denunciada pelo débil se refere à impotên-
cia da mãe como mulher (assim como poderíamos pensar os casos de
psicose), acreditamos que tal verdade se refere à impotência da mulher
como mãe.
A mãe que não sabe sobre o seu desejo em relação ao filho pressu-
põe que alguém saiba e se garante com isso. Se o filho não responde ao
esperado, aponta a impotência da mãe; daí a necessidade dele se apre-
sentar o tempo todo como verdade: a criança não pode duvidar do saber
do Outro e se identifica com o lugar da verdade. Raramente, a debilidade
de uma criança é notada pelos pais. Normalmente, ela é denunciada pela
escola ou por pessoas próximas. Por isso também a dificuldade de dar
prosseguimento à análise, pois, tal como notado por Françoise Dolto, a
melhora da criança afeta sobremaneira a posição parental.
Eric Laurent (1991) retoma uma afirmação de Pierre Bruno que diz
que os débeis resistem contra tudo o que poderia contestar a veracidade
do Outro, com a finalidade de melhor se prevenirem das dúvidas concer-
nentes ao Outro da Lei, mostrando que este Outro da Lei, o mestre, é o
mestre do saber, isto é, a ciência.
823PSICOLOGIA USP, São Paulo, 2011, 22(4), 813-832
O discurso da ciência se caracteriza exatamente pela forclusão do
sujeito, de modo que não é difícil imaginar o porquê das mães de débeis
se apegarem tão veementemente a ele, ainda que seja para contestá-lo.
Trata-se de um saber absoluto, sem falhas e cada vez mais corporificado
no homem. Lacan já afirmava que:
Chamo debilidade mental o fato de que um ser, um ser falante, não esteja so-
lidamente instalado num discurso. É isso que dá ao débil um caráter especial.
Não há nenhuma definição que se lhe possa dar, a não ser a de ser aquilo a
que se chama de estar um pouco “por fora”, isto é, entre dois discursos, ele
flutua/boia. (Lacan, 1972)
O débil não está incluído no discurso da mãe (ela apenas se serve,
por empréstimo, de um discurso anônimo, em que, portanto, ele não cabe).
O débil também não pode se situar no discurso da ciência, cuja racionali-
dade forclui o sujeito. Ele se serve de fragmentos discursivos nos quais a
trama metafórica do discurso se dissolve em proveito de relações biuní-
vocas, aplicando a pedaços do discurso comum (agenciado pela mãe) a
racionalidade pressuposta pela ciência: ele flutua entre dois discursos.
Boiando, o débil se exime de uma posição subjetiva, restringindo-se a
aderência de fragmentos de discursos distintos, numa correspondência
imperativa. Por isso, ele não pode localizar um ponto de ruptura em um
discurso, de modo a alocar ali alguma hiância na qual se reconheça. Bergès
e Balbo (2003) distinguem, na debilidade, não a fusão de S
1 
e S
2 
(que faria,
deles, um), mas a equivalência de
 
S
1 
e S
2
:
No buraco entre S
1 
e S
2
, próprio ao falhado cognitivo, inscreve-se nele como
uma holófrase, que de forma nenhuma se produz pela fusão desses dois signi-
ficantes, mas por sua equivalência. Em razão dessa equivalência, a fusão opera
como um deslocamento: o significante mestre S
1
 se confunde com o saber S
2
da mãe; saber que assim substitui o de seu filho, e o reduz, fazendo-o dever ser
apenas um falhado cognitivo. O transitivismo da mãe se limita a só oferecer
significantes imaginarizados para o filho, tipos de promissórias da significân-
cia. (Bergès & Balbo, 2003, p. 198)
Efetivamente, Lacan, na lição de 10 de dezembro de 1974 (inédita),
faz o seguinte comentário: “o termo intellegere, ler entre linhas, a saber,
de forma diferente de como o Simbólico se escreve. É este efeito de
escrita do Simbólico que guarda o efeito do sentido, ou seja, de imbeci-
lidade”. Em outro momento, Lacan aponta que aquilo que há de espe-
cial no significante é ter efeitos de sentido: basta conotar S
2
 não como
sendo segundo no tempo, mas como tendo um duplo sentido, para que
o S
1
 tome seu lugar corretamente. O peso dessa duplicidade de sentido,
comum a todo significante, é o que conduz todo sujeito à debilidade
824 A CRIANÇA E A DEBILIDADE MENTAL: UMA ABORDAGEM LACANIANA ÂNGELA VORCARO E ARIANA LUCERO3
(Lacan, 1977)7. Há imbecilidade no pensamento de qualquer sujeito, na
medida em que nos apropriamos de significantes carregados de signifi-
cações imaginárias. Em nossa suposta astúcia de ler entre as linhas repro-
duzimos essa operação imaginária, acrescentando mais sentido à trama
significante, e supomos, assim, compreender melhor: “É nisso que consis-
te o pensamento, que umas palavras introduzem no corpo algumas re-
presentações imbecis” (Lacan, 1974).
É porque não suportamos a falta de sentido que buscamos preen-
cher as falhas na cadeia significante com nosso próprio imaginário. Cabe
destacar que os falantes derrapam no Imaginário ao escapar do escrito
por meio da produção de sentidos. Ao ler [ou escolher, ambos do latim,
legere], ultrapassamos o escrito,incluindo, nele, os referentes que aplica-
mos de modo sígnico. Do que comparece de modo cristalizado na debi-
lidade da criança, não escapamos.
Entretanto, no congelamento da criança débil, pode-se considerar
que, por não encontrar pontos de ruptura no discurso, ela não opera o
preenchimento de sentido que caracteriza a nossa debilidade cotidiana
diante da duplicidade de sentido. Ao contrário, por não achar o ponto de
ruptura, o débil nem reconhece a duplicidade de sentido para ir buscar
um sentido entre linhas, supondo-o seu, pois este já lhe foi dado, ele já o
tem na mão, no significante seguinte que o outro colou. Em outras pala-
vras, a criança em condição débil não faz a operação imaginária debilizante
de produzir mais sentido entre dois significantes, supondo que assim
compreenderia os outros dois, ordenando-os do jeito certo, porque já está
tudo em boa ordem, encaixado. Os significantes estão na ordem em que
a equivalência prevalece sobre a diferença. A criança débil prescinde da
operação imaginária porque o tecido significante com que ela lida já está
suficientemente tomado pelo imaginário, já fixado sem a discretização
que obriga o falante a buscar e a escolher mais um sentido. Ao prevalecer
sobre o simbólico, o estatuto diferencial do significante é perdido para
sua imagem: os significantes perderam sua propriedade diferencial. Sen-
do já semelhantes, os significantes perderam sua outra propriedade: pro-
7 Neste seminário Lacan aponta ainda a dificuldade do homem em produzir um significante desatrelado
do sentido, que faça, por isso, sinthoma: um signo com congruência ao real. É também onde a interven-
ção do analista diferiria da sugestão, fazendo um sentido branco [sens blanc], ou seja, um semblante. O
homem não se livra (se safa) do saber que lhe é imposto pelos efeitos de significante: “E ele [o homem]
não fica aí à vontade. Ele não sabe fazer com [faire avec] o saber. É o que se chama a debilidade mental,
da qual devo dizer que não sou exceção. Eu aí não me excetuo porque simplesmente eu tenho que me
haver com o mesmo material que todo mundo, e porque esse material é o que nos habita. Com esse
material ele não sabe como se virar (Il ne sait y faire)... Saber se virar é diferente de saber fazer. Isso quer
dizer desembaraçar-se (se débrouiller), mas esse “y faire” indica que não se pega em suma, verdadeira-
mente, a coisa em conceito.” (Lacan, 1977).
825PSICOLOGIA USP, São Paulo, 2011, 22(4), 813-832
duzir efeitos de sentido. O débil pode, assim, abster-se de produzir senti-
do, pois o significante não o interroga.
A debilidade do falante diferencia-se daquela da criança débil por
produzir sentido onde ela não é instigada a produzi-lo. Enquanto o débil
reduz o S
2
 a ser apenas um segundo tempo, o falante faz de S
2
 uma dupli-
cidade de sentido. O débil é ardiloso porque faz a economia da escolha,
da procura, da ilusão de que somos nós que achamos o sentido, pois ele
só o importa do discurso já dado completo na partida.
Portanto, concordamos com Laurent (1991), para quem o “débil se
identifica com o lugar da verdade para não precisar ler entre as linhas a
falha do Outro” (p. 133); contudo, ao contrário disso fazê-lo “não inteli-
gente”, acreditamos que tal astúcia faz do débil ardiloso. Se, de fato, o dé-
bil ocupa o lugar da verdade, é para garantir o gozo dito nas entrelinhas,
“vedado a quem fala como tal” (Lacan, 1960/1998, p. 836). A astúcia do
débil consiste em eximir-se da função do sujeito da enunciação, ficando
um pouco “por fora”, flutuando. Nesse lugar em que boia confortavelmen-
te, o débil assiste ao Outro desdobrar-se por ele. Ao colar-se ao dito do
Outro, ou associar duas palavras apenas pela semelhança fonemática, ou,
ainda, ao equivaler situações diferentes independente de seu contexto, o
débil não deixa espaço para o equívoco, impedindo a emergência do real.
No caso clínico relatado na tese de Carnevale (2008), a autora nota
que algumas falas do débil podem ser suscitadas por ecos sonoros ou
convocadas por significantes que se relacionam pelo significado. Ela nota
que as palavras assim proferidas não adquirem novos significados, não
produzem sentido, mas “conversam entre si”, ou seja, preenchem vazios
de significação. No caso das falas prontas: “Tá bom, não se irrite”, “Sabe o
quê?”, “Sabe por quê?”, “Não sabe?”, “Olha, presta atenção...”, dentre outras,
verifica-se que elas são surdas à fala do outro. Nesse sentido, Carnevale
(2008) acrescenta um comentário de Bruno (1986) a respeito da fala de
Hem, um de seus pacientes, que achamos pertinente reproduzir aqui:
Hem responde a toda questão que coloco na sessão cortando-a com um “sim”
antes que ela chegue a seu término. O “sim” neutraliza a questão, antes que ele
possa fechar a significação e liberar um efeito de sentido (um outro menino
débil, L., tem o mesmo hábito de me perguntar a cada fim de sessão: “você
estará lá na quinta?” e, logo em seguida: “você não estará lá na quinta?”. Todos
os casos de resposta são assim antecipados, o que neutraliza dessa vez toda
resposta de minha parte). (p. 26)
Salientamos, por conseguinte, a importância de diferenciar a equi-
vocidade (incidência do Real no Simbólico) do sentido (incidência do
Imaginário no Simbólico), para distinguir a posição da criança débil e, ao
mesmo tempo, aproximá-la da condição de todo falante. Afinal, nada há
de simbólico entre as linhas: a equivocidade está ao pé da letra. Preen-
826 A CRIANÇA E A DEBILIDADE MENTAL: UMA ABORDAGEM LACANIANA ÂNGELA VORCARO E ARIANA LUCERO3
chendo com o sentido esse vácuo impossível de suportar, o falante lê
entre as linhas. Ao não distinguir o Simbólico do Imaginário, encobre-se
o real insistente entre os significantes, fazendo equivaler a produção de
saber à produção de sentido.
Os estudos sobre a debilidade mental que vinculam diretamente a
noção de holófrase à incapacidade de ler entre as linhas confundem a
ausência da incidência do Real no Simbólico, a holófrase (S
1 
-a -S
2
), com a
incidência do Imaginário no Simbólico, o ler entre linhas (S
1 
- sentido - S
2
).
A isso que escapa ao Simbólico, Lacan o designa Real: o impossível ao
Simbólico. É aí que a equivocidade faz vacilar a posição do sujeito, no que
ela “comporta a abolição do sentido” (Lacan, 1974). O equívoco (Real) não
é o sentido (Imaginário): “o sentido é aquilo por que alguma coisa res-
ponde, é diferente do simbólico, e essa alguma coisa, não há meios de
suportá-la senão a partir do Imaginário” (Lacan, 1974). O Real só se dese-
nha no Simbólico excluindo o sentido. Aí o tropeço e a vacilação têm efeito
de furo no Simbólico, equívoco que esburaca o simbólico em vez de
recheá-lo com sentido (Lacan, 1976-1977).
Conclusão
Para esclarecer a diferença entre a série de casos enumerados por
Lacan, lembremos que, pelo exemplo retomado no início deste texto,
podemos situar a holófrase: 1) na psicossomática, como uma incorpora-
ção significante em uma função orgânica; 2) na psicose, a fusão signifi-
cante é tributária do desejo devastador do Outro; e 3) na debilidade, a
equivalência entre significantes escapa ao agente do Outro, buscado em
outro saber.
No que diz respeito especificamente à psicose, a criança é o objeto
de desejo da mãe, de modo que ela se reduz a preencher a falta da mãe. A
mãe não faz referência a um Outro simbólico, uma vez que ela mesma se
apresenta como o Outro absoluto para a criança. Todas as manifestações
da criança são interpretadas em relação a ela mesma, dizem do seu dese-
jo, jamais se deixando interrogar sobre qualquer intencionalidade suposta
ao filho. No gráfico reproduzido anteriormente neste artigo, é naquele
lugar do S não barrado que se encontra a dimensão da psicose. Essa oni-
potência da mãe impede que algum significante indique sua falta – for-
clusão do Nome-do-Pai – e a criança não encontra, no intervalo entre signi-
ficantes, o ponto de corte em que pode alojar seu próprio desejo. O fato
de o campo do Outro equivaler ao agente do Outro permite dizer que o
psicóticoestá fora do discurso.
Na debilidade mental, a criança não é necessariamente o objeto de
desejo da mãe, embora também possa sê-lo, como nos casos de debilida-
de nas psicoses. A referência a um Outro simbólico está presente, mesmo
827PSICOLOGIA USP, São Paulo, 2011, 22(4), 813-832
que sob a forma de um Outro absoluto da ciência. Acreditamos que a
debilidade articulada a uma relação particular com o saber (S
2
) não fica
restrita a determinada estrutura clínica, tampouco excluída da psicose.
A opção de definir a debilidade com base no saber pode nos con-
duzir ao tropeço de conceber toda relação problemática com o saber nos
moldes da debilidade mental. Nesse aspecto, vale a pena explicitarmos
por que partimos de Mannoni, e não de Freud ou Melanie Klein. Ainda
que Freud tenha falado de uma pulsão epistemofílica, mostrando como
essa pode ser inibida pela ação da repressão proveniente das várias insti-
tuições sociais, e Klein tenha sido uma pioneira no relato de um caso clí-
nico de um menino com inibições intelectuais, acreditamos que os me-
canismos psíquicos em jogo na inibição diferem sobremaneira do que
concebemos na debilidade. A própria Mannoni (1964/1988) utilizava o
termo “falsa debilidade” para os casos de inibição intelectual devido a
um trauma ou outro fator externo. Ao relatar o caso Nicolas, a psicana-
lista enfatiza que a “insuficiência intelectual devido a um trauma pode
ser lida como um sintoma que mascara a verdadeira causa do proble-
ma” (pp. 26-27).
O trabalho de Santiago (2005) fornece-nos uma visão detalhada
sobre os desdobramentos psicanalíticos da noção de inibição, de forma
que nos contentaremos em reproduzir aqui algumas de suas conclusões
que consideramos de extrema pertinência na abordagem do tema. Resu-
midamente, poderíamos dizer que a inibição intelectual, lida a partir de
Freud, envolve uma sexualização do saber, incompatível com as exigên-
cias do supereu e que pode servir até mesmo para reforçar seu lado ma-
soquista, punindo o sujeito por meio da humilhação intelectual. No caso
da criança, também entraria em questão a punição dos pais, sobretudo
de seus ideais em relação à vida intelectual.
Concordamos com essa interpretação freudiana acerca da inibição
intelectual. Entretanto, pelo exposto, podemos afirmar que não é disso
que se trata na debilidade mental, assim como formulada por Lacan. Se,
por vezes, a debilidade se manifesta como uma dificuldade escolar, ou de
aprendizado, é porque o débil não faz com que a função significante fun-
cione, pondo em equivalência um único S
2 
em um S
1
, fixando os sentidos.
Ele não coloca em jogo sua própria fantasia, sua singularidade, em uma
produção subjetiva, pois essa ligação lhe é dada prontamente. Na inibi-
ção intelectual, podemos reunir elementos que permitam situar a ques-
tão da criança em seu comportamento, refazendo o percurso pulsional
pela cadeia significante. Na debilidade, acreditamos estar mais próximos
das manifestações psicossomáticas, em que não temos meios de rastrear
a cadeia significante.
Se neste trabalho relacionamos a debilidade mental com o discur-
so da ciência é porque muitas vezes podemos localizar esse discurso na
confluência do discurso universitário com o discurso do mestre. Além dis-
828 A CRIANÇA E A DEBILIDADE MENTAL: UMA ABORDAGEM LACANIANA ÂNGELA VORCARO E ARIANA LUCERO3
so, a origem do termo debilidade mental coincide com o período em que
se iniciou a influência do saber científico na vida cotidiana. No entanto,
deve ficar claro que uma psicopatologia, mesmo que encontre represen-
tantes representativos de sua época, possui a mais íntima relação com a
singularidade do sujeito. Contemporaneamente, a ciência ocupa o lugar
do saber exato e livre de subjetividade – o que é bem adequado para a
debilidade.
Para concluir este trabalho, gostaríamos de propor, a título de ilus-
tração, um matema para a debilidade. É claro que esse matema não pode
se referir a nenhum dos discursos definidos por Lacan – mestre, histérica,
analista, universitário –, modificados pelo giro de um quarto de volta, pois
o débil está mesmo entre dois discursos. Ademais, a ausência da dimen-
são do equívoco no débil exige que quem assuma o lugar do Outro no
discurso seja, de fato, um Outro absoluto, que não inclui a ex-sistência do
objeto a:
 S
1
 → A
 —— ——
 S // S
2
O sujeito débil (S) ocupa o lugar da verdade, de onde partem todas
as setas, mas onde nenhuma seta pode chegar, de acordo com o modelo
matemático de Kleine. O que aparece como agente é apenas o S
1
, o signi-
ficante-mestre, tal como no discurso do mestre. O Outro, ao qual o débil
se dirige, é pleno, suscita apenas a reprodução de saber. Tal saber, como
todo produto, encontra-se disjunto da verdade, de maneira que o sujeito
débil encontra-se excluído do saber que ele mesmo produziu. Mas, ao
estabelecer essa relação com um saber que ele presentifica, ele demons-
tra o próprio funcionamento social.
TTTTThe child and the mental debilithe child and the mental debilithe child and the mental debilithe child and the mental debilithe child and the mental debilityyyyy::::: A Lacanian appr A Lacanian appr A Lacanian appr A Lacanian appr A Lacanian approachoachoachoachoach
AbstrAbstrAbstrAbstrAbstracacacacact:t:t:t:t: This article resumes the concept of mental weakness in the history of
Psychoanalysis in order to verify the way Lacan took this notion in his theory. We will
investigate the Lacanian hypothesis of a structural mental weakness as well as its
pathological aspects which requires the differential diagnosis in relation to psychosis,
psychosomatics and intellectual inhibition. Finally, we will propose a matheme for
mental weakness.
KeyKeyKeyKeyKeywwwwwororororords:ds:ds:ds:ds: Mental weakness. Lacan. Psychoanalysis. Psychopathology. Children.
829PSICOLOGIA USP, São Paulo, 2011, 22(4), 813-832
LLLLL’enfant et la debilité mentale:’enfant et la debilité mentale:’enfant et la debilité mentale:’enfant et la debilité mentale:’enfant et la debilité mentale: une abor une abor une abor une abor une abordage lacanniennedage lacanniennedage lacanniennedage lacanniennedage lacannienne
Résumé:Résumé:Résumé:Résumé:Résumé: Cet article fait une petite reprise du concept de débilité mentale dans
l’histoire de la psychanalyse pour vérifier comment Lacan s’est approprié de cette
notion dans sa théorie. Nous enquêterons l’hypothèse lacanienne d’une débilité
mentale structurelle à tout sujet en même temps où elle peut acquérir un aspect
pathologique qui exige le diagnostic différentiel concernant la psychose, la
psychosomatique et l’inhibition intellectuelle. Finalement, nous proposerons une
mathème pour la débilité mentale.
MMMMMots-clés:ots-clés:ots-clés:ots-clés:ots-clés: Débilité mentale. Lacan. Psychanalyse. Psychopathologie. Enfant.
El niño y la debilidad mental:El niño y la debilidad mental:El niño y la debilidad mental:El niño y la debilidad mental:El niño y la debilidad mental: un abor un abor un abor un abor un abordaje lacanianodaje lacanianodaje lacanianodaje lacanianodaje lacaniano
Resumen:Resumen:Resumen:Resumen:Resumen: Este artículo realiza un pequeño recuento del concepto de debilidad mental
en la historia del psicoanálisis, con el objetivo de verificar como Lacan se apropió de
esa noción en el escopo de su teoría. Investigaremos la hipótesis lacaniana de una
debilidad mental estructural en cualquier sujeto, al mismo tiempo en que puede
adquirir un aspecto patológico, él cual exige un diagnóstico diferencial en relación a
la psicosis, la psicosomática y la inhibición intelectual. Finalmente, propondremos
un matema para la debilidad.
PPPPPalabralabralabralabralabras claas claas claas claas clavvvvve:e:e:e:e: Debilidad mental. Lacan. Psicoanálisis. Psicopatología. Niño.
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832 A CRIANÇA E A DEBILIDADE MENTAL: UMA ABORDAGEM LACANIANA ÂNGELA VORCARO E ARIANA LUCERO3
Ângela Ângela Ângela Ângela Ângela VVVVVorororororcarcarcarcarcarooooo,,,,, Psicanalista, doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universi-
dade Católica de São Paulo, PUC-SP, Professora do Departamento de Psicologia da
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais
(FAFICH/UFMG). Membro da Association Lacanienne Internationale.. Endereço para
correspondência: Rua Paul Bouthilier, 353, Mangabeiras, Belo Horizonte, MG, Brasil.
CEP: 30315-010. Endereço eletrônico: angelavorcaro@uol.com.br
Ariana LAriana LAriana LAriana LAriana Lucucucucucerererererooooo,,,,, Psicóloga, mestre e doutoranda em Psicologia pelo Programa de pós-
graduação em Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, área de
concentração Estudos Psicanalíticos, bolsista do CNPq. Endereço para correspondên-
cia: Rua Grão Mogol, 320/304, Sion, Belo Horizonte, MG, Brasil. CEP: 30310-010. Ende-
reço eletrônico: luceroariana@yahoo.com.br
 Recebido: 27/09/2010
 Aceito: 11/04/2011

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